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Late Night

Fernanda Gonçalves

Poster free-counters.org

Sinopse: Ela estava costumada a passar as noites em claro apenas para ter o prazer de ouvir a voz do seu amor. Relacionamentos à distância não eram fáceis, mas eles se esforçavam para fazer dar certo. Mas quando a garota abriu os olhos naquela noite, pensando que tivera mais um sonho, ela se deu conta da realidade em que se encontrava: a distância, finalmente, tinha acabado e ela poderia aproveitar não apenas a voz, mas também os toques dele. E se dependesse do casal, eles nunca mais ficariam distantes.

Capítulo Único


A princípio, parecia um sonho. O som dos lençóis roçando um no outro, a luz fraca saindo de seu lado, a voz suave e sussurrada falando num tom mais baixo. Era como se ela estivesse imaginando tudo, um sonho distante que a embalava para dentro e fora de seu sono, dançando em torno de sua mente nublada, impedindo-a de realmente acordar, o sono dominando todos os outros sentidos que ela poderia pensar em reunir.
Havia uma atmosfera pacífica no quarto, o céu escuro e as luzes piscando aparecendo no horizonte da janela sem cortina à sua frente, dando-lhe o sinal claro de que ela não estava mais dormindo, a mudança de peso sobre o colchão fazendo-a mover-se contra sua própria vontade. Lentamente, mas com toda a certeza, virou-se, suas costas caindo suavemente contra o toque sedoso dos lençóis, um suspiro suave saindo de seus lábios quando ela se ajustou à nova posição, os braços caindo de lado de uma certa maneira sem vida, seu peso sendo demais para ela sustentar.
Em raras ocasiões dormia a noite toda. Isso poderia ser visto como um fardo para a maioria das pessoas que ela conhecia, mas ela gostava. Apreciava a serenidade da noite, as estrelas aparecendo no céu azul aveludado, a lua, quando presente, iluminando a sala com seu brilho amarelado. E, embora parecesse poético e significativo, escondia algo completamente diferente para a garota, cujos olhos estariam colados na tela plana do telefone que segurava nas mãos pequenas, esperando que a mensagem que ela estava prestes a enviar fosse respondida rapidamente.
Naquela noite, no entanto, não havia necessidade de um telefone.
Ela adormeceu segura pelos braços da pessoa com quem passava a maior parte do tempo conversando durante a noite. Ela adormeceu ao lado do homem que ocupou sua mente o dia inteiro. Adormeceu sentindo o coração dele batendo contra ela, o toque quente de sua pele nua contra a dela.
Mas quando o cérebro de compreendeu completamente que ela estava realmente acordada, sentiu a perda daqueles braços de segurança em volta de seu corpo, a ausência de seu hálito quente batendo na parte de trás do pescoço de uma maneira suave e os sons ao seu redor se tornaram mais claro, os murmúrios baixos do outro lado da cama fazendo-a apertar os olhos tentando ver além das condições de pouca luz.
E lá estava ele, o telefone quase pressionado contra o rosto, o brilho baixo da tela dando a ela a chance de analisar melhor suas feições, a pele pálida com saliências escuras sob os olhos, os cabelos espetados em todas as direções. podia ver que ele estava tendo dificuldades para se adaptar ao fuso horário. Era o meio da noite e lá estava ele, sentado contra a cabeceira da cama, lençóis amassados descansando em volta da cintura, uma mão segurando o telefone na frente dele, a outra correndo pelos cabelos inúmeras vezes.
Ela podia ouvir a voz dele saindo no escuro da noite, o tom sexy, rouco e ainda muito cansado, causando um certo desconforto dentro dela. sempre teve muita dificuldade de se conter apenas ouvindo a voz dele. Era aquele som profundo e rico que poderia fazê-la viajar muito além de sua imaginação, o som que poderia fazê-la se apaixonar ainda mais por ele, o som que desejava ouvir ao acordar e adormecer. E havia o fato de que, se ela não estava enganada, ele estava falando inglês.
A sensação de formigamento começou na ponta dos dedos dos pés, espalhando-se rapidamente pelo corpo, percorrendo as veias até atingir o coração, o órgão protestando e batendo muito rápido contra a caixa torácica, martelando em seu peito de uma maneira que ela tinha certeza de que poderia ser ouvida por qualquer pessoa capaz de escutar.
O sotaque do rapaz ecoava pelos ouvidos da garota, e só conseguia respirar fundo, as mãos se fechando firmemente em torno do tecido que cobria seu corpo, os olhos fechados em uma tentativa fracassada de se controlar.
