Café com Pattinson

Thaay Marques

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Sinopse: Quando temos sonhos, muitas vezes, temos que arriscar tudo por uma oportunidade de realizá-lo e com você não seria diferente. Abandonou sua vida pacata em Utah pelo brilho da ‘Cidade dos Anjos’: a bela Los Angeles. Sua vida se resume em tentativas para se tornar uma atriz e servir café para as estrelas de Hollywood, inclusive, o seu crush master RPattz. Para você tudo parece cada vez mais difícil mas, o que você não sabe é que apenas uma xícara de café com uma pitada de drama, duas colheres de romance e um pedaço de comédia para acompanhar, pode ser o começo de tudo.

Capítulo 20 – Enrico Bellinaso

“Nós vamos seguir, baby
por um caminho sem dor,
desde que você esteja comigo,
eu enfrento o que for...” - Música: Juntos - banda Midnight in Venice.



Não! Sem chance! - pensou com o coração quase saindo pela boca enquanto via Orlando apresentar o ator ao seu lado para os membros da equipe. Ainda não tinha sido vista sentada em sua cadeira, o roteiro apertado em suas mãos. Concentrou-se em respirar fundo para espantar o desespero, mas, no primeiro fôlego, Bloom encontrou-a com o olhar, abriu um sorriso muito animado e cutucou o braço do rapaz. Quando ele encarou o outro, ouviu atentamente. A atriz não precisou ter uma audição mega aguçada, ser capaz de ler pensamentos ou fazer leitura labial, pois ela tinha a mais absoluta certeza, a mesma de que o céu era azul, de que era o assunto e que iria apresentá-los naquele segundo. Não seria uma apresentação de verdade, já que se conheciam, entretanto, somente Orlando não sabia disso.
Ela estava morrendo de vergonha em reencontrá-lo, depois de ter inventado uma desculpa esfarrapada e ter sumido do mapa, cortado qualquer contato. Nunca passou pela cabeça dela e foi inocente demais nesse ponto, pois o cara era do mesmo ramo que ela e poderiam trabalhar juntos novamente, a qualquer momento. Pensou que as chances eram mínimas, mas o destino que adora mostrar que é quem manda, aumentou a porcentagem. Conforme se aproximavam, ela sentia-se presa num filme, naquelas cenas tensas que rolam em câmera lenta e, o pior de tudo, é que não vinha um carro voador, qualquer coisa que pudesse tirá-la do caminho deles, aceitava até encarar Patrick com suas farpas.
Infelizmente, sua vida não era um filme e não impediu-a de ter que enfrentar aquela situação constrangedora.
- , esse é o Adam Watson. - Orlando sorriu ao apresentá-los.
A atriz viu o ator esticar a mão, a expressão de falsa cortesia que apenas o diretor pareceu não perceber.
Ela aceitou o gesto e forçou o seu melhor sorriso.
- Seja muito bem-vindo, Adam. - A garganta seca, o estômago gelado de nervoso. Ela queria se esconder no seu trailer e não sair até a pré-estreia do filme.
Quando o rapaz ia abrir a boca para respondê-la, o sinal dos anjos tocou - mesmo que com minutos de atraso - e ela pediu licença para se afastar com o celular nas mãos. Segurou a careta ao dizer que era sua mãe - afinal, não podia reclamar da intromissão - e seguiu para longe da dupla. Cruzou com um Patrick ansioso que adiantava-se para ocupar o lugar dela com o novo integrante do elenco e ela torcia para que ficasse por um bom tempo, distraindo-os de sua ausência.
Assim que saiu do estúdio, os olhos apertaram com a claridade repentina, o céu estava azul e o dia brilhando lindamente. Encostou na parede de cimento, apertou o botão para aceitar a ligação e colocou o aparelho na orelha.
- Pensei que iria me ignorar. - A voz da mulher foi seca.
- Estou trabalhando, mãe. - Bufou irritada.
- Onde está Catherine?
A pergunta da mulher fez com que a filha fechasse a cara no mesmo instante, resmungou baixinho ao entender o motivo da ligação da mais velha. A caçula havia fugido novamente e não seria nenhuma surpresa se encontrasse a bonita em seu sofá com um sorriso inocente no rosto.
Descansou uma das mãos na testa, respirou fundo e respondeu, calmamente.
- Bom, no momento estou presa no estúdio e só estarei em casa no final do dia. Não vi a Cat e…
- Não aguento mais as fugas da sua irmã, . - O tom cansado. - Já tentei prendê-la de todas as formas, eu evitei que seu pai soubesse de qualquer coisa, mas dessa vez, vou lavar as minhas mãos e contar tudo. Não quero saber de mais nada. - Falou seriamente, mesmo que a jovem soubesse que a mulher jamais faria isso. - Estou ficando acabada! Vocês estão acabando comigo! Primeiro você abandona tudo e foge para Los Angeles! Nos trata como se não fossemos seus pais…
- Mãe… - Tentou parar o discurso, mas foi ignorada.
- Agora, Catherine segue o seu exemplo e faz pior! Fica fugindo toda noite e, para piorar, dessa vez, levou os amigos com ela! Tem noção que a mãe da Scarlet e do Richard está surtando com o sumiço deles? - A voz tornou-se alta, o desespero em sua voz. - E que eles levaram a kombi do avô deles? Ela acusou a sua irmã de ser má influência e sabe o que é pior? Ela tem razão! Nós conhecemos a sua irmã muito bem!
- Com licença… - Uma voz conhecida, chamou ao lado da atriz. - Orlando pediu para chamá-la. - Disse Fred educadamente.
A jovem cobriu o aparelho com a mão, a mãe continuava falando sem parar do outro lado da linha.
- Já estou indo. Muito obrigada. - Sorriu simpática.
Assim que Fred se afastou, ela fez uma careta de desespero e colocou o telefone novamente, a mãe agora, chamava-a sem parar.
- Oi, mãe! Estou aqui.
- Você me largou falando sozinha. - Disse indignada.
- Eu já disse que estou no trabalho, mãe! Eu preciso voltar para terminar as gravações, se eu enrolar, vou sair tarde e vai demorar mais ainda para estar em casa descobrir o paradeiro da Cat. - Falou num tom cansado.
Se a mais velha estava exausta com as atitudes de Catherine, não era a única. Assim que encontrasse a irmã, ela mesma iria ter uma conversa muito séria ou, então, iria deixar que a mãe abrisse o jogo para o pai. Sempre protegeu a jovem, mas ela extrapolou todos os limites ao fugir novamente e ainda com os amigos juntos, além de estar de carro.
- Tudo bem. - Agradeceu aos céus, quando ouviu a mãe ceder. - Mas seja dura com ela e mande-a para casa.
- Serei.
A mulher suspirou desanimada.
- Bom trabalho, filha. Se cuida! Amo você. - O tom se tornou suave. - Estou muito orgulhosa de você.
Os olhos da atriz se encheram de lágrimas, precisou respirar fundo para se acalmar e não chorar.
- Também amo você.
Desligou a ligação.
Respirou fundo e entrou novamente no estúdio, logo encontrou Orlando conversando com Patrick enquanto lia algumas páginas, provavelmente o roteiro daquele dia. Ao se lembrar de Adam, o coração agitou-se novamente, procurou discretamente ao redor e não o encontrou por perto, ficou mais aliviada e se aproximou dos homens.
- Ah, ! Vamos refazer aquela cena com o Patrick? Pensei em outra coisa para melhorar. - Sorriu animado e fechou o roteiro. - O Adam volta amanhã para gravar as cenas, hoje ele foi direto para a figurinista e, em seguida, vai revisar alguns detalhes comigo e com Bradley.
- Beleza! - Forçou o seu melhor sorriso de animação, mas ainda estava abalada com os últimos acontecimentos e, além disso, trabalhar as próximas horas com Patrick não era uma das melhores formas de curtir um dia de gravações. Se o Robert estivesse ali, o clima seria mais tolerável.

