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Into The Woods

Flávia Coelho

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Sinopse: Ser atriz do Disney Channel dá muitas oportunidades, mas todas somem quando você engravida aos 17 anos. 20 anos depois, ela finalmente tem a chance em ser a estrela da adaptação do livro Into the Woods ao lado de Chris Evans, o qual já teve um pequeno caso quando mais nova. Agora ela precisa lidar com essa oportunidade, os preconceitos com seu passado e o retorno de um grande amor.

Prólogo

- Você está despedida!
- O QUÊ? – A voz de mais pessoas foi ouvida na sala, enquanto só conseguiu se afundar na cadeira.
- Você não pode fazer isso. – A mãe da menina disse. – Ela tem contrato para mais duas temporadas!
- Sim, ela tinha... Antes de engravidar! – O chefão falou.
- A barriga não está aparecendo ainda, ela consegue terminar as gravações da temporada e ter a criança no intervalo para a próxima temporada... – Senhora tentava explicar.
- Não importa! – A voz do chefão foi mais alta. – Aqui é a Disney Channel, não podemos ter uma de nossas atrizes grávida! É completamente inadmissível.
- Mas vocês têm um contrato para respeitar! – Ela disse.
- ELA TAMBÉM TINHA! – A voz ficou mais alta. – Um contrato de decência e decoro. Isso é uma empresa onde o público-alvo são crianças! Não podemos ter uma atriz grávida aos 17 anos no horário-nobre. – se afundava na cadeira cada vez mais.
- Mas ela pode fazer tudo isso antes da barriga aparecer. Falta somente cinco episódios, vocês gravam isso em quatro semanas. – Ela disse.
- E depois? Ela está de nove semanas, são mais 35 até o nascimento da criança. As gravações da próxima temporada começam em 28. – Ele manteve seu tom firme e forme.
- Dá para adiar mais algumas semanas, sempre acontece atraso pelo fim do ano. – Melanie continuava a argumentar.
- Não tem como! A série dela é a série mais assistida no mundo hoje! Os fãs querem episódios novos, eles precisam disso.
- E você acha que tirando da série, ela vai se manter? – Melanie disse sorrindo.
- Qualquer um é substituível. – Ele disse firme e se abraçou com firmeza. – Uma viagem para o Havaí, uma nova turnê, uma nova Juniper... Ninguém vai se lembrar dela depois de duas semanas. – Ele falou, fazendo todos se silenciarem na mesa.
- Tem uma alternativa... – O diretor da série falou, fazendo os olhos se erguerem para ele. – Você está só de nove semanas... – Ele pressionou os lábios. – Dá tempo de tirar...
- NÃO! – A voz de foi alta e clara, fazendo as atenções virarem para ela. – Nunca. – Ela se afundou na cadeira novamente. – Eu nunca faria isso... – Sua voz sumiu aos poucos.
- É... Não fazemos isso. – Melanie disse. Apesar de falar isso agora, foi a primeira coisa que sugeriu para a menina quando ela lhe contou.
- Podemos trabalhar como uma história de amor também. Mentimos o tempo, eles formam um belo casal e...
- Não... – disse novamente. – Não somos um casal... Não mais...
- Bem... Isso me deixa sem opção. – O chefão se manteve irredutível.
- Você sabe que isso vai queimá-la, não sabe? – Melanie disse mais baixo, se inclinando para ele. – É a chance dela. Depois daquela participação ridícula em Lizzie McGuire...
- É! E veja como ela retribuiu o favor. – Ele disse e suspirou. – Vamos finalizar a temporada nos próximos dias, depois o contrato com está oficialmente terminado. – O chefão disse se levantando apressado.
- O que vai... – A voz de chamou a atenção dos engravatados. – O que vai acontecer com Adam? – Seu olhar se ergueu para o do chefão e ela não teve medo de encará-lo. – Ele vai ser demitido também?
A pergunta era completamente retórica, todos sabiam que nada aconteceria ao queridinho da Disney Channel Adam Marks. Ele, junto de Adam Lamberg de Lizzie McGuire, eram os novos gatinhos do canal e roubavam o coração de garotas de oito a 18 anos. Ele e começaram um relacionamento nos últimos três meses, fazendo uma bela promoção da série, mesmo não-intencional. Mas uma primeira vez errada, uma gravidez e tudo daria errado.
- Era só o que me faltava! – O chefão disse sarcástico.
Pelo menos para ela.

Capítulo 1

- Será um prazer trabalhar contigo, senhorita Mendes. – O produtor disse em um sorriso. – O que precisamos fazer para você assinar esse contrato?
- Eu só tenho uma condição, na verdade. – A jovem de nem 30 anos disse. – Eu escolho os atores principais.
- Ah, isso é fácil! – A diretora do filme disse com um sorriso. – Seu orçamento é maior do que o oitavo Harry Potter, tudo é possível. – Raquel sorriu sem graça, sabia que estavam fazendo de tudo para agradá-la por entregar os direitos de seu bebê a eles.
- Quem você gostaria? – O produtor perguntou.
- Para o papel de Noah, eu quero o Chris Evans. – Ela deu um sorriso. – Eu sou fã dele desde Quarteto Fantástico e acho que ele vai ser perfeito para o papel. – Ela mordiscou o lábio como uma fã apaixonada.
- Certo... E para Ully? – Ele manteve a pergunta.
- Eu quero a . . – Ela disse séria.
- ? – A diretora olhou confusa.
- Espera! de Castle & Bones? – O produtor falou.
- Sim, ela mesma. – Raquel sorriu.
- Mas ela é uma atriz tão mediana. – Ele falou com desdém na voz. – Tirando Castle & Bones, ela nunca fez nada de relevante.
- Ela fez Juniper e as Estrelas. – Raquel disse. – Era a melhor série do Disney Channel... Claro, cancelada... – A menina revirou os olhos.
- Tem certeza de que não quer alguém mais... Importante para seu filme? – O produtor perguntou. – Gal Gadot, Emilia Clarke, Margot Robbie, Anne Hathaway, Jennifer Lawrence... Tem tantas...
- Eu escrevi a Ully pensando na ! Imagine ela com os cabelos curtos, o vestido azul e lentes azuis? É perfeito! – Raquel falou com animação.
- Mas ela é atriz de séries... Ela não tem capacidade para fazer a Ully... – O produtor tentou falar com calma.
- Essas são minhas condições. – Raquel o cortou. – Chris Evans como Noah, e como Ully. – Ela deu um aceno de cabeça e as pessoas na sala entreolharam em dúvida. Chris Evans é um dos maiores nomes da atualidade, agora ...
- E se eles não aceitarem? – O produtor tentou.
- Eles vão. – Raquel sorriu. – Sei que já leu o livro e amou, e o Chris sempre gostou de desafios. Que maior desafio ele teria senão com Noah? – Ela sorriu orgulhosa de poder dar esse desafio a Chris Evans.
- Bem... Veremos o que podemos fazer e voltamos a conversar para a assinatura dos papéis. – O produtor falou e Raquel sorriu, se levantando.
- Vai ser um prazer trabalhar com vocês. – Ela esticou a mão para a diretora do filme, depois para outros assistentes e depois o produtor por último. – Ah, e mais um detalhe... – Ele ergueu o olhar para ela. – Salários iguais para ambos, ou quem pula fora sou eu! Com meu livro... – Ela apertou com firmeza a mão dele antes de se retirar junto de sua editora.


