Sinopse: Erstes Mal, expressão em alemão que significa primeira vez, em português. Em um relacionamento existem diversas fases, mas em todas elas, sempre existe uma primeira vez. Primeiro beijo, primeira festa, primeira crise de ciúmes. André Schürrle, campeão mundial, meio-campista do Borussia Dortmund. Tudo o que ele precisou foi ouvir um Viel Glück, no começo da temporada, para não só o seu ano, como a sua vida, mudar da melhor forma possível.
Todos os campeonatos já haviam finalizados. Alguns amistosos da seleção estavam rolando e as contratações finais estavam sendo feitas. O Borussia Dortmund não havia anunciado grandes nomes naquele ano, apenas um novo zagueiro aqui, e uma nova defesa dali, nada de estrelas atacantes para vestir a nova camisa amarela daquela temporada.
Mas a pré-temporada já estava iniciando e com ela, alguns jogos sendo realizados para testar os times e para os torcedores verem o que eles poderiam esperar em campo para o próximo ano. E no meio da torcida, em um dos primeiros jogos, estava , uma mulher nos seus vinte e cinco anos, cabelos escuros, independente, com o número 21 nas costas, e sozinha. Sozinha, já que ninguém quis acompanhá-la ao jogo. Sozinha, já que ela não se abalou com aquilo e foi ao Westfalenstadion ver seu time jogar.
A torcida organizada, conhecida como Gelbe Wand, ou Muralha Amarela, de repente explodiu e então direcionou o olhar para perto dela, o túnel onde as equipes estavam saindo e ali, na altura dos seus olhos, tinha um novo número 21. O 21 que realmente importava e ela sorriu ao ver aquelas costas largas.
Foi quando sua boca foi mais rápida que o seu pensamento, e uma única palavra havia saído o mais alto possível de sua boca.
- Schürrle!
Por que ela havia gritado? O estádio estava lotado, a Gelbe Wand cantava músicas de incentivo ao time. Ela era só mais uma torcedora ali no meio.
E então o atacante virou para trás, à procura de quem havia chamado seu nome. Talvez perto do banco dos jogadores reservas, afinal, ele não escutaria se alguém na Südtribüne tivesse gritado, e então ele olhou para a saída do túnel.
- Viel Glück! – uma menina de óculos de grau falou e sorriu para ele, demonstrando timidez.
André Schürrle sorriu de volta e acenou com a cabeça, logo após, abanando a mão para ela, e para o resto do estádio, enquanto a outra segurava a da menina de tranças, e se virou para se juntar aos seus companheiros.
O jogo acabou em seis gols para o Borussia Dortmund e zero para o Darmstadt. Ele havia feito um hat-trick. Glück, ele sorriu quando o jogo foi encerrado e olhou para a arquibancada procurando a menina que havia lhe desejado aquilo.
Ela já não estava mais lá.
Poucos dias havia se passado desde o jogo contra o Darmstadt. Era calor em Dortmund, então seus habitantes e alguns turistas estavam aproveitando os dias de sol que estava fazendo. Não era sempre que as temperaturas chegavam a mais de trinta graus, então os alemães juntaram com o fato de ser fim de semana, para sair às ruas.
André entrou seguido de Aubameyang em uma movimentada sorveteria na cidade, após serem presos na porta por algumas pessoas querendo fotos e autógrafos. Nada mais que justo, o time de futebol era um dos principais atrativos da cidade, e o fato de dois jogadores simplesmente estarem passeando pelo centro da cidade, chama a atenção.
Os dois fizeram seus pedidos e com suas taças em mãos, procuraram uma mesa para sentar. Pierre Aubameyang falava alguma coisa em relação aos treinos quando os olhos de André travaram do outro lado do salão da sorveteria e a primeira colherada desceu um tanto quanto amarga pela sua garganta.
- Cara, você é muito alemão mesmo – Aubameyang gargalhou ao ver o amigo tossindo, se livrando da engasgada – Você ficou roxo em uma tossida.