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O som das portas do elevador ao se abrirem, invadiu os ouvidos da atriz, resmungou em protesto, abandonou um dos cantos que servia de apoio para o seu corpo cansado e forçou-se a sair da pequena caixa de metal. Toda noite, quando retornava de um longo dia de gravações, a distância que percorria no corredor até a porta do seu apartamento, costumava trazer um conforto e uma sensação de alívio. Como se a cada passo dado, uns quilogramas dos pesos em seus ombros acumulados pelas preocupações, estresses e acontecimentos do dia, desaparecessem. Entretanto, o tão sonhado descarregamento não aconteceu e a vontade de chorar de desespero era muito grande. O seu maior desejo era o mais profundo silêncio, a sua comida favorita, a cama macia acompanhada de uma boa noite de sono sem pensar, guardando as preocupações para o raiar do dia.
Assim que percorreu a distância, parou em frente a porta de madeira branca e encostou a testa no material frio, fechou os olhos com o chaveiro nas mãos. Ela não queria entrar, ver a caçula com os amigos e ter que discutir, mas sabia que não teria esse autocontrole, depois de estar o dia todo aturando as crises de Patrick e seus comentários ácidos. Não estava com paciência para as gracinhas da irmã, sabia que ela estava lá, mandou mensagem, uma pena que só ficou sabendo depois da ligação da mãe - essa informação teria sido de muita ajuda, se tivesse chegado mais cedo.
Um gritinho de susto escapou de sua boca, quando a porta foi aberta sem aviso e o seu peso que estava todo apoiado, acabou encontrando o vazio. Viu o rosto assustado de Catherine ao ver a mais velha chacoalhando os braços à frente e caindo em sua direção, tudo aconteceu tão rápido que ambas foram ao chão. Ouviu o gemido baixinho de dor da caçula abaixo de si, não ficou com remorso pela situação, pois a fuga dela já tinha rendido muito estresse para a cabeça da atriz. Poderia ter rido da situação, realmente estava precisando dar umas risadinhas, mas não conseguiu.
- Droga, Cat! - Resmungou enquanto saía de cima da irmã, rolando com dificuldade para o lado, deitando de barriga para cima. Fechou os olhos, cobriu o rosto com o antebraço, a sensação de exaustão mais forte.
Houve movimentação ao redor, mas ela não se esforçou para abrir os olhos ou se erguer.
- Foi mal! Ouvimos passos e ninguém apareceu, pensei que você estivesse procurando as chaves. - Justificou. - Você se machucou? - Perguntou preocupada.
- Vocês estão bem? - falou um pouco distante, não precisou olhar para saber que devia estar no sofá.
Reconheceu outras vozes, Scarlet e Richard realmente estavam ali. Soltou mais um suspiro, porém de irritação ao pensar no problema que eles trouxeram. Forçou-se a sentar, a irmã levantou e parou a sua frente, erguendo uma mão num convite para ajudá-la a se erguer.
Ela aceitou, mas a expressão em seu rosto já estava fechada, demonstrando o desgosto do que estava por vir.
-
A mais velha estendeu uma das palmas das mãos num gesto para que se calasse, interrompendo-a.
- Não precisa se desesperar, teremos uma longa conversa. - A voz dura. - Vá se sentar no sofá com os seus amigos. - Finalizou, virou em direção a pequena sala e observou a todos.
abriu a boca para falar, mas desistiu ao receber um olhar gelado.
Largou o chaveiro no móvel da televisão, totalmente consciente das atenções em todos os seus movimentos. Depois, parou em pé próxima a entrada do corredor e cruzou os braços, mirou os três jovens e começou:
- Scarlet e Richard… - Começou calmamente, mas sem abandonar a irritação. Ocupavam o sofá, espremidos entre e Catherine. - Ainda não me sinto feliz em revê-los por causa da confusão que vocês se meteram, mas sejam muito bem-vindos. - Deu de ombros e fitou a própria irmã. Esforçou-se para manter o tom, mas elevou-se conforme ia desabafando. - Você tem noção da loucura? Uma coisa é aparecer sozinha na minha porta, outra é trazer os seus melhores amigos sem avisar a mãe deles. Tem noção do quanto extrapolou todos os limites? - Perguntou. Respirou fundo para se acalmar e continuou: - Dessa vez, não vou te defender da mamãe, porque eu falei que não teria como te buscar, pedi para que você não fugisse e o que você faz? Foge! Você me decepcionou, Catherine.
A irmã arregalou os olhos em surpresa, a boca abriu e fechou várias vezes.
- As mães de vocês estão furiosas! - Avisou. - A mamãe me ligou furiosa, disposta a contar tudo para o pai e deixá-lo resolver a situação. Você sabe que ele é mil vezes pior, né? Tive que convencê-la a não contar nada ou nesse instante, ele já estaria aqui levando vocês pelas orelhas.
Viu-os ficarem assustados.
- , não foi por mal! - Scarlet soltou desesperada. - A Cat contou tudo sobre Los Angeles, comentou da festa e nós tivemos a ideia de vir.
- Sim. - Richard falou seriamente. - Nós que convencemos ela a fugir, inclusive eu dei a ideia de virmos com a kombi do vovô.
- Não! - Cat se manifestou irritada. - A culpa é totalmente minha, eu que convenci e arquitetei todo o plano.
A atriz revirou os olhos e riu, sem humor.
- E você acha que tenho dúvidas disso? Eu conheço a irmã que tenho, você dá nó em pingo d’água, Cat.
- Ainda bem que eu só tenho irmãos mais velhos. - falou com humor.
- O meu maior sonho. - A atriz resmungou.
- Ei! - Cat protestou e cruzou os braços.
- Ei, o quê? Você acha que é fácil ser sua irmã mais velha? Se a mãe chegou no limite, imagine eu?
- Você? Você ficou anos sem me ver! Só nos encontramos, porque eu não estava suportando a saudade e fugi! - Rebateu, a mágoa presente em sua voz.
A culpa pesou no peito da mais velha e fez uma careta, sem saber o que responder. Foi um período muito difícil por estar num lugar novo, longe da família, brigada com os pais e desesperada para fazer o sonho virar realidade. Às vezes esquecia que ela não era a única que estava machucada nessa história.
- Scarlet, Richard. - chamou. - Querem dar uma volta? - Perguntou ao levantar do sofá, pegar as chaves e ir até a porta.
Grata pela atitude da amiga, observou a dupla levantar num pulo e sair. Sozinhas, encaravam-se em silêncio, o clima pesado. Depois de minutos insuportáveis, sem coragem para falar, ela se mexeu e ocupou o lugar ao lado da caçula. Sentou de lado, um braço descansou nas costas do sofá e uma das pernas, subiu no assento, meio dobrada. Estava próxima o suficiente para ver o rosto da outra com atenção, percebeu que os olhos estavam marejados, a expressão fechada.
- Cat… - Fez um barulhinho com a garganta para escapar a rouquidão. - Eu pensei que tivéssemos resolvido isso na última vez.
A outra virou, fitando-a diretamente, secou algumas lágrimas com a mão.
Continuou, a tristeza presente em suas feições: - Você não foi a única que se machucou. Eu queria ter partido com todos felizes e me apoiando, mas os nossos pais não aceitaram… - Mordeu o lábio para segurar a emoção e continuou: - Você sabe de tudo. Eu não podia voltar, não sem ter dado certo. Não ia aceitar voltar derrotada, mesmo que tivessem momentos que só quisesse desistir. Já pensou se eu tivesse feito isso? - Riu, a cabeça fez um gesto de negação, incredulidade. - Eu sou protagonista do filme do Orlando Bloom e estou atuando com o Robert Pattinson. - Deixou todo o corpo descansar nas costas do sofá, as pernas caídas no chão, encarava a televisão desligada.
Sentiu o peso da cabeça que descansou em seu ombro, manteve-se relaxada na posição.
- Você sempre esteve comigo, me protegeu, não é fácil lidar com a distância. - A caçula sussurrou tristemente. - Odeio não ter a minha irmã mais velha comigo, isso é um saco. Eu odeio a distância!
A mais velha envolveu-a lateralmente com um dos braços, deixou a própria cabeça descansar no topo da outra.
- Eu também odeio! - Resmungou. - Eu só quero que você entenda que sempre que puder, vou dar um jeito de estar com você, Cat. Não quero que fuja, se arrisque pelo mundo só para aparecer na minha porta e matar a nossa mãe de preocupação. O mundo não é brincadeira, existem pessoas ruins, muito ruins.
- Juro que não fiz por mal, mas não queria perder a festa do Enrico e realmente estava com saudade! - Falou tristemente ao jogar um dos braços pela barriga da irmã, abraçando-a. - Pedi à mamãe que me trouxesse, mas ela não podia deixar o pai sozinho com a pizzaria. Então, tive a ideia de fugir, convenci a Scar e o Rick a virem comigo.
- A mãe deles está furiosa com você. Ela não vai estar errada, se resolver afastar vocês…
Catherine livrou-se do abraço e sentou-se ereta, o rosto chocado.
- Ela não faria isso!
A atriz ajeitou-se, ficando de frente para a irmã.
- Pode ter certeza de que vai sim e…
- Droga! Tudo por minha culpa! - Cobriu o rosto com as mãos e resmungou baixinho.
- Infelizmente, as escolhas têm consequências e vocês vão ter que arcar com elas. - Deu de ombros.
A caçula descobriu o rosto, relaxou o corpo no sofá, a face desanimada.
- Vou levar vocês de volta amanhã à noite…
- Não, ! Por favor! - Virou-se rapidamente, às mãos unidas na frente do peito, os olhos pidões à beira do desespero.
- É o seu castigo pela fuga. - Soltou irritada ao lembrar que teria que percorrer todo o caminho até Utah na noite seguinte e encarar os pais. Engoliu em seco ao recordar a última visita e como se sentiu ao estar de volta.
- Mas e a festa?
- Festa? Vocês não vão. - Deu de ombros, decidida.
- Já disse que te odeio? - Disse desanimada.
O que causou uma risada divertida na mais velha.
- Eu também te odeio, Cat. - Mostrou a língua e riu. - Você vai ligar para a mamãe, contar tudo e, também, quero que você fale diretamente com a senhora Lancer. Explique tudo, diga para ficar tranquila que vou cuidar dos filhos dela.
- Você não pode ligar para elas? - Perguntou chorosa.
- Faz parte das suas consequências, não as minhas. - Abandonou o divertimento, dando lugar a seriedade. - Ainda estou muito decepcionada com você. Eu confiei que iria me ouvir e não fazer uma besteira, mas não foi assim. - Deu de ombros novamente, resignada, levantou do sofá e virou-se. - Bom, vou trocar de roupa e comer.
Deu uma última olhadela no rosto desconsolado da irmã, entrou no corredor e seguiu até o seu quarto. Queria muito acreditar que a jovem aprendeu a lição e que não repetiria o mesmo erro, mas sabia que Cat era especialista em surpreender. A conversa que tiveram deixou a certeza de que não havia sido dura o suficiente, felizmente, a mãe se saíria muito melhor nisso do que ela. Acendeu a luz e viu no canto da parede, próximo ao guarda-roupa, três mochilas descansando ali. Soltou um suspiro cansado, trancou a porta atrás de si, jogou-se na cama macia e fechou os olhos.
Nunca odiou tanto ser irmã mais velha como naquela noite.

