Missing Piece

Fer O.

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Sinopse: Tiffany tem uma vida tranquila, um emprego que ama e um casal de melhores amigos que não sabe o que faria sem eles. No amor, o assunto é bem diferente, ela odeia toda a cobrança e drama que envolve o assunto, e é por isso que acha divertido quando Josh a convida para ser sua namorada de mentirinha. Mas será que dessa vez, Tiffany irá conseguir ignorar seus sentimentos?

Prólogo

olhou mais uma vez para o vestido lilás que usava, passou as mãos em seu corpo e tentou sorrir confiante para a imagem que encarava no espelho. Sempre foi tão confiante em si mesma que algumas pessoas sentiam inveja do seu estilo de vida. Mas depois da última semana, ela começava a se questionar sobre o que sentia e o que estava fazendo com a sua vida.
Será que era isso mesmo que ela queria para si mesma?
Era certo estar naquele lugar?
Era certo estar com ele?
Seus olhos marejaram com as dúvidas que surgiam em sua mente, mas ela balançou a cabeça levemente, como se, assim, aqueles pensamentos sumissem, restando espaço apenas para as coisas boas que viveria naquela noite. Quando escutou as três batidas na porta e virou para encarar quem entrava no quarto, nem ao menos percebeu quando prendeu a respiração e suas mãos começaram a suar.
— Pronta? — Ele perguntou, passeando seus olhos por todo o corpo de , hipnotizado com tudo que via. Como se a visse pela primeira vez.
Dessa vez, o sorriso de chegou até seus olhos e ela deixou toda a sua insegurança no lugar de onde não deveria ter saído.