- É ela – André ignorou as palavras anteriores do amigo e fez um sinal com a cabeça. Pierre olhou na direção que o amigo apontou, mas não viu ninguém especificamente – A menina que me desejou boa sorte no estádio. Ela está sentada ali do outro lado.
- Onde? – Pierre quase subiu em cima da mesa para conseguir enxergar a mesma direção que o amigo.
- Ali, de vestido amarelo, cabelo preso, e óculos de grau. – André engoliu mais um pouco de seu sorvete – Conversando com a amiga.
- Ela é bonita – Aubameyang voltou para o seu lugar – Vai lá falar com ela.
- Não. Não teria nem o que falar, na verdade – André deu de ombros.
- Que tal um: "Oi, você me desejou boa sorte no jogo e eu fiz um hat-trick, qual seu telefone?".
- Deixa quieto – André balançou a cabeça – Essa sorveteria inteira está olhando pra gente, e só ela que não.
- Cara, começa que ela é cega – Aubameyang falou e riu, fazendo o amigo não o olhar muito feliz – E segundo, pode ser que ela não se importe que o André Schürrle bonitinho está na mesma sorveteria que ela.
- Ela gritou meu nome e estava usando uma camisa do time.
- Talvez ela tenha gritado até o meu nome, mas você foi o único quem olhou. Sobre a camisa, ela é torcedora do Dortmund, mas você André, fala há três dias que essa garota te deu sorte. Vai falar com ela – Pierre disse a última frase pausadamente.
André deu de ombros e ouviu o amigo reclamar sobre como ele era teimoso e chato. Ele era tímido, não podia simplesmente chegar em uma garota em plena luz do dia, sem uma gota de álcool em seu sangue e conversar com ela. E se ele fosse rejeitado?
Ele continuou a tomar seu sorvete e quando olhou novamente para a garota, ela estava tomando a conta da mão da amiga, que reclamava, e levando a bolsa ao ombro, enquanto procurava algo dentro da mesma, e foi em direção ao caixa.
- Poxa cara, que chato. Ela está indo embora e você vai perder seu amuleto da sorte mais uma vez.
A voz de Aubameyang entrou pelos ouvidos deAndré e como se fosse câmera lenta, ele via a menina dar as costas para o caixa, guardar sua carteira em sua bolsa e ter o olhar fixo na porta de saída, caminhando até a mesma.
- Scheiße, Pierre! – André se levantou e novamente, toda a sorveteria levou os olhos aos passos que aquele homem de mais de 1,80m dava.
Schürrle simplesmente parou ao lado da porta, para não impedir a entrada e saída das pessoas, e quando ela, ainda distraída, colocou a mão na maçaneta para sair, ele segurou em seu pulso, fazendo-a olhar para o intruso que estava a impedindo.
- André! – a garota levou os olhos até ele e sorriu, fazendo com que ele sorrisse junto e seus olhos azuis brilhassem.
- Você não é o.... – a amiga de perguntou enquanto tentava lembrar o nome daquele homem – Espera, vocês se conhecem?
- Sim... Não. Quer dizer... – sorriu com a sua confusão – Sis, esse é o André Schürrle, ele é jogador do Borussia Dortmund e da seleção da Alemanha.
- Isso eu sei – , a melhor amiga de , respondeu – Eu sei quem ele é. Eu quero saber de onde vocês se conhecem.
- Qual é o seu nome? – André perguntou para .
- , mas todo mundo me chama de .
- , certo – ele então se virou para a amiga dela – E essa é a , ela me desejou boa sorte no jogo dessa semana e eu acabei marcando três gols.
- Você... – olhava para a amiga ainda em confusão – Sua danadinha! – e com essas palavras, simplesmente corou na frente da amiga e de André – Eu vou esperar você ali fora, tá bom, schön?
se afastou da amiga e deAndré e saiu da sorveteria, deixando a amiga um pouco tímida na frente do homem.