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- Não acha melhor irem depois da festa? - perguntou com a voz sonolenta, ajeitou-se melhor na cama.
Iriam dormir juntas enquanto o trio dividia a cama da amiga. Eles haviam retornado da rua, pouco depois que saiu do quarto em busca de comida. Scarlet e Richard estavam animados, mas quando viram o rosto arrasado da amiga, entenderam o que tinha acontecido e acabaram compartilhando da mesma emoção. A atriz conversou, explicou a decisão e prometeu que numa outra oportunidade, poderiam passar um tempo com ela. Pediu a para levá-los em uma tour e a amiga topou, como sempre salvando a situação. Ouviu as ligações, conversou com a mãe e com a senhora Lancer, ambas pareciam mais calmas. Depois, todos foram dormir e lá estavam as duas, tentando pegar no sono.
- Eu não vejo problema em ficar para a festa, mas só pela fuga da Cat, preciso levá-los embora mais cedo como castigo. Dessa vez, tenho que ser dura com ela, mesmo que seja muito difícil. - Bocejou encarando o escuro do quarto. Abraçou o travesseiro e se acomodou melhor.
- Assim, sei que ela sempre deu muito trabalho e está errada em fugir, mas acho que isso é normal, sabe? Nós tivemos a idade dela. - Riu. - Me senti uma velha falando assim.
riu do comentário.
A amiga continuou: - Mas nessa fase achamos que somos invencíveis, temos sede pelas aventuras, fazemos muita merda. Dá um desconto para eles. As mães já vão ser duras o suficiente, quando eles voltarem.
- Eu também entendo o lado dela, mas vou manter minha decisão. - Falou chateada.
- Tudo bem, mas acha que consegue voltar a tempo para a festa?
Fez uma careta de preocupação, mas que a amiga não enxergou por falta de iluminação.
- Não sei, talvez tenha que pegar um avião. O Enrico não vai me perdoar se eu não aparecer.
- Vou explicar a situação e tenho certeza de que vai entender. Esqueceu que ele tem irmãos? - Brincou.
- Torça para que eu consiga aparecer, não posso faltar num dia tão importante! Só a gente sabe o que ele enfrentou para chegar a esse dia, tem que dar tudo certo.

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O estúdio estava a todo vapor, a equipe organizando os últimos detalhes para o longo dia de gravações que se iniciava. estava com o visual da sua personagem, cruzou e descruzou as pernas enquanto lutava para manter a atenção no roteiro em suas mãos. As cenas seriam da delegacia e isso significava que teria que atuar ao lado de Adam, o que estava deixando-a extremamente desconfortável ao pensar que estariam frente a frente novamente.
- Bom dia! - A voz muito familiar cumprimentou-a de forma inesperada, assustando-a.
Ela desviou a atenção dos papéis, o coração aos pulos e viu o seu colega de trabalho ocupar a cadeira do seu lado direito. Robert segurava um copo de café e na outra o roteiro idêntico ao dela, as pernas cruzadas e, também, já estava caracterizado com as roupas do próprio personagem.
- Bom dia, Rob! Como estão as coisas? - Perguntou simpática. Virou a página, leu uma linha do seu diálogo.
- Boas. - Riu baixinho, aparentava estar muito animado. - E as suas? - Perguntou, um sorriso enorme no rosto que sumiu ao beber o café, fez uma careta de desgosto. - O café está muito quente. - O corpo deu uma tremida, a língua apareceu fora da boca e riu mais.
A atriz riu da reação do ator.
- Tá de pé a festa do Enrico? Consegui um espaço na minha agenda lotada. - Brincou. - É sério! - Riu, quando viu a jovem revirar os olhos. - O meu compromisso é pertinho da festa, dez minutos de caminhada e estou lá.
- Está confirmada, mas só não sei se vou. - Fez uma careta triste.
- Como assim? Você é muito amiga dele, certo? Não vai perder um momento importante para o cara. - Tomou mais um gole do café, observou-a atentamente.
- Vou estar muito longe, quilômetros de distância, devolvendo um trio de adolescentes fujões. - Explicou num tom triste, folheou outra página.
- Sua irmã fugiu? - Questionou com humor antes de tomar toda sua bebida.
- Sim, em uma kombi com dois amigos e agora tenho duas mães furiosas dispostas a vir buscá-los pessoalmente, se não voltarem o mais rápido possível. - Fechou o roteiro, virou todo o corpo na direção do ator, não conseguiu esconder a irritação em suas feições. - Você é testemunha que eu falei para ela não vir, mas ela não me escuta! - Cobriu o rosto com uma das mãos e fez movimentou a cabeça num gesto de negação, desconsolada. - É muito difícil ser irmã mais velha..
Pattinson riu.
- Essa é a função do caçula, dar trabalho para os mais velhos. - Ele riu descarado ao ver a atriz fechar a cara. - Inclusive, eu irritei muito as minhas irmãs e, na verdade… - Levou o dedo indicador até o queixo, pareceu pensar e continuou: - Ainda faço isso com grande prazer.
A colega deu uma cotovelada de leve no braço do ator, tentou segurar o riso, mas acabou gargalhando junto. Repentinamente, a expressão dele ficou mais suave e desandou a falar docemente.
- Você é uma das melhores irmãs mais velha que conheci. Para de me olhar assim! É sério, mulher! - Disse aos risos, lutando para recuperar a seriedade. - Eu conheço muitas irmãs e posso afirmar com toda certeza que você ama muito a Catherine. Eu vi como você se preocupa e cuida, além do mais, ela também te ama muito. Na nossa visita ao set, ela falou bastante sobre você, inclusive sobre os pôsteres com a minha cara e a barriga tanquinho que você tem espalhados pela casa. - Sacaneou. Tentou sorrir maliciosamente, mas a surpresa estampada na cara da atriz foi tão hilária que gargalhou muito alto ao ponto de alguns membros da produção pararem com curiosidade.
- Foi esse o verdadeiro motivo de achar que eu era uma stalker, né? - Ela entrou na zoeira, rindo junto. Internamente, sentia-se agradecida pela bondade do ator em tentar fazê-la um pouco melhor. Quando pensava na irmã e na sua recente aventura, vinha uma mescla de tristeza e irritação.
A dupla acalmou-se, o silêncio reconforte recaiu e ficaram ali, observando a movimentação retornar. Avistou Patrick e Adam que conversavam dentro do cenário da sala do Dean, totalmente alheios à atenção que a atriz lançou sobre eles.
- Você tem que fazer o que julga ser o melhor, . - Rob voltou a falar, mais calmo.
Ela continuou a sua atenção à frente, agora desviada dos colegas de elenco.
- Mas não esqueça que você já foi adolescente, sabe que nessa fase é uma sede por diversão e aventuras. Estão errados em fugir, mas acho que dessa vez, você poderia aliviar e deixá-los ficarem para a festa, até porque você vai ter que faltar se quiser levá-los de volta. - Finalizou, folheando o roteiro em suas mãos.
- Rob! - Patrick chamou-o animado ao se aproximar ladeado por Adam, como sempre o ator tinha um sorriso convencido em seu rosto. - Já conheceu o nosso novo colega? - Perguntou.
- Sim, claro! - Pattinson confirmou com um sorriso simpático.
Adam sorriu em resposta, depois virou-se para uma que estava tão sem graça, desconfortável que fingia ler o roteiro.
- , posso dar uma palavrinha com você?
A pergunta de Adam assustou-a, que desviou a atenção do papel e confirmou apenas com um gesto de cabeça. Transformou a brochura em um rolo, as mãos suadas e olhou para Rob que analisou-a atentamente, mas não disse nada. Ela afastou-se junto com o ator, pararam alguns metros de distância, perto da porta de saída do estúdio que estava fechada. A atriz ficou segurando com ambas as mãos, tentando manter a calma.
O ator fez uma careta e começou a falar:
- Eu só queria te pedir para sermos o mais profissional possível… - Falou parecendo tão sem graça com a situação, escondeu as mãos na calça jeans surrada. - Não tivemos mais contato, não sei se foi coisa da minha cabeça ou se realmente as coisas ficaram estranhas, mas eu realmente não quero que atrapalhe o nosso trabalho.
Ela franziu a testa, surpresa com a atitude do ator. Olhou ao redor, ganhando tempo para responder, viu que Robert observava-os com interesse enquanto Patrick tagarelava sem ao menos se importar se o ator estava ouvindo ou não. Ela voltou a atenção para o ator à sua frente.
- Também não quero que atrapalhe o trabalho. - Forçou um sorriso.
Recebeu outro idêntico ao seu.
Ela realmente queria conversar sobre aquilo, esclarecer as coisas, mas aquela não era a hora ou lugar, ainda mais com um monte de gente por perto.
- Se você quiser e tiver um tempinho, eu gostaria de conversar com você. - Sugeriu calmamente.
- Claro, sem problemas! - Deu de ombros, libertou as mãos dos bolsos e gesticulou com o polegar apontado para atrás das costas. - Acho que é melhor voltarmos.
- Sim. - Forçou mais um sorriso e seguiram, novamente, para próximo dos colegas de elenco.

