Oops, I Miss You

Fernanda Gonçalves

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Sinopse: Ele era o descontraído, ela a esforçada. Por um acaso do destino, acabaram se tornando melhores amigos, mas tudo poderia acabar de um jeito completamente diferente depois de uma noite de bebedeira.

Capítulo Único

Um som estridente foi o que acordou naquela manhã de domingo, seus olhos tentando se ajustar à claridade do quarto. Ela tornou a fechar os olhos e abafar o som, mas por mais que tentasse, o barulho não ia embora e parecia estar vindo de dentro de sua cabeça, tocando por incontáveis minutos até parar.
Lentamente, a garota abriu um olho e olhou em volta. Estava de volta em seu quarto, a luz do sol entrando por uma fresta em suas persianas na janela do lado oposto de sua cama e ela só queria estar morta. Sua cabeça latejava fortemente contra seu crânio, como se alguém tivesse derrubado uma bigorna ou batido nela até que a garota ficasse inconsciente.
Mais uma vez, o barulho irritante voltou e ela sentiu algo vibrando contra sua cabeça. Tentando entender o que estava acontecendo, ela enfiou a mão por baixo do travesseiro e encontrou o telefone tocando insistentemente nas palmas das mãos. teve a vaga ideia de jogá-lo do outro lado do cômodo, seu braço já trêmulo em antecipação. Não estava em condições de conversar com ninguém naquela hora do dia depois da noite que tivera.
Tem que ser a pior ressaca de todos os tempos, ela pensou consigo mesma enquanto tentava distinguir as letras em seu identificador de chamadas, sem sucesso. Seria impraticável tentar descobrir quem a incomodava naquele momento, então simplesmente rejeitou a ligação e desligou o telefone. Eu nunca mais vou beber de novo, acrescentou.
Era uma promessa vazia e estava bem ciente disso. A garota já havia perdido a conta de quantas vezes tinha dito isso apenas para beber loucamente no fim de semana seguinte.
Houve um movimento atrás dela, o som de seus lençóis sendo desarrumados por alguém chamando sua atenção. Provavelmente era apenas sua melhor amiga tentando ficar mais confortável durante o sono, em sua preguiça, tentando encontrar mais algumas horas de sono. meio que esperava ouvi-la gemer ao som do telefone tocando, mas ela devia estar morta para o mundo.
Com um suspiro, fechou os olhos mais uma vez e empurrou as cobertas sobre a cabeça para bloquear a luz do quarto. Ela ia passar o resto do dia na cama enquanto implorava a para pedir comida. Era um dia para ser preguiçoso e ficar curado, ela iria entender.
No entanto, as coisas foram ligeiramente diferentes, porque logo sentiu algo um pouco diferente no arranjo da cama. Primeiro de tudo, parecia estar tomando muito mais espaço do que ela normalmente fazia. Elas eram quase do mesmo tamanho e sempre havia uma lacuna entre as duas garotas, algo que parecia inexistente naquela manhã. A segunda coisa foi um braço musculoso sobre seu corpo, puxando-a para mais perto de seu dono e isso fez com que a garota petrificasse em seu lugar, o medo congelando suas veias enquanto ela tentava entender o que tinha acontecido na noite anterior.
Porque, obviamente, ela acabara dormindo com alguém e não era , sua melhor amiga.
….

Corpos suados dançavam espalhados pela pista de dança, a batida reverberando pelas paredes, os quadris balançando de um lado para o outro, as pessoas se embebedando por todo o deck, as luzes piscando enquanto o DJ tocava outra música, dessa vez com um grave mais poderoso ecoando ao redor do lugar, uma mudança óbvia na atmosfera, fazendo com que todos gritassem de emoção quando a música começou.
De onde ela estava, com os pés descalços em contato com o tecido macio do estofado do banco que ela fora designada, jogou a cabeça para trás, seus quadris já dançando por vontade própria, seguindo o novo ritmo, as palavras da música saindo de sua boca como se fossem sua própria criação. Em seu estado de embriaguez, ela podia sentir o som correndo em suas veias, seus olhos fechados intensificando a sensação e antes que ela percebesse, estava gritando a plenos pulmões as palavras da música, seus quadris balançando, timidamente a princípio.
Era assim que as coisas sempre começavam para ela. dizia não saber dançar, que era muito tímida para fazer isso na frente de qualquer pessoa, mas toda vez que saía com os amigos, acabava dando tudo o que tinha de si na pista de dança, sem se importar se alguém via ou não. Claro que sempre havia uma grande quantidade de álcool envolvida, mas ela não era o tipo de pessoa que bebia e esquecia de tudo; apenas deixava suas inibições de lado, secretamente dizendo "foda-se" para si mesma. Era divertido de assistir. Podia-se ver que ela estava se divertindo saindo de sua concha e atraindo olhares de alguns caras ao redor.
E é claro que não poderia ter sido diferente naquele dia. Era o aniversário dela, todos os seus amigos estavam presentes e ela até conseguiu uma seção VIP em sua balada favorita, sem mencionar uma garrafa de champanhe para celebrar. estava tendo o melhor momento de sua vida, dançando em cima do assento, sem preocupações no mundo com as mãos nos joelhos, a bunda empinada no ar, movendo-se de um lado para o outro quase em um jeito quebrado para quem via, mas ela estava em completo controle do que fazia, os movimentos afiados de seus quadris formando, ligeiramente, o que poderia ser notado como uma forma geométrica enquanto ela continuava cantando a música em voz alta.
podia ver, pelo olhar de seus amigos, que a maioria deles não tinha ideia do que a música estava dizendo ou que tipo de movimentos deveriam fazer e ela apenas deu de ombros, dizendo-lhes para fazer o que parecia natural. Não havia maneira correta de dançar funk. Você só tinha que sentir a batida e fazer os movimentos mais provocativos que conseguisse, era assim que ela fazia.
A brasileira sentiu um forte puxão em seus braços, seus movimentos parando imediatamente quando ela olhou para quem quer que a tivesse parado, a expressão de perplexidade que ela tinha suavizando assim que viu sua melhor amiga olhando para ela com o maior sorriso em seu rosto.
- Ele está aqui! - Ela ouviu através da música. Três pequenas palavras que deixaram seu coração frenético, esquecendo-se completamente de seguir a batida da música a um ritmo próprio, quase como se estivesse correndo contra seus olhos, que já tinham corrido para a entrada em busca de alguém.
tinha certeza de que ele não conseguiria aparecer, ela tinha certeza que ia passar outro aniversário sem ele, sem o cara que ela considerava seu melhor amigo. Era estranho, para ser honesto, que ele se tornasse alguém tão próximo dela. Eles tinham compartilhado uma aula boba no primeiro ano, fizeram um seminário sem importância juntos e ainda assim continuaram lado a lado, conversando durante o resto dos anos da faculdade. Sem mencionar quando ele se mudou para o mesmo prédio que o dela.
No final, aceitaram que eles estavam destinados a estar na vida um do outro; eles tinham muitas coisas em comum, sem mencionar como funcionavam perfeitamente juntos. E agora, cinco anos depois de se conhecerem, ela estava feliz por eles terem decidido isso.
Assim que seus olhos caíram em seu corpo, seu cabelo espetado, a infame camisa azul e calça cáqui que ele usava em todos os lugares - ela realmente achava que aquelas eram as únicas roupas que ele possuía e uma vez se ofereceu para ir às compras com o rapaz. Qual era o problema dele? - e aqueles quentes olhos cor de mel, ela sentiu um grito sair de sua boca, suas pernas empurrando-a através da massa de corpos suados, fazendo seu caminho para o homem que ela estava esperando.