Capítulo 1

olhou mais uma vez para as fichas de seus pacientes, os olhos começando a arder e os indícios de uma possível dor de cabeça começava a aparecer, devido ao cansaço. O dia tinha sido longo, ela estava exausta, mas satisfeita com mais um dia de trabalho. Por fim, guardou suas coisas e ajeitou sua mesa. A foto com Jasmim em seu quinto aniversário a fez sorrir. Foi um ano maluco para o seu casal de melhores amigos, mas que rendeu boas memórias, e estava indo encontrá-los assim que saísse do consultório.
— Ei, já está de saída? — apareceu na porta de , apenas com cabeça para dentro da sala, receoso que ainda tivesse alguém. Ele sabia que o último paciente dela já havia saído há mais de meia hora.
— Sim, sim. — Ela prendeu os cabelos num coque malfeito e pegou sua bolsa, a jogando no ombro de qualquer jeito. — Estou atrasada, na verdade.
— Hum, algum encontro? — Ele tentou não soar grosseiro, fingindo desinteresse ao desviar os olhos para o celular. Mas, para sua sorte, estava ocupada tentando fechar sua sala, o empurrando para fora.
— Puff, faz tempo que não tenho tempo para isso. — Ela suspirou, cansada.
— Vamos, te dou uma carona. — Ele tirou a bolsa de seu ombro, o que a fez relaxar por alguns instantes.
— Na casa do Connor, fica fora do seu caminho. — Ela o olhou, enrugando a testa. — Espera aí, qual o motivo da gentileza?
— Nenhum. — Ele revirou os olhos, tentando disfarçar, o que fez estreitar os olhos, desconfiando ainda mais da situação.
! — Ela cruzou os braços, disposta a ficar o resto da noite à espera do que ele estava escondendo.
— Acho que você precisa de uma carona, . — a abraçou pelos ombros, guiando-a para o elevador. O caminho rápido até o subsolo do prédio, onde a enorme T-Cross de estava estacionada, foi o suficiente para perceber o quanto estava cansada. O banco de couro era confortável demais para ela recusar a gentileza de , por mais que ela ainda suspeitasse daquilo, e se submetesse a dose diária de humilhação dentro de um ônibus lotado.
Quando entrou no carro e se acomodou, sentiu seu celular vibrando dentro da bolsa. Connor havia enviado uma mensagem cancelando o jantar daquela noite, Jasmine não estava passando muito bem e ele estava a caminho do médico. Aquilo bastou para que ela o respondesse rapidamente, mas Connor conhecia bem demais, e tratou de deixá-la tranquila, insistindo para que ela fosse para casa.
— Droga. — Ela fez uma careta ao perceber que precisaria fazer uma volta maior até sua casa. — Connor cancelou o jantar, Jas não está muito bem. Pode me deixar na próxima esquina?
— Para quê? — a olhou de soslaio, confuso com a situação.
— Para ir para casa. — Ela explicou, como se fosse óbvio e foi quem não entendeu quando pegou o próximo retorno. — ?
, não vou te largar na próxima esquina só porque os planos da sua noite mudaram. — tinha um pequeno sorriso em seu rosto, não era nenhum esforço para ele estar na companhia de . Afinal, gostava até demais, mesmo que a loira ao seu lado nem sonhasse com isso.
— Você é um anjo, .
— Eu não teria tanta certeza. — Ele controlou o sorriso, pegando um envelope guardado no porta luvas do carro e entregando para a mulher.
— O que é isso? — não esperou resposta, abrindo o envelope muito bem decorado. As letras brilhosas e com um desenho delicado deixava o papel ainda mais bonito.
— Meu Deus, sua irmã vai casar? — Ela o olhou, espantada. — Que demais!
balançou a cabeça, não muito contente com aquela notícia. Agora, parecia ainda mais concentrado na estrada.
— O que foi? Não me diga que não está feliz.
— Estou, mas… — Ele se calou, fechando os olhos por segundos. Sabia que era maluquice, mas as palavras saíram de sua boca. — Gostaria que fosse comigo.
— É claro, adoro casamentos. — leu o convite com mais atenção. — Espera, vai ser em Londres? E daqui um mês.
— Sim. Na verdade, tem mais uma coisinha.
— O quê? — voltou toda a sua atenção para , o que o deixava ainda mais nervoso.
— Quero que vá como minha namorada.
— O QUÊ? — A mulher arregalou os olhos, surpresa com aquela sugestão. — Qual o segredo da sua família?
— Não tem segredo nenhum. Só preciso desse favor, eu não pediria a nenhuma outra pessoa.
e se conheciam há pouco mais de dois anos, depois de uma noite de muita tequila e sexo, eles não imaginavam que acabariam trabalhando no mesmo prédio, onde seus consultórios ficavam um de frente para o outro. Na época, tinha acabado de se mudar para Boston e era seu primeiro fim de semana na cidade quando conheceu em um bar no centro da cidade. Ao contrário da loira, não gostava de casos de uma noite só, mas percebeu que seria a melhor opção com , principalmente quando ambos se encontraram na segunda-feira seguinte e deram de cara um com o outro em seus respectivos consultórios. Teria sido cômico, se a situação não fosse constrangedora por si só, principalmente depois de simplesmente pegar suas roupas e ir embora antes mesmo de acordar. Embora a mulher sempre tentasse disfarçar muito bem o que aconteceu naquela época. Ela nunca conseguiu esquecer aquela noite, e foi por isso que ponderou a situação em que se encontrava naquele momento.
— Quais os benefícios disso?
— Vários. Você vai para Londres, vai ficar hospedada no chalé onde acontecerá o casamento, comer, beber, aproveitar um spa e, talvez, algumas mulheres eufóricas com toda a preparação de casamento. Tudo de graça.
— Ok. São vários benefícios mesmo. Uma mentirinha boba não faz mal nenhum.
— É, uma mentirinha boba.
— Hum, isso parece interessante. Acho que nunca enganei ninguém dessa forma. — Ela desviou o olhar, fingindo prestar atenção no trânsito.
— Desse jeito, parece que você está cometendo um crime.
— Bem, isso vai depender até que ponto essa mentira chegará.
— Eu vou fingir que não ouvi isso. Mas, então, , você aceita ser minha namorada de mentirinha?
— De anjo você não tem nada, . — balançou a cabeça, rindo. Gostando da ideia de viajar e aproveitar todos os benefícios de uma festa de casamento. O fato de já conhecer a irmã de só piorava sua situação. — Mas sim, eu aceito ser sua namorada de mentirinha.
Quando estacionou em frente ao prédio de , ela percebeu o que aquela carona significava. E se sentiu enganada por uma criança.
— Era isso, não é? — Os olhos de não brilhavam mais, e ficou confuso com sua reação.
— O motivo dessa gentileza toda. Eu caí como uma patinha.
— Não, eu faria a gentileza de qualquer forma. Mas obrigado por entrar nessa mentira comigo.
— É só por um fim de semana, certo?
— Sim, um fim de semana. — Ele repetiu, encarando os olhos confusos de . Ela estava com medo, ele sabia.
— Tudo bem, espero não me arrepender. — Ela pegou sua bolsa e deixou o convite no carro. — Boa noite, .
— Boa noite, namorada.