- Você sabe que pode, Ruby. – Puxei a respiração, sentindo a carícia de Andrea em meu rosto. – Sempre foi você! Nunca foi Rory, sempre foi você... – As lágrimas saíram sem dó de meus olhos. – Você é a herdeira legítima de Castle & Bones. Você é a salvação da nossa família... – A voz de Andrea ficou fraca. – Você é... – A voz foi sumindo e sua mão caiu ao lado do corpo.
- Mantenha o olhar, ... – A produção falou e mantive o olhar no corpo fingindo de Andrea que fingia que morria. – Agora olhe devagar para cima, siga a bola... – Ergui o rosto, vendo a bola de tênis marcando os efeitos visuais e me levantei de meus joelhos, esticando a mão para cima e o assistente afastou a bola devagar de mim.
- Eu vou fazê-la ter orgulho de mim, vovó. – Falei ainda olhando para cima. – Eu vou salvar Castle & Bones. – Meu tom foi firme e virei o rosto para trás, andando a passos firmes até a porta e puxei-a com força, saindo pela lateral esquerda.
- CORTA! – O diretor falou. – Perfeito, meninas! – Voltei pelo mesmo caminho, passando as mãos nos olhos, limpando as lágrimas e vi Andrea se levantando com a ajuda de um assistente. – Foi perfeito! – Harrisson me abraçou e sorri.
- Quem diria que teria uma reviravolta dessas, hein?! – Falei e ele me deu um largo sorriso.
- Agora sim estamos seguindo para momentos interessantes. – Andrea, a atriz da minha avó na série, disse e sorri para a senhora. – Essa décima primeira temporada tem tudo para ser sensacional!
- Temos a renovação, temos o aval da emissora, agora só podemos aproveitar esse fim de temporada sensacional! – Harrisson disse e sorri.
- Não consigo acreditar que eles finalmente escreveram o que eu queria para Ruby. – Apoiei a mão no peito e um contrarregra me entregou uma toalha.
- À Ruby! A verdadeira guerreira de Castle & Bones! – Harrisson disse e a equipe, produção e Andrea me aplaudiram, me fazendo sorrir.
- Obrigada. – Falei realmente agradecida.
- Vamos limpar tudo e bebidas por minha conta! Precisamos comemorar esse encerramento de forma perfeita! – Mila, assistente da emissora, falou e aplaudimos animado.
- Agora estamos falando minha língua! – Falei e rimos juntos.
- ... – Virei o rosto para Andrea e ela me esticava as mãos, coloquei a toalha no ombro e segurei-as. – Só tenho que te agradecer.
- Por quê? – Perguntei, me aproximando da atriz.
- Por causa de série, eu fiquei 10 temporadas em uma série por causa de você. – Sorri.
- Não, Andrea, você ficou porque a série é boa o suficiente para ficar 10 temporadas no ar. – Apertei sua mão. – Eu só dei sorte de estar aqui.
- Se não fosse você, essa série já teria sido cancelada na terceira temporada. – Ela disse e dei um curto sorriso. – E agora vamos competir com Supernatural e Grey’s Anatomy para ver quem fica mais tempo no ar... – Dei um riso fraco, sentindo-a apertar minhas mãos.
- Fico feliz em ter trabalhado contigo, Andrea! – Sorri. – E, mesmo terminando da melhor forma possível, vou sentir sua falta. – Ela sorriu.
- Também vou! E só desejo sucesso na sua vida! – Sorri e abracei a mais baixa, tentando manter o sorriso no rosto antes de me separar.
- Você também! Ainda tem muito para Andrea Brooks nesse mundo! – Brinquei e ela riu fracamente.
- E para também! – Ela piscou e assenti com a cabeça.
- ... – Virei o rosto, vendo minha assistente. – Temos algumas entrevistas para você, se puder adiantar... – Jane disse.
- Claro! Me dá uns 15 minutos? Vou tirar a maquiagem e falar com Ryan.
- Claro! – Ela disse e virei para Andrea. – Te vejo depois?
- É claro! – Ela disse e trocamos um rápido beijo antes de eu seguir com Jane para fora do set montado.
Acenei para alguns trabalhadores, produtores e até alguns figurantes e segui Jane pelo caminho. Tirei a toalha de meu ombro, apertando em meu rosto, tirando um pouco da maquiagem misturada com fuligem e sangue falso, enquanto saía da área de gravação e ia para a área dos trailers. Ouvi alguns gritos animados e ergui meu rosto, vendo poucos fãs no final do caminho e dei um aceno, parando em frente ao meu trailer. Jane abriu a porta e entrei na mesma, me sentando no sofá logo em seguida.
- Hoje foi incrível, ! Uau! Que emoção! Até eu chorei! – Dei um curto sorriso, passando a toalha no rosto. – Não acredito que finalmente vão dar a Ruby o que ela merece! Ah, mal posso esperar pela próxima temporada. – Ri fracamente, me encarando no espelho e vi que ainda tinha muito para ser tirado. – Por que você não parece... DELIA!
- Oi! – Virei o rosto para ela.
- Você ouviu o que eu disse?
- Desculpe, eu desliguei. Me dá meu celular? Vou ligar para o Ryan! – Pedi.
- Eu falei que parece que você não está muito empolgada. – Jane disse e suspirei. – A série é um sucesso, foi renovada para mais uma temporada e...
- Eu sei, eu sei... – Falei rapidamente, soltando um suspiro. – Eu não quero parecer ingrata, mas... Já são 10 temporadas, Jane. – Suspirei. – 11 com a renovação, talvez 12, 13 e vai saber quando isso vai acabar... – Neguei com a cabeça.
- E isso é um problema? – Ela perguntou com mais calma.
- Eu não sei... – Suspirei. – Eu queria mais, sabe? – Engoli em seco, desbloqueando meu celular, vendo algumas mensagens não lidas.
- Pelo menos é um emprego estável, não? – Ela disse fracamente e suspirei.
- É... Só um emprego estável. – Abri minhas mensagens, vendo que tinha mensagem de Ryan e de Marisa, minha empresária. Optei em abrir a dela primeiro.
“Me ligue assim que possível!” – Suspirei. Lá vem problemas.
- Pode me dar licença um pouco, Jane? Te encontro em 15 minutos.
- Claro! – Ela disse sorrindo. – Mas não fica assim, não. Pensa que não existem muitas séries que duram tanto... – Assenti com a cabeça, forçando um sorriso e ela saiu do trailer, puxando a porta em seguida.
- Talvez não devessem durar... – Suspirei, clicando no telefone e coloquei no viva-voz antes de me sentar na cabeceira, ouvindo o telefone tocar e fui pegando o demaquilante e algodão.
- Se não é minha atriz favorita! – Ouvi a voz de Marisa e ri fracamente.
- Acho que a Anya não vai gostar de ouvir isso. – Brinquei sobre sua outra cliente.
- Bem... Anya não recebe grandes oportunidades como você. – Franzi a testa.
- Quem fez O Gambito da Rainha e quem está presa em uma série há 10 anos? – Perguntei rindo. – Quem vai ser a próxima Furiosa e quem vai passar o fim de semana sozinha vendo Downton Abbey pela milésima vez? – Suspirei, passando o algodão no rosto. – Me desculpe, eu estou sendo uma vadia...
- Não, você não está. – Ela disse com a voz calma. – Hoje foi a gravação do último episódio, não?
- Da última cena... – Suspirei. – Ruby é a herdeira de Castle & Bones! Uau! – Falei em um falso tom de empolgação. – Demorou só 10 temporadas para isso acontecer, mas ok...
- Pelo menos a série é boa, ! E tem muitos espectadores...
- É, mas não é como se estivéssemos na Comic-Con e em outras grandes convenções... – Suspirei. – Eu sei que eu não posso reclamar, mas eu realmente queria algo diferente, Marisa.
- Pensando em desistir de novo? – Ela perguntou.
- Todo dia quando Harrisson diz “corta”. – Falei. – Mas aí eu lembro que tenho contas para pagar e trabalhar na concessionária do meu pai é pior e eu sou muito grata pela oportunidade que a NBC me deu, eu só queria algo a mais... – Suspirei.
- Bem... Talvez eu possa te dar algo a mais. – Ela disse e suspirei.
- Um novo teste? – Perguntei, fechando um dos olhos para esfregar o algodão na pele.
- Sim. Um muito bom dessa vez. – Ela disse e suspirei.
- O que é? – Perguntei.
- Você conhece o livro Into The Woods, certo?
- É, claro! Quem não conhece? – Suspirei. – É meu livro favorito, passou O Diário da Princesa... – Falei e Marisa riu alto, me fazendo sorrir.
- Bom... Eles estão fazendo a adaptação para o filme, Warner Brothers está produzindo. – Sorri.
- Ah, isso é legal! Finalmente! – Falei sorrindo. – Aposto que Margot Robbie fará a Ully, ela é perfeita para o papel. – Sorri.
- É, talvez... – Ela disse aleatoriamente. – É um teste para o filme, eles estão pedindo para os atores prepararem alguma cena do livro...
- Ah, é uma boa oportunidade... – Falei em um suspiro. – Não grande, mas aposto que o filme vai ser um sucesso incrível, ao menos eu vou ser vista, e eu adoro esse filme. Qual o papel? A maga? A irmã do Noah? Ou, sei lá, alguém da alcateia? – Perguntei aleatoriamente.
- ... – Ela suspirou alto.
- O quê? Não estou reclamando, só estou chata hoje... – Suspirei.
- Ok, então faça-me o favor, e cale a boca! – Ela disse e ri fracamente. – Ou vou pedir para o Ryan te ligar e falar isso... – Ri fracamente. – Você é uma atriz incrível e perfeita, e eu posso provar isso. – Neguei com a cabeça.
- Eu não te pago para isso, Marisa! Aposto que Anya paga mais! Você está nos confundindo... – Ela riu fracamente.
- Pelo amor de Deus, , cala a boca! – Ela disse séria e fiquei quieta. – Posso falar agora?
- Sim, claro... – Suspirei.
- Eles querem você como Ully!
- O QUÊ?! – Gritei, me levantando da cadeira.
- Sim! Acabei de receber uma ligação da produtora do filme, eles querem que você faça o teste para Ully, ! – Ela disse séria e apoiei minhas mãos na cabeceira. – E pelo que eles disseram, é um teste só para registro, porque a própria autora do livro disse que uma das exigências de ela vender os direitos do livro, é ter você como Ully.
- Você está brincando, certo? – Falei fracamente, sentindo minhas mãos tremerem.
- Não, ! Raquel Mendes quer você! – Ela disse fracamente. – Sua hora chegou, ! Você vai ser Ully! – Apoiei uma mão na cabeça, sentindo-a pesar repentinamente.
- Marisa? – Chamei-a.
- Sim?
- Liga Jane... Acho que minha pressão caiu... – Falei fracamente, sentindo meu corpo cair na cadeira lentamente novamente.