- ! - gritou por causa do barulho, sua estrutura muito menor colidindo contra ele, seus braços circulando em torno de seu pescoço enquanto ela estava na ponta dos pés. - Você conseguiu! - Ela sorriu, seus olhos cravando fixamente nele enquanto o rapaz se recuperava da confusão que surgira nele quando sentiu alguém se chocar contra ele.
soltou uma risada alta, um sorriso em seus lábios enquanto ele a abraçava de volta, seus braços envolvendo-a com força em torno de sua cintura e levantando-a um pouco, os pés dela balançando levemente.
- Eu não perderia o aniversário da minha melhor amiga, qual é!
- Você perdeu o último, - ela olhou para ele severamente. Ele não iria tentar esse tipo de conversinha pra cima dela. Não no aniversário dela.
- Não é minha culpa que você tenha decidido ter seu aniversário quando o semestre está quase terminando, - defendeu-se ele.
- Não é minha culpa que você tenha dificuldades com suas notas. Você deveria estudar mais, .
Quem assistia a interação deles à distância, não veria realmente como a dinâmica deles funcionava. era o descontraído, fazendo tudo o que ele considerava possível para conseguir o que queria, mas nunca se estressando por isso, daí os momentos que ele precisava deixar sua melhor amiga para ficar e estudar para suas provas finais. Foi assim que ele trabalhou, empurrando as coisas até que ele não pudesse mais se afastar disso e era incrível como ele sempre acabou sendo o melhor de sua classe ou tendo a melhor oferta de emprego de todos os tempos. Do outro lado, havia : uma estudante esforçada que sempre tentava tirar o melhor proveito de seu tempo e das aulas. Talvez fosse o fato de que ela estava vivendo o que parecia ser sua única chance de ganhar na vida, como se ela pusesse um dedo para fora da linha e ela pudesse ser mandada de volta para casa e dizer adeus a sua tão sonhada graduação. Talvez ela se sentisse como se tivesse que se provar o tempo todo porque era de outro país; talvez ela sentisse que todo mundo a estava julgando, como se aquele não fosse o lugar dela. E ela precisasse provar que estavam errados.
Como aqueles dois acabaram próximos um do outro era um mistério, mas funcionava perfeitamente bem. Eles equilibravam a vida um do outro.
- Bem, eu estou aqui agora, - disse ele com um sorriso. - E em tempo de ver você fazendo o twerk, algo que eu nunca pensei que você faria.
revirou os olhos. Ela não podia acreditar que ele iria comparar seus movimentos afiados de quadril com algo tão simples e bobo como ... twerking. Ela havia passado horas e mais horas praticando seus movimentos, as posições de suas pernas, como seus quadris tinham que desviar de um lado para o outro em um movimento fluido com sua bunda empinada no ar.
- Nunca compare meu quadradinho com twerk, - ela gritou sobre a música, seus olhos rolando. Ela não ia ficar lá e ser ofendida assim. Ok, não era tanto assim e ela estava sendo um pouco dramática, mas a quantidade de álcool em seu sistema não estava ajudando muito.
riu dela e levantou as mãos em sinal de rendição, aceitando o que ela dissera. Ele não tinha ideia do que ela estava falando ou o que diabos era um quadradinho, mas ele aceitaria. Ela parecia estar se divertindo e isso era o suficiente para ele.
Depois disso, tudo parecia ser um borrão. Uma dose de tequila se transformou em quatro e ele ingeriu mais caipirinhas do que acharia saudável. Malditos brasileiros e sua necessidade de fazer algo tão doce e de bom gosto, fazendo você beber mais do que um com pressa, achando que não era muito forte. Quando sobe, sobe com tudo, pensou ele. Mas já era tarde demais. Ele já estava no meio dos corpos suados ocupando o espaço da seção VIP designada para , sua mente toda confusa, seus passos um pouco vacilantes, mas nunca parando de se mover ao ritmo da música.
E foi assim que as coisas desenrolaram a noite toda. Em algum momento, se virou, seus olhos vidrados tentando se concentrar em uma figura negra sentada bem na frente dela. Claro que era , ela pensou revirando os olhos internamente. Ela sabia que ele já tinha bebido mais do que deveria, mas ela não conseguia parar de sorrir do jeito que a cabeça dele girava, tentando manter um olho em tudo o que estava acontecendo ao seu redor. Eles sempre brincaram sobre visitar o Brasil juntos. Ela disse que mostraria a ele tudo que valesse a pena ver e não apenas o Rio e o que as pessoas achavam que era o Brasil.
Bem, aquela balada era algo que ele veria em um clube noturno no país latino: pessoas dançando, tendo o melhor momento de suas vidas, gritando as palavras para cada funk enquanto dançavam.
Ela não sabia quem tinha começado, mas quando percebeu, os dois estavam extremamente próximos um do outro, fora de seu assento, seu corpo elevando-se sobre o dela um pouco enquanto ele tentava manter seu rosto em uma expressão séria a observando dançar, suas costas se voltaram para ele enquanto ela balançava seus quadris, lentamente subindo e descendo, seus movimentos nunca vacilando.
Ele estava hipnotizado. Seus olhos não podiam desviar dos dela quando ela riu, suas mãos enlaçando ao redor de seu pescoço. Foi isso. Isso foi o que o fez perder todos os seus pensamentos sóbrios quando ela se virou, seu rosto se aproximando dele enquanto ela se esfregava contra ele, seu peito pressionando inteiramente ao dele, sua respiração batendo contra seu pescoço.
Era difícil ver onde parou e começou. Em algum lugar ao longo da música, eles se tornaram um.
….

Não. Não não. Não não não não não. Não poderia ser, certo? Isso foi apenas um erro de bêbado, ela só beijou e depois se afastou dele para encontrar outra pessoa. Um estranho alto e loiro, algo completamente diferente do moreno que ela chamava de melhor amigo. Porque essa era a coisa certa a se fazer. Ela não poderia ter voltado para casa com ele e dormido com ele.
respirou fundo e enfiou a cabeça pelas cobertas, quase com muito medo de se virar e ver quem estava atrás dela, roncando baixinho e completamente perdido para esse mundo. Ela tinha que fazer isso. Ela tinha que ter certeza que ela não tinha comprometido anos de amizade por causa de uma noite de bebedeira. E então, com um coração martelando e negligenciando completamente as batidas em sua cabeça, lentamente se virou, seu corpo deslocando-se rapidamente contra os lençóis enquanto ela tentava ver quem estava na cama com ela e a primeira coisa que notou foi um cabelo castanho contrastando com uma pele pálida.
E se não fosse o suficiente para enviar seu coração em um ritmo frenético, o rosto que seus olhos entraram em contato fez. Porque não havia como ela confundir aqueles longos cílios com aquela face ou com a constelação de pintinhas que pontilhavam aquele rosto bonito. Ela os observou atentamente mil vezes, tentando memorizar cada pedacinho de cor, como eles pareciam sob a luz natural, como eles contrastavam contra sua pele e como ela amava quando ele usava barba, mas odiava o fato de que escondia os pontos que havia aprendido a amar. Puramente platônico, isso é.
E foi em meio à percepção de que ela tinha dormido com seu melhor amigo, que ela não podia ignorar o fato de que ela gostava de ver assim, seu rosto livre de preocupações, seus olhos rolando de um lado para o outro por trás de suas pálpebras fechadas. Os roncos suaves que vinham dele, quase melódicos, a fazendo voltar a dormir, o modo como o peito dele subia e descia, o modo como a luz da manhã batia em sua pele quente, dando-lhe um novo tom. Ele parecia tão pacífico, tão inocente e puro que se viu olhando para ele, seu dedo coçando enquanto tentava não delinear o contorno de sua mandíbula.