Capítulo 2

— E esse, o que você acha? — virou para Lana, mostrando um vestido longo na cor de um verde musgo, o que fez Dewson reprimir uma careta.
já havia bagunçado o seu armário inteiro à procura de um vestido que servisse para usar no casamento. Com sorte, tinha amigas que já tinham cumprido essa etapa da vida e alguns vestidos de sobra guardados. Porém, nada do que vestia parecia o suficiente para a ocasião em que estava prestes a ir.
— Ok, a sua cara diz tudo sobre esse. — A loira o tirou rapidamente do corpo, ficando apenas de calcinha e sutiã no meio do quarto.
— Não é isso, ele só não parece apropriado para a ocasião. — Lana tentava medir as palavras, mas elas eram amigas há tempo demais para saber quando uma estava mentindo para a outra.
— Sim, sei. E a sua cara de quem ia vomitar quando me viu com isso, era só por isso mesmo, né?! — balançou a cabeça, não acreditando em uma palavra sequer da amiga. Irritada com a situação, ela deitou na cama e fechou os olhos. — Eu não sei por que aceitei isso. É maluquice, não é?
— Por que aceitou isso? — Lana perguntou num tom de voz baixo, deitando ao seu lado na cama. Elas já haviam compartilhado algumas dezenas de segredos, e esteve ao lado de Lana quando ela decidiu enfrentar a gravidez sozinha. Eram melhores amigas desde a primeira vez que se viram, e não havia outra pessoa em quem confiasse mais. Que Connor não a escutasse naquele momento.
— Acho que é uma forma de me redimir sobre… — ela fechou os olhos, envergonhada com a atitude que tinha tomado na época. — sobre aquela noite.
— Ele te cobrou isso em algum momento? — Lana apoiou o rosto na mão, ficando com o cotovelo apoiado na cama. odiava que a analisassem, mas sabia que a amiga estava fazendo isso, mesmo que de uma forma discreta.
— Não, você conhece o . Ele é cavalheiro demais para cobrar qualquer coisa. — Ela suspirou, olhando para o teto. — Eu me senti culpada depois do que aconteceu, e achei que aceitando aquilo, seria uma forma de me desculpar.
— Ele sabe?
— Não, nunca contei. Fingir que nunca transamos sempre foi a opção mais fácil.
— Você sabe como isso acaba, não é? — Lana cutucou a amiga na cintura, a fazendo se encolher e começar a rir.
— Não, eu não dormi com o meu arqui-inimigo escondida. — mostrou a língua para Lana, num ato muito adulto de ser. — Ei, já sei! — deu um pulo da cama, assustando Lana que já estava distraída no celular.
— O que foi?
— O vestido. Já sei qual irei levar. — vasculhou mais um pouco o seu armário, tirando uma caixa do fundo dele. Dessa vez, Lana correu até a amiga, curiosa para saber mais sobre aquele vestido que ela nunca soube da existência.
— Desde quando você tem isso? — Lana olhou atenta, enquanto a amiga abria a caixa.
— Lembra quando fomos para Cape Cod no aniversário de cinco anos da Jas? Meus pais já tinham me avisado sobre isso, mas eu nunca quis, de fato, buscar. E, bem, a gente já estava na casa da praia, então eu acabei trazendo quando nós voltamos. Mas você e o Connor estavam em lua de mel e nem perceberam quando eu enfiei essa caixa no carro.
— Para de ser boba. — As bochechas de Lana ficaram rosadas. — Tira logo isso daí, quero ver.
atendeu ao pedido da amiga, tirando da caixa um vestido de alças finas, em tubo com abertura na lateral e na cor lilás. As duas olharam encantadas para a peça, mas parecia realmente satisfeita por ter aberto aquela caixa. Ela não imaginava que o vestido fosse ser tão lindo, principalmente quando o presente vinha de seus pais. Mas aquilo… aquilo foi surpreendente.
— Eu não queria estar na pele do Dr. quando te ver com esse vestido. Acho que é ele quem vai precisar de terapia depois disso.
— Meu Deus, você virou uma cópia do Connor. — bateu no braço da amiga, o que fez Lana se encolher e começar a rir. — Eu vou vesti-lo, espera aí.
— Sim, senhora!
ainda estava apenas de calcinha e sutiã, o que não era nenhum problema para Lana, já que elas já dividiram um apartamento antes. Considerando, também, que já pegou Connor e Lana na mesma cama, quando eles fingiam se odiar, ver a sua amiga seminua era o menor dos seus problemas. vestiu a peça de roupa que coube perfeitamente em seu corpo.
— Uau! Que grande gostosa.
— Não é exagerado, né? — Ela ajeitou a alça, olhando seu corpo no espelho do quarto. Gostando do que via.
— Por favor, ele é perfeito. Você precisa ir com ele.
— Eu vou! — sorriu, satisfeita e decidida que aquele era o vestido perfeito para o casamento.
— Por favor, deixe aqueles britânicos com inveja e finja que você não ouviu isso de mim.
— Você é tão malvada às vezes, credo.
Enquanto tirava o vestido do corpo, dobrando-o para colocar de volta na caixa, a campainha de seu apartamento tocou.
— Eu atendo. — Lana saiu correndo do quarto, deixando sozinha no cômodo. guardou a caixa de volta no armário, mas achou estranho quando a amiga não retornou para o quarto.
— Lana? — Ela gritou, mas não obteve resposta, então foi ver o que estava acontecendo — Lana? Eu espero que você e o Connor não estej-
— Oi. — estava parado no meio da sala de .
— Oi, cadê a Lana? — Ela enrugou a testa, confusa.
— Ela disse que tinha que ir, mas que eu podia entrar. Eu posso ir embora. — Ele parecia envergonhado.
— Não, tudo bem. Aconteceu alguma coisa?
— Não, na verdade, só passei para saber se você gostaria de sair para jantar. Se não tiver nenhum outro compromisso, é claro.
— Ah! — estalou a língua, surpresa com o convite. — Não tenho, eu gostaria sim. Vou pegar meu celular e podemos ir.
?
— Sim? — Ela se virou para novamente, antes que pudesse voltar para o seu quarto.
— Acho que seria melhor se você vestisse uma roupa. — arqueou a sobrancelha, tentando controlar uma risada. Só então, percebeu que usava apenas suas roupas íntimas.
— Céus! O universo parece estar de brincadeira comigo. — disse para si mesma, indo até seu quarto e querendo cavar um buraco para nunca mais sair de lá. Não sem antes enviar uma mensagem ameaçadora para sua melhor amiga.