Chris
- Bom garoto! – Falei animado, passando a mão em Dodger quando ele me devolveu a bolinha. – Quer mais? Quer mais? – Mexi o brinquedo em sua frente, fazendo-o se movimentar rápido hipnotizado pela bola antes de jogar novamente, vendo-o correr pela sala de casa.
- Ei, Chris! – Virei para o lado, vendo Megan, minha assessora, entrar em casa.
- Ei, Megs. Tudo bem? – Me levantei, vendo-a com algumas pastas na mão e Dodger foi em cima dela quando a viu.
- Ah, Dodger, para! – Megan disse rindo quando ele começou a pular nela.
- Carinha, pega leve! – Peguei os materiais da mão de Megan, deixando-a livre para dar carinho ao necessitado. – Veio de mãos cheias, hein?! – Falei, contando cinco pastas em minhas mãos.
- Ah, recebi algumas sondagens para você. Agora para 2022 você só tem lançamentos e algumas regravações de Ghosted e Red One, achei que quisesse voltar a trabalhar. – Ela disse, se abaixando para dar atenção a Dodger.
- Depende do que você tiver nessas pastas. – Falei. – Tem divulgação de Buzz, você conhece a Disney, é nível Marvel. – Me sentei no sofá, colocando as pastas na mesa de centro.
- Creio que dará certo. A produção desse é para o começo do ano, vai dar tempo de fazer as divulgações e tudo mais.
- “A produção”? Achei que tivesse recebido algumas sondagens... – Falei, pegando as pastas e ela veio apressada, puxando a pasta de minha mão. – O quê? – Ela suspirou antes de se sentar na beirada da mesa.
- Olha, eu deveria ser a última pessoa a vir te oferecer isso... – Ela suspirou. – Mas é um papel que eu sempre te imaginei fazendo e eles finalmente estão gravando...
- Ok...? – Falei confuso.
- Você sabe o livro Into the Woods? – Ela perguntou, fazendo uma careta engraçada.
- Sim, eu sei, seu livro favorito. Você até me deu um de Natal. – Disse, vendo-o empilhado na mesa de centro.
- Então... A autora te quer como Noah!
- Mesmo? – Falei empolgado, rindo sozinho. – Cara! Mentira! Uau! O Noah é sensacional! – Me movimentei no sofá. – É um papel que tem tudo, comédia, drama, supernatural, romance... – Virei para ela. – Quem vai ser a Ully?
- Aí que pode existir o problema. – Ela disse em um suspiro.
- Por quê? – Franzi a testa.
- Eles querem a
- …? – Franzi a testa.
- , Juniper e as Estrelas...
- A ? – Perguntei surpreso. – Nossa! Não ouço falar dela há anos, ela ainda atua?
- Sim, ela não teve nenhum papel relevante nesses últimos anos, mas é estrela de uma série da NBS, Castle & Bones, renovaram para décima primeira temporada. É legalzinha até. – Ela ponderou com a cabeça.
- Uau! Não vejo a desde... 2004, acho... – Pensei. – Fico feliz por ela. – Ergui o rosto para ela. – Terminamos tem quase 20 anos, Megan, somos mais velhos, a gente sabe separar um pequeno romance de um projeto desse tamanho.
- É grande mesmo, a Warner está investindo bilhões de dólares nisso... – Ela suspirou.
- Então, qual o problema? – Perguntei.
- É difícil para eu dizer isso, Chris, mas... – Ele suspirou. – A não teve nada relevante há mais de 20 anos. – Ela negou com a cabeça. – Tenho medo que o projeto floppe.
- Eu duvido disso. – Falei. – Não só por ela, mas pela quantidade de investimento, pela história... Tem tudo para ser um sucesso. O livro é sensacional! – Falei rindo. – E eu sei disso porque você me apresentou...
- Eu sei, eu sei, mas... – Ela me devolveu a pasta. – As projeções são muito boas, tem tudo para ser um sucesso tão grande quanto Harry Potter ou Crepúsculo...
- Que começaram com atores jovens e completamente inexperientes. – Falei e ela ponderou com a cabeça. – Qual o real problema, Megs? Por eu e ela termos tido um breve relacionamento? – Ela ergueu o olhar para mim. – Assim, não vai ser nada confortável eu vê-la depois de ter largado ela só porque ela tinha um filho... – Ela riu fracamente.
- Eu não sei, honestamente. Parte de mim quer muito te ver como Noah, mas como empresária, tenho realmente receio de ser um daqueles projetos super esperados e terminar em fracasso. – Assenti com a cabeça.
- Para quando eles querem uma resposta? – Perguntei.
- É um convite para testes, na verdade. Em duas semanas. – Ela disse. – A autora do livro exigiu você e a , mas querem fazer alguns testes de câmera para ter certeza... – Assenti com a cabeça.
- Por que não me dá uns dias para pensar? – Pedi, checando a quantidade de folhas. – Tenho bastante coisa para ver aqui. – Brinquei e ela assentiu com a cabeça.
- Se tiver alguma dúvida, o contato da produção está aí no meio. – Ela disse e confirmei com a cabeça.
- Valeu! – Disse, vendo-a acariciar Dodger mais uma vez.
- Me liga com sua decisão. – Ela disse.
- Pode deixar! – Disse sorrindo.
- Tchau, garoto! – Ela disse animada.
Dodger esperou com que ela saísse até vir se aconchegar ao meu lado novamente. Tirei o elástico que juntava as pastas e comecei pela primeira, vendo as informações técnicas do projeto e as informações do livro em que era baseado. Aquele documento padrão.
Na segunda pasta, as informações de elenco. Logo que abri, uma foto de me trouxe algumas lembranças. Ela estava muito diferente desde a última vez que a vi. Fazia uns 18 anos, ela agora tinha os cabelos escuros, que combinavam muito bem com seus olhos, e o mesmo sorriso largo. Da última vez que a vi, ela tinha o cabelo loiro meio mesclado, resquício de Juniper.
Ela estava com 37 anos e sua cinegrafia não era nada interessante. Tirando a série Castle & Bones e o sucesso Juniper e as Estrelas, ela só tinha aparições como coadjuvante em pequenos filmes e séries, muitos que eu nunca ouvi falar.
O investimento no filme era de mais de dois bilhões de dólares, era algo gigantesco. Eles realmente queriam bater as grandes adaptações de livros. E Into the Woods tinha a vantagem de ser somente um livro, então eles estavam colocando todas as fichas, e ter , era realmente interessante.
Trabalhamos juntos uma vez, uma cena de Quarteto Fantástica, mas lembro de seu carisma com a equipe e a felicidade pelo trabalho. Ela gravou coisa de dois dias conosco, depois saímos por uns dias e eu acabei fugindo quando descobri que ela tinha um filho.
Um idiota, eu sei, mas eu tinha 24 anos na época, eu não sabia como agir, e a opinião da minha antiga empresária e da minha mãe foram muito pesadas para quem estava no começo de carreira.
Passei algumas folhas, lendo algumas informações de locação que seriam gravadas em Atlanta, Vancouver e Nova Zelândia de julho a novembro, mas em fevereiro já começaria com os treinos das cenas de luta, malhação e testes de câmera. Além de divulgação de elenco em eventos e entrevistas.
O livro é bem popular, então era comum várias pessoas estarem animadas por isso.
Parte de mim respirou fundo. Senti entrando em outro Capitão América novamente, seria somente um filme, com uma produção sensacional, mas seria um ano completamente pesado. Mas outra parte de mim se sentiu necessária para ter chances de fazer esse filme um sucesso.
Não que eu deva nada a , mas não custaria nada fazer esse filme. É um projeto sensacional, me manteria ocupado o suficiente esse ano, e sei que minha presença poderia fazer esse projeto ter uma divulgação a mais e, quem sabe, abrir melhores portas para dela.
Virei mais uma página, vendo o contrato salarial e era de 26 milhões de dólares! É mais do que eu ganhei no último Os Vingadores. Mas não foi isso que me surpreendeu, foi o negrito em vermelho no final da página: ambos os atores principais terão o mesmo ganho salarial. Ou seja, salários iguais. Isso é sensacional!
Perdi mais algumas horas lendo todas as informações relevantes e deixei os papéis na mesa de centro, pegando o livro entre os empilhados. A capa tinha um estilo pôster de filme pintado a mão. A grande lua cheia azul no fundo, e a silhueta do casal na frente, e o escrito Into The Woods no meio.
Noah é explorador e chega em uma pequena vila, durante seu tempo lá, acaba acontecendo ataques de lobos e mortes dos homens mais velhos e respeitados da cidade. Ao ajudar o xerife da cidade a desvendar o mistério, Noah descobre que Ully, a professora da cidade, é quem se transforma em loba à noite e mata os homens que assediaram as crianças da escola, mas não se lembra disso pela manhã. Além de descobrir que sua futura namorada é uma metamorfa, ele vai ter que lidar com um exército de lobos que pretendem manter Ully como alfa, mesmo fora da forma lupina.
Ri fracamente, me sentindo como um verdadeiro John Smith de Pocahontas e deixei o livro de lado, voltando a acariciar a barriga de Dodger. A história é ótima, não tinha outra resposta além de sim!


- Ryan! – Chamei-o assim que entrei em casa. – Ry... – Me distraí com o cão branco e peludo descendo as escadas e deixei as malas caírem no chão. – Meu amor!
Me abaixei para acariciá-lo, tentando me desviar da língua do cão de raça Samoieda. Gargalhei com ele, sentindo meu corpo cair para trás e fechei os olhos, deixando Milly me lamber algumas vezes antes de eu empurrá-la.
- Ok, Mi! Eu entendi! Também senti saudades! – Ela pulou em cima de mim mais algumas vezes, me fazendo rir.
- Milly, chega! – Ouvi a voz de meu filho e ela finalmente saiu de cima de mim.
- Demorou, hein?! – Falei rindo, vendo meu menino rir e só consegui olhar para seus cabelos compridos. – Ah, Ryan, o que você fez com esse cabelo? – Ele revirou os olhos enquanto descia até mim.
- Só não cortei, mãe! Está tudo bem! – Ele chegou perto de mim, me esticando as mãos para eu me levantar. – Senti saudades!
- Também senti, meu amor! – Abracei-o fortemente, ficando levemente na ponta dos pés.
- E como foi a série? Vi que foi renovada para mais temporadas! – Ele disse e ri fracamente.
- Ah, amor. – Suspirei. – Sabe como é! – Neguei com a cabeça.
- Se você não gosta mais, mãe, por que faz? – Ele perguntou e eu suspirei.
- Porque é melhor do que trabalhar com seu avô. – Acariciei seu rosto, dando um beijo na bochecha em seguida. – Mas eu tenho novidades...
- Uh, eu gosto de novidades! – Ele riu, se jogando no pequeno sofá do lado da escada.
- Antes disso, como foi a faculdade? – Cruzei os braços.
- Hum... – Ele pressionou os lábios. – Bom! Bom, bom! – Ele falou rapidamente, me fazendo rir.
- Ryan! – Falei firme.
- É a crise do terceiro ano, mãe! Todo mundo passa por ela! – Ele abanou a mão e suspirei.
- Você já é grandinho para eu precisar ver seu boletim! Mas sem DPs, Ryan! – Falei firme. – Não quero ter que lidar com seu pai...
- Eu prometo! Cinco é 10! – Ele disse e ri fracamente. – Agora, qual é a novidade? – Ele disse cantado, me fazendo rir ao ter mais uma noção de quão parecidos somos.
- Eu consegui um papel em um filme importante. – Falei, vendo-o arregalar os olhos surpreso.
- É?! Qual? – Ele se levantou.
- Sabe o livro Into The Woods? – Perguntei.
- É claro que eu sei, você ama aquele livro! – Ele revirou os olhos rindo. – Quem você vai fazer? – Dei um longo suspiro.
- A Ully! – Falei, esperando sua reação.
- Espera... – Seus olhos arregalaram devagar. – ESPERA! – Ele gritou, dando pulos animados. – É A PRINCIPAL, NÃO É?!
- Uhum... – Assenti com a cabeça, pressionando os lábios.
- MÃE! MEU DEUS, MÃE! – Ele gargalhou alto, me abraçando fortemente. – Mãe do céu! – Senti as lágrimas virem aos meus olhos. – Ah, mãe! Não acredito! Sua hora chegou! Ah, mãe! – Deixei-o me abraçar apertado, me fazendo suspirar. Eu estava precisando disso. – Não acredito, mãe...
- É... – Senti minha voz embargar e apertei-o mais forte. – É minha hora, amor... – Ele se afastou, com um largo sorriso no rosto.
- É tudo que você sempre quis, mãe. Um filme grande, com uma boa recepção, meu Deus! Não acredito!
- Assim, eu vou fazer o teste ainda, mas a autora me quer, filho! – Apertei o peito. – Ah, amor... – Suspirei. – É tão bom finalmente ver isso se realizando...
- E quem é a produtora? E o Noah? Eu me daria super bem como Noah! – Ele fez uma pose estilo super-herói e eu ri fracamente.
- Essa é a melhor parte, filho. A Warner Brothers está produzindo, um investimento de quase um bilhão de dólares... – Ele arregalou a boca. – E Chris Evans como personagem principal.
- WOW! Isso é demais! – Ele disse rindo, me fazendo sorrir. – Tem tudo para ser um sucesso, mãe. É a sua chance de deslanchar.
- Eu fico meio receosa de estar travada, sabe? De que eu tenha perdido um pouco do meu talento presa na série... – Senti Milly se enroscar em minhas pernas de novo e levei as mãos até o pelo branco novamente.
- Ah, mãe! Que besteira! Você é supertalentosa, carrega a série sozinha nas costas. Para de pensar besteira! Aproveita a oportunidade que a vida está te dando! – Sorri. – E, também, você já trabalhou com o Evans, não? Não são melhores amigos, mas é uma cara conhecida... – Minha cabeça voltou para 2004 por alguns segundos.
- É... – Deixei escapar, sabendo que não éramos melhores amigos, quiçá amigos.
- Ah, isso é demais! Só por isso, eu vou te levar para jantar no Nobu! – Ele disse animado.
- Ah, filho, eu acabei de voltar de Vancouver. Estou cansada, preciso de um banho e da minha cama...
- Nem vem! A gente precisa comemorar! Logo você vai embora de novo para gravar e como eu fico? – Ele disse dramático, me fazendo rir. – Agora vamos! Amanhã eu te faço um banho de espumas, te pago uma massagem...
- Seu salário vai pagar tudo isso?
- Ah, não, isso a gente tira do papai! – Ele abanou a mão, me fazendo rir e só aceitei quando ele me puxou escada acima.

