Sinopse: Nem mesmo fãs perseguindo um táxi seriam capazes de impedir que Niall finalmente convencesse sua namorada a visitá-lo em Londres e por mais que incidentes como o anterior, pudessem ser menos propícios, isso não impediria de tê-la sem nenhum empecilho.
- Boa tarde, senhor. Algum problema? - um segurança do aeroporto apareceu na janela do meu carro.
Primeiro eu achei muito legal da parte dele ser tão observador e se preocupar com o próximo, mas então eu percebi a expressão em seu rosto e a sua mão no meio do caminho para alcançar o spray de pimenta.
É claro.
Eu era um cara que havia estacionado no aeroporto, não saía do carro e ficava olhando no relógio de 2 em 2 minutos, batucando no volante, olhando no retrovisor e estava nervoso como se estivesse prestes a entrar sem roupas num palco do estádio Wembley lotado.
Para qualquer segurança de aeroporto, eu estava apresentando o comportamento de um terrorista prestes a explodir a coisa toda.
- Não! Nenhum problema! Estava procurando minha carteira e já encontrei, obrigado! - respondi e entrei no saguão o mais rápido que pude.
Eu não havia dormido aquela noite. Nem um mísero segundo. A ideia de que estaria comigo no dia seguinte foi o suficiente para me deixar de pé a madrugada inteira.
Claro que nos falamos quase todas as horas de todos os dias desde que voltei para a Inglaterra, mas era a primeira vez que nos veríamos, de fato, depois de um bom tempo.
E se pessoalmente as coisas não fossem mais as mesmas?
Talvez eu deveria ter preparado uma surpresa maior.
Talvez eu não deveria ter preparado surpresa alguma.
Desde que me dissera que viria, eu não parei de importuná-la sobre como Londres era: o Tâmisa, os prédios, o Madame Tussauds, Picadilly Circus e todos os lugares que os turistas frequentavam. É claro que não era a Irlanda, mas eu passava tanto tempo na Inglaterra que já a considerava minha segunda casa.
nunca havia visto Londres antes, então eu a levaria direto para o London Eye. Sim, eu sei. É um dos pontos turísticos mais clichês de toda Europa, mas eu queria que ela amasse Londres e se divertisse, então resolvi mostrar a ela uma das minhas vistas favoritas da cidade.
Sempre que eu sentia saudades de casa ou simplesmente sufocado com tudo acontecendo tão rápido e intensamente, eu ia até lá e apenas olhava a paisagem. Me fazia sentir com que meus problemas fossem minúsculos. E o voo dela estava com aterrissagem programada para às 17 horas, então chegaríamos lá bem a tempo de ver o pôr do sol.
Portanto, eu reservei uma cabine só para nós e planejava mostrar uma música que escrevi para ela. Tom me disse uma vez que ele se esqueceu de comprar um presente para Gio em um Dia dos Namorados, então escreveu uma música para ela. Segundo ele, foi o melhor sexo da vida dele.
Não que essa fosse a razão de eu ter feito a mesma coisa para . Quero dizer, fazia seis meses desde que eu a tinha visto pela última vez e a música foi a maneira que encontrei de fazer uma surpresa, mas, ei, se ela quisesse, eu não recusaria.
Eu nunca imaginaria que o aeroporto poderia ser algo a se apreciar. O saguão do terminal 5 de Heathrow era gigantesco, com quiosques para que os próprios passageiros pudessem fazer o check-in (e adiantar na hora de despachar as bagagens) e mais de 100 lojas e restaurantes disponíveis, segundo a informação próxima à placa de boas-vindas. Ali também dizia que o prédio fora construído para ter um fluxo de 35 milhões de pessoas por ano. Assobiei baixinho diante de tal dado. Aquele terminal era colossal.
Continuei caminhando por entre as pessoas, cabeça baixa, óculos escuros. Era fim de tarde e o fluxo de passageiros parecia aumentar freneticamente. Parei em frente a um dos painéis que indicavam os horários dos voos e escaneei a tela até encontrar o que estava procurando
BA0180| 16:55| NEW YORK JFK| ON TIME
Respirei fundo e olhei no relógio. Faltavam mais uns cinco minutos para que o desembarque começasse. Joguei mais uns 30 para que ela pudesse descer, pegar as malas e sair pelo portão que dava para o saguão.