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Assim que abre a porta do apartamento, se depara com uma cena que poderia ter lhe causado risos, mas o seu humor estava tão cavernoso depois do longo dia de trabalho que apenas ignorou. Catherine, Richard e Scarlet estavam no sofá, aguardavam a mais velha com expressões sofridas, revelando a mais dramática dos dramas adolescentes. Pareciam que estavam prestes a arrancar todos os dentes no dentista, era realmente cômica a cena.
- Boa noite. - Ela cumprimentou enquanto deixava o chaveiro no móvel, viu as mochilas no canto perto dali.
- Boa noite, . - Soltaram com segundos de diferença entre eles, as vozes soando o desânimo.
Ela fez uma careta e seguiu para o quarto. Haviam combinado de viajarem aquela noite, por isso foi até a cômoda e abriu para pegar uma roupa limpa, além de um conjunto de reserva. Quando olhou as roupas organizadas na cabeça, inesperadamente, recordou-se das palavras de Robert mais cedo e permaneceu alguns minutos ali, em dúvida. Pesou os prós e contras, as próprias emoções e o que realmente julgava ser o certo. Não restou dúvidas de que não queria faltar a festa de Enrico ou ter que cruzar a estrada até Utah naquela noite. Por isso, ao invés de pegar a camisa e os jeans, ela agarrou o seu pijama mais confortável e fechou a gaveta com um sorriso conformado. Torcia para que não se arrependesse da decisão ou a culpa seria totalmente do Pattinson. - Riu baixinho com o pensamento. Cogitou ir até a sala para dar as boas novas, mas desistiu ao ter uma ideia maldosa formando em sua mente. Iria tomar um banho longo e só depois, apareceria na sala vestindo o seu pijama como se nada tivesse acontecido. Que mal teria deixá-los na atuação dramática por mais uma hora? É um castigo até leve, se comparado ao estresse que renderam a ela nas últimas horas. E com essa conclusão, seguiu um pouco mais animada para um banho relaxante.
Afinal, as irmãs mais velhas também precisam de refrescos.

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Enrico Bellinaso estava muito feliz, porém preocupado. Enfrentou um longo dia com a banda, organizando os últimos detalhes da festa de lançamento e as expectativas eram altas. No início da noite, voltou para o apartamento que dividia com sua namorada e decidiu que precisava de umas boas horas de sono para estar descansado, além de ajudar o evento a chegar mais rápido. Infelizmente, o sono desapareceu, mesmo que encontrasse a posição perfeita na cama macia e que o quarto estivesse agradavelmente escuro. O cansaço estava ali, tinha consciência disso, mas o bonitinho não era forte o suficiente para lutar contra os milhares de pensamentos que rondavam sua mente. Forçou os olhos a fecharem, ouvia a respiração calma da amada que havia pego no sono muito facilmente e invejou-a. Nos dias normais, ele teria sido o primeiro a apagar, mas com um dos momentos mais importantes da sua vida prestes a acontecer, ele jamais conseguiria repousar em paz.
Depois de revirar na cama por mais meia hora, levantou, tomou cuidado para não fazer barulho e saiu do quarto. Reacendeu as luzes no caminho para a sala e se jogou no sofá, viu o próprio celular na mesinha de centro e esforçou-se para não olhá-lo. Ele não queria ceder ao desejo de ligar para o empresário e perguntar sobre os preparativos que deveriam começar a noite. Entretanto, como se o pensamento tivesse o invocado, o aparelho vibrou e o nome do homem surgiu na tela brilhante. Na mesma hora, o coração do italiano bateu mais forte em preocupação e agarrou o celular, grudando-o na orelha rapidamente.
- Temos problemas, Enrico. - Ouviu o tom familiar que usava, quando o problema era maior do que suas mãos poderiam segurar, o que aumentou o pânico do cantor.
Bellinaso sentou no sofá, respirou fundo, a mão livre fechou em punho e descansou na coxa.
- O que está rolando? - A voz rouca.
- Estamos há uma hora na casa e nada das coisas chegarem. Liguei para a Olívia e só deu caixa postal. Eu não vou falar nada sobre isso, porque você sempre soube minha opinião e pelo bem do evento amanhã, torço para estar errado. - Suspirou preocupado. - Quase liguei para o Ryder, mas prefiro que você lide com ele.
As mãos foram para o cabelo curto, os dedos passeando nervosamente pelo topo da cabeça.
- Já te retorno. - Desligou, o sangue começando a ferver com a possibilidade que formava em sua mente.
Ryder era o guitarrista mais recente da MIV (abreviação do nome da banda Midnight in Venice) e que entrou dois anos antes para substituir Jacob que decidiu desistir, voltar para a Geórgia e tocar os negócios da família. Era um cara legal, divertido, mas muito azarado para relacionamentos. Não costumavam durar muito, mas Olívia parecia diferente. Estavam juntos há seis meses e parecia que iriam dar realmente certo. Quando rolou a parada do evento de lançamento, o guitarrista falou que a mulher era ótima com produções de eventos e que poderiam usar os serviços dela, além de sair mais barato já que o dinheiro era curto. No início, todos ficaram inseguros, mas o cara insistiu tanto que cederam. Foi pago a metade do valor como entrada para que ela organizasse as coisas e o restante seria recebido após o evento.
Levantou, clicou no contato do amigo e começou a andar de um lado para o outro. A mão livre descansou na cintura, os pés descalços pisando duro no tapete que abafava os sons do impacto. No quinto toque, o rapaz atendeu com a voz sonolenta.
- Fala, Bellinaso.
- A Olívia está com você? - Perguntou seco.
- Não, por quê?
- Donald está esperando há uma hora e não chegou nada, a Olívia também não atende. - A irritação evidente em sua voz.
- Ela deve ter se atrasado…
O cantor interrompeu:
- Não quero saber! Liga para ela e descobre o que está rolando! - Falou num tom mais alto e nervoso. Respirou fundo para acalmar os ânimos e soltou num tom arrependido: - Foi mal, cara!
Ryder pareceu atordoado com o amigo, quando respondeu: - Relaxa! Estamos todos ansiosos com esse lançamento. Eu vou falar com ela e já te ligo.
- Beleza, cara! - Despediu-se.
Caiu sentado no sofá mais próximo, o aparelho entre as mãos, o rosto inclinado para frente. A mente começou a se encher de possibilidades negativas, precisou de muita força de vontade para pensar em coisas positivas ou teria um treco. Estava tão absorto nos seus próprios temores que não percebeu que havia levantado, o rosto amassado pelo travesseiro, a voz rouca de sono.
- Amor?
Ele ergueu a cabeça para olhá-la, ficou evidente na expressão dele que estava quase tendo um surto de preocupação.
- O que houve? - Ela aproximou-se, sentou no espaço ao lado dele e passou uma das mãos de forma carinhosa pela cabeça de fios curtos.
- Donald tomou um chá de espera, Olívia não apareceu com as coisas da festa e não atendeu o celular. Liguei para o Ryder e ela não está com ele. - Explicou angustiado, fechou os olhos com a sensação do carinho gostoso que ela fazia no topo de sua cabeça.
- Às vezes ela teve um imprevisto ou passou por uma região sem sinal ou o celular descarregou ou… - Ela suspirou. - Pode ter acontecido qualquer coisa.
- Sim, mas… - Ele mesmo interrompeu e fez um gesto de negação com a cabeça.
A namorada franziu a testa, mirava-o diretamente, refletiu por alguns segundos e soltou, preocupada.