Chris
Chegar no escritório da Warner Brothers foi quase como chegar nos estúdios da Disney. Era tudo exagerado, grande demais, cheio demais e comprometimento demais. Claro que depois dos 40, os níveis de comprometimento são um pouco diferentes, mas pensar em trabalhos muito difíceis ou extensos, me fazem repensar um pouco.
É diferente de sete filmes do Capitão América e uma página aberta para voltar sempre que necessários. É um filme só, com uma produção gigantesca em volta. A única diferença entre ambos os projetos são as expectativas. Em sua maioria mulheres de 14 a 35 anos estão colocando muita expectativa nesse filme, querem que tudo seja perfeito. Quando entrei com Capitão América, apesar do contrato oferecido de 6 filmes, nem sabíamos se teríamos sucesso com o primeiro.
Megan não estava nada animada comigo aceitar esse projeto, ela diz que era trazer péssimas memórias para minha vida depois de lutar contra a ansiedade por anos e agora aceitá-la como uma boa amiga.
Ela não percebe que já faz quase 20 anos em que eu e saímos. Gravamos por dois dias juntos, e no terceiro dia eu a chamei para sair. Eu realmente gostei dela, da sua energia e sempre fui fissurado em coisas da Disney e Disney Channel, então era quase como sair com meu ídolo, mas quando ela me contou sobre seu filho... Ah!
Posso não ter sido o cara mais legal nessa situação, mas eu tinha 22 anos, estava começando minha carreira, ter um filho... Nem que seja um enteado, realmente não cabia nos meus planos. E a pressão de família e empresários na época foi enorme.
Eu era o típico cara bonitinho e galã de todas as meninas, mesmo que fosse minha vida pessoal, eu precisava ser o cara acessível, tanto que todos meus relacionamentos foram quase completamente secretos. Hoje não sei se penso igual, mas também não tenho como voltar ao passado, só tentar consertar o futuro. E se precisa de uma ajudinha a voltar a ter o sucesso que ela merece, eu farei de tudo para ajudá-la.
- Sua reunião é no quarto andar. – Megan me falou quando entramos em um dos prédios do largo estúdio da Warner em Burbank, Califórnia.
- Reunião ou teste? – Virei para ela.
- A autora do livro te quer, então você já está dentro. Mas eles talvez façam testes de câmeras... Teste com a ... – Ela disse sugestivamente.
- Sem provocações, Megan. Eu já sou crescidinho para fazer minhas próprias decisões. – Falei sério. – Entendo sua preocupação com isso, mas não é um filme ruim que vai queimar minha carreira.
- A questão não é o filme ser ruim, é que ela é uma atriz mediana, ela não fez nada relevante nos últimos anos... Qual é, Chris, o último filme em que trabalharam juntos ela foi uma enfermeira em que vocês esquiavam juntos. Foi o quê? Dois minutos de tela? Um e meio? – Revirei os olhos.
- Você acha que ela é uma atriz mediana porque ela não teve oportunidades. Ela tem sua oportunidade agora. Deixa a mulher tentar, pelo amor de Deus. Você já não acha que ela tem um peso demais nas costas? – Entrei no elevador e ela suspirou. – Sem esse assunto aqui. Confie em mim, ou vou pedir para o Terry me acompanhar. – Falei do meu outro assessor.
- Não está mais aqui quem falou. – Ela ergueu os braços e vi as portas se abrirem, me dando de cara com uma recepcionista que parecia me esperar.
- Ah, Chris Evans! Que bom que chegou. – A mulher disse e lhe estiquei a mão.
- Oi.
- Oi, eu sou Kelly! Assistente da diretora Bernadette. – Sorri.
- Prazer em te conhecer.
- Vamos, eu vou te levar para a sala para encontrar os produtores, a autora e a atriz que será seu par e maior parceira de trabalho. – Ela disse e não deu para esconder a empolgação na voz.
- Está empolgada pelo filme? – Perguntei, vendo-a ficar envergonhada.
- Eu sou muito fã do livro e fã da senhorita , vê-la ter uma oportunidade para mostrar quem ela é, é incrível. – Assenti com a cabeça.
- Sim, eu também! – Falei sugestivamente, virando para Megan que somente revirou os olhos.
- Venha, eles estavam fazendo um teste de cena, mas podemos entrar quietos. – Ela disse e assenti com a cabeça, entrando na sala com ela.
- Não, Noah! Isso não foi o que combinamos! – Reconheci imediatamente no meio da sala. – Eu preciso fazer isso.
- Mas você vai morrer! – Um ajudante falou com menos empolgação na voz.
- Se for o necessário para salvar essas pessoas... – Ela deu um longo suspiro. – Eu preciso fazer.
- Eu não consigo viver sem você. – Engoli em seco.
- Eu não sei o que pode acontecer essa noite, mas essa é minha matilha, essa é quem eu sou. passou as mãos nos cabelos escuros e seu olhar se encontrou com o meu. – Mas se algo acontecer comigo, eu sempre te terei em meu coração... – Ela falou em um suspiro.
- Corta!
- A-A-AH! QUE DEMAIS! – Uma mulher mais nova se aproximou de , abraçando-a fortemente. – Ai, você é demais! – riu, desviando o rosto do meu e apertando a mulher. – Viu?! Eu falei que ela é perfeita.
- Sim, com toda certeza. – Algumas vozes falaram e sorri.
- E Chris Evans! Ah, vocês são meu dreamcast perfeito. – A mulher mais nova notou minha presença.
- Ah, Chris Evans! – Alguns rostos se viraram para mim. – Entre!
- Com licença. – Me aproximei das pessoas.
- Eu sou John, produtor do filme. Essa é Bernadette, a diretora. – Fui apertando as mãos. – E essa é Raquel Mendes, autora do filme.
- Olá! – Me aproximei dela.
- Posso te abraçar? – Ela perguntou. – Eu sou uma grande fã.
- Claro! – Falei rindo e ela se colocou na ponta dos pés para me abraçar pelos ombros.
- Ai, você é cheiroso. – Ela disse rindo, se afastando em seguida. – Desculpe, limites. – Rimos juntos.
- Não se preocupe. – Ri fracamente.
- E essa é , nossa Ully, sua companheira de cena.
- Ei, Chris! – Ela disse com um sorriso e suspirei.
A última vez que a vi ela estava com os cabelos tingidos de loiros e bons centímetros de raiz preta aparente. Ela aquela moda do cabelo tipo Christina Aguilera. Poucas coisas mudaram daquela época. Ao invés das roupas mais curtas, ela usava um vestido preto simples, uma sandália nos pés, os cabelos ficavam na altura dos ombros e ela tinha uma maquiagem muito bonita, mas simples. não envelheceu, os anos só passaram para ela.
- Oi, . – Falei, vendo-a sorrir e ela me abraçou.
- Quanto tempo. – Ela disse próximo ao meu ouvido e ri fracamente.
- Sim, muito tempo. – Suspirei, apertando meus braços em seu corpo.

Capítulo 2


- Oi, . – Chris me abraçou fortemente, apoiando o queixo em meu ombro.
- Quanto tempo. – Falei, ouvindo-o rir fracamente enquanto me fechava em seu abraço.
- Sim, muito tempo. – Ele disse e suspirar foi inevitável.
Minha história com Chris não é das mais grandiosas e nem memoráveis. Fiz uma ponta em Quarteto Fantástico, ele me chamou para sair e nosso relacionamento durou o tempo de eu dizer que tinha um filho. Muitos dizem que ele foi um babaca comigo, mas não foi assim. Ele foi honesto. Disse que encarar algo assim naquele momento não era ideal para ele. Sem brigas, sem grosserias, ele foi honesto.
Mas meu suspiro não foi por isso, foi pelo combo abraço. A começar que ele é muito cheiroso e está muito mais bonito do que da última vez que eu o vi. Não que eu tivesse me fechado uma bolha e esquecido tudo sobre ele, mas Chris Evans em um filme e Chris Evans pessoalmente é outra coisa. E vamos colocar detalhes nesse abraço que parecia tentar me proteger de todo mal.
Será que ele sabe de algo que eu não sei?
- Bom... – Falei, notando que o abraço estava mais longo que o esperado.
- Sabe... – Ele disse, passado a mão na barba. – Estou empolgado em trabalhar contigo de novo.
- Como se aquilo tivesse contado. – Brinquei, vendo-o rir.
- Foi uma boa semana. – Ele deu um sorriso bonito e assenti com a cabeça em agradecimento.
- Ai, é tão perfeito ver vocês juntos! – Raquel disse, me fazendo sorrir. – Eu estou realmente vendo meu sonho se tornar realidade. – Ela apoiou a mão no peito e uma lágrima deslizou pelo seu olho.
- Ah! – Fiz o mesmo gesto que ela. – Assim eu me emociono.
- Todos nós... – Notei um tom sarcástico do produtor e soube que ele não gostava de mim.
- Bem, senhorita Raquel, se importa? – A diretora falou.
- Desculpe. – Raquel riu nervosa, se sentando na poltrona que estava antes e sorri.
- Chris e , é um prazer estar aqui com vocês para essa produção. Vocês não têm noção como foram desejados pela equipe. – A diretora disse. – Como seus agentes devem ter passado para vocês, é uma produção bastante grande e vai necessitar de foco e discrição de vocês dois... – Assenti com a cabeça.
- Sim, estou empolgado. – Chris disse.
- Hoje, em especial, chamamos vocês para um teste de câmera. – O produtor falou. – Vocês foram escolha da própria Raquel, mas achamos melhor fazer isso... Só para ter certeza...
- Sério que você ainda não tem certeza? – Raquel falou claramente ríspida e com o olhar entediado para ele. – É só olhar!
- É perfeito mesmo, Raquel! Foi uma escolha e tanto. – Bernadette disse e senti minhas bochechas esquentarem. – Um belo casal, por sinal.
- Be-e-elo casal! – Kelly falou.
- Kelly! – O produtor a repreendeu.
- Ela não está errada. – Foi a vez de Raquel se intrometer. – Estou muito feliz com a minha escolha, além do talento óbvio dos dois.
- Valeu. – Chris disse rindo.
- Bom, vamos para um teste? – O produtor mala falou.
- Claro! – Falei prontamente.
- Por onde começamos? – Chris perguntou e Kelly lhe entregou um roteiro.
- Página seis. – Ela disse e era a página que eu estava.
- Introdução: é a cena em que Ully finalmente aceita seu destino como loba e líder da matilha, mas Noah sabe que ela pode ser morta pela matilha ao chegar em forma humana e pede por sua vida e seu amor. – O assistente de mais cedo falou.
- Claro! – Chris tirou a jaqueta jeans que usava, deixando com sua agente. – Vamos fazer isso. – Sua atenção voltou a mim.
- Quando estiver pronto. – Falei, erguendo meus olhos para ele.
Ele respirou fundo algumas vezes, deu uma movimentada no pescoço antes de me encarar com seus olhos azuis. Era quase como se seu olhar tivesse mudado. Ele entrou no personagem.
- Ação! – O diretor disse e dei as costas para Chris.
- Ully! Ully! Espera! Espera! Precisamos falar. – Ele disse apressado, seguindo atrás de mim e me puxando pelo ombro.
- Não, Noah! Não temos nada para conversar, não vou entrar nisso de novo. – Falei.
- Não, espera! Pensa um pouco com a razão, Ully! Vamos ser racionais! – Ele gesticulava a mão exageradamente.
- Racionais? Eu sou uma loba! Como podemos pensar racionalmente com essa informação? – Fiz os mesmos movimentos exagerados.
- Ok, só... Espera! – Ele movimentava as mãos nervoso, me segurando pelos ombros com a mão livre. – E se a gente usar uma isca? Não precisa ser você, pode ser... Qualquer um. – Revirei os olhos, encarando-o.
- Não, Noah! Isso não foi o que combinamos! – Falei firme. – Eu preciso fazer isso.
- Mas você vai morrer! – Seu tom beirou o desespero.
- Se for o necessário para salvar essas pessoas... – Dei um longo suspiro, deixando os ombros caírem. – Eu preciso fazer.
- Eu não consigo viver sem você. – Ele disse sério, olhando fundo em meus olhos e engoli em seco, deixando um suspiro forte sair pela minha boca.
- Eu não sei o que pode acontecer essa noite, mas essa é minha matilha, essa é quem eu sou. – Passei as mãos nos cabelos, jogando-os para trás. – Mas se algo acontecer comigo, eu sempre te terei em meu coração... – Minha voz praticamente sumiu ao fim da frase.
- Eu não quero você no meu coração... Quero você inteira... – Ele se aproximou e sabia que daí para frente seria o beijo entre ambos. – Eu te amo, Ully! Te amo tão ardentemente que sei que não serei capaz de te esquecer algum dia se algo acontecer contigo... – Ele se aproximou de mim e nossos rostos estavam há centímetros de distância.
- Independente do que acontecer, eu estarei aqui... – Apoiei minha mão em seu peito, sentindo seu coração bater – Eu sempre estarei aqui. – Dei um curso sorriso, aproximando meu rosto do seu. – E sempre virei te visitar...
- Corta! – O diretor falou, fazendo meu corpo relaxar.
- Ah, alguém me segura! – Raquel disse e foquei em seu rosto, vendo-a com os olhos enxarcados. – Eu... – Ela suspirou. – Eu não acredito que estou vendo o livro realmente criar vida... – Fiquei emocionada com ela, imagino o quão incrível é escrever algo e poder vê-lo nas telonas.
- Está, filha. – Ouvi uma voz masculina e imaginei ser seu pai. – Está perfeito.
- É, está realmente perfeito. – Ouvi outra voz masculina e era Chris que me encarava.
- O quê? – Perguntei.
- Você é foda, senhora . – Senti minhas bochechas esquentarem.
- Senhorita. – Foi o que eu falei. – Quer dizer, obrigada. – Rimos juntos.
- Bem, acho que isso resolve tudo. – Chris disse, virando para os produtores.
- Sim, com certeza. – A diretora disse, aplaudindo sozinha. – Eu me arrepiei. – Ela riu sozinha, virando para o lado. – Vai ser perfeito.
- É... – O produtor falou meio desanimado. – Pelo jeito vai mesmo.
- Eu sempre soube... – Raquel falou, se aproximando de nós. – Já sou grata por vocês aceitarem...
- Não tinha como dizer não. – Eu e Chris falamos juntos, nos encarando após o feito, rindo sozinhos.
- Acho que trabalhar contigo vai ser divertido, senhorita . – Ele frisou, me fazendo rir.
- Acho que sim, senhor Evans. – Rimos juntos.