Sorri abertamente e não pude deixar de notar no quanto as palmas das minhas mãos suavam. Eu era um cara que estava em tour constantemente, lotava arenas e me apresentava ao vivo. Por que estava tão nervoso daquele jeito?
Passei as mãos pela minha calça e balancei a cabeça. Precisava me distrair urgentemente e não pensei duas vezes em pegar meu celular e jogar qualquer jogo estúpido que eu tivesse. Ou ler mensagens antigas, checar o e-mail, as redes sociais... Eu estava ansioso demais e não conseguia me concentrar em apenas uma coisa.
Por fim, abri o Twitter e comecei a ler as atualizações: alguns comentários de revistas, rumores (como sempre), fãs dizendo oi, pedindo para seguir. Sorri com os tweets carinhosos e os engraçados.
Resolvi mostrar que estava vendo tudo naquele momento.
@NiallOfficial: Mesmo no aeroporto, consigo ver tudo o que vocês estão falando...
O tempo passou um pouco mais rápido, as fãs mais malucas e engraçadas nunca falhavam em me entreter.
Quando me dei conta, já eram 17h. Cinco minutos depois do desembarque. Corri para o portão por onde sabia que ela sairia depois de buscar suas malas. Mesmo sabendo que ainda não tinha dado tempo suficiente para ela encontrar suas coisas, escaneei cada canto do lugar procurando por ela.
Por fim me conformei a sentar e esperar. Resisti ao impulso de mandar uma mensagem, não queria estragar nada.
~*~
Hey, babe! Você já chegou no aeroporto? Estou aqui há quase uma hora e meia tentando recuperar minha bagagem extraviada! Se você estiver aqui, mil desculpas pela demora! Eu vou entender se você não puder me esperar, sei que você tem muitos compromissos... te espero no hotel, isso é, se algum dia eu conseguir sair daqui! Lol Amor, .
Acordei com o meu celular vibrando na minha mão e me deparei com essa mensagem da . Já havia lido mensagens dela o suficiente para saber que ela estava muito mais nervosa do que deixara transparecer. Me odiei por alguns segundos - que tipo de idiota dorme esperando a namorada? - e fui procurá-la. Ela estava totalmente maluca se achava que eu ia sair daquele aeroporto sem ela.
Caminhei rapidamente até o portão de desembarque pelo qual ela deveria ter saído e encontrei-o ainda aberto, cercado de seguranças, e resolvi esperar por ali, aproveitando que estava vazio, já que por algum golpe de sorte, nenhum outro voo pousara nas últimas duas horas.
Tentei prestar atenção no que estava acontecendo do lado de dentro e comecei a ouvir uma voz um pouco mais alterada. O balcão de reclamações da British Airways se encontrava próximo à saída. Pude ver uma mulher com uma saia preta, de corte reto, uma camisa branca abotoada até a penúltima casa, um blazer preto jogado por cima e um lenço com as cores da bandeira do Reino Unido no pescoço. Ela tentava entender o que tinha acontecido com a pequena ruiva à sua frente, mas o nervosismo da passageira era muito grande, deixando o sotaque nova iorquino dela muito carregado e eu tive pena da pobre atendente da companhia aérea. não era muito fácil de se lidar. Ela era uma pequena pilha de ironia e bipolaridade, como eu costumava dizer a ela.
Quando nos conhecemos, chamei-a para sair e ela recusou. Umas duas horas depois a encontrei novamente, em seu local de trabalho dessa vez, a chamei mais uma vez e ela aceitou.
Sorri e decidi mandar uma mensagem para ela. Puxei o celular do bolso e digitei, rapidamente, para ela ter calma, respirar fundo e falar mais devagar, ou a moça não iria entender nada. Observei quando ela recebeu a mensagem: sorriu de leve, correu uma das mãos pelos cabelos longos e olhou ao redor, como se estivesse tentando me achar. Mandei outra mensagem avisando que estava na porta e logo que recebeu essa, olhou para mim e sorriu abertamente.
Alguns minutos se passaram até que ela, finalmente, se aproximou de mim, uma bolsa nos ombros, uma caneta e alguns papeis na mão.
- Tá tudo errado. - Ela reclamou, jogando seu corpo contra o meu, me fazendo abraçá-la forte. - Não era para nada disso ter acontecido.