- Acha que ela pode ter dado um golpe em vocês? - Questionou.
- Não sei… Realmente não sei. - Ele soltou uma risada desgostosa, passou uma das mãos no rosto e xingou baixinho. - Cadê o Ryder que não dá notícia? - Perguntou irritado. Sabia que fazia no máximo 15 minutos desde a ligação, mas ele estava com os nervos à flor da pele. Sonhou durante anos por aquele momento, depositou todas as energias e não queria viver o início de um sonho prestes a dar errado.
- Calma! Ele vai ligar, quando tiver uma novidade. - Falou com confiança.
Ele descobriu o rosto e encarou-a.
- Se ele não encontrar, eu mesmo vou atrás dela! - Ameaçou.
A mão de foi para os ombros, massageando-os com carinho numa tentativa de acalmar o gênio do namorado.
- Vai dar tudo certo! - Ela reforçou com um sorriso.
Nisso, o aparelho na mão dele começou a vibrar e atendeu no desespero. Levantou, interrompendo a massagem que recebia.
- Achou ela? - Perguntou.
Ouviu barulho de veículos ao fundo, buzinas. O guitarrista permaneceu em silêncio, parecia criar coragem para falar.
- Ryder? Você está aí? - Irritado, o coração começando a apertar com as notícias que estavam por vir.
- Ela foi embora, Enrico. - Soltou num fiapo de voz.
O mundo entrou em suspenso, o sangue gelou em suas veias, os xingamentos ficaram presos em algum lugar em sua garganta, o coração batia tão forte no peito que uma das mãos voou para o local, tocando-o para ter certeza de que não iria explodir. A expressão no rosto dele devia ser tão fantasmagórica que assustou a namorada que levantou do sofá, o rosto muito assustado. Ele não conseguia falar, só saía um gaguejo incompreensível por sua boca. Sentia-se prestes a explodir como uma granada e infelizmente, teriam que catar os seus pedacinhos espalhados por aquela sala. A compreensão de que o evento do dia seguinte, teria que ser cancelado recaiu feito uma bigorna sobre sua cabeça, os olhos encheram de lágrimas não derramadas.
- Impossível. - Foi a única palavra que conseguiu escapar e mesmo assim, a descrença era mais do que evidente.
- O porteiro disse que ela entregou o apartamento hoje de manhã… - Ryder parecia estar anestesiado, a ficha parecia não ter caído. - Não deixou um recado, não falou comigo… Apenas evaporou.
Bellinaso desligou na cara do amigo, as mãos trêmulas.
- Amor?
- Ela meteu o pé, entregou o apartamento e sumiu. - Soltou desconsolado, a raiva começando a borbulhar em seu peito.
- O quê? - soltou surpresa. - E agora? O Ryder não vai caçar ela? Não conhece algum amigo que saiba dela?
- Ou eu desligava ou ia mandá-lo para o inferno e ainda seria pouco. - Confessou, secou uma lágrima que escorreu. - Ele vai dar o jeito dele! Vou ligar para o Donald e contar… Ainda vou ter que ouvir que ele avisou! Foda!
- Calma! - Ela estendeu as mãos num gesto, andou de um lado ao outro, uma das mãos cobria a boca.
Enrico encarava a tela do celular, o contato de Donald, o dedo em cima, hesitando em clicar.
- JÁ SEI! - Ela deu um grito que o assustou e quase deixou o aparelho cair no chão. Aproximou-se do namorado, a alegria tornou-se receosa. - Sunshine. - Foi o nome que soltou.
Ele fez uma careta no mesmo instante.
- Não vai ser fácil convencê-la, depois que você preferiu escolher uma desconhecida ao invés de uma amiga. - Ela explicou resignada. - Mas se você for sincero, sei que ela vai topar ajudar.
- O problema é que só temos metade do valor, não sei o que dá para fazer.
- Melhor do que ter que cancelar tudo, já foi difícil conseguir a cobertura da Sounds Good e há meses as pessoas receberam os convites… - Começou a listar nos dedos.
Ele sentou no sofá, encarou a tela do aparelho. Se tivesse sido mais duro com Ryder, não teria dado tudo errado. - pensou com raiva. Desde o início iria dar preferência para a amiga, além de ter um ótimo bom gosto, sempre foi muito boa com os eventos e cada vez mais, crescia entre as estrelas de Hollywood. Isso era um bem feito para ele! Agora, teria que criar coragem e rastejar para amolecer o coração da amiga.
- Tudo bem. - Suspirou derrotado. Esfregou o rosto com uma das mãos, bufou irritado e clicou no contato da amiga. Torceu para que ela atendesse a ligação. Quase no último toque, a voz mau humorada da mulher e um barulho de música ao fundo o recepcionaram.
- Sun, pode falar? - Perguntou inseguro.
Ouviu ela murmurar algo distante do aparelho, depois o barulho foi se distanciando, até sumir completamente.
- Você tem um minuto antes que eu desligue na sua cara. - Soltou irritada.
- Sun…
- 50, 49…
- Calma aí, mulher! Só me escuta, por favor! - Implorou.
Ela suspirou descrente do outro lado da linha.
- Te dei um minuto, Bellinaso. Só abrir o bico ou não tem o que dizer? Estou trabalhando, muito ocupada…
Interrompeu-a: - Me desculpa, Sun! - Respirou fundo. - Eu errei em ter confiado um dos momentos mais importantes da minha vida a uma desconhecida.
- 35, 34… - Continuou friamente.
Ele sabia que não seria fácil, mas como enfiou os pés, não poderia deixar de mergulhar o corpo todo.
- Levei um golpe, Sun! A festa é amanhã e não temos nada! Nada! - A voz tremeu de emoção. - Eu quero ir até o inferno atrás dela para recuperar o dinheiro, mas não sei onde começar e não temos tempo. O início de um sonho que deu errado. - Riu sem humor. - Eu não mereço sua ajuda, mas por favor, me ajuda! - Pediu.
Ambos ficaram em silêncio por um minuto inteiro, ele sem ter o que acrescentar e ela, provavelmente, avaliando a situação.
- Quanto você tem?
- 25 mil.
Sunshine fez um som de desgosto.
- Eu lembro de algumas coisas que você queria e com esse valor não dá para fazer metade. Temos pouco tempo, vai ter que ser mais simples. - Explicou. - Vou acionar os meus parceiros e ver o que consigo, se ultrapassar o valor, você acha que consegue cobrir?
- Sim, sim! - Confirmou desesperado, temendo que a amiga mudasse de ideia.
- Ok. Vou precisar de mãos extras também... - Parou para refletir e continuou: - Faltam duas horas para acabar aqui, assim que estiver livre te retorno e começamos.
- Obrigada, Sun! - Falou com emoção, os ombros caíram em alívio, a postura mais relaxada.
- Não me agradeça ainda! A sua sorte é que eu sou muito coração mole, mas não vai achar que te perdoei. - Falou brava, mas deu para identificar o tom de brincadeira. - Depois que a fama explodir, vai ter que fazer todos os seus eventos comigo e me indicar para o mundo inteirinho.
Ele riu.
- Vou te indicar até para o presidente!
- Bom, acabou o seu minuto. - Desligou a ligação, sem ao menos se despedir.
Enrico olhou para a tela para confirmar e depois, riu aliviado.
- Doeu? - perguntou achando graça.
Ele negou.
- Somos sortudos de ter a Sunshine, senão o sonho teria ido por água abaixo. - Sorriu mais aliviado. - Ela vai ligar de volta, quando acabar o evento. E, também vai precisar de mãos extras.
- As meninas já toparam. - Respondeu, satisfeita, o próprio celular nas mãos.
- Como você sabia? - Perguntou incrédulo.
- Quando você vai aceitar que as mulheres sempre sabem de tudo? - Sorriu espertamente. - Agora, é a hora de encarar a segunda parte… - Apontou com a cabeça para o celular dele. - Donald.
O cantor suspirou resignado, confirmou com um gesto de cabeça e clicou no contato do empresário. Seria menos penoso a tarefa, agora que Sunshine havia lhe dado um vislumbre de esperança.