Chris
- Senhores, por que não seguimos para outra sala para conversarmos melhor? – O produtor chato falou, me tirando do meu transe.
Desde o momento em que eu entrei na sala, ele deixou claro a insatisfação dele por , mas puta que pariu, ele não viu o mesmo que eu? Essa mulher é foda! Eu sou cria da Disney desde que eu era pirralho, então eu fui muito fã dos seriados do Disney Channel, inclusive de Juniper e as Estrelas.
Se você visse o surto que eu dei quando eu trabalhei com ela pela primeira vez, entenderia.
Agora esse cara vem tirar com a minha cara?
Na verdade, o mundo tirando com a minha cara. Como ninguém vê esse talento em ? Como ela está escondida em uma série como Castle & Bones que a média de audiência é de quatro milhões? Apesar que todo mundo já ouviu falar dessa série na vida, é um marco da televisão americana.
Fui o último a sair da sala com Megan, seguimos realmente para a sala do lado, a qual parecia mais com uma sala de reuniões, uma longa mesa retangular e cadeiras em volta. se sentou ao lado de uma mulher, talvez sua agente, e fui algumas cadeiras para o lado com Megan, à sua diagonal. A diretora, os produtores e os assistentes sentaram do outro lado e esperei que todos se ajeitassem.
- Bom, vamos conversar um pouco. – O produtor falou. – Logo que vocês foram contratados para fazer o filme, falamos muito da exigência da disponibilidade de vocês. O filme está com um hype enorme. Desde que anunciamos a produção e a compra dos direitos do livro, nossos seguidores nas redes sociais aumentaram 57%, as ações da Warner cresceram em 35%, as vendas do livro aumentaram em 26% e a procura por Into de Woods no Google aumentou em 84%. Ou seja, as pessoas querem esse filme, as pessoas buscam por isso e a gente precisa dar o que o público quer. – Ele disse. – Eu vou passar a palavra para Cassandra Walt, ela é a marketeira do nosso filme e quem vai passar instruções mais detalhadas para vocês. – Uma mulher de grandes óculos de grau e cabelo azul se levantou.
- Olá a todos. Eu sou Cassandra ou Cassie e vou acompanhar vocês pela jornada de Into de Woods. O Chris já trabalhou em filmes com esse tipo de divulgação, agora , você talvez não esteja tão familiarizada...
- Eu fui da Disney Channel por três anos, acredite, eu era uma adolescente que dormia três horas por dia. – Ela falou, me fazendo arregalar os olhos e Cassie fez o mesmo.
- Bom, você deve se lembrar do sentimento...
- Mais do que eu gostaria. – riu fracamente.
- As divulgações das maiorias dos filmes começam após a produção, especialmente quando está perto de lançar. Into the Woods será o caminho inverso: nós teremos divulgação antes dele e para o lançamento. Então será quase como os filmes da Marvel, vocês serão anunciados ao público, vocês farão entrevistas e aparições prévias, tudo isso antes da gravação do filme. – Somente assenti com a cabeça.
- Sem contar no preparo físico de vocês. – A diretora falou.
- Exato! – Cassie estalou o dedo como se lembrasse. – Noah é descrito como um cara magro, mas forte, agora a Ully possui força e destreza. Não queremos que se torne uma Mulher Maravilha, mas precisaremos de um pouco mais de...
- Corpo. – disse dando um sorriso e rimos juntos.
- Exatamente. – Ela disse e assentiu com a cabeça.
- Não se preocupe, minha última gestação foi há 20 anos. – Ela brincou, fazendo algumas pessoas da sala rirem.
- A Ully é descrita como uma personagem mais velha... – Raquel disse. – Uma mulher real, próxima dos seus 40 anos... Não queremos muito, ela só precisa ser mais forte...
- Sim, não se preocupe, eu estou pronta. – Ela disse.
- Tem somente um detalhe sobre o cabelo... – O produtor chato falou em um tom bem específico.
- Podemos usar perucas! – Raquel falou rapidamente.
- Perucas não são a me...
- Eu vou tingir! – interrompeu o produtor, dando um sorriso irônico para ele. – Não se preocupe, eu estou comprometida com o projeto, estarei pronta até o começo das gravações. – Ela disse. – E você? – Ela deu uma alfinetada e escondi o rosto com a mão para não rir.
- Eu não responderia... – Raquel deu uma cantarolada baixa e sorri.
- Bem... – A diretora disse. – Cassie?
- Sim, vamos passar o cronograma para vocês e vamos nos falando... – Cassie disse.
- Junho, certo? – Perguntei.
- As gravações em agosto, mas junho começamos a divulgação. – Cassie disse. – Vocês irão à Comic-Con, teremos première, entre outros eventos.
- Podemos aproveitar a première de Lightyear. – Falei. – É no começo de junho. – Virei para . – Você é muito bem-vinda.
- Obrigada. – Ela deu um sorriso.
- É, é bom! – Cassie disse. – É um filme da Disney, bastante atenção, você é o principal, vai ser bom...
- É... – disse em um suspiro. – Vai ser legal. – Assenti com a cabeça, sorrindo.
- Vai! – Falei mais convicto que ela.


- Que sujeitinho mais inconveniente, filho da puta...
- Marissa! – A repreendi e a mesma bufou, ajeitando sua sacola nos ombros.
- Que foi? Não sei como você aguentou! – Ela disse e ri fracamente, negando com a cabeça.
- Eu não aceitaria se não estivesse preparada para os julgamentos, Marissa. – Virei para ela, apertando o botão do elevador. – Os anos de terapia me ajudaram com isso. – Suspirei.
- Bem, ao menos o Chris parece estar ao seu lado...
- Ele é legal. – Falei, suspirando. – De verdade... Ele me apoia. – Entrei no elevador quando ele abriu, vendo-a fazer o mesmo.
- Ao menos é mais uma força se esse produtor continuar sendo inconveniente. – Uma mão foi colocada entre as portas do elevador, obrigando-o a abrir novamente e vi Chris com sua agente.
- Se importam? – Ele perguntou.
- Não! – Eu e Marissa falamos juntas e demos alguns passos para trás para que ambos entrassem e deixassem que as portas finalmente se fechassem.
Eu e Marissa fechamos nossos lábios e eu me mantive focada na pasta que a produção havia dado. Chris e sua agente ficaram do mesmo jeito. Não demorou mais do que alguns segundos para as portas se abrirem novamente e Chris segurou a porta.
- Por favor... – Ele indicou a saída e assenti com a cabeça, saindo pela porta junto de sua agente e a minha.
- Obrigada...
- Hum, acho que não fomos apresentados... – Sua agente disse. – Megan. – Ela esticou sua mão.
- . – Apertei sua mão.
- Marissa. – Minha agente disse, cumprimentando a loira e depois Chris.
- Chris. – Ele disse.
- Hum... Megan, você é nova? – Perguntei.
- Eu estou com Chris já faz uns 15 anos. – Ela disse.
- Eu saí da Susan em 2007. – Chris explicou e assenti com a cabeça.
- Ah sim! – Falei, assentindo com a cabeça.
- Hum, Megan, você se formou na UPenn, certo? – Marissa disse.
- Sim, como sabe? – Ela perguntou.
- Turma de 2003. – Marissa disse.
- Ah, mesmo? – Megan disse e ambas se afastaram um pouco, conversando sobre os tempos de faculdade, já que a agente de Chris havia se formado em 2000.
- Hum... O que achou da reunião? – Chris perguntou, colocando os braços para trás.
- Foi... Bem esclarecedora! – Falei, ouvindo-o rir fracamente.
- Aquele cara é um idiota, não deixa ele te atingir, não vale a pena. – Ele disse e assenti com a cabeça.
- É o que eu falei para Marissa, Chris. Eu não estaria aqui se não estivesse preparada para todo tipo de crítica. – Ele assentiu com a cabeça. – Preciso lutar pela minha felicidade, não pelo que os outros pensem... – Ele sorriu enquanto andávamos a passos lentos pelo saguão da Warner.
- Eu estou do seu lado, . – Ele disse e senti meu rosto esquentar. – Eu ouvi o que disse.
- Obrigada, espero não precisar, mas... É bom saber que meus colegas não vão me sabotar...
- Somos amigos, ... – Ele disse e ri fracamente. – Não nos vemos há uns 18 anos, mas... Não tenho motivos para não ser educado contigo, a não ser que...
- Foi uma semana, Chris! – Falei, rindo com ele. – Na época não foi confortável, mas eu compreendo. Era o começo de sua carreira, não faria sentido mesmo. – Suspirei.
- Eu sei, mas não foi legal. – Ri fracamente.
- Não... – Ponderei com a cabeça. – Mas eu sobrevivi! Eu levei um fora do Tocha Humana, se fosse do Capitão América teria doído mais. – Rimos juntos.
- Seu humor continua o mesmo. – Dei de ombros.
- A gente só envelhece por fora, não precisamos ficar chatas. – Falei.
- Você está ótima, . – Ele disse e sorri.
- Você também. Parabéns pela carreira. Tudo que tem feito é incrível. – Foi sua vez de ficar envergonhado.
- Obrigado. – Ele disse. – E você? – Ele abriu a porta do saguão para mim e saímos pelo pôr-do-sol de Burbank.
- Tudo certo, sou recorrente em uma série da NBC...
- 10 temporadas, certo?
- Sim... – Suspirei.
- Isso é incrível! – Ele disse verdadeiramente surpreso.
- Talvez não devesse ser. – Suspirei e ele entendeu que era melhor deixar o assunto de lado.
- Hum, bem... E seu filho? Ele vai bem? – Ele falou um tanto pausado.
- Sim, na UCLA. Relações Públicas. – Falei. – Finalizou o terceiro ano.
- Uau! Parabéns para vocês. – Assenti com a cabeça. – Mamãe orgulhosa, imagino.
- Mais impossível. – Falei rindo, vendo-o sorrir e virei para o lado, vendo um carro parar e Marissa aparecer na janela. – Nos vemos na pré-produção.
- Com certeza. – Ele disse e estiquei minha mão para ele, querendo apertá-la, mas ele a levou até seus lábios, dando um beijo. – Eu estarei ao seu lado nessa produção, . Confie em mim!
- Obrigada, Chris. É muito importante para mim... – Puxei a mão devagar, vendo-o acenar com a cabeça.
Me afastei devagar, dando um aceno para sua agente e entrei no carro. O carro seguiu e eu vi Chris acenar pela fresta da janela, me fazendo dar um pequeno sorriso. Apertei o botão do vidro elétrico, vendo-o sumir pelo vidro com insul-film e virei o rosto para o lado, vendo Marissa sorrindo com segundas intenções.
- Não fala! – Falei, ouvindo-a rir.