Ri de leve e acariciei suas costas, respirando fundo e tentando me convencer de que ela estava lá de verdade.
- Não fale isso. - Sussurrei, ainda sem me separar dela. - Você está aqui e é isso que importa. A mala é o de menos.
Ela se afastou, levantou a cabeça e deu um meio sorriso.
- Mas ainda assim preciso dela.
Ri de leve e a puxei para fora da sala de desembarque, carregando sua bagagem de mão que parecia exceder os 5 quilos permitidos.
Nos sentamos em uma das cadeiras dispostas no saguão do terminal enquanto ela lutava com várias folhas, tentando preencher o formulário de extravio de bagagem.
- Preciso do endereço do hotel. - Ela murmurou, pegando a bolsa de cima do meu colo e remexendo até puxar um envelope com mais papeis.
- Põe o meu. - Disse.
riu e balançou a cabeça.
- Pra que? Mais fácil colocar do hotel mesmo, aí já me entregam. - Deu de ombros.
Retirei os papeis das mãos delas e sorri.
- Você acha mesmo que é rápido assim? Eles têm um prazo de 72 horas pra te devolver, . E se você não estiver no hotel, vão deixar na recepção. Com a sua sorte, vão perder de novo. - Ela fechou os olhos e jogou a cabeça para trás, fingindo que estava chorando. - E eu tinha dito que não precisava de hotel, não é?
- Eu não quero conversar sobre isso agora. - Murmurou de volta e respirou fundo. - Me passa o número do seguro, então. - Completou a contragosto.
Sorri com essa pequena vitória e a ajudei terminar de completar o formulário com todos os dados que eram necessários, ligamos na central de atendimento da Travelex, informamos o extravio e todas as burocracias que eram pertinentes.
A British Airways nos informou um número de série do arquivo para acompanhar o desenvolvimento do caso e nos garantiu que a bagagem seria encontrada em até 3 dias.
- Com a minha sorte, - disse assim que cruzamos o estacionamento do aeroporto. - Aposto que essa mala nem embarcou ou está em Hong Kong.
- Eu não duvidaria. - Comentei destravando o carro e abrindo a porta do passageiro para ela. - Mas não saberia dizer como isso teria acontecido.
- São milhões de malas correndo por aquelas esteiras, Niall. - Ela disse assim que entrei no banco do motorista. - Não é de se espantar que os sistemas deles travem às vezes. - Deu de ombros. - Mas milhões de pessoas viajam o mundo inteiro o tempo todo e nada disso acontece com eles. A primeira vez que eu decido sair do país e sou premiada.
- Talvez essa experiência sirva de alguma coisa. - Comentei, já dirigindo, e sorri de lado. Ela me olhou de soslaio, sem acreditar que eu estivesse implicando que havia um lado bom em tudo aquilo. - O que? Pelo menos agora você já sabe como agir se isso acontecer mais uma vez. - Ri de leve. - E comece a me ouvir, porque estou te chamando para vir aqui faz tempo.
- E o que isso tem a ver com a mala perdida, Niall? - retrucou, rolando os olhos e cruzando os braços.
- Nada, mas achei que fosse bom comentar. Apenas perdeu a surpresa que eu ia fazer para você.
Ela virou a cabeça rapidamente para mim e arregalou os olhos.
- Surpresa? Que história é essa?
Fiz uma careta e cocei a nuca.
- Eu tinha preparado alguma coisa... O pôr do sol visto do London Eye, uma música... Essas coisas.
abriu a boca e balançou a cabeça.
- Meu Deus, Niall Horan, você é real?
Estiquei meu braço para ela poder tocar e tomar as próprias conclusões, porque, até onde eu sabia, eu era real e tinha mesmo preparado aquilo para ela.
A companhia aérea estragou os meus planos quando deixou que a bagagem de sumisse, mas nem tudo tinha sido tão ruim assim. Ela ainda estava ali do meu lado, o sol não estava mais se pondo, mas o crepúsculo coloria o céu com uns tons meio alaranjado e rosa. O vento bagunçava o cabelo da minha ruiva e ela estava sorrindo feito uma criança enquanto avançávamos pela via expressa.
Fim.
Nota da autora: Aqui estamos na segunda "crise" desse casal... Nos vemos na próxima. ;)