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- ? - Cat falou confusa ao ver a irmã aparecer na sala, vestindo pijama ao invés de estar pronta para levá-los de volta para casa.
A atriz caprichou na sua melhor expressão de desentendida.
- Oi?
- Você vai assim? - A caçula perguntou, a testa franzida.
- A viagem está cancelada e…
Ela não conseguiu terminar a frase, pois os adolescentes começaram a gritar em comemoração e pularam em sua direção, envolvendo-a num abraço em grupo. Tentou se manter séria, mas a risada escapou.
- Você é a melhor! - Scarlet disse animada.
- A Cat tem a melhor irmã do mundo! - Richard riu.
A mais velha sorriu, envaidecida.
Finalmente, os jovens liberaram o abraço, os rostos muito animados.
- Por que mudou de ideia? - A caçula questionou curiosa.
- Ah, não queria perder a festa do Enrico e…
Parou de falar ao sentir o celular vibrar várias vezes sem parar em sua mão, desbloqueou a tela e leu as mensagens no grupo que tinha com as amigas. Franziu a testa em confusão ao ler tudo que enviou, depois digitou e bloqueou a tela novamente. Virou-se para os três pares de olhos que a encaravam em expectativa.
- Eles vão precisar de ajuda com a festa amanhã cedo, já confirmei e quero todos bem cedinho prontos para pôr a mão na massa. - Explicou, viu-os acenar com a cabeça, agitados pela alegria. - Amanhã vou ligar para avisar a minha mãe sobre a minha decisão. - Fez uma careta ao pensar na tarefa. - Só espero que vocês me obedeçam enquanto estiverem aqui.
- Com toda certeza! - Scarlet garantiu.
- Ouviu, Cat? - A mais velha perguntou para a irmã.
- Com toda certeza! - Repetiu a frase da amiga com uma expressão sapeca, depois se aproximou novamente da irmã e abraçou-a apertado. - Obrigada. - Sussurrou.
apertou-a um pouco mais, um sorriso alegre e satisfeito em seu rosto. São esses momentos que valem a pena ser uma irmã mais velha.


Capítulo 21 – A Festa

“Sunshine Organizações de Eventos. Faço o seu evento brilhar como as melhores festas de Hollywood.” - Slogan da empresa da Sunshine.


- Olá, aqui quem fala é Annelise Normatenda, diretamente de Los Angeles, onde acontece nesta noite a festa de lançamento do álbum de estreia da banda Midnight in Venice. - Anunciou para a câmera a repórter do jornal News 4 You. Vestia um visual mais descolado, abandonou as vestes sociais para se misturar com facilidade no ambiente e estilo da festa. Estava posicionada na calçada, atrás era possível ver uma mansão imponente e luxuosa, um enorme gramado movimentado. Na porta de entrada, havia dois seguranças e uma mulher que recepcionava a todos com as direções para o local que ocorria o evento.
- A banda é composta pelo vocalista Enrico Bellinaso, Ryder Thompson comandando a guitarra, David Lowney no baixo e Ethan Kives na bateria. Colocam você para dançar e chorar, ao mesmo tempo, mas com muito gosto! - Deu uma risadinha. - Numa mistura de rock, pop, punk e até mesmo, um pouco de eletrônica. O single de estreia é “Juntos”, um chicletinho mais melódico e que fala sobre ser mais forte ao lado de quem amamos. Venha participar dessa festa comigo! - Ela fez um sinal com a mão para indicar que a acompanhassem.