- Eu honestamente nem sei direito o que eu vim falar pra você –André coçou a nuca sem graça – Mas eu vi que você estava indo embora e quis dizer... Obrigado? – o olhou confusa, sem entender pelo que ele estava agradecendo – Por desejar boa sorte.
- Ah, claro! – não conseguia não demonstrar a timidez – Não foi nada, você faria o mesmo se eu não tivesse gritado para você.
- Talvez, mas eu quero acreditar que foi uma garota bonita que gritou pra mim quando eu entrei em campo e me desejou boa sorte.
- Certo, eu estou ficando sem graça – sorriu para André – Sendo assim, que bom que eu gritei.
- Me deu a oportunidade de te conhecer – involuntariamente abriu a boca para as palavras que André havia lhe dito. Aquilo não podia acontecer com ela – Olha, meu amigo não parece estar muito feliz e se sua amiga for como ele, logo vai reclamar da sua demora – não pode deixar de rir. com certeza reclamaria – Eu posso ter o seu número de telefone e a gente pode, sei lá, marcar de sair qualquer dia desses?
não sabia dizer como aquilo tudo havia acontecido, mas o seu jogador preferido estava à sua frente pedindo seu telefone, com o celular esticado para ela. O destino era algo muito estranho.
Ela pegou o telefone das mãos de André e digitou seu número e devolveu para ele.André aproveitou a tela no celular e tocou uma vez no dela.
- Agora você tem o meu também – e sorriu – Eu vou te ligar, .
- Tudo bem. Eu vou esperar. Acho que eu – e um pouco atrapalhada, apontou para fora onde já parecia bufar de tédio.
- Entendo, também preciso ir – André se aproximou dela e beijou sua bochecha, colocando, propositalmente, uma mão na cintura dela – Até breve.
- Até, André – e de forma tímida, saiu da sorveteria, para uma irritada.
André voltou para a mesa balançando o telefone em suas mãos, com um sorriso satisfeito para Pierre.
- De nada?
- O nome dela é e nós vamos marcar de sair qualquer dia – André sorriu satisfeito.
Jogava em um bom time e na sua seleção. Sorte no jogo e quem sabe no amor também.
Espaço na agenda foi o que complicou o encontro de e André acontecer. Ele treinava todos os dias, inclusive aos finais de semana, e durante as noites estava extremamente cansado. Isso quando ele não estava fora de Dortmund, realizando algum jogo. trabalhava em uma empresa, o dia inteiro, porém ela tinha os finais de semana livre.
Conclusão: estava complicado para eles conseguirem se ver novamente. E André não suportava mais aquela situação.
Era uma tarde de sexta-feira quando Thomas Tuchel, o técnico do Borussia Dortmund, anunciou aos jogadores que eles teriam folga no fim de semana. Para aproveitarem os dias como bem quisessem, pois na segunda, a temporada começaria e então, tudo seria como uma avalanche: Bundesliga, Pokal e Champions League.
André viu naqueles dois dias, a oportunidade que ele estava precisando e, em vez de enviar mensagens para , como eles faziam quase todos os dias desde a sorveteria, resolveu ligar com a boa notícia.
Resolveram se encontrar no Westfalenpark, um dos mais belos parques de Dortmund e, o fato de se pagar poucos euros para entrar lá, lhes daria um pouco mais de privacidade.
A garota aproveitou que o verão em Dortmund não parecia ter muito interesse em sumir tão cedo, e colocou um vestido colorido, com uma sandália média, com cabelos soltos. Seu caminho do centro da cidade, onde morava, até o parque não demorou muito de metrô e ela, aproveitando o calor, serviu-se de um picolé e entrou no parque, parando em um dos primeiros bancos, à espera de André.
- Hallo schönes Mädchen!
levantou os olhos para ver quem havia chamado ela, ou alguma outra pessoa, de mulher bonita, e instintivamente sorriu ao encontrar com André, de óculos escuros, calça jeans, camiseta branca e tênis, entrando no parque, carregando algumas sacolas.
