Sinopse: Ele é visto como o esquisitão do colégio. Ela, líder de torcida e popular. Mas é claro que as pessoas são muito mais do que aparentam, talvez eles tenham mais em comum do que parece.
O relógio marcava sete da manhã e tocava a cada dez minutos desde as seis e meia. Todas vezes fora desligado aos tapas por uma mão sonolenta, cuja qual, o dono se recusava a acordar.
— , ACORDA PORRA, VAI CHEGAR ATRASADO DE NOVO! — Uma voz gritou atrás da porta seguida por algumas batidas.
— Já estou indo, inferno!
Vendo que não conseguiria vencer essa briga, levantou da cama já de mal humor, pegou a primeira roupa que achou jogada pelo quarto e desceu.
— Achei que não fosse levantar hoje. — O homem que antes batia na porta, agora estava encostado na pia da cozinha com uma xícara de café na mão. Era o tio de .
— Bem que eu queria mesmo, mas preciso ir pra aula senão eu não consigo pegar a porra do meu diploma. — disse ele, enquanto comia um pedaço de uma das torradas que estavam encima da mesa.
— Espero que esse ano você finalmente consiga. Se continuar repetindo de ano, vai morrer no último ano do colegial.
— Eu sei, tio, não precisa ficar me lembrando disso todo dia. — ele rola os olhos e pega mais uma torrada, a deixando entre os dentes enquanto coloca a mochila nas costas. — Não sei que horas volto hoje, não precisa me esperar. — Ele disse já saindo pela porta sem que esperasse qualquer resposta do tio.
Não demorou muito para ele chegar na escola, o estacionamento já quase vazio devido ao fato de que estava prestes a tocar o sinal de início das aulas. estacionou sua kombi velha e grafitada com desenhos inspirados em bandas de rock, carro esse que se destacava muito dos demais estacionados ali.
Correu para a sala de aula rápido o suficiente para chegar antes do professor e não ter a atenção de toda a classe voltada para ele. Se sentou na última carteira no fim da sala, próximo a parede, como de costume. Assim, podia ficar mais "invisível" aos olhos dos professores e ainda podia passar a aula olhando pela janela e permitindo que sua mente vagasse por onde ela quisesse.
O tempo demorou a passar naquela manhã, as aulas de arrastavam. Talvez fosse apenas a ansiedade de para que aquilo tudo acabasse logo e ele pudesse ir para sua casa.
O sinal ressoou alto avisando o início do intervalo entre as aulas. A grande maioria das pessoas iam para o refeitório, algumas ficavam espalhadas pelos arredores da escola. foi em direção a quadra esportiva na esperança que estivesse vazia, o que não aconteceu, então caminhou em direção à algumas árvores que haviam ali ao lado. Em meio às árvores que iam se fechando mais a distante, havia uma mesa de piquenique um tanto quanto abandonada, já que ninguém ia para aquele lugar, ao menos, não que já tenha visto. Colocou um cigarro entre os lábios e procurou pelo isqueiro no bolso, estranhou quando viu uma figura feminina sentada na mesa que costumava encontrar sempre vazia. A garota se assustou ao ouvir os passos pelas folhas secas no chão, virando e permitindo que visse seu rosto.
— ? Você… — iniciou a frase, mas devido a confusão não conseguiu finalizá-la. — Acho melhor eu ir.
— Tudo bem, pode ficar, a não ser que esteja esperando alguém…— ela fala meio sem graça, ri e volta o cigarro entre os lábios.
— Se importa? — ele aponta pro cigarro em sua boca, a garota faz um gesto de negação com a cabeça e, então, ele acende dando uma tragada longa e se sentando de frente pra ela. — Não estou esperando ninguém, mas você deve estar.
— O que quer dizer com isso? — Ela o encara com a sobrancelha franzida.
— Desculpa, não quis dizer nada pra te insultar. É que sei lá… você é popular, por que estaria aqui e não com seus amigos no refeitório?
— Para me esconder deles, não estou afim das mesmas conversas de todos os dias hoje. — Ela deu de ombros.
— Então temos algo em comum. — Ele sorriu e estendeu a mão para ela. — , prazer.
— Eu me apresentaria, mas você já me conhece pelo jeito. — Ela sorri, meio sem graça, e alerta sua mão. ri e dá outra tragada em seu cigarro.
— Qual é? Eu posso ser excluído das atividades da escola e nada popular, mas eu sei das coisas, você é líder das líderes de torcida.
— Então quer dizer que você, o cara esquisitão que é legal demais pra esse universo escolar, já foi em um dos jogos da escola? Afinal, você sabe quem eu sou. — Ela tem um sorriso presunçoso no canto dos lábios que aumenta ao ver a cara de confuso de . — Eu também tenho informações. — Ela dá de ombros.
— Não, eu realmente detesto esportes. Mas é difícil não saber quem vocês são, o uniforme sabe. — Ele deu de ombros. — E você provavelmente não se lembra, mas fizemos o ensino fundamental juntos. Lembro de você com os pompons no show de talentos — ele faz um movimento com as mãos imitando movimentos de torcida.
— Você estava estudava comigo? Como eu não lembro de você?
— Tente um cabelo raspado e nada de tatuagens e roupas que me façam parecer tão legal assim. — ele aponta para as próprias roupas. — Eu tinha uma banda…
— Corroded Coffin! Ah, meu Deus, eu lembro de você! - Ela ri ao encontrar a memória que nem ela mesma sabia que está a ali.
— Uau, você se lembra! — sorri largo.
— Claro que sim, vocês fizeram a diretora interromper a apresentação. — Os dois riram. — Mas o cabelo longo fica bem em você, te deixa com um ar mais misterioso, na verdade eu achava que você era bem diferente.
— Eu também achei que você era diferente, e que jamais estaria aqui sentada sozinha no meu pedacinho do céu e conversando comigo. — Ele riu.
— Desculpa roubar seu esconderijo.
— Tudo bem, desde que não dívida ele com seus amigos populares, caso isso aconteça, vou precisar te expulsar daqui. — Ele fez uma careta que a fez rir.
— Não vou contar pra eles daqui, se não eu não teria pra onde ir caso quisesse fugir deles novamente.
— E por que quer fugir deles? Quer dizer, é compreensível, mas você gosta deles né? - Ela riu e concordou com a cabeça.
— Eu meio que discuti com meu namorado hoje mais cedo, não estava afim de aguentar minhas amigas perguntando inúmeras coisas sobre.
— Compreensível. Mas você tá bem? — ele a encarava, tentando procurar respostas no rosto dela.
— Agora acho que sim, foi bom ter vindo aqui. — Ela sorriu.
— Desculpa ter atrapalhado seu momento de paz.
— Tudo bem, é bom conversar com alguém que não fale sobre as mesmas coisas sempre.
— Quando precisar, sabe onde me encontrar. — sorriu abrindo os braços.
— Vou me lembrar disso. — Ela sorriu. Ao fundo, foi possível ouvir o sinal anunciando mais uma vez a retomada as aulas. — Acho melhor a gente ir. — Ela disse se levantando.
— É sim. — sorriu e se levantou também.
— Te vejo por aí . — Ela acenou sorrindo.
— Até mais . — sorriu e acenou de volta.
O barulho da campainha interrompeu uma discussão que já vinha se arrastando a meia hora sobre a fase de um vídeo game que não conseguia ser concluída. Estavam todos na garagem da casa de Robert, jogados em pufes e um sofá surrado depois de um bom tempo ensaiando novas músicas. foi o encarregado de se levantar e ir buscar a pizza com a desculpa de "você é o que está mais perto da porta", ele tentou refutar o argumento, mas a fome falou mais alto o fazendo ir sem muito reclamar.
A Corroded Coffin havia sido fundada por e seu amigo Matt quando ainda estavam no ensino fundamental. A formação tinha mudado um pouco desde então, mas continuavam tocando o que amavam e se propuseram a tocar desde o início: metal.
Não demorou mais de vinte minutos para que a pizza sumisse e eles voltassem a conversar sobre coisas aleatórias. estava rindo das piadas que faziam com Matt por ele ser um tanto quanto ruim no vídeo game quando seu celular vibrou avisando uma nova notificação. Ao tirar do bolso, estranhou em ver uma solicitação de mensagem de .
"Olha só, você ainda toca, bom saber! (:"
A mensagem tinha sido enviada em resposta a uma foto postada mais cedo, onde mostrava sua guitarra e um comentário sobre o ensaio. Ele sorriu vendo a mensagem e respondeu.
"Me stalkeando, ?"
Voltou a guardar o celular tentando não pensar demais sobre o porquê daquilo.
O relógio em seu pulso já marcava 00:30 quando finalmente se deitou em sua cama após um demorado banho. Vagou um tempo pelas redes sociais, mas nada de conseguir dormir.
Caminhou até a janela a abrindo e acendeu um cigarro. Era tarde demais pro seu tio poder subir até seu quarto e lhe encher de sermões sobre como cigarros são prejudiciais à saúde.
A brisa gelada da madrugada invadiu o quarto fazendo os cabelos longos de ficarem ainda mais rebeldes, os pensamentos longe nem o fizeram perceber quando outra corrente de vento passou pelo seu peito descoberto devido à ausência de uma camisa o fazendo se arrepiar.
Olhou mais uma vez a tela do celular na esperança de algum sinal, odiava admitir, mas ele estava à espera de alguma outra mensagem de , que não responderam mais nada além daquela mensagem vinda do nada.
Era ridículo ele estar a espera de uma mensagem dessa forma, e justo da , que tinha muito mais coisas com as quais se preocupar. Ao fim de seu cigarro os pensamentos estavam um pouco mais calmos e vagando por outro território. Precisava fazer alguma coisa com essa carência, estava começando a imaginar e pensar demais.
[...]
A primeira aula daquele dia seria biologia, ele também não gostava dessa matéria, mas também não a detestava tanto assim.
— E aí Harrington. — Cumprimentou assim se se sentou ao lado de seu colega de laboratório, Steve Harrington.
— Bom dia, . — Steve o encarou.
— Que foi? — o encarou de volta.