Em seguida, o câmera encerrou a gravação e sinalizou para a repórter que baixou o microfone, o sorriso sumiu de seu rosto. O colega aproximou-se, o enorme aparelho descansando em sua mão.
- Você realmente conseguiu que te deixassem entrar? - Perguntou impressionado enquanto mascava um chiclete.
Ela riu, abanou uma das mãos livres num gesto de pouco caso que não combinava em nada com sua expressão exibida.
- Minha amiga está organizando tudo e me pediu o favor de cobrir o evento. - Explicou. Olhou ao redor da calçada, analisou as pessoas que desciam de seus veículos e as outras que percorriam o gramado. Reconheceu alguns rostos, subcelebridades, artistas da música que eram conhecidos, mas nada que ocupasse a categoria diamante da fama. Esforçou-se para aceitar o fato, já que a amiga explicou que era uma banda nova e que não tinha muito conhecimento na indústria, entretanto, nutria esperanças de encontrar algo que valesse a pena despencar da cidade de Gardena para Bel Air - além do amor que nutria pela amiga.
Segurou o pulso do homem, aproximando-o o suficiente para que ouvisse a fala baixa dela, os olhos não perdiam nada ao redor.
- Mantenha essa coisa ligada o tempo todo, ok? - Pediu, exigente. - Não sabemos o que vamos encontrar lá dentro. - Soltou-o, afastou dois passos, virou de frente para a enorme construção, passou as mãos de unhas bem-feitas pelas roupas num gesto desnecessário para arrumá-las e abriu o seu melhor sorriso. - Aqui, vamos nós! - Cruzou o gramado decidida até a porta de entrada, acompanhada de perto pelo câmera que mantinha o aparelho preparado conforme as instruções da repórter.
- Boa noite. - A recepcionista adiantou-se, com um sorriso forçado no rosto. Trabalhava há anos e estava acostumada a lidar com jornalistas, sabia que onde estava um, era um estresse garantido. - No que posso ajudá-los? - Manteve a postura relaxada.
- Boa noite. Vim a pedido da Sunshine.
A outra não conseguiu esconder a confusão, mas indicou com um gesto para que aguardasse e se afastou para falar com o segurança. Sussurrou instruções para que localizasse a chefe.
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As lágrimas inundaram a visão de Enrico, tornando a imagem borrada. O peito parecia explodir feito fogos de artifícios durante a virada de ano. O balde de realidade foi jorrado em sua cabeça ao estar escondido atrás das cortinas vermelhas, no pequeno palco montado próximo à piscina da mansão luxuosa em Bel Air. Foram meses planejando o que seria a festa de lançamento dos sonhos e, no final, não conseguiu 50 por cento do que sonhou. Mordeu o lábio inferior para não rir, as mãos mantinham um pedaço discreto da cortina aberta para observar os cem convidados que perambulavam pelo gramado. Eles tomavam drinks, tiravam fotos, conversavam, sem qualquer noção sobre os dramas da noite anterior. Quase cancelou o evento, depois do golpe que recebeu da namorada do Ryder, onde um dos momentos mais importantes da sua vida e que seria o pressionar do botão "start" da carreira da Midnight in Venice nos holofotes da indústria musical, parecia ter ido por água abaixo.
Um sorriso de canto escapou ao ver Sunshine conversando com , ambas focadas para que o evento fosse um sucesso. Estava muito grato pelos amigos que toparam ajudar a fazer a festa acontecer, salvando-o da tristeza e raiva, afinal, a ira era tão grande que estava disposto a ir aos confins da terra para localizar Olivia e recuperar o seu dinheiro. Sunshine deixou Donald apaixonado por seu trabalho e não seria nenhuma surpresa se a amiga organizasse outros eventos da gravadora. Ela realmente entrou em contato, depois que terminou a festa de aniversário da Ariana Grande e pediu o endereço de onde faríamos a festa para que se encontrassem lá. Quando ele e chegaram, a mulher já estava conversando com Donald e analisava os cômodos ao redor com um olhar crítico. Os dedos digitavam freneticamente no tablet de capinha colorida em suas mãos. Vestia um terninho preto e saltos combinando, o cabelo num coque firme em sua nuca, a verdadeira imagem do profissionalismo. Ele pensou que a amiga fosse encará-lo com mágoa, mas assim que se deu conta da presença deles, ela virou-se com a expressão séria, soltou: "Vai ficar mais foda do que você imaginava!", depois deixou um sorrisinho escapar.
E ao ver a decoração inspirada no nome da banda e na capa do álbum de estreia, ele ficou com um bolo de emoções na garganta. Ficou muito mais foda do que ele imaginava. Não diria que deveria agradecer ao golpe, pois teve um estresse e ainda perdeu dinheiro. Mesmo que tivesse seguido com Sunshine desde o início, sabia que ela iria fazer a melhor festa, entretanto, faria exatamente do jeito que ele imaginou e talvez, não seria tão boa quanto aquela ali, montada no improviso. Mais uma vez, a vida provando que há males que vêm para bem. E tinha o Ryder que estava enfrentando uma fossa acompanhada de uma ressaca e culpa.
- Droga, Enrico! - Falou Ethan, baterista da banda, surpreendendo-o ao parar do seu lado e olhar pela mesma brecha na cortina. - Ryder está muito bêbado! Quando não está vomitando, fica agarrado ao vaso, chorando, pedindo perdão e dizendo que está amaldiçoado para o amor! - Ambos soltaram um suspiro de cansaço.
- Às vezes eu sinto falta do Jacob. - Enrico confessou, largou a cortina, fechando-a. Virou-se de frente para o amigo e cruzou os braços.
- Pelo menos, ele não era tão dramático e tinha a Maggie. E não estaríamos nessa situação. - Riu.
- Verdade! O Donald está muito bolado com tudo isso, inclusive, chegou a dizer que poderia demitir o cara. - Fez uma careta. - Eu até concordaria, mas eu gosto dele e não tem culpa se a mulher era uma golpista. Admito que estou com raiva e que vou descontar nele até achar que foi o suficiente para superar.
Ambos riram.
- Ele não tem condições de se apresentar, o que vamos fazer?
- Bom…
- Garotos, vamos começar? - Donald surpreendeu-os. - O Enrico vai tocar guitarra no lugar do Ryder, acha que consegue? - Massageou as têmporas e com a mão livre, apoiou o peso do corpo no banquinho da bateria.
David Lowney, o baixista, pegou o instrumento e dedilhou as cordas para testar o som que produziam. Parou, quando teve a certeza de que estava afinado.
- E quem vai fazer o discurso? - Perguntou o baixista com a testa franzida.
Ethan ocupou o banquinho da bateria e ficou movimentando as baquetas entre os dedos.
- Eu estou fora! Se eu gostasse de falar em público, teria sido o vocalista. - Deu de ombros e fez um som rápido.
- Low? - Enrico chamou o amigo pelo apelido enquanto ajeitava o microfone, a guitarra pendurada em seu tronco.
- Estou com o Ethan. - Respondeu ao se posicionar do lado direito do vocalista.
- Vocês sempre me deixam com a parte difícil. - Bellinaso resmungou dramático e passou o dedo indicador pelas cordas do seu instrumento.
- Maravilha! Agora que está decidido, vamos acabar logo com isso! - Donald falou mais alto e bateu duas palmas motivacionais, mas que não tinham nada de animador nisso. Apontou para as cortinas, assobiou para o rapaz da produção e agarrou um microfone. A música foi cortada e o homem posicionou-se no palco, aguardou que as cortinas se abrissem para revelá-los.
- Garotos, assim que as cortinas se abrirem, vocês serão revelados ao mundo e quero que enfie em suas cabecinhas que tudo vai mudar. Vai ser difícil, mas espero que sejam fortes! Mostrem a eles do que vocês são capazes! - Ele virou-se para olhá-los diretamente, pronunciando cada palavra com firmeza. - Prontos?
Enrico olhou para a sua direita e recebeu um aceno de Low. Depois, virou-se para trás, tendo a mesma resposta do Ethan e mirou novamente Donald.
- Prontos! - A resposta saiu de sua boca, mesmo que não fosse o que sentisse de verdade.
“Vocês serão revelados ao mundo e quero que enfie em suas cabecinhas que tudo vai mudar.”
A frase repetia em sua mente, deixando-o com o coração ainda mais acelerado. Viu as cortinas se afastarem lentamente, revelando vários rostos conhecidos e desconhecidos, alguns que encontrava pessoalmente e outros, que via nas redes sociais ou sites de fofocas. Os acordes do baixo que entravam por seus ouvidos, anunciavam o início de “Juntos”. A bateria entrou no circuito com disposição, ritmada com o baixo e os seus dedos dedilhavam a guitarra para fechar a parceria. O nervosismo inicial pela pressão de estar vivendo um dos momentos mais importantes de sua vida, fizeram com que tudo fosse como um borrão, nem mesmo sabia como conseguiu recordar a letra do single de estreia. A multidão de convidados erguia os braços, balançando de um lado ao outro no ritmo da melodia.
Quando as últimas notas indicaram o fim, todos começaram a gritar e bater palmas. Ele fechou os olhos numa prece silenciosa para que o futuro fosse o melhor possível. Quando abriu-os, viu a expressão emocionada de , o sorriso orgulhoso de Sunshine ao seu lado, um pouco mais distante, e gritavam empolgadas enquanto Joey tinha um imenso sorriso no rosto ao aplaudir. Ter os amigos ali, era mais do que um sinal dos céus de que tudo ficaria bem, afinal, quem tem amigos, tem tudo.
Bellinaso abraçou os companheiros de banda, se juntaram no centro do palco enquanto os convidados gritavam por um discurso.
Donald surpreendeu-o com um microfone que agarrou todo sem jeito, quase deixando-o cair.
- Ok, ok. - Riu. Sorria belamente enquanto os flashs atingiam o seu rosto, avistou uma dupla de repórteres que registravam tudo e ficou mais alegre ao saber que eles realmente haviam aparecido. - Que momento… Uau! - Umedeceu os lábios com a língua, sem afastar o microfone da boca. Olhou para os colegas e depois, novamente para a multidão. - Bom, meus camaradas deixaram a difícil missão de fazer um discurso, só porque sou o mais bonito da banda e…
- Sem chance! - Low protestou ao aproximar o rosto do microfone que o amigo segurava.
Os convidados acompanharam na risada.
- Não foi o que vocês me disseram lá atrás! - Brincou ao erguer o polegar para trás. Depois que o silêncio retornou, respirou fundo para se acalmar e conseguir formular o discurso em sua mente. - Hoje é um sonho e que todos vocês estão fazendo parte. Tenho medo de acordar e descobrir que foi apenas isso. - Sorriu de lado. - Quando vim para Los Angeles, pensei que deveria ser a cidade dos sonhos e não dos anjos, mas quando paro para pensar no trajeto até esse minuto, percebo que o lance dos anjos faz sentido. - O seu olhar começou a buscar o rosto de cada amigo. - Desde o momento que embarquei no avião, conheci pessoas que também carregavam os seus sonhos em uma mala, trabalhei com elas, namoro uma delas. Hey, baby. - Piscou para , ela revirou os olhos tentando manter a dignidade enquanto secava as bochechas. - Ah sim, o lance dos anjos. - Fingiu precisar retornar ao assunto. - A questão é que todos que vivem aqui, vivem por seus sonhos, mas a diferença é que os anjos que nos ajudam a realizá-los. Essa cidade… - Apontou o indicador para o céu com a mão livre. - Tem os seus anjos que são enviados para nos ajudar a realizar os sonhos e foi assim comigo, amigos e milhares de pessoas que vivem, já viveram ou vão viver aqui. - Deixou a mão cair ao lado do corpo. A atenção alterando de rosto em rosto, a voz um pouco rouca de emoção pelas lembranças. - Somos gratos ao Donald por acreditar no nosso sonho, tudo bem que não posso dizer que ele parece um anjo. - Zoou o homem, o coro de risos. - Mas obrigado, Donald. Também, não podemos esquecer da responsável por salvar este evento.
Os colegas de banda pegaram os seus instrumentos e começaram a tocar uma batida bem animada, típica de comerciais.
- Eu ouvi eventos? - Perguntou para ninguém em particular, uma das mãos na orelha em concha. - Você quer um evento das estrelas? - Persistiu na atuação. - SUN-SUN-SUN-SHINEEE - Cantarolou no ritmo da batida. - Ligue para a SUN-SUN-SUN-SHINEEE que ela vai fazer você arrasar. - Apontou para a mulher que escondia o rosto com as mãos. - E não estou falando do Sol, hein. - Piscou, dramaticamente.
começou a distribuir os cartões estilosos com o contato.
A música parou e as pessoas riam, batiam palmas.
- Contratem ela e vão arrasar! - Reforçou. - Obrigado, Sunshine. - Sorriu, grato.
Ela retornou o gesto.
- Bom, não posso esquecer dos meus amigos que estão aqui e que me deram todo o apoio ao longo dos anos, além de contribuírem para esse evento acontecer. - Abriu um dos braços livres num gesto para indicá-los, mesmo sem especificar a localização. – E, também, quero agradecer à minha família que não pôde estar aqui hoje, mas que os amo. Tenho a certeza de que estão torcendo por mim, mesmo que lá da Itália. - Finalizou com a voz emocionada.
- Chega, chega de discursos! Nada de choro hoje! - Donald interrompeu enquanto os companheiros de banda, retornavam com enormes garrafas de champanhe e começavam a chacoalhá-las em direção ao vocalista.
Ele só teve tempo de fazer uma cara de desespero, erguer as palmas das mãos para cima num gesto de “pare” e logo, o “ploc” das rolhas voando para longe pôde ser ouvido por todos que estavam ali. O líquido foi lançado em sua direção, mesmo tentando desviar foi atingido e ensopado. Correu para trás de Donald e o mais velho foi encharcado, em seguida, os amigos viraram o líquido em direção a multidão, molhando a todos.
Enrico Bellinaso jamais esqueceria daquele dia.