- Ah não, você já está comendo - ele falou antes de se aproximar e, ao chegar perto dela, colocou as sacolas no banco e a abraçou.
Na verdade, estava apenas com o palito do picolé em suas mãos e levantou, deixando se entregar no abraço daquele homem. André era um verdadeiro clichê. Alto, loiro, olhos azuis e sorriso encantador. Ele era um príncipe, no corpo de um homem que decidiu seguir carreira como jogador de futebol.
- Já acabou - levantou o palito e sorriu para André - Mas então, o que é isso? - ela não se aguentou e tentou espiar as sacolas que o homem carregava.
- Quão ridículo eu vou ser se eu te falar que a gente vai sentar em alguma sombra e fazer piquenique?
- Sério?
Os olhos de brilharam. Não pela comida, aquilo era o de menos, mas seria um passeio onde eles podiam conversar. Já estava cansada de ir a encontros onde foram ao cinema e, além do cara não beijá-la, ele realmente assistiu ao filme inteiro.
Era fato: ela não conseguia esconder o sorriso dos lábios na presença de André.
- Sério. Eu passei no mercado e comprei algumas coisas - ele mexia nas sacolas - E uma toalha vermelha - ele levantou a toalha gargalhando - Eu não tenho essas coisas em casa.
- Oh, André. Você é adorável!
E como se fosse uma troca de sorrisos, ele sorriu, após gargalhar, mas um sorriso tímido, devido ao elogio que havia acabado de receber.
então o ajudou com uma das sacolas e eles adentraram o Westfalenpark à procura de um local perfeito, com sombra, mas agradável o suficiente para passarem as próximas horas.
Depois de encontraram uma árvore com uma grande copa para se esconderem do sol, os dois sentaram na grama e estenderam a toalha, enquanto tiravam os produtos de dentro das sacolas.
- Mein Gott! - exclamou - André, tem comida o suficiente para um time inteiro.
Ele riu da expressão utilizada. Ah, se ela soubesse que um time inteiro tem uma dieta extremamente restritiva.
- Eu não sabia o que você gostava, então eu trouxe tudo.
- Você trouxe pipoca - abraçou um pacote que ela havia recém descoberto - Não precisava de mais nada.
- Então quer dizer que você tem queda por pipoca?
- Tombos, pra ser bem específica.
Então os dois passaram a conversar. André queria saber de . Ela então contou para ele onde estudou, o que fazia.
- Ah, nada demais - ela deu de ombros ao falar um pouco mais da sua vida.
- Nada demais? - André engasgou com as últimas palavras dela - Meu Deus, você se ouviu? - ele estava, talvez, em estado de choque - Você estudou em München. Fez especialização em Cambridge. E hoje comanda um departamento de marketing inteiro, sozinha. Ah tá. Nada demais! - André rolou os olhos e levou a mão ao rosto, com vergonha.
- Para, André! É só tudo o que eu quis fazer na minha vida. Uma oferta de emprego incrível e pronto, vim pra Dortmund - ela sorriu tímida - Não é como se eu tivesse dado o passe perfeito que levou a nossa seleção ao tetracampeonato.
- Agora quem está com vergonha, sou eu - André pegou um punhado de pipoca.
- Então me surpreende, André - trocou de posição, para ficar mais confortável - Quem é você? Eu conheço o André Schürrle, tetracampeão, jogador da seleção, jogador do Borussia Dortmund. Eu não quero saber desse, me conta quem é o André.
- Aquele cara de Ludwigshafen? - concordou - As pessoas acham que eu sou tímido, às vezes até eu acredito nisso, mas, no fundo, eu só sou um cara quieto, no meu canto, observador. Eu sei o que eu quero e eu costumo ir atrás daquilo.