Ela estava incrivelmente assustada com o que aconteceria quando ele acordasse, mas não conseguia parar de olhar para ele e admirar o homem ao seu lado. Ele era lindo; sua pele pálida parecia incrível contra a dela - um pouco mais bronzeada -, seus braços fortes, algo que ela tinha visto crescer ao longo dos anos, parecia tão seguro e suave que ela não podia deixar de se perguntar como era ser abraçada por eles. E ocorreu-lhe que ela provavelmente estava presa entre os mesmos braços na noite anterior e o que mais a assustou foi o fato de que ela não conseguia se lembrar disso.
Havia um pensamento persistente em sua mente, algo dizendo que ela estivera lá. Era quase uma lembrança, completamente turva e confusa, mas ela tinha a sensação de que tinha sido incrível. Pelo tempo que ela conheceu , ela falhou em descobrir algo em que ele não era bom. Ela ouvira falar de coisas sobre ele na cama, claro, depois de conversar com algumas garotas que estiveram na vida do amigo e alguns rumores que circulavam pelo campus. Se algum deles fosse verdade, ela deveria ter se sentido no céu.
Na completa quietude da manhã, onde nenhum som podia ser ouvido vindo da janela fechada que ela tinha em seu quarto, o som irritante que seu telefone vibrante causou a assustou mais uma vez, seus olhos rasgando-se da figura adormecida ao lado dela. Seu corpo quase saltou da cama e se afastou dele enquanto tentava alcançar o aparelho zumbindo para aquietá-lo apressadamente, antes que isso perturbasse de seu sono, mas já era tarde demais.
se mexeu ao lado da cama, abrindo e fechando os olhos rapidamente devido à claridade do quarto em que estava, com a cabeça gritando para ele enquanto tentava entender o que estava acontecendo. Ele podia sentir uma comoção acontecendo ao lado dele, alguém falando apressadamente em um telefone palavras que não era capaz de entender e o agitar do lençol. Onde diabos ele passara a noite?
Lentamente e com cuidado, ele abriu um olho que se encolheu levemente com a luz forte, suas mãos se abaixando para puxar o edredom para mais perto de seu queixo, de repente muito autoconsciente para o seu gosto.
A voz - era uma garota, disso ele tinha certeza - interrompeu a ligação e se virou, seus olhos finalmente encontrando os dele.
Dizer que a vida é cheia de surpresas é um eufemismo; você pode se preparar para muitas coisas, mas acordar, nu, em uma cama com sua melhor amiga quando você não consegue lembrar o que aconteceu na noite anterior, é algo que você nunca pode estar preparado e algo que nunca pode passar por sua mente. E era exatamente isso que estava acontecendo com naquela manhã de domingo.
Seus olhos se arregalaram de volta para a garota brasileira ao seu lado, o corpo pequeno dela se envolvendo no edredom que eles estavam compartilhando, suas pequenas mãos puxando as pontas do tecido tentando obter mais dele em torno de seu corpo enquanto ele podia apenas ficar sentado lá, chocado demais para dizer ou fazer qualquer coisa. Como eles poderiam se livrar dessa situação?
- Você … - ele começou, sua voz presa no fundo da garganta. Porra, como você inicia uma conversa? - Você se lembra de alguma coisa da noite passada?
olhou para ele sem expressão, a cabeça balançando de um lado para o outro, os olhos focados na parede atrás da cabeça dele. Era isso. A amizade perfeita fora reduzida a uma grande pilha de nada por causa de um erro bêbado. O que eles estavam pensando? Bem, eles não estavam.
- Você tem alguma ideia de como isso está errado? - Ela perguntou, sua voz quase um sussurro. Ela estava mortificada.
Talvez, para qualquer outra pessoa, aquilo pudesse parecer que eles estavam apenas sendo dramáticos, que não era grande coisa e que isso iria acontecer em algum momento, mas quando se tratava de amizades, não gostaria de ver a dela sendo arruinada, muito menos com o único cara que ela tinha em sua vida, a única pessoa com quem ela podia contar a qualquer momento. Claro que ela tinha outros amigos, por exemplo, mas era diferente. a conhecia há mais tempo, ele estava ciente de seus segredos mais profundos, ele podia lê-la como a palma da mão e tê-lo ali, na mesma cama que ela depois de uma noite de sexo, parecia que ela não podia olhar para ele sem querer morrer.
- Ok, não surte. - Ele começou, uma de suas mãos lentamente chegando para pegar as dela de uma forma suave. Se ele estivesse pensando direito, teria percebido que não era uma boa ideia, mas ele estava tentando confortar sua melhor amiga. - Eu sei que isso é estranho, mas vamos lá, . Somos apenas nós.
- Claro que estou surtando, ! - Sua mão escapou da dele, segurando o edredom mais perto dela. - Você é meu melhor amigo! Eu tenho o direito de surtar! Ai meu Deus, o que fizemos? - Ela divagou, seus olhos caindo no colo enquanto tentava pensar em uma maneira de sair da situação embaraçosa. - Eu preciso de uma aspirina, - murmurou, suas pernas encontrando o lado da cama, firmando sua descida enquanto ela segurava os lençóis em volta dela. - Não olhe!
Foi então que percebeu que ele não só estivera olhando para ela, mas também boquiaberto. Ele estava paralisado em um ponto acima do ombro dela, como a pele parecia tão tenra e macia, algo que ele gostaria de sentir novamente, refrescar sua memória, passar os dedos por ela até alcançar o ponto pulsante em seu pescoço. Ela era extremamente bonita, algo que ele não deixou de perceber em todos esses anos, mas tinha um significado diferente agora. Porque ele estava realmente vendo livre de todas as paredes que ela mantinha.
Algumas pessoas acordavam e resmungavam, rolavam para fora da cama e começavam o dia rolando os olhos, mas não . Apesar de ter um verdadeiro choque naquela manhã, podia ver que ela estava fazendo o melhor possível para deixar isso escapar de sua mente e não estragar seu dia. Ele a viu caminhando até a janela, a luz batendo em sua pele e adicionando um tom dourado a ela. O cabelo dela ondulava até o meio das costas, a luz do sol fazia com que ele parecesse mais claro do que realmente era. E continuou observando, quase com medo de dizer qualquer coisa, quase com muito medo de se mexer e fazê-la correr para longe dele. Ele assistiu como se fosse proibido, como se ele estivesse roubando vislumbres dela e armazenando em sua memória antes que fosse tarde demais.
Ela era linda e essa realidade o atingiu com força. Ele tinha fodido tudo.
….

Uma semana se passou. Uma semana inteira em que fizera o possível para evitar qualquer tipo de interação com ou qualquer conversa sobre o que acontecera. Ela sabia que era ridículo porque eles tinham que falar sobre isso em algum momento, mas a garota simplesmente não conseguia olhar para ele sem se sentir completamente mortificada.
Era um sentimento estranho, algo que ela nunca pensou que sentiria por ele, mas não podia se conter. tinha estado fora de si o suficiente para dormir com ele e isso não era algo que ela fazia. A pessoa mais sensata era ela, aquela que sempre pensava sobre as coisas e evitava todos os tipos de pensamentos malucos. Por que isso aconteceu e logo com ?
Não, ela não se sentiu repelida pela ideia de sexo com o rapaz, porque ele era incrível. Ele era lindo e tinha um corpo que ela poderia olhar por horas - algo que realmente fizera quando ele estava correndo pelo quarto e colocando suas roupas - mas também era seu melhor amigo. Ela sentiu repulsa pela ideia de se atirar para ele, completamente fora de seu estado normal, sua embriaguez fazendo-a agir como alguém que não era. Esse era o problema dela com toda a situação.