Ela deveria estar acostumada com isso neste momento de sua vida, mas na calada da noite, quando tudo que ela podia ouvir eram as respirações profundas que vinham dele e o doce som de sua língua rolando na boca, falando palavras estrangeiras ao ar, ela não conseguia conter o sentimento que se espalhava por suas veias, aquecendo todo o seu ser e intoxicando sua mente como se tivesse bebido todo o suprimento de soju do país. Uma dormência percorreu sua boca, a garganta secando quando ela fechou os olhos e apreciou o som vindo dele, chegando mais perto do corpo dele o mais devagar possível sem assustá-lo, sem emitir um som.
Mas os olhos de nunca saíram da tela do celular, seus murmúrios um tanto incoerentes ecoando pelo quarto por minutos, seus olhos castanhos escuros iluminados dançando sobre a paisagem da janela, sem saber de nada ao seu redor.
não saberia quanto tempo ela ficou ali de lado, de olhos fechados, sem adormecer, apenas ouvindo as palavras de , o calor que emanava dele caindo sobre a pele de como um dia ensolarado. Mas antes que ela percebesse, o quarto voltou à sua completa escuridão, o som de algo sendo colocado na mesa de cabeceira atingindo seus ouvidos.
Timidamente, abriu um olho, observando o homem de cabelos escuros esticar os braços sobre a cabeça e bocejar, a ação simples fazendo-a perceber coisas que ela geralmente negligenciava; o alongamento de seus músculos; as veias saltadas das mãos até o antebraço; o pomo-de-adão subindo e descendo pelo pescoço.
E talvez ela estivesse tão encantada com tudo, tão perdida em pensamentos, que não percebeu quando virou os olhos para o lado dela, esperando vê-la dormindo enrolada nos lençóis do outro lado da cama, onde ele a tinha deixado.
A risada leve que escapou de sua garganta foi suficiente para acordá-la do devaneio, os olhos se encontrando pela primeira vez naquela noite, apesar da falta de luz no quarto.
Mesmo assim, ela podia dizer que ele estava sorrindo para ela, diversão escrita em todo o rosto, estudando suas feições, absorvendo todos os pequenos detalhes como ela o vira fazer muitas vezes antes. E como todas as outras vezes, sentiu as bochechas esquentarem com a súbita corrente de sangue na área, os olhos se lançando para baixo instantaneamente, um sorriso tímido enfeitando seus lábios.
- Eu acordei você? - A voz dele não passava de um sussurro, quase inédito, mas no momento em que suas mãos fizeram contato com o cabelo dela, correndo por ele em uma carícia suave, todos os sentidos da garota se intensificaram.
- Claro que não - ela sussurrou de volta, o som abafado pelo travesseiro. - Você não é o único vivendo em um fuso horário diferente nos últimos dias.
suspirou e balançou a cabeça. Ele nunca concordaria com os protestos de em ficar acordada até tarde apenas para conversar com ele sempre que estivesse fora do país. Era ilógico e imprudente, mas se fosse para ser completamente honesto consigo mesmo, ele faria o mesmo. Então, soltando o ar pesadamente, ele se virou de novo na cama, a cabeça caindo no travesseiro macio ao lado dela, frente a frente com a mulher que possuía seu coração.
- Você deveria voltar a dormir - disse ele, o braço direito caindo em cima dela, a mão apoiada nas costas dela e a puxando para mais perto dele.
- E você deveria dormir, … - ela murmurou, tirando um sorriso cansado dele que fechou os olhos com a sensação de tê-la tão perto de si. Dois dias foram demais. - Pensei que você tivesse dito que não falaria mais inglês.
Sua risada não foi alta, os tremores de seu peito reverberavam através dela, trazendo um sorriso ao rosto de quando ela olhou para ele, os olhos semicerrados, a língua correndo sobre os lábios.
- Eu não vou falar inglês com você - ele esclareceu. - Você está ficando preguiçosa com o seu coreano.
bufou, os olhos rolando levemente enquanto ela passava a mão sobre o ombro dele, dedos acariciando-lhe a nuca, unhas arranhando a pele com cuidado suficiente para não deixar marcas nele.
- É justo - ela murmurou. - Mas você deveria relaxar, não começar a fazer uma live.
- , não posso estar mais relaxado do que estou agora - disse, a cabeça apoiada no peito dela. Com os olhos fechados e ouvindo as batidas calmantes do coração dela, o ídolo murmurou algo baixinho, recebendo um ligeiro protesto da garota.
- Agora dorme - ela disse, os lábios se transformando em um sorriso enquanto se ajeitava na cama, pressionando as costas contra o colchão, o peito sustentando um que ficava mais cansado a cada minuto, as mãos subindo e descendo pela pele exposta em um abraço terno, pernas emaranhadas sob os lençóis.
Com um suspiro contente, o homem relaxou, suas pálpebras se fechando, as mãos agarrando a garota debaixo dele, as batidas suaves do coração dela contra sua orelha, embalando-o em um sono profundo antes que ele percebesse.
Tudo estava bem. Ele estava em casa agora.


Fim!

Nota da autora: sem nota.