As últimas palavras dele foram ditas olhando diretamente no rosto de , que cedeu e acabou não conseguindo sustentar o olhar por muito tempo.
- Mas esse André, que nem todo mundo conhece, é um cara bem fácil de lidar. Eu juro. não respondeu. Apenas olhou para André e tomou de volta a pipoca, levando algumas à sua boca. Era a melhor resposta, já que ela não tinha resposta.
E assim eles passaram algumas horas juntos e só se tocaram do tempo que havia passado, quando já estava totalmente escuro e as luzes do parque estavam sendo acesas.
- Acho que só sobrou a gente no parque - então comentou, vendo que realmente não havia mais ninguém por lá - Talvez logo alguém venha nos expulsar.
André gargalhou com a possibilidade de serem expulsos do local.
Os dois então começaram a juntar o que podia ser jogado fora, e guardar com cuidado o que ainda poderia ser aproveitado e logo estavam caminhando em direção à saída do parque. Ela ajudou André a guardar as sacolas no carro dele.
- Então eu vou indo - apontou para a direção do metrô - Foi um dia agradável, fazia tempo que eu não me divertia assim, obrigada.
- Como você vai?
- De metrô - ela sorriu para André e se aproximou dele - Obrigada de novo - e foi para beijá-lo na bochecha.
André colocou as duas mãos em volta da cintura dela, e balançou a cabeça em negação.
- Entra no carro, eu te levo pra casa.
- Não precisa - sorriu sincera.
- Eu faço questão.
Com aqueles olhos azuis brilhando, olhando diretamente para ela, era quase impossível resistir àquilo.
O caminho até o centro da cidade foi feito rápido. Conversaram sobre música e cinema. André era uma pessoa fácil de lidar, e havia se encantado com o fato de que, apesar de querer conhecer ele, ele estava mais disposto a ouvir do que falar. Individualista. Tá aí algo que ele não era.
Quando chegaram ao centro, a menina guiou o rapaz até o prédio que ela morava e não demorou muito para que ele parasse o carro à frente do mesmo. André desligou o motor do carro e suspirou.
- De novo, obrigada pelo dia - então falou, sem saber direito como se despedir - Você quer, sei lá, subir? Tomar um café? - meu Deus, ela era péssima naquilo. André deu um leve aceno com a cabeça, em negação.
- Mas isso não quer dizer que você vai se livrar fácil de mim.
então gargalhou, jogando a cabeça para trás. Adorável. Apenas aquilo.
- Obrigada pela carona também. Boa noite, André.
O jogador então se aproximou e achou que ele iria beijá-la, ao invés disso, ele beijou a testa dela. Príncipe.
- Gute Nacht.
saiu do carro e subiu três degraus, que dão acesso ao seu prédio e só entrou, quando viu o carro de André sumir na rua. Ela tirou o celular da bolsa e digitou mensagem para , sua melhor amiga.
Álcool, era o que ela precisava para digerir aquele dia incrível e a noite decepcionante.
Depois queAndré saiu do apartamento de , ela ligou para e em vez de irem para as ruas de Dortmund procurar um bar ou uma balada para que pudesse encher a cara e esquecer da vida, foi abastecida para a casa da amiga.
Não era por menos, havia tido um encontro com a estrela do futebol local, da seleção e ela estava proibida de esconder qualquer detalhes.
- Ele não me beijou.
Aquelas quatro palavras foram o suficiente para que olhasse o que tinha na geladeira da amiga, e voltasse ao mercado mais perto para comprar mais álcool. Porque depois de tanta conversa, risada, carinho de André com ela, merecia entrar em coma alcoólico por não ter rolado ao menos um beijo de despedida.
- Talvez ele estava querendo ser educado - tentou sair em defesa de André - Não é como se ele fosse como os espanhóis e brasileiros que nós conhecemos. Você sabe como é o fogo desses homens.
- Talvez ele não gostou e achou melhor cortar o mal pela raiz por aí - , que estava sentada no chão, falou e logo em seguida deu um gole do seu copo de vodka com gelo.