Chris
Eu não tinha ideia da dimensão desse filme até receber a lista completa de atores duas semanas depois da primeira reunião. Tinha 53 pessoas no elenco, tirando possíveis figurantes para as cenas de luta.
Dentre os nomes, eu reconheci Stanley Tucci, um grande amigo o qual eu trabalhei junto no primeiro Capitão América, Jamie Lee Curtis que trabalhei em Entre Facas e Segredos, Winston Duke que trabalhamos nos últimos Os Vingadores, e minha querida McKenna Grace, que trabalhei em Um Laço de Amor.
Além disso, junto deles, os maiores nomes são Viola Davis e Jacob Trembley. Depois, só atores novos, poucos créditos ou com trabalhos que eu não conhecia, mas a quantidade surpreendia demais. Eles realmente não estão poupando esforços para fazer isso acontecer.
Voltei aos escritórios da Warner na primeira semana de junho, durante o começo da divulgação de Lightyear. Adoro esse trabalho, mas quando os eventos se misturam, tudo fica mais complexo. Eu estou com 40 agora, o corpo começa a falar diferente.
Quando entrei na sala de leitura de roteiro, senti que só eu estava faltando ali. Os atores e agentes estavam espaçados pelo local, muitos deles conversando em grupinhos. Reconheci os cabelos brancos de Jamie, além dos loiros de McKenna, a qual me fez abrir um largo sorriso e fui em direção à ela.
- Ah, minha pequena! – Abracei a mais nova pelos ombros. – Que não está mais tão pequena assim! – Ela deu sua risada gostosa.
- Tio Chris! – Ela se virou, me abraçando e ri como eu não precisava descer muito mais para abraçá-la.
- Ah, meu Deus! Como o tempo passa! – Ela riu enquanto nos afastamos.
- Você vai fazer eu me sentir velha assim, tio Chris!
- Ah, você? – Jamie riu ao meu lado. – Você me chama de tio! – Rimos juntos.
- Se acostume, amor. – Jamie disse. – Na sua idade eu já fazia papéis de mãe. – Rimos e abracei-a fortemente.
- Que prazer reencontrar vocês!
- Também, com uma produção dessa, você tinha que estar envolvido! – Sorri.
- Estou feliz. – Abracei-a pela cintura.
- A atriz principal é uma surpresa, não? – Jamie falou mais baixo.
- Aceitei por ela, na verdade. – Falei.
- Mesmo? Ela é boa? – Ela perguntou.
- Ela é! – Falei rindo. – Ela fez participação em um filme que eu estava, ficamos próximos por um tempo... – Ponderei com a cabeça e ela entendeu rindo.
- Ah, entendi!
- Mas fizemos o teste juntos e... Ela tem talento. – Falei surpreso.
- Ela fazia uma série da Disney Channel, não? – McKenna perguntou.
- Sim! – Assenti com a cabeça. – Ela engravidou e foi cancelada.
- Acho que agora faz sentido porque nunca encontrei no Disney Plus. – McKenna disse.
- Pois é... Infelizmente, se tornou persona non grata para Disney, eles basicamente queimaram sua carreira... Essa é uma grande chance para ela... – Falei.
- Você parece bem... Empolgado sobre isso, Chris. – Jamie disse e ri fracamente.
- Só profissionalmente, garanto. – Falei.
- Da última vez que você namorou foi com a Jenny, não? – McKenna me disse e eu ri fracamente.
- Que memória, hein?! – Falei, bagunçando seus cabelos, fazendo-a rir enquanto o abaixava.
- Parece que faz um tempinho.
- E faz... Eu estou ficando cansado. – Elas riram.
- 40 e cansado, Cap? – Virei para o lado, vendo Stanley com ali do lado.
- Ah, Stan! – Abracei-o fortemente, sentindo-o dar uns tapas em minhas costas e rimos juntos.
- Que saudades, garoto! – Rimos juntos.
- Faz... Uns 10 anos? – Brincamos.
- Um pouco mais. – Ele disse e vi sorrindo.
- Ei, . – Falei e ela assentiu com a cabeça.
- Oi, parceiro. – Ela disse e abracei-a de lado, dando um beijo em sua bochecha.
- Então, você já conhece minha galera? – Perguntei.
- Senti dedo seu quando vi o elenco. – Ela brincou rindo.
- Zero culpa nisso. – Ergui as mãos em redenção.
- Acho que eu sou da galera da , já perdi as contas de quantos filmes fizemos juntos. – Stanley disse.
- “Quantos filmes fazemos juntos” é delicadeza da sua parte, Stan. – riu. – Quantos filmes seus eu participei... Essa é a questão.
- Quantos? – Perguntei e bufou um pouco, pensando.
- Espera... – Ela disse rindo. – Um, dois... Cinco... E seis com esse. – Ela disse.
- Uau! – Falei e ela riu.
- Apresentações, Chris? – Jamie disse.
- Ah, claro! – Sacudi a cabeça. – , essas são Jamie e McKenna. Meninas, essa é , nossa Ully.
- É um prazer conhecê-la. – Jamie lhe esticou a mão e McKenna fez o mesmo logo depois.
- O prazer é meu! – Ela sorriu. – Sabe, Jamie, deveríamos ter trabalhado juntas. – Ela disse.
- Mesmo? Em que filme?
- Sexta-Feira Muito Louca. – Ela disse.
- Não! – Jamie e eu falamos juntas.
- É... Estava tudo certo, aí as coisas deram errado. – Ela deu de ombros. – Mas é um filme incrível, eu adoro!
- Obrigada! Mas sinto muito por você. – Jamie disse e abanou a mão em educação.
- Senhoras e senhores... – Kelly, a assistente, falou. – Peço para que se coloquem em seus lugares, vamos começar a leitura.
- Até mais. – Falei para o pessoal e indiquei a mão para que assentiu com a cabeça.
Acabei seguindo atrás dela, imaginando que ficaríamos lado a lado e estava certo. Acabei puxando a cadeira para ela se sentar e me sentei ao seu lado. A larga mesa, bem maior que da outra reunião, foi tomando forma e pude finalmente ver todos os rostos. Junto de McKenna e Jacob, tinha outra menina da idade similar, que imaginei serem as crianças da escola, Viola tomava o lado direito de , indicando que ela seria sua grande amiga. E Stanley estava ao lado das duas, como um dos vilões do filme. Tinha tudo para ser perfeito.
- Antes de começarmos, vamos às apresentações... – Kelly disse.
Toda equipe de produção se apresentou, a mesma que eu já conheci na outra reunião. Depois todos se ajeitaram em suas posições e a leitura iria começar. As regras eram as mesmas de toda leitura, passar o filme completo pelo elenco. Poderíamos ficar aqui pelas duas horas e meia do filme, mas era comum acabar bem mais tarde do que isso, mas é o pontapé inicial.
A produção estava finalmente começando.