— Você chegando em um horário aceitável sem que algum professor te chute para dentro da sala… isso é estranho. — Steve franziu a testa, segurando o riso apenas pra irritar .
— Vai se foder, Steve — os dois deram risada.
— Mas é sério, você foi abduzido ou algo assim?
— Infelizmente ainda não, aqueles babacas não querem mais voltar pra me buscar. Então só estou tentando me disfarçar e conseguir essa porra de diploma terráqueo pra sumir dessa cidade.
— Agora sim está parecendo com você mesmo. — Steve deu dois tapinhas compreensivos no ombro de que o respondeu com um dedo do meio.
Logo o professor entrou na sala despejando uma enxurrada de informações como de costume. Por incrível que pareça, estava prestando atenção nessa aula, apenas se recusava a anotar todas as palavras que eram ditas pelo professor, coisa que Harrington fazia por ele.
Os dois haviam sido juntados no ano anterior por este mesmo professor como dupla de laboratório. No início eles não se deram muito bem, já que Steve era um pouco mais popular com a galera da escola do que que era só o esquisitão nerd. Mas ao contrário do que todos esperavam, e Steve se deram muito bem e acabaram ficando amigos, Steve já até tinha ido em alguns shows de , não porque ele gostava de Metal, longe disso, mas ele acreditava no potencial do amigo como guitarrista.
O sinal anunciou o final do primeiro período de aulas e os corredores já estavam barulhentos quando eles saíram da sala de aula.
— Ah, , festa sábado lá na minha casa, você e os caras da banda estão convidados! — Steve disse colocando a mochila nas costas.
— Acho que passamos cara, sabe como é…
— Ah, qual é, , não podem ficar evitando a vida social por muito mais tempo! Vai ser legal, e eu prometo ficar de olho em vocês e não deixar os garotos maus encherem o saco de vocês. — Steve riu após o lançar o dedo do meio novamente.
— Vou falar com eles mas não prometo nada.
— Espero vocês lá! — Steve saiu andando antes que desse mais desculpas.
caminhou até a mesa onde seus outros amigos já se encontravam próximos ao refeitório. podia ser meio esquisito, mas pelo menos não era o esquisito solitário no refeitório.
Após comentar com os outros garotos sobre a festa na casa de Harrington, decidiram que talvez seria uma boa ideia ir, assim poderiam conhecer mais pessoas e quem sabe conseguir uma chance de tocar na próxima festa caso tivesse uma.
O segundo período passou mais rápido, finalmente estava livre da escola, porém infelizmente ele teria que trabalhar naquele dia. De terça a sexta, trabalhava no cinema da cidade, emprego este que conseguirá graças a ajudinha de Steve que também trabalhava lá.
Não era o melhor emprego do mundo, mas pagava razoavelmente bem e permitia com que comprasse suas coisas e ainda conseguisse imprimir alguns folhetos da banda pra divulgar pela cidade.
Pegou o colete no banco de trás da kombi e o colocou a caminho da entrada do cinema. Seu almoço naquele dia foi um belo pacote de pipoca que sobrou da sessão anterior. Comia sua pipoca enquanto Steve varria o hall de entrada.
— Harrington, ficou faltando ali olha. — apontou um lugar que Steve tinha acabado de varrer e jogou uma pipoca nele.
— Vai se foder, ! Se não vai ajudar, também não atrapalhe! — ele falou sério, ajeitando o topete sempre impecável.
— Sim senhor, senhor. — bateu continência segurando o riso, Steve apenas balançou a cabeça e riu baixo.
Uma barulheira do lado de fora anunciava que o público para a próxima sessão estava chegando. guardou seu saquinho de pipoca debaixo do balcão e prendeu os cabelos em um coque mal feito.
Assim que olhou para a porta, reconheceu os uniformes verde e laranja, eram os babacas do time de basquete da escola. Ótimo, agora seu dia acabava de ficar muito melhor, ironicamente é claro.
Mais ao final do bando estava ela, de mãos dadas com Jason Carter, o casal clichê de capitão do time de basquete com a capitã das líderes de torcida. revirou os olhos e respirou fundo antes do primeiro babaca se aproximar para fazer seu pedido e algum comentário zombando de .
Após atender todos, ele finalmente pode voltar ao seu almoço e pensar o quanto detestava aquelas pessoas. não havia falado com ele, é claro, apenas um aceno discreto, caso alguém percebesse que ela pudesse ter algum tipo de contato com , o mundo popular e perfeito dela poderia ser questionado.
Depois de muito esforço para se manter simpático e atender milhares de pessoas naquele dia, finalmente poderia ir para a sua casa e ficar com a única coisa que ele gostava nesse mundo, sua guitarra.
Seu tio não estava em casa, havia deixado um bilhete na geladeira: "sai com alguns amigos, não precisa me esperar acordado". Não que ele realmente fosse esperar acordado, mas seu tio era um cara legal, dava o máximo de espaço possível para , o que ele retribuía. Até o avisava quando fosse sair e quanto tempo demoraria as vezes.
Fez um macarrão instantâneo para comer, sua alimentação era realmente péssima, mas se tentasse cozinhar algo que não fosse isso, as chances da noite acabar com um caminhão de bombeiros na frente de casa eram bem grande.
Após comer e tomar um bom banho, se deitou com o cigarro entre os lábios e a guitarra nos braços. O amplificador estava bem baixo para que apenas ele ouvisse as notas que dedilhada, a mente vagando longe por qualquer assunto que conseguisse pensar.
Após alguns minutos, ou até mesmo horas naquilo, o sono finalmente começou a aparecer. voltou sua guitarra em seu suporte na parede, apagou as luzes e não demorou muito para que pegasse no sono.
Finalmente era sábado, o que significava paz e um dia sem obrigações tediosas como escola e trabalho. havia acordado tarde naquele dia, seu tio estava trabalhando, então não tinha tempo para lhe encher por ainda estar na cama. Aproveitou o tempo livre para dar uma geral em sua van que não era lavada há um bom tempo. Estava longe de ser um carro apresentável, mas cumpria os requisitos necessários. Os bancos traseiros haviam sido removidos, no lugar havia um grande espaço vazio que servia para carregar os instrumentos quando eles tinham alguma apresentação marcada. Não acontecia sempre, mas o importante era ser positivo, certo?
O telefone de tocou incansavelmente, interrompendo as músicas que saíam pelas caixas de som da van. Ao olhar o visor percebeu que era Matt e o atendeu.
— Fala, insuportável. — falou enquanto se encostava na van com o telefone ao ouvido.
— Sempre muito simpático, né, ? O que você está fazendo? — conseguia imaginar Matt revirando os olhos como sempre fazia.
— Arrumando a van, o que precisa?
— Ensaio hoje às 14:00, aqui em casa, vê se não se atrasa! — Ele desligou antes mesmo que pudesse responder. Típico do Matt.
aproveitou que ainda faltava um tempo para o ensaio e decidiu ir almoçar na lanchonete perto do cinema, que não costumava estar muito lotada nesse horário.
Assim que terminou seu sanduíche, ficou andando pela rua, olhando algumas vitrines e foi até o cinema, e lá estava Steve debruçado no balcão.
— Acorda, Harrington! — disse batendo no balcão, o que fez Steve dar um pulo, pois estava distraído com algo no celular.
— Seu filho da puta! — Steve reclamou ajeitando o cabelo.
— Já estava com saudade de mim aqui, não estava? Fala sério! — Ele riu e debruçou no balcão.
— Estava tranquilo sem você enchendo o saco, isso sim. Aliás, o que você está fazendo aqui no seu dia de folga?
— Vim almoçar na lanchonete e estou dando um tempo até o horário do ensaio da banda.
— Legal cara, vocês têm algum show marcado já?
— Ainda não, mas estamos correndo atrás disso. Devia contratar a gente pra tocar na sua festa hoje, Harrington.
— Acredito no potencial de vocês, mas, infelizmente, eu tenho uma mínima reputação a manter naquele colégio, cara. — Os dois deram risada.
— Você é um otário, Harrington. Sorte que ainda é legal e me arrumou esse emprego, então não posso te xingar mais.
— Você me ama, , eu sei disso. — Steve ria enquanto limpava o balcão. — Te vejo hoje lá na festa?
— Acho que sim. Até mais, Steve. — disse já saindo pela porta. Acendeu um cigarro e caminhou até seu carro.
[...]
O céu já estava escurecendo quando entrou em sua casa. Seu tio estava deitado no sofá assistindo a um jogo de Baseball na tv. O cumprimentou e foi direto para seu quarto. Haviam ensaiado por horas naquele dia, seus dedos estavam todos doloridos por causa das cordas da guitarra, mas valia a pena.
Se jogou em sua cama e ficou um tempo rolando pelas redes sociais, um post o chamou atenção, uma garota sorria com os pompons verde e laranja para o alto, era de . se lembrou de ter ouvido algo sobre ser dia de jogo do time de basquete da escola, mas ele não se importava, detestava todos daquele time, e dos outros também.
Após tomar um longo banho, colocou uma calça rasgada, uma camiseta do Metallica preta cortada pela metade e uma jaqueta de couro por cima. Alguns colares e seu coturno preto deixavam o look mais apropriado para uma festa, se fosse um dia comum, apenas um all star seria bom. Ele não costumava ir a muitas festas, mas sabia como se misturar às vezes.
Passou na casa de Matt e seguiram os dois para a festa na van de . Matt estava mais animado do que o comum, falando mil palavras por minuto. Ele havia combinado de encontrar a garota da qual ele estava afim na festa. Apesar de ter apenas um ano a mais que Matt, era como seu irmão mais velho, estava sempre o aconchegando e conversando sobre a vida.
A casa de Steve tinha gente saindo até pelas janelas a hora que estacionaram, pessoas espalhadas pelo jardim davam a entender que estava completamente lotada por dentro.
Pessoas com uniformes do time de basquete e animadoras de torcida andavam pra lá e pra cá, alguns deles organizavam uma fila para encher os copos ao lado do barril de cerveja.