- Ele te ofereceu carona pra casa.
- Só pra amanhã eu não ir em todos os jornais falar mal dele.
- Você não faria isso - aumentou o tom de voz e juntou as sobrancelhas.
- Tá escrito "mau caráter" na minha testa? - rolou os olhos e tomou a vodka em suas mãos novamente - Se eu quisesse ferrar ele, era só colocar o número do seu celular na internet - travou o olhar na amiga - Meu Deus, eu não vou fazer isso!
- É que pra quem teve um encontro lindo, você está parecendo que quer se vingar dele.
- Meu Deus, pra que fazer tudo aquilo se não fosse me beijar? - gritou.
A decepcionada levantou do chão e foi até a cozinha, onde a garrafa de vodka estava na geladeira. Ela pegou a mesma e, em vez de encher o copo, levou para a sala.
- Quer? - estendeu para a amiga.
- Você sabe que eu odeio vodka.
- Situações desesperadas pedem medidas desesperadas - falou e dessa vez, virou a garrafa pela sua boca - Mein Gott! - ela gritou - Eu estou enchendo a cara porque um cara bonitinho me levou pra um encontro e não me beijou.
- Isso é o cúmulo do desespero.
- Eu sou gata, não sou? - foi para a frente da amiga e colocou as duas mãos no quadril, parando em pose. Em uma das mãos ainda estava a vodka - Eu sou muito bonita e se aquele jogadorzinho de várzea não quer, ah meu querido, tem uma Dortmund inteira querendo.
olhou para a amiga e concluiu que ela já havia chegado ao ponto onde tudo o que precisava era de um banho e da sua cama, então ela se levantou e estendeu a mão para a amiga.
- , me dá essa garrafa, por favor?
- Eu sabia que você ia ceder - ela sorriu e entregou a garrafa para
então foi até a cozinha e virou na pia o pouco que ainda restava no vidro. Da sala, estava em estado de choque ao ver aquilo.
- Por que você fez isso? - gritou para .
- Você precisa tomar banho e dormir, . Chega de álcool, chega de André Schürrle, chega de Borussia ou de Mannschaft. Amanhã é outro dia e vamos esquecer hoje.
- Mas foi tão bonitinho a gente no parque - fez beiço - Ele não quis entrar pra tomar um café!
- Acho que você já falou isso. Vem, - ela pegou no braço da amiga - Vem tomar banho e vai dormir, é o melhor que você faz.
E naquela noite, com muito custo, conseguiu colocar a amiga para dormir.
No domingo foi embora cedo, pois tinha algumas coisas para fazer em casa, depois de fazer jurar que ela ficaria longe de bebida, e iria se alimentar de algo que não fosse rápido e fácil.
Depois de arrumar a sala, ela passou o dia no sofá assistindo Netflix. A cabeça pesava, afinal, ela odiava vodka e bebeu quase uma garrafa sozinha - beberia mais, se não tivesse jogado o resto ralo abaixo. Ela precisava estar bem, no dia seguinte haveria algumas reuniões, onde ela ministraria metade, e aparecer na empresa de ressaca, não era uma opção.
Com o celular ao lado, no modo "não perturbe" apenas para mensagens e aplicativos, esqueceu da vida no sofá. Fazia tempo que não se permitia uma maratona de suas séries preferidas e então ela assustou quando um barulho alto invadiu a sua sala.
Precisou raciocinar mais de duas vezes ao ver o nome de André Schürrle em sua tela.
falou que aquele dia seria diferente. Sem jogadores, sem homens, sem times, sem lembranças do dia anterior. Por que diabos André ligava?
Enquanto olhava para a tela, pensou em ignorar, afinal, ele não estava merecendo nenhuma atenção dela. Também pensou em atender e tratá-lo com desdém. Na dúvida em atender ou não, o telefone dela parou de tocar. "Menos mal", ela pensou, "já posso fingir que estava no banho e não ouvi".