E, se as coisas já não estivessem difíceis o suficiente, ela tinha que lidar com em cima dela, perguntando coisas que ela queria esquecer, tentando fazê-la lembrar de coisas que estavam para sempre perdidas em sua memória, algo que a deixava feliz pela primeira vez em sua vida.
- Você sabe que está agindo de modo muito infantil, certo? - perguntou enquanto se movia ao redor da cozinha, as mãos segurando firmemente os pratos que ela colocava de volta no armário. As duas garotas tinham acabado de chegar de um dia longo e exaustivo no trabalho, prontas para encerrar a noite e pedir comida de qualquer restaurante. - Vocês dois dormiram juntos, e daí? Todo mundo faz isso.
revirou os olhos. Ela estava cansada de ter a mesma conversa, cansada de dizer tudo o que já havia dito, mas sua melhor amiga não desistiria. queria falar sobre o assunto o tempo todo, quase como se estivesse torcendo para que isso acontecesse novamente e em breve. A verdade era que ... sabia que sempre quis que eles ficassem juntos, sempre insinuou esse fato e sempre secretamente torceu para que isso acontecesse. A brasileira estava realmente surpresa que não havia gritado para o mundo todo ainda.
- Mas não é algo que eu faço, - ela suspirou. - Eu não quero arriscar tudo o que tenho com ele por causa de um erro, ok? Eu gosto dele, ele é meu melhor amigo e eu não quero perder isso porque estávamos muito bêbados para fazer a coisa certa.
Houve um silêncio prolongado na cozinha, o único som vindo da máquina de lavar louça trabalhando ao fundo e o som ocasional da cadeira raspando no chão enquanto se balançava para frente e para trás, tentando pensar em uma maneira de sair daquela conversa.
- Bem, vocês têm que conversar, - disse com um tom final, seus olhos revirando diante de como as coisas estavam sendo tratadas por dois adultos. Ela esperava que e fossem mais maduros sobre tudo isso, ela pensou que eles iriam olhar um para o outro, rir e seguir em frente com suas vidas. No fundo, ela pensou que poderia significar algo, que eles finalmente ficariam juntos. Era só uma questão de tempo. - Enquanto isso, você poderia lavar a roupa, - acrescentou com um sorriso nos lábios enquanto insinuava para a grande pilha de roupas sujas que haviam deixado de lado.
- Sim, eu vou fazer isso amanhã, - revirou os olhos. Sim, era a vez dela. Não, ela não perderia a noite fazendo algo que odiava.
- Mas você tem que fazer isso hoje, - pressionou com as mãos firmemente agarrando as mãos da menina e puxando-a para cima. - Eu tenho uma reunião amanhã de manhã e quero usar a calça preta que te emprestei segunda-feira. Então você tem que fazer isso agora.
Havia algo de estranho nisso tudo, pensou enquanto passava pela lavanderia, separando as roupas que ia lavar primeiro. Primeiro porque não seria tão inflexível em fazê-la lavar as roupas, segundo porque o dia seguinte seria um sábado, e não trabalhava aos sábados, e terceiro porque ela sabia que não gostava de ficar sozinha naquele lugar. Tudo era sombrio e misterioso. O som do encanamento sempre conseguia assustá-la, não importava quantas vezes ela estivesse naquele porão.
De qualquer maneira, a brasileira se viu sozinha no cômodo, rezando para que nada acontecesse enquanto ela colocava todas as roupas coloridas na máquina, internamente revirando os olhos com o quão tola ela estava sendo. Ela era adulta e não tinha tempo para medos irracionais. Resignada, ela balançou a cabeça, programou e ligou a máquina, ajustando os fones de ouvido que tocavam uma playlist enquanto esperava que o ciclo terminasse, sentada em uma cadeira com as pernas para cima, de costas para a porta.
Claro, se ela estivesse sentada de maneira diferente ou não estivesse usando os fones de ouvido para bloquear o som vindo do encanamento, teria notado que a porta havia se aberto e alguém tinha entrado na lavanderia com ela, seus passos não tão leves quando ele tropeçou em seus próprios pés devido à quantidade de coisas que estava carregando, bloqueando sua visão. Se estivesse prestando atenção, ela teria notado quando a figura foi até ela, soltou a cesta com roupas e detergente e olhou para ela, um sorriso nos lábios enquanto observava a menina cantando alegremente o que ela estava ouvindo, seus olhos fechados e sua cabeça jogada para trás, completamente perdida em um mundo que havia feito para ela mesma.
riu sozinho. Era uma coisa tão normal para ela, sentar-se e relaxar, ouvir sua playlist aleatória e esquecer todo o resto. Ela parecia tão relaxada e despreocupada, um sorriso brincando em seus lábios em movimento, as palavras escapando de sua boca ecoando pelo cômodo quase vazio, alcançando seus ouvidos e fazendo-o sorrir. Ele amava quando ela cantava; sua voz era melódica o suficiente para carregar uma música sozinha, seu tom causando algum tipo de efeito dentro dele. Seu coração, de alguma forma, se sentiu mais leve com a visão da garota a sua frente combinada com voz doce que saía da boca dela.
Ele sabia que ela estava tentando evitá-lo desde o fim de semana e não conseguia entender o porquê. Bem, ele podia, mas achava que era um pouco demais da parte dela fazer algo assim. Não foi algo totalmente grande e, apesar do fato de que ela pensava que poderia ser algo para arruinar a amizade que tinham, nenhum deles se lembrava do que acontecera de fato. Eles poderiam fingir que nunca fizeram nada e seguir em frente com suas vidas, sendo os melhores amigos que sempre foram, mas escolheu ignorá-lo e ele a deixou. Ele deu a ela o espaço que a garota achava que precisava. respeitava isso e naquele momento, enquanto seu cérebro gritava para ele se afastar da lavanderia e deixá-la sozinha, outra parte dele - ele não tinha certeza qual delas - estava dizendo para ele apenas caminhar até ela e questionar a garota sobre suas ações.
Poderia ser um pouco egoísta, ele pensou, mas não queria mais se separar dela. Ele sentia falta dela, do jeito que o sotaque dela soava em seus ouvidos quando dizia seu nome ou tentava falar alguma palavra que achava difícil de dizer. Ele sentia falta dela falando sobre a próxima Copa do Mundo, ele sentia falta dela tentando ensinar-lhe coisas do seu país. Ele sentia falta da sua melhor amiga. Então, calando seu cérebro e agindo em nome de seu coração, se virou lentamente para ela, suas mãos estendendo-se para agarrar os ombros da garota gentilmente e tirá-la de seu torpor.
O que se seguiu, porém, foi uma cacofonia de sons. A cadeira de metal raspando no chão, as pernas de batendo na lateral da máquina de lavar enquanto um grito estridente deixava sua boca, ecoando pelo cômodo quase vazio e provavelmente alcançando o primeiro andar do prédio. O coração dela martelava violentamente contra as costelas, a cabeça latejando e as veias se transformando em gelo. Era assim que ela ia morrer. Sozinha, lavando roupa enquanto ouvia algumas músicas mal escolhidas. Fantástico.
Com seu corpo tremendo da cabeça aos pés, ela abriu os olhos e lentamente olhou para trás, finalmente entrando em contato com o culpado de seu ataque cardíaco, vendo parado lá, olhos e boca bem abertos, sua pele já pálida ainda mais pálida e sua respiração irregular. No processo de ser assustada, ela conseguiu assustá-lo, quase fazendo o jovem ficar surdo.