Assim que conseguiu encher seu copo, atravessou a casa tentando desviar do máximo de pessoas possíveis até finalmente conseguir chegar na parte de trás onde havia uma piscina que por incrível que pareça, ainda estava vazia, o que indicava que a festa não havia começado a tanto tempo assim.
Geralmente, quanto mais as pessoas já estão bêbadas, mais cheia fica a piscina. Matt já havia sumido de seu campo de visão, próximo a piscina encontrou Robert, seu outro colega de banda, então decidiu ficar por lá conversando com mais umas pessoas.
Depois de um bom tempo conversando e fumando, finalmente viu Steve caminhando em sua direção para cumprimentá-lo. Apenas um oi e já saiu andar pela festa, Harrington era um bom anfitrião, nunca conhecia metade das pessoas que apareciam, mas sempre as tratava muito bem.
Robert já tinha ido embora com outros amigos, estava sentado em uma espreguiçadeira mais distante da piscina, observando as pessoas dançando e conversando. Era engraçado ver como as pessoas aproveitavam esses momentos, algumas só queriam se divertir com os amigos e conversar, outras aproveitavam para encher a cara e provavelmente não se lembrarão de nada na manhã seguinte. Um tempo depois, avistou Matt com uma garota de cabelos curtos e pretos indo para um canto ao lado da casa, rio sozinho sabendo que provavelmente voltaria sozinho pra casa aquela noite. Matt tinha planos.
Já era madrugada quando decidiu ir embora, mais uma vez, atravessou o mar de pessoas espalhadas pela casa de Steve até chegar à porta de entrada. O encontrou sentado na escadinha da varanda que ligava o jardim com a entrada da casa, Steve estava sentado ao lado de uma garota de rabo de cavalo e uniforme da torcida. Achou ser alguma das ficantes de Harrington mas ao se aproximar mais viu ser , ela parecia triste e limpava o rosto nas mangas da blusa de frio.
— Steve, eu vou indo… — disse mais para anunciar sua presença. — Está tudo bem? — Seus olhos agora estavam em que parecia disfarçar.
— Está sim… ela não está muito legal, estava conversando com ela pra levá-la pra casa, você poderia fazer isso pra mim, ? — Steve o olhou quase implorando, os meses de dividir balcão com Harrington no cinema havia lhes dado a habilidade de se entender apenas por olhares, eram desses momentos em que palavras eram dispensadas.
— Claro, se estiver tudo bem pra você, . Só me dizer onde mora.
— Tudo bem, eu posso ir sozinha… — ela disse, já se levantando.
— De jeito nenhum, , já está tarde demais pra te deixar andar sozinha por aí, e o Harrington tem uma casa cheia de gente pra tomar conta. Eu te levo, não me custa nada. — disse dando de ombros.
— Tudo bem então, eu estou meio bêbada, não ia conseguir chegar muito longe. — Ela riu baixo e caminhou até .
— Cuida bem dela em, , e sem gracinhas, eu saberei! Me avise quando chegar, ! — Steve e seu instinto materno. apenas o respondeu dando o dedo do meio, enquanto caminhava até sua van.
Ele abriu a porta da van e a ajudou a entrar, não era bem o tipo de carro que ela estava acostumada a andar, deu a volta e entrou dando a partida logo em seguida. Ligou o rádio para que o silêncio não tomasse conta do veículo e deixou em alguma estação de rádio aleatória em volume baixo.
— Tenta não reparar a bagunça, tá? Essa lata velha não costuma receber visitas. — disse a fazendo rir.
— Não fala assim, poxa, é um carro legal! Tem personalidade, igual o dono. — Ela sorriu se encostando no banco, parecia estar um pouco mais à vontade.
— Obrigado, eu acho. — Ele riu. — Você está bem?
— Ah… Estou sim, só estava meio cansada, acho que bebi mais do que eu devia, e brigas não ajudam nisso…
— Com certeza não… — ele a olhou assim que parou em um sinal vermelho, o semblante de voltara a ficar triste. — Bom, não vamos falar disso… você está com fome? Quer comer algo? Ajuda um pouco com a ressaca.
— Não seria uma má ideia… mas a essa hora, será que tem alguma coisa aberta?
— Fast Food sempre está aí para nos amparar, minha cara! — Ele riu dando a volta no quarteirão mudando a direção do caminho.
Passaram em um drive-thru e fez questão de pagar, isso não impediu de reclamar por um bom tempo, ela só parou quando ele aceitou que ela pagasse em um outro momento.
Ele estacionou a van no estacionamento vazio do restaurante que tinham pegado os lanches, já tinha o dela em mãos, ajeitava as coisas pelo banco e painel para ficar meramente parecido com uma refeição em uma lanchonete. Pelo para-brisa era possível ver as estrelas brilhantes no céu escuro da madrugada.
— Esse lanche está mesmo muito bom ou eu só estava com muita fome? — Ela pergunta com a boca meio cheia ainda.
— Não está ruim, mas acho que sua fome deixou ele melhor. — Ele riu e pegou uma batata frita levando um tapa na mão de .
— Tira as mãos das minhas batatas, !
— Ei, era pra gente dividir!
— Mudei de ideia — Ela deu de ombros segurando o riso.
— Sabia que no fundo você tinha um lado cruel, . — ele olhava pra ela com os olhos cerrados a fazendo rir.
— Você é dramático demais, e eu não sou cruel! — Ela fez um biquinho, o que o fez sorrir. Terminaram de comer em silêncio, sendo acompanhados apenas pelo rádio que tocava músicas aleatórias.
— Por que sua van não tem todos os bancos? — perguntou virada para a parte de trás da van, onde havia um grande espaço vago.
— É para carregar os instrumentos da banda caso a gente tenha algum show.
— Verdade, a banda! Vocês fazem muitos shows? Acho que nunca vi um.
— Claro que não. — Ele riu meio sem graça. — Não somos muito populares, e os lugares que tocamos está longe de ser um lugar aceitável pra você frequentar. — Ele riu.
— Assim você me faz pensar que vocês tocam em uns estabelecimentos clandestinos onde pessoas que vendem mercadorias ilegais fazem suas transações.
— Ok, isso seria muito mais legal. — ele riu e ela o acompanhou. — São apenas bares bem pequenos que uma galera que curte rock frequenta, geralmente motoqueiros são os caras mais perigosos que passam por lá.
— Então não é tão ruim assim! Vocês têm algum show marcado?
— Temos um no próximo final de semana, nada demais. — deu de ombros.
— Que legal, ! E eu poderia ir ver vocês tocar? — Ela perguntou, sentando meio de lado e virada para olhar ele.
— Que? — Ele a olhou meio assustado. — Acho que você está realmente meio bêbada, . — Ele riu.
— É tão impossível assim você me imaginar num show da sua banda, ? Você acha que eu sou uma patricinha mimada, não acha? Eu sei que acha.
— Não insuportável igual aquelas de filmes, mas você nem deve curtir o tipo de música que a gente toca.
— Eu decidirei isso, ! Me mande depois por mensagem o lugar, data e horário, eu vou e depois eu decido se gosto da sua banda ou não. E pare de me julgar assim, eu sou mais do que só um rostinho bonito, está bem?
— Sim, senhora. — bateu continência fazendo-a rir. — Vou parar de te julgar, então me impressione, , e não na parte de piruetas e acrobacias porque eu já te vi fazendo suas coisas de líder de torcida e devo dizer que me impressionou bastante, você é boa nisso. — Ele disse meio sem graça o que a fez rir.
— Viu só! Sem julgamento, apenas nos conhecendo de verdade e comendo uns sanduíches bons. — Ela sorriu e estendeu a mão para ele, apertou sua mão selando um acordo não propriamente dito. — Sabe o que seria bom agora? Um milkshake de morango… — Ela o olhou com um sorriso parecendo uma criança pedindo por doce.
— Quem te vê magrinha desse jeito não imagina que você gosta tanto de fast food assim. — ele riu. — Mas como dissemos, sem julgamentos, e vamos lá pegar seu milkshake de morango. — Ele sorriu e deu a volta pelo estacionamento voltando ao drive-thru.
Os dois pegaram seus milkshakes e seguiram conversando até a casa de .
— Bom, chegamos senhorita, , sã e salva. — sorriu.
— Obrigada pela carona, , e pelo banquete luxuoso. — eles riram. — Te vejo pela escola na segunda.
— Nós vemos segunda, e não esquece de tomar uma aspirina, vai me agradecer quando acordar com uma ressaca mais fraca amanhã.
— Obrigada pela dica! — Ela sorriu e desceu da van. — Até mais, .
— Até mais, . — acenou e esperou para que ela entrasse em casa antes dele dar a partida e ir para sua casa.
foi direto para casa, seu tio havia lhe deixado um bilhete avisando que havia saído e não voltaria naquela noite. Então tomou um banho e se jogou na cama, já era bem tarde, tinha sido um longo dia e ele estava louco para dormir. Foi tirado de seus devaneios com o vibrar do celular anunciando uma nova mensagem. Era uma notificação do Instagram, mensagem da . Ele abriu e lá havia um número de telefone seguido da mensagem: "aguardo as informações para o fim de semana!"
Ele riu sozinho lembrando da conversa que tiveram mais cedo, salvou o número em sua agenda e enviou uma mensagem.
"Mandarei informações em breve, pronta para virar nossa primeira fã? — ."
Não esperou por uma resposta, afinal, ela provavelmente já estava dormindo, e ele deveria fazer o mesmo. Deixou seu celular próximo ao travesseiro e deixou que o sono tomasse conta de sua mente.
e Jason haviam chegado na festa a uma hora e já estavam brigando, ela estava cansada disso, qualquer coisa avisava uma discussão.
Ele queria que ela ficasse com ele, que só queria ficar sentado com os amigos bebendo cerveja e falando sobre esportes e mulheres, ela queria ficar com as amigas cheerleaders, conversando sobre a vida ou apenas dançando, um comportamento comum para festas.
— Eu não vou te obrigar a ficar aqui, . Se quiser bem, se não quiser some daqui, vai lá ficar com suas amigas. — Jason disse já sem paciência.