Capítulo 3


Suspirei, olhando para o espelho, ponderando com a cabeça e só consegui fazer uma careta. Bufei para o espelho e saí do quarto, seguindo pelo corredor e entrei no quarto de Ryan, vendo-o no computador.
- O que acha? – Perguntei e ele girou a cadeira, tirando os headphones da orelha, e nada precisava ser dito com sua cara.
- Hum... Bem...
- Está horrível, certo? – Suspirei.
- Eu pensei você estava perto dos 40, não dos 80...
- Ai! – Dei um tapa em seu ombro, fazendo-o rir. – Eu disse para você comprar algo novo.
- Não quero ficar gastando com isso agora... – Falei.
- Mas é uma première!
- Não é minha primeira vez. – Falei.
- Mas é a primeira première séria em uns duzentos anos.
- Ei! – Rimos jutos.
- É sério, mãe! É uma première da Disney, muita gente vai estar olhando! E é sua oportunidade de fazer a primeira aparição séria em anos e chamar atenção. E não venha me falar de Castle & Bones, é uma porcaria. – Ele disse sério e suspirei. – E esse não é a melhor forma de você fazer sua primeira impressão.
- A première é em uma hora, eu demoro 30 minutos para chegar lá. – Falei.
- Bom, esse não é o único vestido que você tem, né?! – Ele se levantou da cadeira, andando pelo corredor e fui atrás dele, suspirando. – Você tem algumas coisas guardadas, não?
Suspirei, seguindo de volta para o quarto e vi Ryan com a cabeça enfiada no pequeno closet do meu quarto. Ele passava os vestidos um por um, analisando cada um deles e cruzei os braços.
- O que tem nessa mala? – Ele perguntou.
- Suas roupas de bebê...
- Ah! – Ele deixou de lado, começando a fuçar nas sacolas.
- E isso? – Ele pegou outra sacola.
- Não! Isso não! – Falei, me levantando rapidamente.
- O quê? O que é isso? – Suspirei.
- É um vestido que fizeram para o filme da Juniper antes de... – Abanei a mão.
- Isso? – Ele tirou da sacola. – Isso é superlegal!
- Não está finalizado, a capa era para ser bordada, com apliques de penas e...
- Bom, acho que penas estão um pouco ultrapassadas. – Ele disse, abrindo o vestido verde e suspirei. – E não é muito adequada para sua idade. – Ele disse.
- Me chamou de velha três vezes nos últimos 10 minutos, Ryan! – Fui séria.
- Desculpe. – Ele colocou a mão na boca, escondendo a risada. – Agora vai! Prova! – Ele me entregou.
- Esse vestido tem 20 anos...
- Quem está se chamando de velha agora?
- Sabe, eu tive você nesse meio tempo! – Falei firme.
- Experimenta! – Ele disse sério e suspirei, entrando no closet e fechei a porta.
Tirei o vestido estranho que eu tinha comprado e abri o vestido verde. Aquele vestido com todos os bordados, era para ser o auge do filme da Juniper, mas ele nunca saiu do papel. Eu sabia que ainda servia, pois ele não estava finalizado, mas não queria ter que enfrentar esses pesadelos agora.
Mas não podia negar que o vestido é lindo.
Me olhei no espelho, ajeitando a pequena capa que tinha nas costas, algo que não era nem pensável em 2002 e seria uma grande inovação. O vestido era lindo, mas claramente tinha sinais de inacabado. A saia não tinha barra, mostrando alguns fios soltos e a gola estava um pouco apertada.
- Não vai dar! – Falei.
- Por quê? – Ryan entrou correndo no quarto. – Mãe! Você está incrível! – Revirei os olhos. – Dá uma voltinha! – Ele disse e revirei os olhos. – Vai! – Fiz o que ele pediu, revirando os olhos. – Mãe, você está linda!
- Mas não está finalizado.
- Claro que está, qual o problema? – Ele perguntou.
- Está sem barra e um pouco apertado na gola.
- Ah, isso a gente resolve rápido.
- E você sabe costurar agora? – Revirei os olhos.
- Não, mas podemos colocar alfinetes... – Ele começou a fuçar em algumas caixas e suspirei.
- Eu não acho que deva usar, Ry... – Falei mais baixo, suspirando.
- O quê? Por quê? – Ele perguntou rápido.
- Isso me traz muitas memórias, querido. – Falei e ele suspirou.
- Ah, mãe... – Ele me abraçou e suspirei, deixando-o me abraçar.
- Está tudo bem...
- Vai ficar... – Ele disse, me fazendo suspirar.
- Não me faça chorar, a maquiagem está boa. – Falei, ouvindo-o rir.
- Desculpe por te forçar a isso, mãe... – Ele se afastou. – Mas acho que é o momento perfeito. – Ele disse.
- Por quê? – Perguntei.
- Bem, imagina... – Ele dramatizou com as mãos. – Você aparecer na première de um filme da Disney com um vestido que marcou seu fim com eles... – Ele deu um sorriso. – Seria um belo de um tapa na cara. – Ele disse.
- Seria... – Ri fracamente.
- Mas entendo se não quiser usar...
- Sabe, Ry... – Falei, suspirando. – É uma ideia genial.
- É?! – Ele perguntou animado.
- É... – Assenti com a cabeça. – Eu preciso parar de fingir que isso não aconteceu e enfrentar...
- Também acho. – Ele disse e assenti com a cabeça. – Pega os alfinetes! – Pedi e ele riu correndo a fuçar nas gavetas. – Terceira gaveta! – Falei e ele assentiu com a cabeça.

Chris
Existem muitas vantagens em uma première de dia: não preciso usar ternos com cinco peças. E o fato de estarmos entrando em junho, fica melhor ainda por estar mais fresco. Ah, sem contar que acaba mais cedo também. Somente as entrevistas que ainda me irritam, mas o elenco de Lightyear é bem animado. Então dá para se distrair bastante.
Depois de responder – ou tentar responder – os motivos de a Disney me escolher para a voz de Buzz e não Tim Allen, o dublador original, já estava pronto para pedir para Megan me afastar de todas as entrevistas, mas tinha uma vantagem e outra, e uma delas é .
Eu pesquisei, ela não aparecia em uma première grande desde sua época de Disney Channel, também não lembro dela na de Quarteto Fantástico, mas se levarmos em conta que foi só uma aparição, não faria sentido mesmo. Não sei se suas ausências tinham relação com os trabalhos que ela pegava, ou se era só uma forma de se afastar de tudo.
Mas hoje era uma novidade. apareceria em uma première depois de anos. Melhor, uma première da Disney depois de tudo que fizeram com ela. Não tem ironia maior.
- Então, Chris! – Senti um braço em meus ombros e vi Keke se aproximar. – O que faz perdido por aqui? – Rimos juntos.
- Ei, Keke, estou procurando por uma pessoa...
- Hu-u-um... Que pessoa? – Ela disse sugestivamente e ri com ela.
- Não é nada disso, é minha colega do novo filme, vamos começar a fazer aparições para anúncio de elenco, etc...
- Ah, é o Into de Woods, não é? Eu adoro aquele livro! – Ela me sacudiu e eu ri fracamente. – Você vai trabalhar com a , certo? Eu adoro ela!
- Eu não entendo como essa mulher foi destruída em Hollywood, todo mundo gosta dela! – Falei surpreso.
- Dinheiro, meu amigo. As produtoras literalmente pagam para que ela não seja contratada. – Keke disse. – Aposto que a produtora do filme teve que pagar milhões para ir contra a fala da Disney. – Ponderei com a cabeça.
- Tem um produtor filho da puta que está tentando sabotar isso a todo custo... – Falei e ela ponderou com a cabeça. – E a autora do livro exigiu salários iguais...
- Eles não poderiam pagar pouco para você... – Ela disse.
- Agora tudo faz sentido. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
- Sou família Disney Channel, Chris, não se esqueça! – Ri com ela. – E Nick, não posso esquecer da minha Nick. – Sorri. – Mas então, ela vem? Vocês vão dar entrevista? Como vai ser?
- Honestamente, a ideia inicial é uma aparição, só isso. Não sei muito o que vai acontecer mais... – Ela assentiu.
- Chris... – Virei para Megan. – Ela está aqui.
Virei o rosto apressadamente para todos os lados, à sua procura, mas precisei que Megan indicasse o lado para que eu realmente a encontrasse. O vestido verde bandeira contrastava com sua pele. Seus cabelos longos e escuros estavam soltos, com uma escova bem-feita. A maquiagem era leve, mas ela andava com a cabeça baixa, como quem não quisesse chamar atenção. Sua agente estava ao seu lado, indicando o caminho.
Parecia que não fazia parte daquele lugar.
- Ela parece perdida. – Falei.
- Ela está perdida. – Megan disse. – Por que não vai até ela? – Ela sugeriu.
- É uma boa idei...
Deixei meus pensamentos de lado e dei um aceno para Keke que sorriu e segui pela parte interna do tapete para me aproximar de . De mais perto ela estava mais bonita. Os saltos não eram tão altos e o vestido era simples, mas muito bonito.
- Talvez você possa posar para uma foto ou outra... – Ouvi sua agente.
- ? – Chamei-a, fazendo-a erguer o rosto.
- Chris! – Ela disse surpresa.
- Bom, agora não dá mais para fugir. – Marissa disse.
- Do quê? – Perguntei.
- Ela não acha que deva passar pela área de fotos. – Marissa disse.
- Por que não? Você veio para isso, não? – Perguntei.
- Eu vim para fazer uma aparição, não escrachar para todo mundo...
- Achei que a ideia fosse escrachar. Especialmente com esse vestido. – Marissa disse.
- É um lindo vestido. – Falei. – Você está linda. – Ela sorriu.
- Obrigada. É um antigo vestido para Juniper. – Ela disse e assenti com a cabeça.
- Propício. – Falei.
- Demais! – Marissa concordou comigo. – Chris, você se importa... – Ele indicou .
- Você se importa? – Perguntei para .
- Você vai me deixar cair? – Ela perguntou e rimos juntos.
- Nunca. – Falei sério e ela assentiu com a cabeça.
- Ok... – Ela me esticou o braço.
- Não vai ter nem necessidade de muito, os fotógrafos já estão focados em vocês... – Marissa disse antes de se afastar.
- Ainda se lembra como faz isso? – Perguntei, segurando seu braço e ela assentiu com a cabeça.
- Eu ainda sei como andar no tapete vermelho. – Ela disse. – Roxo... – Sorri.
- Vamos... Só algumas fotos. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
Ela colocou um curto sorriso em seu rosto e veio comigo. Andei quase até o meio do tapete vermelho até parar. Os fotógrafos estavam realmente fotografando qualquer movimento nosso.
Dei meu sorriso de sempre, mantendo meu braço firme no de , vendo os flashes estourarem em meu rosto. Dei alguns sorrisos, indiquei para alguns lados, até virar para .
Ela definitivamente sabia o que estava fazendo.
Ela tinha um sorriso bonito, mas não um largo sorriso, era um sorriso sem mostrar os dentes que parecia desafiá-los. Seu olhar era profundo para eles, somente o pescoço mexia, mas o sorriso era o mesmo.
- Você está indo bem. – Sussurrei e seu rosto virou para mim, e foi aí que ela abriu o sorriso de verdade.
- Obrigada. – Ela disse.
- Não há de quê. – Falei. – Quer ficar um pouco mais?
- Não, é o suficiente. – Ela disse e assenti com a cabeça.
- Vamos! – Indiquei com a cabeça e ela virou o rosto para imprensa, dando o primeiro passo para fora daí.
Andamos mais alguns passos, até que passamos a área da imprensa e ouvi algumas pessoas nos chamando. Na verdade, chamando .
- É para você! – Falei, indicando os repórteres.
- Será que eu devo falar com eles? – Ela perguntou.
- Por que não? – Perguntei.
- Eles podem ser... Maus... – Ela disse.
- Vou garantir que não serão. – Falei.
- Como? – Ela franziu a testa.
- Estarei ao seu lado por todo tempo. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
- Obrigada! – Ela disse e confirmei com a cabeça.
- Vamos... – Falei, indicando com a cabeça.