- Filho da puta. - Ela gritou, suas mãos alcançando seu coração acelerado enquanto tentava acalmá-lo, com a cabeça inclinada para baixo, a mão livre apoiada contra a testa. - Filho da puta.
ficou olhando para ela, os olhos ainda abertos, mas sua boca se transformou em um sorriso.
- Você tem pulmões, hein?
Ela olhou para ele querendo ser capaz de assassinar o homem. sabia muito bem que não gostava de estar naquele lugar sozinha e a assustou? Ok, talvez ele não quisesse fazer isso, mas o que se poderia esperar quando se esgueira atrás de alguém com fones de ouvido?
Com seu coração se acalmando, mas ainda batendo muito rápido para o seu gosto, ela se abaixou e jogou algumas roupas dele contra o rapaz, revirando os olhos enquanto ele ria dela. Ela o odiava. Ela realmente o odiava.
só conseguia rir.
- O que você está fazendo aqui?
olhou dele para a máquina de lavar, de volta para ele e cruzou os braços sobre o peito. Era uma pergunta óbvia e ela não podia acreditar que ele havia perguntado.
- Lavando a roupa. - Limitou-se a dizer. - Esta é a lavanderia, certo?
certamente sentira falta dos modos sarcásticos da amiga. O jeito que ela olhava para ele sempre que ele fazia uma pergunta idiota, seus olhos lutando para não rolar, seus lábios puxados em uma carranca e como suas narinas pareciam inflar quando sua expressão irritada aparecia em seu rosto.
- Eu quis dizer A, você não lava a roupa em dias de semana e B. - Ele parou de andar mais perto dela, o sorriso ainda em seus lábios. - Você odeia estar aqui sozinha.
A garota não podia negar isso. Ele a conhecia como a palma de sua mão. sabia cada pequena coisa que estava na mente dela, antes mesmo que ela soubesse por si mesma, e isso era o que ela mais detestava naquela amizade. Porque ela não queria nada mais do que apenas revirar os olhos para ele e ignorá-lo pelo resto de sua vida, mas desde que ele sabia que ela estava fazendo isso, não deixaria que isso acontecesse.
- Bem, senhor sabe-tudo. - Ela começou, suas pernas levantando-a da cadeira e levando-a para o lado da máquina, seu corpo inclinado sobre ela enquanto seus cotovelos pressionavam contra a tampa. - Para sua informação, eu precisava fazer isso hoje. tem uma reunião amanhã e ela me emprestou uma calça, então estou lavando agora.
- Você tem certeza?
piscou algumas vezes. O que ele quis dizer que ela tinha certeza? Claro que ela tinha. Tinha acabado de conversar com sua melhor amiga, com quem dividia um apartamento, e acabara de ouvir que a melhor amiga teria uma reunião no dia seguinte e precisava das roupas que estavam lavando naquele exato minuto. Será que aquela semana longe dela fez desenvolver algum tipo de doença condicional que o fez agir de maneira estranha?
- O que quer dizer com tem certeza? Claro que tenho. Ela acabou de me dizer.
, que neste momento já estava descarregando todas as suas roupas em outra máquina, não se importando em misturá-las, parou e olhou para a garota. Ela estava debruçada sobre sua máquina, seu cabelo castanho não parecia tão brilhante quanto ele sabia que eram sob a luz incandescente pendurada no teto baixo da lavanderia. As paredes de tijolo contrastavam enormemente com sua pele agora pálida, muito diferente de quando ela chegou lá. Ela estava precisando muito de um bronzeado para voltar para a pele amarronzada que ele sabia que apareceria tão bem nela... E não ia mentir: ela parecia perfeita de qualquer maneira.
- Bem, então por que eu fui expulso do meu próprio apartamento porque sua melhor amiga está lá para comemorar o aniversário deles com meu melhor amigo?
Ela não tinha uma resposta. não tinha dito nada sobre aquela sexta-feira. Se ela se lembrasse bem, o aniversário de namoro de e Tyler não seria por mais uma semana inteira, então por que eles já estavam celebrando?
E então um pensamento a atingiu como um tijolo.
- Você acha que eles planejaram isso?
- Eu tenho certeza de que sim. - Disse rolando os olhos. Ele soube disso no momento em que a viu sentada de costas para a porta, mas não queria ser o primeiro a mencionar. Ele também concordava com a decisão de seus amigos. Eles precisavam conversar. - Tyler fica me dizendo que precisamos conversar e eu disse a ele que é meio difícil quando a pessoa com quem você precisa falar está ignorando você. - Houve uma longa pausa dessa vez, como se ele quisesse que ela reagisse ao que dissera, mas tudo que podia fazer era olhar para a parede na frente dela, nunca encontrando os olhos de . - O que aconteceu com a gente? - Ele pressionou. - Você se lembra de alguma coisa?
- Na verdade, não. - suspirou. Ela não sabia o que estava fazendo, mas se sentiu obrigada a conversar com ele. - Eu não sei dizer se são memórias reais ou apenas minha imaginação. Você?
- A mesma coisa. - Disse ele aproximando-se dela timidamente. - Mas eu me lembro de gostar.
O sangue correndo para o rosto dela foi felizmente escondido pela luz fraca. Nunca, em um milhão de anos, teria pensado que iria ouvir aquelas palavras saindo da boca dele. Seria completamente estranho ouvir de qualquer outro cara, mas ouvir isso de era ainda mais estranho. Isso causou uma mistura de sentimentos girando por dentro dela, como se sua mente estivesse tentando navegar através de um vórtice de pensamentos e sentimentos. Ela tentava alcançar uma superfície, mas não havia nada que pudesse agarrar.
- É assim que vai ser para nós agora? - Sua voz soava superficial, como se ele estivesse andando na ponta dos pés ao redor dela, falando com cuidado para que ele não os enviasse pelo buraco novamente. não queria mais ficar longe dela.
- O que você quer dizer?
- Droga, , mal podemos ficar sozinhos agora. - Disse . Ele estava cansado e frustrado de tudo o que estava acontecendo, tanto que ele mal conseguia colocar em palavras. Ele sempre soube que era teimosa demais, mas nunca achou que fosse assim. - Você não fala mais comigo, não olha para mim, não responde minhas mensagens ou ligações. Eu sinto sua falta.
- Eu também sinto sua falta. - A voz dela era tão baixa que pensou que tinha ouvido mal, mas a verdade estava lá. Ela havia dito aquelas palavras.
Ele sorriu de verdade dessa vez.
- Então, por favor, podemos esquecer isso? Nós nem sabemos o que realmente aconteceu. - Ela deu a ele um olhar aguçado. - Ok, nós sabemos, mas não nos lembramos. Podemos seguir em frente com nossas vidas e fingir que isso não aconteceu. Que tal isso?
- Eu acho que seria ótimo. - , por mais que ela gostasse de fingir que não, era uma pessoa emotiva. Ela estava lentamente lutando contra o desejo de começar a chorar ali mesmo.
- Eu sinto falta da minha melhor amiga, ok? - disse, seu corpo completamente próximo ao dela agora. - E a pessoa incrível que ela é e eu não quero um erro bêbado seja a coisa que nos separe.
- Nem eu. - Ela suspirou, finalmente soltando sua posição rígida e virando-se para ele, um pequeno sorriso brincando em seus lábios dessa vez. - Quer saber? Talvez isso tenha sido o melhor.
- Como? - zombou. - Como ter nosso relacionamento abalado foi para o melhor?
mordeu os lábios e sacudiu a cabeça. Eles não estavam tão abalados, disso ela sabia. De alguma forma, isso só fez com que percebessem o quão importante eles eram um para outro e o quanto eles realmente se importavam um com o outro e quando expressou esses pensamentos, ela viu a cor dos olhos de mudar um pouco. Eles não eram mais tão escuros. Havia luz neles novamente.