[...]

— Então, onde estamos indo? — Os dois andavam pelas ruas, pouco movimentadas, de Boston. morava naquela cidade desde os seus seis anos de idade, mesmo que amasse passar as férias em Cape Cod, a capital tinha ganhado seu coração.
— Espero que goste de comida italiana. — abriu a porta do restaurante. Ainda um pouco chique para o gosto de , ao mesmo tempo em que exalava simplicidade sem esconder as origens de seus pratos.
— Sério, você anda me investigando, é? Eu amo comida italiana. — disse rindo, mas estava apaixonada pelo pequeno restaurante que ainda não conhecia. Isso era raro, visto que vivia, praticamente, a sua vida toda naquela cidade.
— Minha avó era italiana, então, eu posso dizer que tenho um bom motivo para gostar de massas. — explicou, sorrindo.
— Acho que é uma boa hora para me contar sobre a sua família, não? Afinal, quem vai estar no casamento que eu preciso impressionar?
— Você não vai precisar nem tentar impressionar, eles ficarão surpresos de qualquer forma.
— Sabe, nós temos uma certa intimidade, porque, bem, você sabe. — fingiu ajeitar o guardanapo na mesa, fugindo do olhar de . — Nós, também, mantemos uma relação de boa vizinhança, mas eu ainda não conheço o meu namorado . Então, , quem é você?
apoiou a mão no rosto, deixando o cotovelo na mesa e não se importando se aquilo pareceria falta de educação. Principalmente quando os olhos verdes de encontraram com os seus, e ele tinha um semblante calmo e intenso ao mesmo tempo. Apesar da pergunta, era como se já soubesse da resposta, ela só precisava ouvir da boca do homem mais gentil que já conheceu.
— Você quer uma boa história? — Ela balançou a cabeça, concordando.
não imaginava, mas aquele jantar e tudo que aconteceu durante a noite, regado a muitas histórias vergonhosas de seu passado e muito vinho, foi, apenas, o pontapé inicial para todas as mudanças que estavam prestes a acontecer em sua vida.

Continue...

Nota da autora: sem nota.