Ainda com o telefone iluminado em mãos, não demorou nem um minuto para que uma nova mensagem chegasse. E era de André.
"Oi, , é o André. Tentei te ligar, mas por algum motivo você não atendeu. Não consigo parar de pensar em você desde ontem. Será que tinha como a gente continuar aquele encontro ainda hoje? Beijos."
piscou repetidas vezes para o telefone. André não parava de pensar nela. André queria continuar o encontro. Se André não tinha a beijado, era porque ele tinha outros planos em sua mente. Que se dane as palavras de . Aquele dia não era para esquecer nada, muito menos um jogador de alta performance que não parava de pensar nela.
se levantou e, sentada no sofá, cruzou as pernas, enquanto procurava o telefone de André na lista de contatos. Ele atendeu logo no segundo toque.
- ! - a voz animada dele do outro lado da linha, fez ela se derreter.
- Oi, André, desculpa não ter atendido. Estava no banho - mentiu. Qual é, ele nunca descobriria - Como você está?
- Não paro de pensar em você - ler aquilo, é uma coisa. Ouvir ele falar era outra completamente diferente. deu graças a Deus que ele não podia vê-la - Você chegou a receber minha mensagem?
- Acho que não - mentiu de novo. Novamente, ele nunca descobriria - O que você mandou?
- Eu queria saber se tinha como a gente continuar aquele encontro de ontem - sério, ler é uma coisa, mas ouvir as palavras... estava enlouquecendo - E quem sabe aceitar aquele convite para um café.
arregalou os olhos e girou a cabeça ao redor de sua sala. Ainda tinha vestígios da noite anterior. Seu apartamento cheirava a álcool e ela estava deplorável. André queria conhecer sua casa.
- , você ainda está por aí?
- Estou sim - ela tentou se centralizar - Claro, por que não, o que você sugere?
- Eu já falei que eu sou um pouco bom na cozinha? - ela não fazia ideia - Seria muito arrogante da minha parte me convidar para ir aí passar a noite com você cozinhando e tomando um vinho?
Aborta o álcool, André.
- Claro que não - ela sorriu para o telefone - Posso te esperar aqui em quanto tempo?
- Uma hora e meia?
- Combinado! Bis bald.
- Bis bald, - e então, André desligou o telefone.
largou o celular no sofá e saiu correndo. Tinha uma hora e meia para deixar sua casa impecável, tirar o cheiro de álcool, tomar banho e ficar apresentável.
Não demorou muito do horário combinado para que
André chegasse no apartamento de com algumas sacolas. Ela o ajudou e eles foram direto para a cozinha, onde ele já se sentiu em casa e procurou duas taças para colocar o vinho que havia levado.
- Não, hoje você vai ficar só observando - André falou quando fez menção em ajudá-lo.
- Não é justo, sabia? Ontem você preparou tudo sozinho e hoje também - ela reclamou.
- Você cedeu a casa - André justificou para ela e piscou, voltando para as panelas.
Ter a presença dele em sua casa era simplesmente inebriante.
André tinha um perfume que ele deixava por onde andava. Pela sala, pela cozinha e até no banheiro quando precisou ir. queria que aquela fragrância nunca mais saísse de sua casa, pois era o melhor cheiro que havia sentido até então.
Depois de pronto, eles sentaram para jantar enquanto conversavam. Era tão simples ter André por perto. Ele realmente era fácil de lidar. tinha dúvidas se ele era de verdade mesmo. Os assuntos eram dos mais diversos: passado, futuro, coleções, política, futebol, negócios... Eles simplesmente se perderam conversando na noite.
- Es ist spät - André falou, após olhar o relógio, se referindo que estava tarde - Eu vou arrumar a bagunça que eu fiz e ir embora. Amanhã você trabalha e eu preciso ir para Brackel.
- Não se atreva a ir arrumar a minha cozinha. Deixa que amanhã eu arrumo.