— Você é um babaca! — Ela saiu sem pensar duas vezes indo pra junto das amigas, virou o resto do conteúdo que se encontrava em seu copo o enchendo novamente.
Estava cansada de sofrer por Jason sendo um babaca com ela, cansada de ser tratada como lixo. Ela só queria estar com alguém que a respeitasse e não impusesse suas vontades sobre ela, e nesse momento, as únicas pessoas possíveis de fazer isso, eram suas amigas.
A música soava alta e o álcool começava a fazer efeito em seu organismo, enquanto dançava com as amigas Jason era uma sombra distante em sua mente. Era bom se sentir livre e leve.
Muitos copos de bebida depois e muitas músicas dançadas, finalmente se sentou um pouco para descansar. Gostava de estar com as amigas, principalmente quando estavam longe da escola e todo aquele drama colegial.
Mas uma coisa não estava muito bem, era sua cabeça. Tudo parecia rodar, levantar dali e andar parecia uma tarefa muito difícil. Talvez o álcool tivesse feito efeito demais.
Sentiu uma mão em seu ombro e virou rápido para ver quem era, o que não foi a melhor das ideias. Era Steve Harrington, tinham aula de sociologia juntos, não eram muito próximos, mas o bastante para se cumprimentarem pelos corredores.
— Você está bem ? Está mais pálida que o normal. — Ele a olhava com um ar de preocupação.
— Oi Harrington, vou ficar, só bebi um pouco demais. — Ela riu.
— Tem certeza? Posso chamar o Jason pra te levar pra cas…
— Não por favor, não chame ele. — Ela o interrompeu. — A gente meio que brigou, não quero falar com ele agora, não assim.
— Tudo bem então. Eu vejo se consigo te levar para casa, vai ser meio difícil tirar meu carro da garagem, mas eu tento.
— Relaxa Steve, não quero te dar trabalho, eu vejo se alguém pode me levar depois.
Um pouco depois ouviu alguns passos se aproximando, temia que fosse Jason, se ele a visse naquele estado tudo poderia ser pior.
— Steve, eu vou indo… — Para sua felicidade, era apenas . — Está tudo bem? — Seus olhos agora estavam nela que tentava disfarçar.
— Está sim… ela não está muito legal, estava conversando com ela pra levá-la pra casa, você poderia fazer isso pra mim, ? — Steve disse antes que ela pudesse dizer algo, olhou dele para , confusa, eles pareciam ignorar sua presença.
— Claro, se estiver tudo bem pra você , só me dizer onde mora.
— Tudo bem, eu posso ir sozinha… — ela disse já se levantando.
— De jeito nenhum, , já está tarde demais pra te deixar andar sozinha por aí, e o Harrington tem uma casa cheia de gente pra tomar conta, eu te levo, não me custa nada. — disse dando de ombros.
— Tudo bem então, eu estou meio bêbada, não ia conseguir chegar muito longe. — Ela riu baixo e caminhou até .
— Cuida bem dela em, , e sem gracinhas, eu saberei! Me avise quando chegar, ! — ela apenas acenou e agradeceu por estar indo embora daquele lugar, antes que visse a cara de Jason novamente.
A van de estava um pouco bagunçada, mas, de fato, era um carro cheio de personalidade. Baquetas espalhadas no painel, HQs no porta luvas que já não tinha mais uma porta para fechá-lo, muitos adesivos de bandas das quais muitas ela nunca havia ouvido falar.
— Você está bem?
— Ah… estou sim, só estava meio cansada, acho que bebi mais do que eu devia, e brigas não ajudam nisso…
— Com certeza não… — ele a olhou, mas não disse nada. Era bom ter alguém por perto que não insistia em falar sobre as coisas ou a julgasse por tudo. Os flashes da noite passaram em sua cabeça, as palavras rudes de Jason mais uma vez a machucando. — Bom, não vamos falar disso… você está com fome? Quer comer algo? Ajuda um pouco com a ressaca. — a tirou de seus pensamentos, o que ela agradeceu mentalmente.
— Não seria uma má ideia…, mas a essa hora, será que tem alguma coisa aberta?
— Fast Food sempre está aí para nos amparar, minha cara! — Ele riu dando a volta no quarteirão mudando a direção do caminho.
Após fazerem os pedidos, pararam no estacionamento para comer os lanches. Era tão bom estar com alguém de "fora da sua realidade" diária.
— Esse lanche está mesmo muito bom ou eu só estava com muita fome? — Ela pergunta com a boca ainda cheia. Se sentia confortável o bastante para poder agir assim.
— Não está ruim, mas acho que sua fome o deixou melhor. — Ele riu e pegou uma batata frita levando um tapa na mão de Chris. Erro de principiante, ela não gostava de dividir sua comida.
— Tira as mãos das minhas batatas, !
— Ei, era pra gente dividir!
— Mudei de ideia — Ela deu de ombros segurando o riso.
— Sabia que no fundo você tinha um lado cruel, . — Ele a olhava com os olhos cerrados a fazendo rir.
— Você é dramático demais, e eu não sou cruel! — Ela fez um biquinho o que o fez sorrir. Terminaram de comer em silêncio, sendo acompanhados apenas pelo rádio que tocava músicas aleatórias.
— Por que sua van não têm todos os bancos? — perguntou virada para a parte de trás da van onde havia um grande espaço vago.
— É para carregar os instrumentos da banda caso a gente tenha algum show.
— Verdade, a banda! Vocês fazem muitos shows? Acho que nunca vi um.
— Claro que não. — Ele riu meio sem graça. — Não somos muito populares, e os lugares que tocamos está longe de ser um lugar aceitável para você frequentar. — Ele riu, iam começar os pré-julgamentos.
— Assim você me faz pensar que vocês tocam em uns estabelecimentos clandestinos onde pessoas que vendem mercadorias ilegais fazem suas transações. — Ela apenas ignorou os pensamentos ruins e seguiu a conversa com um tom mais leve.
— Ok, isso seria muito mais legal. — Ele riu e ela o acompanhou. — São apenas bares bem pequenos que uma galera que curte rock frequenta, geralmente motoqueiros são os caras mais perigosos que passam por lá. — Era incrível como parecia ser de um mundo completamente diferente do dela, o que não era completamente mentira.
— Então não é tão ruim assim! Vocês têm algum show marcado?
— Temos um no próximo final de semana, nada demais. — deu de ombros.
— Que legal, ! E eu poderia ir ver vocês tocar? — Ela perguntou sentando meio de lado virada para olhar ele, estava realmente interessada naquilo, gostava de , ele parecia um cara legal.
— Que? — Ele a olhou meio assustado. — Acho que você está realmente meio bêbada . — Ele riu, revirou os olhos e apenas o ignorou.
— É tão impossível assim você me imaginar num show da sua banda, ? Você acha que eu sou uma patricinha mimada não acha? Eu sei que acha.
— Não insuportável igual aquelas de filmes, mas você nem deve curtir o tipo de música que a gente toca. — Ele não está a completamente errado, mas todos podemos mudar, e apoiar um amigo no que ele faz nunca é demais.
— Eu decidirei isso, ! Me mande depois por mensagem o lugar, data e horário, eu vou e depois eu decido se gosto da sua banda ou não, e pare de me julgar assim, eu sou mais do que só um rostinho bonito, está bem?
— Sim senhora. — bateu continência fazendo ela rir. — Vou parar de te julgar, então me impressione , e não na parte de piruetas e acrobacias porque eu já te vi fazendo suas coisas de líder de torcida e devo dizer que me impressionou bastante, você é boa nisso. — Ele disse meio sem graça o que a fez rir. Não achava que alguém fora do time de basquete pudesse notar esse tipo de coisa fútil.
— Viu só! Sem julgamento, apenas nos conhecendo de verdade e comendo uns sanduíches bons. — Ela sorriu e estendeu a mão para ele, apertou sua mão selando um acordo não propriamente dito. — Sabe o que seria bom agora? Um milkshake de morango… — Ela o olhou com um sorriso parecendo uma criança pedindo por doce.
— Quem te vê magrinha desse jeito não imagina que você gosta tanto de fast food assim. — ele riu. — Mas como dissemos, sem julgamentos, e vamos lá pegar seu milkshake de morango. — Ele sorriu e deu a volta pelo estacionamento voltando ao drive-thru.
não conhecia tão bem assim, mas o pouco tempo que passou com ele, pode perceber que ele era uma pessoa muito legal, era fácil conversar com ele, era fácil estar ao lado dele. Era diferente de como era com Jason e seus amigos, que ela sempre precisava se preocupar com o que dizia ou fazia porque sabia que seria julgada de alguma forma, ou até mesmo repreendida por não ser algo totalmente aceitável para os populares do colégio.
Depois de tomarem os milkshakes, a levou direto para a casa. Ela pode perceber a van indo embora apenas depois que ela trancou a porta, era atencioso e legal, estava feliz por ter podido passar mais tempo com ele. E ele estava certo, o lanche e o açúcar do milkshake haviam ajudado com a confusão que o álcool havia causado.
Se jogou na cama após tomar um longo banho e viu uma ligação perdida de Jason. Revirou os olhos, não estava afim de retornar naquele momento, falaria com ele amanhã. Mas antes que pudesse respirar aliviada, o celular voltou a tocar, era ele novamente.
— Oi, Jason. — Ela atendeu já se sentindo mal novamente.
— Onde você está? Te procurei pela festa toda e não estou te encontrando.
— Eu já estou em casa, amanhã a gente se fala.
— Ei… desculpa por hoje mais cedo, eu fui um babaca, eu sei.
— Que bom que você sabe disso, Jason, agora precisa parar de agir dessa forma. — Eram sempre as mesmas desculpas, as mesmas conversinhas.
— Eu vou melhorar, eu prometo! — ela suspirou querendo que ele desligasse logo. — Estamos bem?
— Sim Jason, nos falamos amanhã. Boa noite.
— Boa noite, amor. Eu te amo. — Ela desligou antes que ele pudesse terminar a frase.