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- Droga! Ele molhou o meu cabelo! - Reclamou , uma careta de desgosto, as madeixas úmidas e levemente emboladas, caiam sob os ombros.
e abafavam as risadas com as palmas das mãos cobrindo a boca.
- Quando eu vi o David pegando a garrafa, saquei que ia dar ruim e me afastei. - Explicou a atriz ao secar os olhos.
- E nem para me avisar! - Resmungou a amiga.
- Foi muito rápido! - Defendeu-se.
A outra revirou os olhos, passou as mãos no cabelo, enrolou até formar um coque no topo da cabeça, a maquiagem levemente borrada.
- Achei o discurso muito fofo, o triste é a família não estar aqui… - Comentou ao envolver os braços das garotas e guiar ambas para longe do palco, pararam num canto do enorme quintal.
O trio permaneceu com uma expressão de desânimo enquanto observavam os convidados que circulavam pelo local, uma música de fundo tocava animada.
- A disse que eles não podiam faltar ao trabalho, não conseguiram folga ou algo do tipo. - Explicou .
A atriz ficou pensativa por um tempo, até que suspirou desanimada e disse: - Eu entendo bem, o que é a falta da família.
- Pelo menos a Cat sempre quer estar com você, . - Disse com um leve sorriso.
- E falando nela, onde será que se meteram? - Perguntou. Ergueu um pouco o pescoço para tentar enxergar por cima da movimentação do lugar, os olhos examinando tudo com muita atenção. Avistou-os perto da piscina, o trio conversava animadamente com um homem que a atriz reconheceu em menos de um segundo.
- Ah. - O único som que escapou de sua boca.
As amigas riram da sua reação.
- Qual a graça? - Perguntou indignada ao encará-las.
- Ah, é engraçadinha a cara que você faz toda vez que vê o Robert. - Comentou com uma risadinha.
- Que cara?
- Essa cara que acabou de ver o amor da sua vida, mas que quer se esconder dele. - Explicou .
- Oi?
As outras riram novamente.
- De novo! - Acusou .
- Vocês enlouqueceram! Só pode! - Revirou os olhos, soltou um som que misturava resmungo e indignação.
Voltou a atenção para o grupo que ainda conversava e, coincidência ou não, foi o exato momento em que a sua irmã caçula respondeu algo ao ator. Ela apontou em direção à mais velha, fazendo os seus olhares se encontrarem. forçou um sorriso que com toda certeza tinha sido mais uma careta.
Achou que ele não viria, mas no final das contas, era realmente verdade que tinha encontrado um tempo em sua agenda tão lotada. Não era ruim vê-lo ali, eles haviam se entendido faz tempo, mas não conseguia evitar um friozinho na barriga e a sensação de que ficar a noite toda ao lado dele não seria tão fácil. Lidava com ele há anos, no papel de garçonete e, depois, como colega de trabalho. Às vezes, só lembrava do fato de que foi fã do homem durante anos, o que era e não mentiria, mas era difícil descrever o que realmente acontecia, quando se tratava dele.
Respirou fundo ao vê-lo seguir em sua direção, o familiar sorriso em seu rosto. Estava muito bonito com um boné preto com a aba virada para trás, o visual totalmente all black dos pés à cabeça. Preto realmente era a cor dele.
- Ei, você veio! - Ela soltou, tinha um sorrisinho no seu rosto.
Ouviu uma risadinha do seu lado que vinha de uma das suas amigas, fingiu ignorar.
Pattinson inclinou-se em sua direção e depositou um beijo em sua bochecha, durou menos de um segundo, mas não impediu que o seu coração batesse incontrolável no peito. Ele afastou-se, um sorriso simpático no rosto, as mãos foram para os bolsos da frente da calça jeans preta. - O compromisso realmente era aqui perto, então ajudou. - Deu de ombros.
fez um som com a garganta para chamar a atenção para a sua presença.
- Ah, você se lembra da ? - A atriz apontou para a amiga à sua direita.
- Claro! Tudo bem? - Ele cumprimentou-a com um beijo também.
- E essa é a . Acho que já te falei sobre ela… - Apontou para a que estava do seu outro lado, tinha um sorriso muito simpático no rosto.
Também foi cumprimentada da mesma forma pelo ator.
- O que está achando da festa? - Perguntou para puxar assunto e evitar que todos entrassem num silêncio.
- Ah, gostei bastante da música deles! Impossível não fazer sucesso! - Sorriu.
O som que tocava na festa, mudou para uma pegada muito dançante e logo boa parte dos convidados começaram a dançar na pista de dança improvisada. A atmosfera era tão contagiante, o pé da atriz dava batidinhas no chão, a vontade de se movimentar aumentando.
- Amo essa música! - anunciou entusiasmada, agarrou a mão de e puxou a amiga em direção à pista. Deixou os atores sozinhos.
Eles ficaram em silêncio, observando-as se divertirem.
O ator ficou mais ao lado dela, permanecia olhando para os outros convidados que bailavam com muita energia.
O convite travou na ponta da língua da atriz, até que respirou fundo e criou coragem para perguntar. Virou-se para o ator, o polegar estendido num gesto para a pista, onde as amigas estavam agitadas.
- Está a fim de…
Ambos riram ao perceberem que disseram ao mesmo tempo.
- Claro! - Disseram novamente juntos.
Entre as gargalhadas de diversão com a coincidência, o ator estendeu a mão num convite muito educado e que foi aceito por ela. Seguiram até a pista, quando uma nova música começou. Assim que pararam próximos as amigas da atriz, ficaram frente a frente.
Ela balançava os ombros para frente e atrás, alternadamente, rebolava a cintura no ritmo da música. Já o ator estava todo desengonçado, meio duro na agitação. Tinha as mãos fechadas para o alto balançando, mexia a cintura de um lado ao outro, vez ou outra, arriscava um rebolado muito engraçado que arrancava risadas da atriz. Depois, começaram a inventar passinhos que tentavam imitar juntos, mas se atrapalhavam e riam da situação. O clima estava tão divertido que ambos não queriam terminar o momento.
Ela percebeu que tinha passado muito tempo, pois as amigas não estavam mais por perto. Aceitou a mão de Rob, girou várias vezes, depois ele enlaçou sua cintura. Ambos encaravam-se diretamente, sorrisos em seus rostos. Estava muito, muito claro que não queriam encerrar aquele momento.
Olhando-o, diretamente com tanta proximidade, foi impossível não pensar que estavam compartilhando muitas ocasiões boas. Conversavam, riam, pareciam ter encontrado uma amizade e que estava florescendo com o tempo. Quem diria que algo assim aconteceria, principalmente, depois de um convívio complicado que tiveram no início. Pelo menos, as coisas ficaram claras, resolvidas e seguiam sem forçar a barra ou fingimento.
realmente gostava da companhia de Robert e ela já tinha descoberto faz tempo, só não queria acreditar.
E o mais legal de tudo, o ator parecia sentir o mesmo.
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- Infelizmente, vou ter que interromper o nosso show. - riu ao parar, secou o suor da testa com uma das mãos.
- Uma pena para a nossa plateia. - Ele riu.
O rosto do ator estava suado, a jaqueta estava amarrada na cintura. Ele tirou o boné, passou a mão no cabelo úmido de suor e cobriu-os novamente.
- Eles vão superar!
A atriz olhou ao redor, não avistou os seus amigos, então saiu da pista acompanhada do ator. Escolheu um canto aleatório que estivesse menos movimentado. Já tinha escurecido, o ar estava fresco, o cansaço atingiu-a e fechou os olhos por alguns segundos.
- Você quer beber alguma coisa?
Ela reabriu os olhos, sorriu muito agradecida e acenou com um gesto de cabeça.
Pattinson falou com o garçom que carregava uma bandeja e o homem se afastou.
- Como consegue ficar com sono, depois de dançar a noite inteira? - Ele provocou-a.
Ela bocejou e cobriu a boca com a mão.
- Não dançamos a noite toda! - Riu.
- Exatamente! Eu ainda aguento mais uma rodada… - Mexeu as sobrancelhas para cima e para baixo, um sorriso zombeteiro no rosto.
- Olha, eu aguentaria se não tivesse ficado na agitação desde cedo. Nós ajudamos o Enrico e a Sunshine a arrumar a festa, então foi muito cansativo.
- Fazer uma festa dá muito trabalho, ela deve gostar muito. - As mãos descansavam nos bolsos da frente da calça jeans.
- Ah, ela ama! E a Sun tem dom para isso, porque tudo que ela organiza fica lindo! - Sorriu.
- Admito que já garanti o meu cartão. - Puxou o cartão do bolso e chacoalhou para o alto.
Ambos riram.
Ele guardou novamente.
- Você dança muito bem. - Elogiou-a, sorriu levemente sem jeito, coçou a nuca com uma das mãos.
- Ah, obrigada! - Respondeu sorrindo timidamente.
Viu o garçom se aproximar, carregava em sua bandeja, duas long necks de cerveja que pareciam muito geladas. Ambos agradeceram enquanto o homem abria as tampas e entregava uma garrafa para cada. Assim que ele se afastou, ambos ergueram suas bebidas para o alto e encostaram num brinde silencioso. Tomaram um longo gole, depois soltaram um som de apreciação, o rosto relaxado.
- Perfeita. - Comentou a atriz.
- Paraíso. - Ele falou.
- Prazeroso. - Ela continuou.
Ele abriu, fechou a boca, riu e continuou: - Primoroso.
Ela mordeu o lábio inferior, tentando não rir, a mente trabalhando para manter a brincadeira.
- Tic-tac-tic-tac… - Ele provocou-a com a imitação e tomou mais um gole.
- Não vale! - Deu um leve soquinho no braço dele e bebeu mais. - Poético! - Ela soltou empolgada.
- Droga! - Resmungou. Pareceu pensar enquanto o gargalo da garrafa descansava próximo ao queixo, o rosto muito concentrado.
- Vai queimar os neurônios desse jeito… - Riu.
Rob fez um som pedindo silêncio, o que causou mais risadas na jovem.
- Provocante. - Ele rebateu com um sorriso convencido.
- Como pode ser provocante? - Franziu a testa.
- Como pode ser poética? - Rebateu.
Ela revirou os olhos.
- Declaro que foi empate.
- Empate? Mas eu respondi! - Ele falou achando graça da cara da atriz.
- É melhor do que perder, você não acha? - tentou imitar a mexida de sobrancelha que ele fez, mas não deu muito certo. Ficou tão descoordenado que causou risada nele.
O ator soltou um suspiro de falsa tristeza, tomou um gole da bebida lentamente, fez uma careta para criar todo o drama.
- Tudo bem. - Suspirou novamente.
Ela tomou um grande gole, riu.
- Se você teve dúvidas sobre estar na carreira errada, pode esquecer. - Provocou. Ela estava realmente adorando a provocação, toda a brincadeira que estava rolando entre eles. O mais engraçado era ver as reações, já que sempre é muito expressivo e não consegue disfarçar bem as emoções. Segredo que ela aprendeu com a convivência no set de filmagens.
Ele revirou os olhos, mas sorriu.
- Aí estão vocês! - Enrico surpreendeu-os, estendeu a mão para Robert e apertou. - Obrigado pela presença, cara! Estou feliz de te ver por aqui!
Depois, abraçou muito apertado. Soltou, quando a atriz riu e disse que estava sufocando.
- E eu? Não vou receber um agradecimento? - Ela provocou o amigo.
- Claro que não! - Riu da cara que ela fez. - Você fez mais que sua obrigação como minha amiga! - Gargalhou alto e se afastou. Já chamando o nome de um cara que tomava uma bebida e ria com outros convidados.
- Vou sentir falta dele. - Ela comentou com um suspiro triste, o olhar acompanhando o amigo que começou a ir de grupo em grupo, cumprimentar os convidados.
Sentiu a palma quente de Robert tocar o seu ombro, apertá-lo gentilmente, usou esse gesto para puxá-la para mais próximo de si. A lateral do corpo dela, tocou a dele num abraço de lado. O rosto dela exibiu a surpresa com o gesto, ergueu um pouco a cabeça para olhá-lo diretamente e recebeu um sorriso carinhoso como resposta. Trocou sua cerveja de mão para envolvê-lo pela cintura e se sentiu tão reconfortada. A sensação de estar tão próxima dele, compartilhando o calor, o toque da mão firme na pele do seu ombro e ambos ali, relaxados na presença um do outro, era poético. Parecia tão natural a proximidade que não tinha uma urgência em se afastar. Continuaram por vários minutos ali, cada um bebendo sua própria cerveja, os olhos observando as interações ao redor.
- ! - chamou-a. Aproximou-se tão agitada com o olhar preso a tela do celular que não reparou a posição que a amiga estava com Robert.
- Aconteceu alguma coisa? - Perguntou preocupada.
- Olha isso! - Falou ansiosa. Estendeu o aparelho mais próximo do rosto da atriz.
A jovem segurou o pulso da amiga com uma das mãos e forçou a visão para ler. Assim que reconheceu o casal na imagem, sorrindo, os corpos capturados nas poses de danças que ela mesma tinha executado minutos antes, a sua expressão tornou-se assustada. No mesmo instante, seu braço, que envolvia a cintura do ator, se soltou e ela colocou distância entre eles. O coração começou a acelerar, após o susto inicial ser substituído pelo pânico.
- O que foi? - Perguntou Robert preocupado ao ver o rosto pálido da atriz.
estendeu o celular para ele e em seguida, xingou irritado.
- Qual o problema? - perguntou curiosa ao se aproximar do trio e ver as expressões que misturavam irritação com preocupação.
- O News 4 You, acabou de postar fotos e vídeos do Robert e da dançando aqui na festa. Não faz sentido algum, porque eu não vi paparazzi. - Explicou , sem desviar o olhar da tela do celular, um dos dedos movimentando-se de baixo para cima. - Os fãs estão surtando nos comentários, postando um shipp Robise e, também, xingando...
- E lá vamos nós… - Resmungou Rob ao tirar o boné, passar uma das mãos no cabelo, bagunçando os fios com nervosismo.
A atriz gemeu em desespero, as mãos cobriram o rosto por alguns segundos e depois, caíram derrotados ao lado do corpo.
pegou o próprio celular e começou a procurar a notícia.
- O que vamos fazer? - perguntou desesperada.
- Não publicar ou comentar sobre o assunto. Vamos deixar a poeira baixar e rezar para que surja algum escândalo que tire os holofotes da gente. - Robert falou resignado, a experiência mais do que evidente em sua postura.
Ela fez uma careta com o plano dele, já que sabia muito bem como as perseguições eram feitas. Não estava rolando nada, além da amizade. Foi uma dança! Uma única dança! Como pode alastrar um incêndio desses?
- Ah, não! - Ela gemeu com a compreensão.
- O que foi? - Rob perguntou baixinho, estendeu uma das mãos para tocá-la no ombro, mas o olhar que recebeu da jovem fez com que ele desistisse da ideia.

Continue...

Nota da autora: sem nota.