- Uau! ! Que surpresa te ter aqui! – A repórter disse e tentei dar um sorriso. – E com Chris Evans!
- Oi! – Ele acenou simpático. – Já conversamos hoje, agora sou só um acompanhante! – Ele disse.
- É... Sim! – Ela disse desconcertada. – Fui pega desprevenida agora, vocês estão juntos? – Começamos a rir juntos.
- Não, não! – Falei rindo e Chris me acompanhou.
- Vamos trabalhar juntos. – Chris disse. – Por isso a convidei para vir.
- Ah, certo! Os boatos são reais, então. Chris Evans em Into The Woods… – Ela disse.
- E como Ully… – Ele apoiou a mão em meu ombro, me sacudindo um pouco.
- Sim, certo! Uau! – Ela disse rindo.
- Eu tenho uma pergunta! – O repórter do lado falou, percebendo que a primeira repórter estava super perdida. – Para .
- Sim... – deu dois passos para o lado, se posicionando em frente à outra repórter.
- Oi, , eu sou Paola, não sei se lembra de mim, mas...
- Sim, lembro. – disse com um pequeno sorriso e assenti com a cabeça, ao menos elas se conheciam.
- Como é estar de volta? – Ela perguntou. – Sabe... Disney, você, depois de tantos anos...
Acho que é a única pergunta que importa.
- Hum... É um pouco estranho. – Ela falou. – Parece um sapato apertado, entende? – falava de forma mais séria e a repórter assentiu com a cabeça. – Já faz tanto tempo, então não é algo que valha à pena ficar lembrando, em compensação, é impossível não lembrar...
- As coisas eram diferentes na época? – Ela perguntou.
- Bem... Já faz uns 20 anos... – Elas riram. – Mas é a Disney, então tem sempre o glamour...
- E como se sente com esse novo projeto? – Ela perguntou.
- Eu estou bem empolgada! É a oportunidade que eu estava esperando para mostrar meu talento e...
- Como se precisasse. – Chris disse atrás de mim. – Você é incrível! – Dei um curto sorriso.
- Obrigada. – Ele assentiu com a cabeça.
- Chris, você parece empolgado com isso...
- Eu estou, eu estou! – Ele disse rapidamente. – Eu sempre fui fã da Disney, então assistia a série de , mas também já trabalhei com ela em Quarteto Fantástico, foi algo curto, mas pude aloprar ela por uma breve semana... – Rimos juntos.
- Foi divertido. – Falei.
- Obrigada, e Chris...
- Eu agradeço. – Falei.
- Aqui, por favor! – Outro repórter disse.
- Venha! – Chris disse em um sussurro, me puxando levemente pela mão e assenti com a cabeça. Oi!
- Oi... – Falei menos animada.
- Chris, já falamos antes... – Ele ergueu as mãos como quem estava em rendição. – Agora , uau!
- Oi! – Dei um curto sorriso.
- Que prazer é te ter aqui em uma première fora de Castle & Bones...
- Há, há, há, saí da toca um pouco. – Brinquei.
- E que felicidade é ter você em uma nova produção como Into The Woods. Uau! Como você está se sentindo?
- Eu estou feliz! Eu gosto muito do livro, acho sensacional, então poder interpretar a Ully, é uma felicidade enorme.
- E é um grande trabalho comparado com os outros...
- É, é sim... – Falei fracamente e senti um aperto em meu ombro, me fazendo dar um aceno de cabeça para Chris.
- Como você está se sentindo com isso?
- Eu estou feliz, é claro! É uma grande oportunidade!
- E você está pronta para um projeto desse tamanho? – Ele perguntou e Chris me apertou.
- Isso foi um pouco rude... – Falei, dando um sorriso, fazendo-o arregalar os olhos. – Mas eu sou uma profissional, te garanto que todos os profissionais, com papéis menos relevantes para a mídia se sentirão prontos para um desafio, pois somos profissionais. – Ouvi um riso baixo atrás de mim. – Com licença... – Dei um passo para trás.
- Por favor, ! – A mulher do lado falou.
- Sim... – Dei um curto sorriso para ela.
- Eu sou repórter da Disney Channel, gostaria de saber como é voltar para o mundo Disney depois de anos... – Ri fracamente.
- Bem, eu só estou vindo em uma première da Disney, com um vestido da Disney, meu contrato é com a Warner... – Ela riu em um aceno. – Mas está tudo bem, por enquanto... – Ela assentiu com a cabeça. – Eu sempre fui fã das produções da Disney, sinto que minha história acabou da forma que acabou, mas é bom estar de volta.
- Espera! Seu vestido é da Disney? – Ela perguntou surpresa.
- Sim, era para o filme da Juniper que foi cancelado. – Falei, também ficando surpresa.
- Uau! Você está incrível. – Assenti com a cabeça. – Feliz que esteja aqui, ! Seja bem-vinda de volta. – Ela disse.
- Espero que seja mesmo. – Dei um curto sorriso.
- Será! – Ela disse firme e até acreditei nela.
- , sua atenção por favor... – Outro disse ao lado e senti um tapinha no ombro.
- ... – Virei para Chris atrás de mim.
- Sim...
- Eu tenho que ir para apresentação e...
- Claro! Vai lá.
- Você vai ficar bem? – Ele perguntou.
- Não se preocupe. Eu ficarei bem. – Falei, apertando seu braço. – Nos vemos depois.
- Claro! Aproveita o filme. – Assenti com a cabeça.
- Pode deixar. – Dei um curto sorriso e o vi se afastando de costas.

Chris
- Ah, essa foi boa! – Falei, me espreguiçando.
- Essa foi muito boa! – Megan falou suspirando. – Acho que você precisa fazer mais filmes infantis. – Ri fracamente. – Eventos calmos, sem nenhuma entrevista forte, crianças nas estreias... Ah, seria perfeito! – Ri fracamente.
- Com os próximos projetos em vista, talvez seja fácil. – Dei de ombros.
- São streams, Chris. Tem uma popularidade enorme…
- Mas não uma grande divulgação... – Falei e ela assentiu com a cabeça.
- Isso não posso negar. – Ela disse e ri fracamente.
- Foi um dia calmo, você nem precisou trabalhar, vai... – Falei rindo.
- Mais ou menos, né?! Eu vou precisar pegar um pouco dos resquícios daquela entrada com a , né?! – Ela olhou sugestivamente para mim.
- Ah, nem vem, Megan, não é nada! – Falei.
- Ok, você pode falar que não é nada. – Ela revirou os olhos, debochando. – Mas eu sei que algo mexe contigo há anos... – Foi minha vez de revirar os olhos. – Pode revirar o quanto quiser, mas eu te conheço. – Neguei com a cabeça.
- Só estou sendo prestativo... – Saímos pela parte externa do cinema e avistei o vestido verde de parada perto do rodapé.
- Uhum, prestativo. – Ela negou com a cabeça.
- E agora eu vou ser prestativo e perguntar se ela quer uma carona. – Falei, dando alguns passos para frente.
- Olha, só um detalhe, ela ainda tem o filho, viu?! E agora ele pode te socar se você machucá-la! – Ela disse enquanto eu andava, me fazendo rir.
Apesar de ser engraçado, ela tem razão, mas por algum motivo, isso não me incomoda.
- ! – Chamei-a, vendo-a virar o rosto.
- Chris! – Ela sorriu, fazendo a capa de seu vestido se virar. – Achei que não ia te ver antes de ir embora...
- Acabei de sair também. – Falei, vendo-a assentir com a cabeça.
- Parabéns pelo filme! É divertido! – Ela disse, me fazendo rir.
- Obrigada! Não estranho? – Perguntei e ela riu.
- Bem, não é Tim Allen, mas... – Rimos juntos.
- Ah, cara... Esses tipos de comentários são fodas! – Ela sorriu.
- Isso é um receio, sabia? – Ela suspirou, cruzando os braços a frente do corpo.
- Críticas? – Perguntei e ela assentiu com a cabeça.
- Eu tive depressão aos 18 anos, Chris. – Ela disse em um suspiro. – Não quero passar por isso de novo. Você já viu o repórter...
- Mas você pareceu sair bem daquela... – Ela deu de ombros.
- De certa forma, eu não tenho nada a perder, né?! É como se eu estivesse começando de novo. Não vou deixar a imprensa me detonar igual da última vez.
- Saiba que, enquanto eu estiver ao seu lado, eu não vou deixá-los fazerem esses comentários. – Ele disse.
- Você pode impedir um repórter de ser rude, mostrar o quão rude ele é, mas não pode evitar o comentário de todas as outras pessoas...
- Até agora eu só vi ótimos comentários a você... – Falei em um sorriso.
- Mas...
- E pessoas muito felizes por essa nova oportunidade... – Ela deu um curto sorriso. – As pessoas adoram uma boa história de superação, . Elas vão adorar a sua... – Ela suspirou até seus ombros relaxarem.
- Mas ainda vão existir críticas, Chris. Sempre existirão... – Ponderei com a cabeça.
- Sabe a melhor forma de calar essas críticas? – Perguntei.
- Fazendo um excelente trabalho? – Ela perguntou e somente assenti com a cabeça.
- Fazendo seu trabalho. – Falei. – Nunca vamos conseguir agradar a todos, mas o emprego foi dado a você, foi confiado a você.
- O mesmo Chris confiante de sempre, né?! – Ri com ela, sacudindo a cabeça.
- Eu passei pelos meus momentos de depressão e ansiedade, pouco antes de aceitar o papel de Cap. – Falei e ela assentiu com a cabeça.
- E como você lutou contra isso? – Ela perguntou e suspirei fundo.
- Bem... Muita terapia. – Rimos juntos. – Mas depois que eu criei confiança em mim, tudo ficou mais fácil. O problema não é na gente, é nos outros. – Ela assentiu com a cabeça. – Ficar longe das redes sociais em dia de lançamentos é uma boa também... – Ela riu, abrindo um bonito sorriso. – E por três dias depois, para garantir.
- Obrigada pelas dicas, Chris. – Ela assentiu com a cabeça e a copiei. – Vai ser bom trabalhar contigo de novo. – Assenti com a cabeça.
- Eu estou empolgado com isso, . Fizemos uma boa dupla. – Ela confirmou.
- É uma cena que eu gosto até hoje. – Ela disse rindo. – Foi divertido!
- Com exceção da água gelada! – Rimos juntos. – Eu fiquei duas semanas gripado.
- Isso que dá ser o personagem principal, eu finalizei minhas gravações naquele dia. – Ri com ela.
- Foi legal...
- Foi. – Ela sorriu. – Bem, Chris. Nos vemos em breve.
- Ei, , quer uma carona? – Perguntei.
- Eu pedi para o Ryan vir me buscar. – Ela disse. – Afinal, não seria muito legal a gente ir embora juntos. Você já viu o que os repórteres falaram...
- E acho que acabamos de falar sobre não se importar com o que os repórteres dizem... – Ela deu um curto sorriso.
- Bom ponto. – Ela disse. – Mas Ryan já deve estar chegando.
- Talvez em uma próxima vez? – Ofereci e ela assentiu com a cabeça.
- Claro! – Ela desviou o rosto rapidamente, identificando algo. – Ele está aqui.
- Nos vemos em breve, Chris. – Ela disse e assenti com a cabeça.
- Nos vemos em breve, . – Ela deu o mesmo aceno e se virou, caminhando até o Toyota Sedan que parou próximo ao rodapé.
Observei o motorista me olhar pelo vidro do carro antes de dar atenção à sua mãe. Ela se virou para mim novamente, dando um aceno e retribuí com a mão, voltando a colocá-la rapidamente dentro do bolso.
- Acho que a palavra que você usou foi “prestativo”, não? – Virei para Megan novamente, revirando os olhos.
- Vamos embora. – Revirei os olhos, puxando-a pela blusa, ouvindo-a gargalhar atrás de mim.


Continue...

Nota da autora: aqui.