Demorou um pouco para pegar no sono, ficou pensando e repensando sobre os acontecimentos da noite e como seu relacionamento com Jason está complicado.
Lembrou que precisava mandar uma mensagem para . Assim que recebeu uma resposta sorriu e salvou seu número. Era bom ter um "mundo alternativo" para o qual fugir às vezes, talvez essa amizade desse certo.
estava inquieto naquela manhã e sem muita paciência, então decidiu fugir da última aula antes do intervalo, depois decidiria se iria embora ou daria mais uma chance pra ele mesmo.
Seguiu até as arquibancadas do campo de futebol, gostava de se esconder debaixo delas às vezes. Porém, o que não contava era que estava tendo aula no campo naquele período. Por sorte não havia nenhum professor lá monitorando no momento. Estava seguindo pra trás da arquibancada enquanto acendia seu cigarro quando ouviu alguém lhe chamando.
— Hey, ! — uma voz feminina chamou novamente, virou rápido para ver quem era, assustado por não reconhecer a voz. Era , com seu short bem curto e uma blusa justa, o cabelo no seu característico rabo de cavalo alto, ela conseguia ficar linda até mesmo durante a educação física.
— Hey, ! — ele sorriu e seguiu em direção a cerca, ela fez o mesmo. — Tudo bem?
— Tudo sim, você é dessa turma de educação física? Nunca te vi por aqui.
— Na verdade estou matando aula. — Ele deu de ombros e deu uma longa tragada em seu cigarro.
— Você é mesmo um péssimo exemplo, . — ela fingiu uma cara de decepção, o que o fez rir.
— Sabe como é, eu preciso manter minha reputação. — ele riu e ela o acompanhou.
— Enfim, senhor badboy, só queria agradecer por aquele dia… na festa. — ela parecia meio envergonhada, olhava para as mãos enquanto falava — Foi realmente muito legal por ter tomado conta de mim e me levado pra casa.
— Imagina, , não foi nada, já disse. Já cuidei de amigos em situações muito piores. — ele riu terminando o cigarro. jamais admitiria em voz alta, mas achava que esse ato que um dia achou tão detestável ficava bem quando era em .
— De qualquer forma, eu agradeço. — Ela sorriu. — E não pense que esqueci sobre aquele show, eu estou sóbria agora e ainda quero receber aquele convite. — Ele deu uma gargalhada e se debruçou na cerca baixa ficando mais próximo dela.
— Ah, é? Então parece que você está mesmo meio doidinha, não era apenas efeito do álcool. — ela fez uma cara de alguém que estava ofendida com o que ouviu e lhe deu um tapa no ombro, o que o fez rir mais ainda.
— Você está começando a me fazer querer desistir dessa ideia, do jeito que fala, vocês parecem ser horríveis.
— Olha… não somos horríveis, mas também não posso garantir que somos bons. — ele fez uma careta e ela riu.
— Você devia acreditar mais em você e na sua banda, . Se não fizer, ninguém vai. — ela piscou pra ele que sorriu sem jeito.
— Tudo bem, tudo bem, prometo que vou tentar. — ele sorriu.
— Muito bem então. — ela sorriu e os dois ficaram se encarando por um tempo, não sabiam o que falar um para o outro, mas não queria deixar a conversa acabar.
— Ei, , amor! — Uma voz chamou a atenção dos dois, quando olharam, era Jason vindo até eles.
— O que foi Jason?
— Eu acho que já vou ind…
— O que está fazendo aqui falando com esse esquisito? – Jason disse antes mesmo que pudesse terminar sua frase.
— Não te interessa, e ele não é esquisito, ele tem nome. — Ela disse cruzando os braços.
— De qualquer forma, eu já estava de saída. Tchau pra vocês, casal.
— Está fugindo porquê, ? Está com medinho?
— De um babaca como você? Não mesmo. — riu, debochado.
— Do que você me chamou? — Jason avançou em direção de e se colocou em sua frente.
— Para com isso, Jason, volta lá para os seus amigos chatos. Deixa o em paz!
— Não, Christine, ele precisa saber quem manda aqui e onde ele não deve se meter.
— Ah, qual é cara! Você não manda em nada a não ser no seu timinho de basquete idiota. Ela faz o que quiser, você não é dono dela. — estava mais próximo da grade agora.
— Chega vocês dois! Eu só estava conversando com ele, não era nada demais. Volta pra lá, Jason, e você, , vai pra sei lá onde você estava indo. — disse já perdendo a paciência.
— Te vejo depois, .
— Eu acho bom você ficar longe da minha garota, , ou eu vou te encher de porrada.
— Cala essa boca, Jason! — ouviu dizer enquanto saía dando o dedo do meio para Jason.
seguiu pra mesa isolada no início da mata próxima ao campo, onde encontrou a um tempo atrás. Ele não conseguia entender porque ela ainda perdia tempo com aquele babaca do Jason, ela definitivamente era legal demais pra ficar com alguém tão mesquinho.
decidiu ir embora para sua casa, sabia que aquele dia não seria produtivo, não conseguiria manter seu foco nas aulas. Ficou deitado em sua cama dedilhando melodias aleatórias em sua guitarra. Depois de um tempo ele ouviu seu celular apitar anunciando uma nova mensagem, o nome de apareceu na tela. Ao abrir, ele pode ler:
"Me desculpe pelo Jason, ele é um babaca 🙄".
Ele riu ao ler aquilo e respondeu imediatamente.
"Disso eu sempre soube, mas você merece coisa melhor que ele, embora isso não seja da minha conta."
A resposta não veio, ele tentou deixar tudo aquilo de lado e voltou para sua guitarra.
'S POV
Jason já estava passando dos limites, estava cada vez mais possessivo e ela cada vez mais cansada dele. Após a discussão com , Jason voltou para perto de seus amigos e tentou esquecer, mas tudo aquilo ficava se repetindo em sua mente. Logo após a aula de Educação física, voltou para a aula seguinte, não viu mais pelos corredores, foi então que decidiu mandar uma mensagem, estava se sentindo mal por ter feito ele passar por aquilo.
"Me desculpe pelo Jason, ele é um babaca 🙄".
Ela escreveu e enviou para , não demorou muito e uma resposta já estava aparecendo em sua tela.
"Disso eu sempre soube, mas você merece coisa melhor que ele, embora isso não seja da minha conta."
sorriu, não era o primeiro a lhe dizer isso, mas porque parecia que dessa vez tinha um peso diferente pra ela?
Tentou seguir seu dia sem pensar em todo o caos que ocorreu naquele período, mas era impossível com as palavras de ecoando em sua mente. Talvez ela realmente ficaria melhor sem Jason por perto.
'S POV
estava apoiado no balcão com um livro em sua frente, enquanto Steve limpava a bagunça que o início de uma nova sessão deixara pelo salão. Por menos público que passasse por lá, a bagunça era sempre a mesma. Um tempo depois Matt entrou pela porta um pouco apressado.
— O que é isso, Matthew, viu um fantasma? — Steve disse assim que o garoto chegou ao balcão.
— Conseguimos, temos um show para o próximo fim de semana! — O garoto disse sorridente, olhando para que comemorou.
— Finalmente, cara!! Como aconteceu isso? Foi naquele lugar que a gente estava de olho?
— Sim, cara! Naquele barzinho do lado rico da cidade, sei que não é o lugar mais metal que a gente poderia tocar, mas já é alguma coisa, não vão pagar muito, mas vão pagar! — o garoto dizia mais rápido do que o normal, tamanha euforia.
— Vão nos pagar? Caralho, isso é demais!! — e Matt pulavam e comemoravam, Steve apenas ria dos dois parecendo crianças.
— Amigos ganham entrada vip? Afinal, já faz tempo que eu acompanho a barulheira de vocês! — Steve disse encostando no balcão.
— Você é mesmo insuportável, Harrington. — rolou os olhos. — Mas podemos dar uma entrada pra você, já que está sempre dando uma força pra gente.
— Precisamos ensaiar mais essa semana, cara. Todos os dias depois que sair daqui, lá na casa do Robert, não esquece! E o show está marcado para às dez horas de sábado! Agora, preciso voltar pro serviço ou meu chefe me mata. — Matt acenou e saiu correndo, sumindo tão rápido quanto apareceu.
— Cara, isso é muito legal, vocês merecem! — Steve deu um tapinha no ombro de , ele estava sempre encorajando eles, mesmo que não fosse seu tipo de música favorito.
— Valeu, Harrington. Você vai levar alguma das suas amiguinhas?
— Talvez, por quê a pergunta? — Steve cruzou os braços olhando para .
— Nada, só curiosidade… — Ele tentou desconversar, mas Steve continuou o encarando. — Tá bom, tá bom… eu tava pensando em chamar uma pessoa, ela disse que queria ir a um show qualquer dia. — ele deu de ombros, tentando disfarçar.
— Hmmm, estaria romanticamente interessado em alguém?
— Você é mesmo um babaca. — rolou os olhos e abriu o livro que estava lendo antes.
— Tudo bem, não precisa me dizer. Mas sim, vou levar alguém só pra você poder se convencer a chamar essa pessoa, agora eu quero saber quem é!
— Caso ela apareça, você saberá.
O restante do dia de seguiu com Steve perturbando para saber quem era a pessoa, mas ele não disse, apenas enviou uma mensagem para .
"Chegou sua grande chance de ir a um show da Corroded Coffin! Nesse sábado, às 22, no Julian 's.
te vejo lá!"
Assim que saiu do serviço, foi direto para a casa de Robert, onde todos já estavam o esperando. O ensaio saiu melhor do que o normal, ter um show marcado dava um gás a mais para a banda, sem dúvidas.
'S POV
O treino das animadoras havia acabado de terminar, estava no estacionamento esperando Jason sair do vestiário, ele estava saindo de seu treino também. Ela enrolava a barra da saia em seu dedo, estava nervosa por não saber o que falar a Jason, mas sentia que era necessário. Levou um leve susto com o som de uma mensagem sendo recebida em seu celular, era de .
"Chegou sua grande chance de ir a um show da Corroded Coffin! Nesse sábado, às 22, no Julian 's.
te vejo lá!"