- Eu fiz, eu arrumo - André falou e se levantou, já retirando os pratos da mesa.
foi atrás dele. Aquele homem era extremamente teimoso. Qual era a dificuldade em deixar algumas panelas, e um par de pratos, talheres e taças na pia? Ela tirou o resto da mesa e foi levando para a cozinha enquanto André separava o que podia ser jogado no lixo e levava até o mesmo. Ele simplesmente riu quando abriu a lixeira e viu o que tinha por lá.
- Quando foi a festa?
Sem entender o que ele estava falando, se aproximou da lata de lixo e sentiu o rosto ferver de vergonha ao encontrar o que ainda estava ali. A garrafa de vodka da noite anterior.
- Ontem, depois que você me deixou em casa - respondeu, encostando no batente da porta e encarou as costas de André.
O jogador virou-se de frente para ela e pôde ver uma interrogação em seu rosto.
- veio aqui - começou a falar enquanto André ia até ela - Você deve saber como são mulheres e suas amigas - ele balançou a cabeça, andando bem devagar - Falam que a gente é complicada, mas como entender a mente masculina? Você sai com um cara legal, tem um dia incrível com um cara que parece um príncipe - André não teve como não rir daquele comentário - E ele simplesmente vai embora sem te dar um beijo de boa noite. Então você bebe tudo o que pode pra esquecer, e ele aparece no dia seguinte sendo mais uma vez, um cavalheiro totalmente imprevisível.
De vez em quando tinha dessas. Algumas doses de coragem que vinham do nada e deixava a garota tímida e que gostava de passar despercebida sumir, e a autoconfiança tomar conta de seu corpo. Com a proximidade de André, ela pegou a taça de vinho que ainda estava na mesa e deu um gole.
- Sabe o que é difícil? - ele perguntou e ela fez para que ele continuasse - A mente de uma mulher poderosa. Você nunca sabe se o certo é agir como o tal do príncipe, ou como o malandro da noite - sorriu para André - Sabe por que eu sou a favor do príncipe, ? - ela negou com a cabeça e ele se aproximou, tirando a taça da mão dela e colocando de volta na mesa - Porque na maioria das vezes, ele acaba com a princesa.
André colocou alguns fios de cabelo, que insistiam em cair do coque que ela usava, atrás da orelha e passou a mesma mão pelo pescoço dela. Não demorou para que André juntasse suas bocas e desse início ao primeiro beijo deles, com carinho, delicadeza e curiosidade. Curiosidade para saber o que viria a seguir. Qual rumo a vida tomaria após aquilo. O que seria deles depois daquilo.
- Se eu te beijasse ontem, seria um beijo de despedida. Hoje não. Esse beijo é só o início do que quer que esteja reservado para nós.
sorriu para ele.
- Se eu soubesse o que você tinha reservado, eu teria sofrido menos de ressaca hoje.
- Shh! - André fez para que ela se calasse e a beijou de novo.
Depois daquilo, André continuou insistindo para arrumar a bagunça que ele tinha feito no apartamento dela. Durante a organização e limpeza, eles trocaram o terceiro, quarto, enésimo beijo.
Então como um príncipe, André foi embora para sua casa. Quando deitou em sua cama, ela pegou o celular e viu as mensagens de perguntando se ela estava bem. Se a semana não começasse na manhã seguinte, ela iria sugerir outra noite de bebedeira, dessa vez, pelo motivo contrário.
Ela estava mais que bem. não sabia, mas ela estava começando a viver o seu conto de fadas.
Continue...
Nota da autora: Bem-vindos à minha primeira fanfic de futebol. Entrei nesse universo por causa do André, que na época jogava no Borussia Dortmund, na Alemanha. Bom, me encantei tanto que minha primeira camisa de futebol na vida, é do Borussia, com o nome do André nas costas. Espero que gostem desse universo alemão. ♥ (Nota escrita em 02 de Julho de 2023).