- Eu não me arrependo. - Ele disse silenciosamente, chamando sua atenção. - Claro, eu não me lembro, mas eu não me arrependo. Se qualquer coisa, eu estou feliz que tenha sido você. Você é incrível e o nível de intimidade que temos certamente subiu cem por cento agora, e eu ainda tenho que encontrar uma garota melhor do que você.
- Você está tentando me fazer morrer de vergonha? - ficou indignada. Ela realmente ouviu o que achou?
- Eu só queria poder lembrar, ok? - suspirou seu corpo se inclinando para mais perto dela. - Porque, assim, eu saberia como eu me senti, mas eu só posso imaginar… - Seus olhos dançaram dos olhos para os lábios dela, a ponta da língua correndo pelos próprios lábios. Havia algo mais no ar, a tensão entre eles pesando um pouco. - Ou talvez…
- Talvez o quê? - Ela se ouviu sussurrando, seus olhos focados nos dele pela primeira vez desde que entrara na sala. O som das máquinas era o único ruído no ar, mas foi completamente negligenciado por eles. Era como se nada ao seu redor importasse mais, como se os dois estivessem em transe.
Suas respirações se misturavam, seus olhos dançavam em volta do rosto um do outro e seus corpos continuavam encostados um no outro. Era pura felicidade ao redor deles, as batidas de seus corações batendo ao mesmo ritmo, a antecipação correndo em suas veias.
De repente, sentiu como se estivesse no final de um primeiro encontro, aquela sensação que se tem quando chega na sua porta da frente e não sabe o que virá a seguir. Ele ia beijá-la? Ela o deixaria fazer isso? Isso significaria alguma coisa?
A garota não sabia sobre a primeira ou a última pergunta, mas tinha certeza sobre a segunda. Se ele tentasse, ela iria deixá-lo, ela iria até mesmo retribuir. Não podia negar que havia uma curiosidade à espreita desde o fim de semana anterior, quando ela acordou com ele ao seu lado, mas foi mais do que isso. Era o jeito como ele estava olhando para ela, era o jeito que os olhos dele brilhavam quando ele ria ou como sua voz soava. Foi cada pequena coisa que ela não tinha prestado atenção. Era o cheiro dele, o jeito que o cabelo dele caía na testa, a sensação da barba dele no rosto dela. Ela queria ter tudo isso de novo e lembrar dessa vez.
E foi por isso que ela não relutou quando ele finalmente fechou a distância entre eles, seus lábios lenta e timidamente pressionando os dela, como se ele estivesse com medo de qual seria a reação dela. Parecia que estava tendo seu primeiro beijo de novo, a maneira como suas mãos tremiam e ele não sabia o que fazer com elas, mas ele conseguiu, assim como aconteceu todos aqueles anos antes. E foi incrivelmente bom. O jeito que os lábios dela moviam contra os dele, tão suavemente no começo que ele não tinha certeza se estava acordado.
Ele não queria que acabasse; percebeu, com uma tristeza em seu coração, que ele não queria deixá-la fora de seus braços e isso era uma merda, mas ele ficaria ótimo.
….

Claro que nada estava ótimo. Tudo estava tão longe de estar bem que queria gritar para as paredes até que seus pensamentos deixassem sua mente, principalmente porque era culpa dele. Foi ele quem iniciou o beijo, foi ele quem quis fazer isso e foi ele que não conseguia tirar isso da cabeça. E como ele odiava tudo.
As coisas não estavam ruins entre eles, longe disso. Parecia que eles tinham passado aquela semana e que tudo parecia voltar ao lugar, mas enquanto as coisas estavam assim por fora, estava lidando com muito do lado de dentro. Porque não houve um único segundo que ele não se lembrava daquele beijo na lavanderia ou o pequeno sorriso que ela deu no segundo em que se separaram e isso o estava comendo vivo.
Seu dia tinha começado como qualquer outro e a caminhada para o seu trabalho tinha sido nada mais do que chata, com as mesmas pessoas chatas olhando da mesma maneira chata. Tudo parecia cinzento, como se qualquer presença de cor tivesse sido subitamente proibida. Até o céu não estava no tom habitual de azul. Ou talvez fosse só ele, talvez fosse o seu mau humor afetando tudo o que ele tocava, porque assim que ele abriu a porta da clínica veterinária, um sorriso radiante entrou em contato com os olhos.
- Bom dia, querido. - Brincou a sra. Olsen, a recepcionista. Ela era uma senhora muito adorável, com seus brilhantes olhos azuis e cabelos quase completamente grisalhos. ainda não tinha visto um dia em que ela não estava sorrindo para todos que passavam por aquela porta, em qualquer situação e ele a conhecia há três anos.
- Bom dia, Sra. O. - Ele murmurou sem nem mesmo terminar sua caminhada até seu escritório, sentando-se em uma das poltronas macias da sala de espera, com os olhos fechados, os braços cruzados sobre o peito e um grande suspiro saindo dos lábios. - Mas nada há nada de bom nele.
Se os olhos dele estivessem abertos, teria visto a velha senhora lançar-lhe um olhar confuso, as sobrancelhas se franzindo enquanto olhava para a pilha de roupas a qual ele havia sido reduzido. Ele sempre fora um menino muito charmoso e muito energético e ela estava acostumada a vê-lo exalando excitação cada vez que ele entrava, então vê-lo tão para baixo a afetava um pouco.
- Qual é o problema, filho? - Ela perguntou saindo detrás de sua mesa, seus passos leves levando-a para o lado dele, suas pequenas mãos roçando o cabelo de sua testa. - Você está doente?
abriu um olho, um pequeno sorriso abriu caminho em seus lábios enquanto olhava para a mulher que ele amava como sua segunda mãe. Ela era tão genuína em tudo o que dizia e expressava que ele não poderia deixar de ser feliz com o pensamento de ela estar preocupada com ele. Ele sabia que, se necessário, ela o mandaria de volta para casa e não ouviria uma palavra de suas reclamações. Mas esse não era o caso. Ele estava doente, mas não de algo que pudesse ser curado com uma boa noite de sono ou algum remédio.
- Você poderia dizer isso. - Ele suspirou, seu corpo se encolhendo contra a cadeira o melhor que podia. - Diga-me, Sra. O, você já fez algo que você não deveria e, em seguida, continuou pensando sobre isso o tempo todo?
Ela deu a ele um olhar desconfiado.
- É algo ilegal?
- Não, não é. - Ele riu. - Embora eu ache que deveria ser.
A sra. Olsen olhou para o menino, demorando para tentar entender o que ele estava dizendo. Ela tinha estado perto dele praticamente desde que ele começou a trabalhar na clínica, automaticamente abrindo caminho até seu coração. era uma alma gentil, agindo com respeito a todos, nunca maltratando ninguém. Ele sempre foi um raio de sol na clínica, então vê-lo tão triste naquela manhã não estava nada bem para ela.
Ela tinha certeza de que algo acontecera ao longo da semana anterior, com sua excitação diminuindo a cada dia, mas achava que ele estava cansado e estressado, e achava que tudo o que precisava era de um bom descanso no fim de semana. Agora ela estava repensando tudo. O rapaz tinha olheiras sob seus olhos, seu cabelo estava um pouco desgrenhado e parecia que ele não tinha feito nenhum esforço para se vestir de manhã, com a camisa preta amassada.
Embora houvesse muitas coisas que poderiam levar a esse estado, ela também notou como ele não tinha entrado segurando um copo de café ou seu telefone, algo que ele sempre fazia. Era costume do homem tomar café da manhã com uma garota que ela achava muito bonita, mas ele jurava que eram apenas amigos. Ela imaginou que não era mais o caso.