Ela sorriu, mas antes que pudesse pensar numa resposta, ouviu os caras saindo do vestiário e viu Jason vindo em sua direção. O sorriso aberto como sempre quando via ela, o que um dia já a fez se derreter por ele, hoje já não lhe afetava mais.
— Oi, gata. Não sabia que estaria me esperando. — ele sorriu e foi em direção a para lhe dar um selinho, mas ela virou o rosto fazendo o beijo pegar em sua bochecha. — O que foi?
— Precisamos conversar, Jason. — Ela disse séria e respirando fundo.
— Se for sobre hoje mais cedo, eu peço desculpas, mas é que aquele idiota do me tira do sério!
— É sempre assim com você, né, Jason? Nunca é culpa sua, pode fazer o que bem entender e depois vem pedindo desculpas e acha que tá tudo certo, eu tô cansada disso! — ela colocou pra fora tudo aquilo que estava entalado em sua garganta por meses.
— O que… O que você está querendo dizer? — Ele agora estava sério, as mãos fechadas em punhos.
— Eu cansei, Jason. Não dá mais pra mim. Eu não quero mais ser tratada como seu brinquedinho que você se desfaz quando quer e corre atrás quando dá vontade, eu cansei!
— É por causa dele, não é? Você está saindo com aquela aberração, ? Me traiu com aquele idiota? — Jason estava gritando, estava começando a ficar preocupada.
— Não, Jason! Não é por causa dele! É por sua causa! Você virou um completo babaca nesse último ano, eu já não te reconheço mais! Não é mais o cara por quem eu me apaixonei! — Ela falava alto também, talvez se mantendo no mesmo tom, ele entendesse.
— Você está terminando comigo? É isso?
— Está tão difícil de entender assim? Sim, Jason, eu estou terminando com você! — Ela tirou a aliança de namoro e entregou a ele. — E eu espero que você não me atormente mais, você não tem mais nada a ver comigo a partir de hoje. E eu posso fazer o que eu bem entender, estamos entendidos? — ela o encarava, ele nunca havia a visto tão irritada assim, já ele parecia apavorado, parecia ter finalmente entendido o que aquilo significava.
— , espera, a gente pode superar isso. Você não pode me deixar assim! — O tom dele era de súplica, parecia estar querendo forçar um choro, mas ele não era um bom ator.
— Não só posso como estou. Adeus, Jason. — segurou sua bolsa e caminhou rápido até o carro, sem olhar para trás. Assim que entrou e fechou a porta, pode sentir seu corpo relaxando no banco e um sorriso tomando seu rosto, um sentimento de alívio e liberdade tomava conta de seu corpo.
Dirigiu rápido para sua casa, ligou o rádio deixando tocar qualquer música e ignorava as ligações que Jason tentava fazer a cada minuto. Então se lembrou da mensagem que havia recebido um pouco antes de toda a discussão.
"Perfeito! Estarei lá, !"
Ela respondeu e sorriu, mudou de caminho e resolveu ir até a casa de sua amiga, queria contar a alguém tudo que havia acontecido.
estacionou em frente à casa de sua amiga, Sandy, e tocou a campainha, não demorou muito para que ela estivesse abrindo a porta.
— ? Achei que fosse sair com o Jason depois do treino. — Sandy a olhava com a sobrancelha arqueada.
— Nós terminamos… — mordia o lábio esperando a reação da amiga que a encarava de olhos arregalados e boca aberta.
— Vocês o que?? Vem, entra e me conta isso direito. — A garota a puxava pelo braço. — Ele terminou com você? Você tá bem? — ela perguntava enquanto as duas se sentavam no sofá.
— Não, amiga, EU terminei com ele! E, sim, eu estou um pouco perdida ainda, mas estou muito bem. — Ela sorria.
— EU NÃO ACREDITO!! FINALMENTE! — a amiga pulava e gritava, apenas dava risada. — O que aconteceu para você finalmente chutar a bunda daquele babaca?
— Sei lá, eu andei refletindo sobre as coisas que andavam acontecendo, a gente só tem brigado ultimamente. E desde aquele dia que saí da aula depois da gente brigar, eu andei muito chateada com ele. O Jason mudou muito, ele não é mais o cara pelo qual eu me apaixonei.
— Que bom que finalmente teve forças pra largar dele, amiga, não faz nem uma hora e você já parece mais leve! — Ela sorria e segurava a mão da amiga. — Você está bem? Ele não te machucou não, né?
— Não, eu nem deixei que ele tivesse tempo para isso. Só despejei tudo que eu tinha guardado no meu peito e sai andando. Ele me tratou como se fosse um brinquedinho dele hoje mais cedo, aquilo foi a gota d'água pra mim.
— Hoje? Que hora? O que ele fez? — as duas agora estavam sentadas uma de frente para a outra.
— Hoje na hora da nossa aula de educação física, eu tinha ido conversar com o , agradecer ele por ter me deixado em casa no dia da festa. A gente tava conversando de boa até que o Jason chegou e começou a ser um babaca e agir como se eu fosse propriedade dele e não pudesse conversar com ninguém além dele e aqueles amigos idiotas. — As cenas ainda ecoavam na cabeça de e ela podia sentir toda a raiva voltando.
— Espera aí… ? De onde ele saiu nessa história toda? Nem sabia que vocês se conheciam.
— Ah, a gente acabou se encontrando naquela mesinha que eu costumo fugir quando não quero ninguém me enchendo, sabe? No dia que eu e o Jason brigamos. Depois disso nos encontramos na festa, o Harrington pediu para ele me levar embora naquele dia, já que eu estava podre de bêbada, brigada com meu namorado e você estava sabe lá Deus onde. — Elas riram.
— Por essa não esperava! Mas o é legal? Ele parece um cara bem esquisito. — Sandy fez uma careta e riu.
— É tudo fachada, ele é um cara muito legal, bem diferente do que estamos acostumadas, mas bem legal. — Ela deu um sorriso largo e a amiga ficou a olhando desconfiada. — O que foi? Por que está me olhando assim?
— Esse sorriso aí… você está gostando do ?
— Eu? Não! Claro que não! Só acho ele legal, e é bom conversar com alguém que não faz parte desse pessoal do time e que nem faria qualquer coisa para ser amigo do Jason, muito pelo contrário.
— Ele tem alguma coisa a ver com essa sua decisão? A de largar o Jason? — pareceu pensar um pouco.
— Não diretamente. Eu já estava pensando nisso há um tempo, como disse, mas hoje ele falou algumas coisas que me fizeram acordar, sabe? Acho que ouvir de alguém que está de fora e mal conhece eu e o Jason como um casal. Até ele sabia que aquilo não era saudável, talvez tenha me dado forças pra finalmente encarar isso de frente.
— Uau! Me lembre de agradecer ao por finalmente libertar minha amiga depois. — As duas riram.
— Falando nisso… você poderá agradecer ele pessoalmente, no sábado! — sorriu.
— O que? Como assim? O que tem sábado? — Sandy parecia completamente confusa com todas as novas informações.
— Eu meio que me convidei, ou ele me convidou sei lá. — Ela riu, ficando um pouco corada. — Eu disse que queria ver um show da banda dele, e então hoje ele me convidou pro show que eles vão fazer sábado. Seria ótimo se você fosse comigo, assim eu não me sentiria tão deslocada sem conhecer ninguém.
— O tem uma banda? Meu deus, é muita informação para apenas alguns minutos. — Sandy massageava as têmporas exagerando como sempre, o que fez dar uma gargalhada. — O que ele toca?
— Parece que é algum tipo de rock pesado, não faço ideia, mas deve ser legal. A gente nunca fez nada do tipo, amiga!
— Ai, meu Deus… eu provavelmente vou me arrepender disso, mas tudo bem, nós vamos! — Ela disse rolando os olhos e a abraçou animada. — Mas só porque você finalmente largou o babaca do Jason e eu quero ver qual a desse aí.
— Sim, senhora, chefe. — As duas riram e continuaram conversando por um longo tempo.
O relógio já marcava sete da noite quando chegou em casa e foi recepcionada pelo seu irmão, Connor, que veio correndo até ela e a abraçando.
— E aí, baixinho? Como foi hoje na escola? — Ela sorriu e deixou sua mochila ao pé da escada, subiria com ela depois.
— Foi super legal! A professora de Educação Física ensinou a gente a jogar basquete e disse que eu fui bem! Acho que um dia eu até posso ser um jogador igual aqueles na tv! — ele dizia tudo muito rápido, claramente eufórico, não conseguia parar de sorrir.
— É claro que vai! Um dia você vai ser bem alto e vai conseguir fazer mais cesta que todos os meninos da sua idade, e depois vai jogar na faculdade e tudo mais, até chegar na tv!
— Você acha mesmo? — Ele perguntou a ela com os olhinhos brilhando, ela apenas assentiu com a cabeça. — E você ainda vai me chamar de baixinho?
— Claro que vou! Você vai ser sempre meu baixinho. — Ela deu um tapinha em sua cabeça deixando claro seu tamanho, o que o fez bufar e ela riu.
— Não fique enchendo a cabeça do seu irmão com essas bobeiras, . Sabe que isso é quase impossível de acontecer para alguém de Hawkins — Seu pai disse, sentado à ponta da mesa de jantar, sem levantar os olhos do jornal que estava lendo.
— Não é impossível, pai. Não se ele realmente quiser isso e treinar muito para chegar lá!
— Chega dessa besteira! A comida já está pronta, querida? — Ele perguntou se virando para a esposa.
— Está sim, querido, guarde este jornal. — Ela disse já colocando algumas panelas na mesa.
A família era uma família bem tradicional, era formada por uma mãe amorosa, um pai rabugento, um irmão mais novo de seis anos e ela, a mais velha que tentava ser a filha perfeita, mas nem sempre conseguia.
No geral eles se davam bem, embora odiasse quando o pai insistia em lhes dar choques de realidade como havia feito mais cedo. Ele não fora sempre assim, tem piorado conforme a idade vai passando, mas ela fazia o máximo que podia para deixar seu irmão sonhar e pensar que tudo era possível. Pelo menos até ele ficar mais velho e descobrir por si mesmo que a vida pode ser mais amarga do que parece.