- É sobre uma menina? - Ela perguntou novamente, um pequeno sorriso em seus lábios. Claro que era.
suspirou e assentiu. Não era sobre qualquer garota, no entanto. Era sobre uma garota que ele nunca deveria pensar dessa forma, dado seu status anterior e quando ele contou tudo a ela, desde o acordar ao lado dela até a beijar naquela sexta à noite, ela olhava para ele como se ele estivesse falando as coisas mais ridículas do mundo.
- Eu já te contei como meu marido e eu nos conhecemos? - Ela se virou completamente para ele, sua pequena estrutura encaixava perfeitamente na cadeira. - Foi em 1969, quando estávamos no ensino médio. - Sorriu. - Nós tínhamos o mesmo grupo de amigos e costumávamos ir para essa lanchonete depois da escola e de alguma forma acabamos sendo grandes amigos. Todos achavam que havia algo acontecendo entre nós, você sabe. - Ela riu levemente. - Mas a verdade é que éramos grandes amigos que podíamos falar sobre praticamente tudo. Quando o irmão dele morreu em um acidente de carro, eu fui a primeira para quem ele correu quando descobriu. Quando minha mãe adoeceu, eu só pude encontrar conforto nele e em sua amizade. Não foi até o final de 1970 que percebi que gostava mais dele do que apenas como um amigo. - Ela apertou as mãos dele em segurança. - Esses sentimentos, , aqueles que nos atingem depois de um tempo, os que nós realmente nunca sabíamos que estávamos procurando, são muito poderosos. Eles nos sacodem, nos levam ao inferno e voltamos, mas eles geralmente não estão errados. Ela tentou evitar você, certo? - Ele assentiu. - Ela deve ter ficado com medo do que sentiu. Eu lembro como Howard estava com medo de me dizer que ele tinha sentimentos por mim e literalmente precisou de dois de nossos amigos convencê-lo a fazer isso. - Ela riu um pouco, seus olhos examinando os de , tentando transmitir tanta coragem neles quanto ela poderia. - Fale com ela. Se você está com medo de que isso pode afastá-la de você, ela não era tão boa de amiga, mas as chances são de que ela se sinta da mesma maneira.
Ele olhou para a mulher à sua frente, seus pensamentos percorrendo cento e cinquenta quilômetros por hora enquanto ele repassava tudo o que a Sra. Olsen acabara de contar e tentava comparar com tudo o que tinham vivido até então, todas as vezes que alguém perguntara se estavam juntos, como ele se sentia à vontade quando ela estava por perto, como ela sempre corria para ele sempre que sentia saudades de casa, como eles sempre se divertiam juntos e gostavam de estar na presença um do outro mais que tudo.
pensou em todas as vezes em que ele queria apenas cortar a comunicação com o resto do mundo depois de um dia longo e exaustivo no trabalho, mas então ele via o rosto sorridente e os olhos castanhos dela, implorando por algum tipo de atenção, uma noite de cinema ou apenas conversando, e ele desistiria. Ele desistiria de praticamente qualquer coisa só para que ela pudesse ser feliz e ele sabia que faria o mesmo, ela fez o mesmo incontáveis vezes, e então ele sorriu.
- Você está certa, Sra. O. - Disse ele, uma nova resolução encontrada dentro dele. Ele ia sair por aquela porta, marchar até e dizer que tudo não tinha sido um erro. Pelo menos não mais.
Mas era muito mais fácil falar do que fazer.
Com o passar dos dias, se viu tentando achar a coragem que o invadira durante a conversa com a sra. Olsen, mas sempre que via , seus olhos castanhos e rosto sorridente, ele começava a repensar tudo, todas as escolhas de vida que tinha feito até o momento e seu cérebro parava de funcionar, congelando todas as suas funções. Ele apenas olhava para ela e tentava o seu melhor para não agir como um completo idiota. Era difícil, ele tinha certeza de que ela estava ciente de como ele mal podia falar com ela e isso o machucava.
Havia sempre um silêncio persistente entre eles, uma tensão espessa que ninguém podia cortar e arruinava tudo. Sempre que os dois tentavam ter a uma conversa leve, logo terminava com um sorriso desconfortável e seus rostos viravam para o outro lado.
As coisas não iam tão diferente naquela noite. tinha chegado em casa um pouco mais cedo da clínica, os ombros caídos e sua mente fixada em relaxar pelo resto da noite, mas a visão de Tyler saindo de seu quarto pronto para sair o fez parar. Ele realmente esperava que seu melhor amigo não o fizesse ir com ele.
Mas, claro, não foi o caso.
- Você sabe o quanto eu tinha que negociar para isso, ? - Ele perguntou, ainda tentando convencer o homem. - não queria me deixar sair com o pessoal, mas consegui, e você não vai estragar isso para mim, cara. Você vai.
suspirou.
- Você vai sem mim, cara.
- Eu não acho que você está entendendo a situação aqui. - Tyler agarrou-o pelos ombros e, com um olhar severo, ele falou bem devagar. - Você vai comigo quer você goste ou não. Foi um dos termos que tive que aceitar.
- O que?
- Vamos, . - Tyler revirou os olhos. - Eu não estou pedindo muito. Você sai por um tempo, nos divertimos, você distrai sua mente do trabalho e logo estará em casa para passar o tempo que quiser com .
Engraçado como um nome simples poderia fazer tudo mudar, pensou . Não que ele quisesse sair e esquecer alguma garota, mas ele realmente precisava de um tempo para pensar sobre as coisas. Talvez tudo o que ele precisasse fosse um pouco de álcool para deixar sua mente mais clara e finalmente entender o que estava acontecendo com ele. Como isso funcionaria, ele não tinha ideia, mas estava disposto a tentar.
E foi por isso que o homem de olhos castanhos se viu completamente vestido, penteado e pronto para sair em não mais que 30 minutos, seus dedos estalando em ansiedade enquanto esperava Tyler se despedir de sua namorada, seu pequeno corpo encostado no balcão deles enquanto ela dizia, mais uma vez, todas as coisas que esperava dele e o amigo, como um filhote bem treinado, acenava com a cabeça em cada palavra dita por ela. Era engraçado ver a interação deles, o jeito que dizia tudo e como Tyler prestava atenção em cada palavra.
- Você cuida dele para mim, ok, ? - Ela disse para ele, um sorriso em seus lábios enquanto se dirigia para a porta da frente. - E eu vou cuidar da para você. - A menina completou andando no corredor e nunca olhando para trás, deixando um perplexo enquanto ele tentava o seu melhor para gritar algo para ela.
Não havia necessidade de cuidar dela para ele. Eles não eram nada. Eles não tinham nada. Infelizmente.
….

Não era assim que achava que iria passar a noite.
Quando disse que queria ter uma noite de garotas, imaginou-as saindo, fazendo compras, jantando em algum lugar ou mesmo andando pelo parque, não ficar em casa, assistir filmes antigos e comer comida chinesa. Elas eram jovens, tinham trabalhado muito durante toda a semana e mereciam fazer algo, qualquer coisa, que não envolvesse estar em casa, mas havia escolhido uma melhor amiga de 84 anos, pelo jeito.
Provavelmente era o terceiro filme da noite, mas ela não estava prestando muita atenção nisso, sua mente indo e voltando, distraída pelo tom baixo de seu telefone sempre que uma mensagem chegava. Quando abaixou a cabeça para olhar o telefone pela décima vez durante os primeiros cinco minutos do filme, olhou para ela, uma carranca no rosto enquanto chutava a perna da amiga do outro lado do sofá.