Ajudou a mãe com a louça após o jantar e em seguida subiu para seu quarto. Colocou uma playlist aleatória para tocar não muito alto na caixinha de som e foi tomar seu banho. Não percebeu o quanto precisava daquilo até sentir a água morna cair pela sua pele, a tensão de todo o dia indo embora pelo ralo a permitindo finalmente relaxar de verdade.
Quase todo mundo pensava que era fácil ser ela, a garota perfeita com a vida perfeita, líder de torcida, namorada do capitão do time (agora ex-namorada), várias amigas e uma família bem estruturadas com pais que ainda se amavam. Ela não negava que, de fato, era muito privilegiada, mas manter essa aparência de menina estável que estava ao controle de tudo era mais difícil do que parecia. Após um longo banho, colocou seu pijama e se jogou na cama. Deu play em qualquer que fosse o episódio de Gilmore Girls e ficou um tempo rolando pelas redes.
Nos stories de Jason, uma foto sem camisa no espelho com a legenda "free now" já podia ser vista, ela revirou os olhos com o quão patético ele podia ser. Era incrível como agora as coisas boas de Jason já pareciam tão distantes que nem pertenciam a mesma pessoa. Alguns stories depois, um cara de cabelos longos aparecia tocando guitarra e acabava com ele dando o dedo do meio para a câmera rindo. Era , um vídeo repostado de outra conta, provavelmente um de seus amigos. Em seguida uma foto da guitarra e da bateria com a legenda "ensaiando para sábado" e no story seguinte um folheto sobre o show com uns desenhos meio assustadores, o que fez rir.
"Ok, estou começando a acreditar em você, isso parece assustador."
Ela respondeu ao story com o folheto e seguiu para as outras publicações de pessoas aleatórias. Não demorou muito para a resposta chegar.
"Eu te avisei , não sabe onde está se metendo haha
tá mais assustador do que o normal também porque foi eu que desenhei, e não sou bom nisso."
era mesmo cheio de surpresas. "Músico e agora desenhista? Você é realmente cheio de talentos . Aliás, ficou incrível mesmo sendo caveiras macabras haha" ela enviou e quando se deu conta, um sorriso bobo estava em seu rosto. A conversa com sempre fluía de forma leve, ela não se sentia pressionada a ser agradável ou se ele julgaria ela por ter um fio de cabelo fora do lugar, ou não mandar um emoji correto. Ela só precisava ser ela mesma e dizer o que pensava ou sentia, já era o bastante pra ele, e isso era bom. Os dois ficaram conversando com por um tempo até que pegou no sono.
estava no carro batendo a perna em um sinal de ansiedade que ele nem se quer percebia. Estava parado na porta da casa de Matt o esperando, já havia buzinado algumas vezes, mas estava começando a cogitar ir e largar o amigo para trás quando ele entrou afobado pela porta da van.
— Desculpa, cara, não estava achando a chave de casa. — ele disse com a respiração ainda ofegante e tirando os cabelos longos do rosto.
— Eu estava quase te deixando para trás, achei que já tivesse ido. — saiu com a van e aumentou um pouco o volume do rádio.
— Sabe se o resto do pessoal já está lá?
— Robert mandou mensagem dizendo que sim, só faltava a gente.
Havia finalmente chegado o dia do show da Corroded Coffin, isso explicava toda a inquietação de , não era o primeiro show da vida deles, mas definitivamente seria o primeiro em que ele veria na plateia, isso se ela não tivesse desistido da ideia.
Assim que chegaram, o restante da banda foi até a van ajudar a descarregar os instrumentos, o bar ainda estava completamente vazio, era cedo ainda, mas eles precisavam fazer a passagem de som e deixar tudo arrumado para a hora do show.
A banda parecia mais quieta que o normal, o que confirmava que todos estavam igualmente nervosos. Após todos os instrumentos montados e devidamente afinados, começaram a passar o som. A setlist era composta pelas músicas que eles mais gostavam de tocar e se divertiam com elas nos ensaios. Assim que foram passando o som, começaram a ganhar mais confiança, afinal, eles eram bons no que faziam, mesmo que ninguém reconhecesse isso, eles sabiam que eram.
Estavam na última música quando a porta do bar se abriu e todos voltaram a atenção pra ela, era Steve com um largo sorriso no rosto, sua jaqueta jeans e o topete mais alto que o normal.
— Cara, vocês estão cada vez melhores! Dava pra ouvir lá do estacionamento, a galera vai enlouquecer com o show de hoje! — Ele dizia enquanto cumprimentava todos com um soquinho.
— Valeu, cara, achei que não viria mais, não mandou mais mensagem. — disse tirando a franja dos olhos.
— Fiquei enrolado com umas coisas em casa, mas cheguei. Precisam de alguma coisa?
— Não, já terminamos, os caras vão buscar as namoradas agora, quer tomar uma cerveja? — disse tirando a guitarra dos ombros e colocando no suporte.
— Claro, vamos lá. — Steve e caminharam até o bar, pediram cervejas e saíram do lugar ficando de frente para o estacionamento. pediu para que Steve segurasse sua cerveja enquanto ele acendia um cigarro. — E você, , não convidou ninguém para vir no show hoje?
— Na verdade… eu convidei a . — disse tão rápido que Steve pensou ter ouvido errado.
— O que? A ? Por que? — Steve parecia confuso e com perguntas demais na cabeça.
— É, ela me disse naquele dia que eu a levei pra casa, depois da sua festa, que queria ver um show um dia, então eu a convidei hoje, mas é bem provável que ela nem venha. — Ele deu de ombros soltando a fumaça.
— Então a minha preguiça naquele dia serviu pra alguma coisa. — Steve riu e deu um gole em sua cerveja. — Vocês andam amiguinhos então?
— Ah, cara, não é bem amiguinhos, sei lá. — As bochechas de estavam mais vermelhas do que nunca, Steve estava se divertindo com aquilo. — A gente conversou algumas vezes, ela é bem legal, o que eu não esperava já que ela anda com um pessoal chato pra cacete.
— Ela é diferente daquele pessoal, a é gente boa, já fiz algumas aulas com ela.
— Acha que tem chances dela vir hoje? — encarou Steve que deu um sorriso largo.
— Você está gostando dela, ? — O sorriso de Steve aumentava cada vez mais conforme ficava mais vermelho e encolhido.
— Ah, ela é legal… sei lá, Steve, e para de rir assim. Está parecendo um maníaco, credo! — terminou o cigarro, apagando a bituca com o coturno.
— Então a resposta é sim. — Steve deu uma gargalhada. — Ela disse que viria?
— Sim.
— Então acho que ela vem, vou tentar encontrar ela antes do show começar para deixá-la com menos medo dos malucos que aparecem nesses shows de vocês. — Steve ria e continuava parecendo nervoso.
— Foi uma péssima ideia convidar ela, não foi? — fez uma careta, Steve sorriu e depositou a mão no ombro de .
— Não foi, . Vocês são incríveis, certeza que ela vai gostar. E depois que ver a pose de rockstar que você tem em cima de um palco, ela vai ficar caidinha por você. — Os dois riram.
— Você é um babaca mesmo, Harrington, mas obrigado.
[...]
Faltava dois minutos para começar o show, o lugar estava lotado, com gente de diferentes estilos e idades, era um misto de nervosismo com animação estar esperando para entrar no palco. Não demorou muito, um dos caras que trabalhavam no bar subiu no palco anunciando a banda, logo eles entraram ao som dos aplausos e gritos do público.
Ao longe, pôde ouvir alguém gritando seu nome, então olhou para a multidão enquanto colocava sua guitarra no ombro e viu Steve acenando com os braços feito um maluco. Assim que percebeu o olhar de nele, Steve apontou freneticamente para seu lado direito, e lá estava ela, sorridente e com os cabelos soltos, , ela estava mesmo no seu show. Ele acenou para ela que retribui. Ao ouvir a contagem das batidas na baqueta, o show tinha oficialmente começado, e ele precisava entregar tudo de si naquele palco, mais do que o normal. Hoje ele tinha a quem impressionar.
[...]
O show havia acabado e eles estavam do lado de fora do bar, haviam saído pela porta dos fundos, correndo, gritando, frenéticos. O show tinha sido incrível, a plateia estava igualmente animada e bem receptiva com a setlist, a sensação de dever incrivelmente cumprido dominava cada um deles.
Depois de alguns poucos minutos conversando e tentando se acalmar, as namoradas e amigos de alguns deles apareceram para os cumprimentar pelo show, aos poucos todos foram voltando para o bar. preferiu encostar na parede e acender um cigarro, seu coração ainda estava acelerado com toda a adrenalina daquele momento e um sorriso não saia de seu rosto. Durante todo o show pode ver dançando e curtindo, mesmo que não conhecesse nenhuma das músicas.
Quando já estava terminando o cigarro, a porta do bar se abriu o assustando, quando se virou, ali estava ela, estava linda, os cabelos soltos pelos ombros, uma camiseta larga preta e uma calça jeans claro meio rasgada, nos pés um all star branco.
— Aí está você rockstar. — Ela sorriu e o abraçou.
— Nem acredito que você veio. — ele a apertou um pouco, o cheiro dela era bom, suave e doce.
— Eu disse que viria! Vocês são incríveis, ! Pelo que tinha me falado, eu estava duvidando do potencial de vocês, mas nossa, isso foi incrível! — Ela parecia tão animada quanto ele, o que o fez abrir um sorriso largo.
— Como lhe disse, preferia que você mesma tirasse suas conclusões, minha opinião é duvidosa. — Eles riram.
— Mas e agora? O que vocês fazem depois do show?
— Bom, primeiro passo já foi finalizado. — ele aponta pro cigarro e joga fora a bituca. — Agora, geralmente a gente volta pro bar e bebe alguma coisa, conversa um pouco com a galera, essas coisas.
— Legal, vamos lá então, eu larguei a Sandy sozinha com o Harrisson, e eu não confio muito nele. — Ela riu e os dois voltaram para o bar.
Ao voltar para onde estava, puderam ver Steve e Sandy conversando animadamente, e trocaram um olhar e deram risada, eles haviam pensado a mesma coisa, era melhor deixar eles conversando. Foram até o balcão e pediram duas cervejas.
— Pelo jeito nossas companhias nos abandonaram. — disse apontando para os dois conversando.
— Eu acho que a Sandy sempre teve uma quedinha pelo Steve, só nunca teve uma boa oportunidade de se aproximar. Mas hoje, desde que a gente chegou, os dois estão de conversinha.
— Interessante… ele está mesmo precisando de uma namorada, só assim vai largar um pouco do meu pé. — disse fazendo careta o que fez dar uma gargalhada.
— Não sabia que vocês eram tão amigos assim.
— Pois é, a gente fez algumas aulas juntos, mas então eu arrumei um emprego no cinema e meu turno sempre cai junto com o do Steve. Então aconteceu o improvável, viramos amigos. — Os dois riram. — A gente meio que se completa sabe, o que eu tenho de quieto e estranho ele tem de padrão e sociável.
— Você não é tão estranho assim.
— Ah, qual é, , não precisa ser tão legal, eu sei que sou. — ele disse e ela revirou os olhos.
— Você pode até ser, até conversar com você e descobrir que é simpático e muito legal.
— Mas não é sempre assim não, com você foi porque você também é legal e simpática, e não me tratou como um maluco esquisito. — Eles riram.
— Justo, mas enfim, não quer ir curtir a noite com os seus amigos? — ela perguntou dando mais um gole em sua cerveja. apontou uma mesa do outro lado do lugar, o restante dos colegas de banda em uma mesa cheia de meninas, provavelmente uma para cada. — Você está perdendo as vantagens de ser um rockstar, , eu vou chamar a Sandy pra gente ir e deixar você aproveitar.
— Não, fica, não estou afim de ir pra lá, você é muito mais interessante do que aquelas meninas, com todo o respeito a elas e a você. — Ele riu meio sem graça, as bochechas já começando a corar, achou aquilo fofo e sorriu.
— Tem certeza? Não vou ficar brava com você se disser que sim. , pode ser sincero.
— Eu estou sendo. — Ele olhos nos olhos dela. — Prefiro ficar aqui conversando com você.
Os dois ficaram se encarando por um tempo sorrindo. gostava dos olhos de , transmitiam o quanto ele era gentil e legal. Foram tirados daquele momento quando Steve se aproximou rindo com Sandy ao seu lado.
— Ei, , o show hoje foi incrível! — Steve disse passando o braço pelo ombro de que revirou os olhos.
— Valeu, Harrington, você deve ser a Sandy, é um prazer. — sorriu pra a garota ao lado dele.
— O prazer é meu. — Ela sorriu. — Vocês foram mesmo ótimos, não é muito o meu tipo de música, mas confesso que não me incomodou por serem tão bons. — Ela riu.
— Sandy! — fez uma careta de repreensão para a amiga.
— Está tudo bem, eu sei que não faz o tipo de muita gente. — Ele deu de ombros.
— Nós vamos indo, vou levar a Sandy pra comer alguma coisa, tudo bem pra vocês? — Steve perguntou olhando de para .
— Tudo bem, você se importa de ter que pegar carona comigo, ? — perguntou se virando para a garota.
— Não, tudo bem. — Ela sorriu.
— Ótimo então, vamos indo. Até mais , te vejo amanhã, ! — Steve disse já saindo de mão dada com Sandy.
— Cuida bem dela, Harrington! — disse.
— Me manda mensagem quando chegar, amiga! — os dois acenaram e continuaram saindo. — Perdemos os amigos, é isso. — eles riram.
— Quer ir também?
— Pode ser.
— Vamos então, eles já guardaram os instrumentos, depois falo com esses babacas. — riu e começou a caminhar pelas pessoas.
— Espera, não me deixa pra trás não! — segurou a mão de para não se perder dele. A diferença de altura entre os dois fazia muita diferença na hora de cortar a multidão, poderia facilmente se perder ali.
Caminharam até a van e abriu a porta para ela. Dessa vez a van estava um pouco menos bagunçada, o perfume de misturado com o cheiro de cigarro estava presente lá, assim como em sua jaqueta.
— Direto pra casa, senhorita? — Ele perguntou tirando a jaqueta e colocando no canto do banco.
— Podemos passar tomar um sorvete antes? Estou te devendo um milkshake!
— Não está me devendo nada não, , já disse.
— Vamos logo, , deixa eu ser legal com você, poxa. — Ela fez um bico como uma criança pedindo um brinquedo para os pais, riu e revirou os olhos.
— Está bem, só porque você pediu com essa carinha de cachorro que caiu da mudança. — Os dois riram e saiu com a van caminhando para o drive thru mais próximo. fez os pedidos dessa vez.
— Podemos ir para algum lugar? Não quero voltar já para a casa. — Ela fez careta.
— Seus pais não vão me matar se chegar mais tarde, vão?
— Não, no máximo minha mãe vai reclamar um pouco, mas nada demais. — Ela deu de ombros.
— Tudo bem, para onde quer ir?
— O que acha do antigo Cinema Drive-in?
— Gosto de lá. — Ele sorriu. — Vamos então. — Colocou o milkshake nos porta copos e dirigiu até o local.
O antigo Drive-in era um estacionamento enorme, hoje em dia já não funcionava mais como um cinema, também não era uma região tão abandonada da cidade, graças a uma lanchonete 24 horas que tinha na rua em frente. As ruas ao redor sempre tinham algum movimento, o que não permitia que o lugar fosse perigoso demais para parar tarde da noite. estacionou e abriu os vidros da van, aumentou um pouco o volume do rádio e pegou seu milkshake.
— Se as músicas estiverem muito ruins, pode mudar de estação, tá? Sei que muita gente não gosta. — Ele riu meio sem graça.
— Tudo bem, , é melhor do que os eletrônicos que o pessoal do time e das cheerleaders gostam de ouvir. — Ela riu da careta que fez.
— É… falando nisso… O Jason não liga de você sair sozinha? — a encarava e percebeu algo mudar no semblante de .
— Ligava… Mas nós terminamos. — Ela deu um sorriso tristonho para .
— Eu sinto muito, , não foi por causa daquele dia não, né? Se quiser eu posso me desculpar com aquele babaca se for deixar você bem.
— Não, eu terminei com ele. — pareceu meio confuso, então ela continuou. — A gente já vinha mal há um bom tempo, brigávamos sempre, e desde a briga na festa do Steve não estávamos nos falando direito. — Ela deu de ombros.
— Eu sinto muito, e como você está com tudo isso? — Ele agora estava sentado meio de lado no bando, virado de frente para .
— Por incrível que pareça, eu estou bem. É bom poder ser livre sem alguém enchendo o saco sobre o que deve ou não fazer. — Ela riu. — O que você disse aquele dia para mim no campo, me ajudou muito com essa decisão. — Ela olhava para ele.
— Sério? Por que?
— Me fez perceber o que eu evitava enxergar. Você mal me conhece e conseguia ver o quanto meu relacionamento com o Jason era horrível, o que significava que estava mesmo de mal a pior, então eu pensei sobre e tomei a decisão.
— Fico feliz em ter te ajudado de alguma forma, ele é mesmo um babaca. Você merece alguém que te dê valor e te respeite por quem você é, e não por quem ele quer que você seja. — olhava com um sorriso no rosto, ele era sempre tão sincero com ela, não estava acostumada com isso.
— Obrigada, de verdade. — Ela sorriu e terminou de tomar o milkshake.
— Não precisa agradecer. — Ele sorriu e percebeu que a garota passava as mãos pelos braços. — Está com frio?
— Um pouquinho — ela riu — Esqueci minha jaqueta na casa da Sandy.
— Aqui, pode usar a minha. — entregou a jaqueta a que a vestiu.
— Obrigada, prometo que te devolvo quando chegar em casa. — Ela riu.
— Inclusive, acho melhor a gente ir, não quero que arrume problemas com seus pais. — Ela olhou a tela do celular para ver a hora.
— É, acho melhor a gente ir mesmo, está tarde já.
— Então vamos. — se ajeitou no banco e saiu com o carro.
O caminho pareceu mais curto do que na outra vez que o fez, eles foram conversando sobre coisas aleatórias.
— Entregue senhorita . — disse ao abrir a porta e a ajudar a descer da van.
— Muito obrigada senhor . — Ela riu. — Aqui sua jaque… — Antes que terminasse a frase colocou a mão em cima da de a impedindo de tirar a jaqueta dos ombros.
— Pode ficar, outro dia me devolve. Está frio, já te fiz chegar tarde, não quero que também fique doente. — Eles riram.
— Obrigada então, te mando uma mensagem pra te devolver depois.
— Ficarei esperando. — Ele sorriu e os dois ficaram um tempo se encarando, por incrível que pareça, aquilo não era desconfortável.
— Obrigada pela carona, pela noite no geral. — Ela sorriu.
— Eu que agradeço por ter ido no show, significou muito pra mim.
— Irei mais vezes, pode ter certeza. — Ela sorriu e ele assentiu com a cabeça. — Vou indo então. — se próximos e deu um abraço em que demorou alguns segundo para processar o ato e então a abraçar de volta. — Boa noite, . — Ela deu um beijo no rosto dele e sorriu.
— Boa noite, , se cuida. — Ele sorriu com as bochechas vermelhas.
Ela acenou e entrou na casa fazendo o máximo de silêncio que podia, ficou esperando parado ao lado da van até que viu uma luz no andar de cima se acender. Voltou ao carro e dirigiu para sua casa com a imagem de usando sua jaqueta muito maior que algo que ela usaria, presa na sua em sua mente.
Deitada em sua cama, demorou a dormir, a jaqueta de ao lado de sua cama permitindo que ela continuasse sentindo aquele perfume que a agradava tanto, mesmo misturado com o cheiro do cigarro que já não era um ato que ela achava tão detestável quanto antes, não em .