- Quem é que exige tanta atenção de você? - Perguntou revirando os olhos.
soltou uma pequena risada e virou o aparelho para a garota, um vídeo de e Tyler iluminando a tela. Eles estavam de costas um para o outro, os dois homens segurando um copo de cerveja nas mãos enquanto bebiam, vozes entoando seus nomes no fundo enquanto faziam o melhor para ver quem terminava primeiro.
- Você só pode estar brincando comigo. - Murmurou, balançando a cabeça. - Eu disse a eles para serem responsáveis e é isso que eles fazem? Eu não posso acreditar nisso.
- Vamos lá, . - sorriu. - Eles estão apenas se divertindo um pouco. Não é como se você nunca tivesse feito isso.
piscou algumas vezes e encolheu os ombros. Sim, ela estava sendo um pouco hipócrita nessa situação.
- E por que você está vendo esses vídeos? - Ela perguntou depois de um momento de silêncio, sua mente finalmente percebendo o fato de que ela não tinha recebido nenhuma mensagem.
- Um dos garotos me enviou. - A brasileira deu de ombros. - Para que não ficássemos preocupadas, como ele disse.
não tinha exatamente entendido por que alguém mandaria isso para ela, mas considerando o fato de que Tyler e estavam namorando, assumiram que todos eles eram muito próximos e queriam ter certeza de que nenhuma parte fosse deixada de fora do que estava acontecendo com os dois rapazes. Pelo menos foi o que ela pensou, até receber outra mensagem, uma foto dessa vez, de sorrindo presunçosamente para Tyler, com as mãos no ar enquanto celebrava sua vitória. Sua camisa tinha subido, mostrando um pouco de pele inocente em seu estômago, o caminho que levava às calças e, de repente, seus pensamentos não eram mais tão inocentes.
Mas o que mais a intrigou foi a legenda da foto. Lá, em letras em negrito, havia sido escrito “Seu namorado ganhou”.
Não era a primeira vez e não seria a última. Ela havia perdido a conta de vezes que as pessoas disseram que eles eram um casal, que deveriam ser um casal ou que acabariam sendo um casal e ela estava cansada disso. Eles eram melhores amigos. Melhores amigos que dormiram juntas depois de uma noite de bebidas. Melhores amigos que haviam se beijado em uma noite onde não havia álcool, mas melhores amigos, no entanto.
não podia negar o fato de que havia química entre eles com os flertes platônicos ao longo dos anos e saber o que fazer ao redor um do outro, mas era isso. Eles estavam platonicamente envolvidos, nada mais. E, no entanto, ela não podia negar que gostaria que houvesse um pouco mais, por isso estava tão assustada quando acordou ao lado dele.
Porque ela se lembrava de ter entrado naquela sala de aula que eles haviam compartilhado, olhado em volta e encontrado o garoto sentado no final da terceira fileira, com a cabeça baixa lendo algum livro. E então ele olhou para cima e ela poderia jurar que se sentiu como se tivesse sido derrubada. Era bobo, mas sentiu como se os olhos dele pudessem penetrar em sua alma e revelar seus segredos mais sombrios. Eles tinham tanta luz e vida dentro deles que parecia impossível afastar-se. E foi por isso que ela se sentiu obrigada a sentar-se ao lado dele, começando ali algo que levaria à sua amizade e sentimentos não correspondidos do presente.
A garota bufou irritada com a legenda, cansada de ter que explicar a todos que eles não estavam namorando.
- Não. - Foi tudo o que disse, seu corpo de repente atrás de , sua cabeça aparecendo por seus ombros enquanto ela lia o texto ainda aparecendo na tela.
- Hã?
- Não seja hipócrita. - Explicou ela. - Por que você acha que todo mundo pensa que vocês dois estão juntos?
- Hm... Porque nós temos alguns amigos incrivelmente sem noção que gostam de dizer esse tipo de coisa. - A brasileira respondeu em provocação, mas sua melhor amiga não estava disposta a engolir nada disso.
- Nós podemos ver a maneira como vocês se olham. - Disse revirando os olhos. - Não negue, você gosta dele.
- Claro que eu gosto. Como meu melhor amigo! - insistiu.
- Ok. - suspirou, um pensamento passando pela cabeça dela. Se não fosse admitir de bom grado, ela iria forçá-la a isso. - Então você está me dizendo que não se importa que ele esteja fora agora, se divertindo, olhando para algumas garotas e sendo olhado por outras tantas?
sentiu algo mudar dentro dela, um ligeiro aperto no peito enquanto pensava sobre isso. Não havia nada errado com saindo e checando outras garotas, certo? Ele era solteiro, ele estava livre.
- Claro que não. - Disse ela com certeza.
- Você não se importa que possa haver uma garota olhando para ele de cima a baixo e pensando: 'que pedaço de mau caminho'? Porque ele é. - pressionou.
Ela quase podia imaginar. Uma garota o observava do outro lado do pub, um vestido curto mostrando mais do que deveria, seus lábios cheios adornados em um batom vermelho, seus dentes brancos perolados aparecendo enquanto sorria maliciosamente para .
- Não. - Ela murmurou.
- E você não se importa se ela for até ele, com um sorriso nos lábios, e suas mãos começarem a passar pelos ombros e braços dele, indo perigosamente mais abaixo?
Ela estava caminhando para ele agora, mais como se estivesse desfilando, fazendo toda a distância entre eles sua passarela, seus olhos fixos nele. E ele não conseguia tirar os olhos dela, também extasiado com a linda garota à sua frente, com as pernas longas e a figura alta, os pés graciosamente equilibrando-se em saltos estupidamente altos, o cabelo balançando por trás dos ombros. Ela finalmente chegou até ele, as mãos dela lentamente tocando os ombros dele quando se inclinou para frente, dando mais visão de seu decote, sussurrando algo para ele, os olhos de mudando para uma cor escura enquanto ouvia, as mãos segurando a cintura da mulher.
Mas por mais que tudo estava dentro da cabeça de , ela não conseguia afastar a sensação de que algo estava acontecendo enquanto as duas garotas conversavam, as mãos de tremendo levemente pelo que sentia.
- Não. - Disse com os dentes cerrados, as mãos se fechando em punhos tentando conter o desejo súbito de socar alguém que tinha baixado sobre ela.
- Então está tudo bem por mim. - finalmente disse, um sorriso em seus lábios enquanto assistia a expressão no rosto de sua amiga mudar de suave para uma careta.
Mas já era tarde demais. A imagem estava queimando na mente da garota e ela estava lutando contra todos os instintos dentro dela, cada fibra dela gritando para ela se vestir com algo mais adequado e ir atrás dele. Mas por que iria?, pensou em um momento de lucidez. Ele poderia estar com qualquer uma que quisesse e ela era apenas sua amiga, nada mais.
E foi nesse exato momento que percebeu que talvez, apenas talvez, ela precisasse dele mais do que ela havia pensado.
….

No entanto, as coisas não estavam indo exatamente como a garota tinha imaginado enquanto estava sendo arrastado para fora do bar por seus amigos com um olho roxo, um corte nos lábios e os nós dos dedos machucados, para não mencionar o pouco sangue que podia ser encontrado em sua camisa.
Tudo tinha acontecido muito rápido para o seu gosto e quando ele percebeu, já estava na mesa ao lado do bar, seus punhos voando para o nariz do cara, interrompendo sua história enquanto ele se gabava de tudo o que tinha feito. tinha a intenção de acertar tão forte que ele esperava que fosse quebrado, e pela quantidade de sangue que escorria do nariz do cara, ele tinha certeza de que tinha feito o seu trabalho perfeitamente, fazendo-o sorrir para si mesmo. Ele queria fazer isso desde que conheceu o cara, anos atrás.
O pobre bastardo - não tão pobre, mas um bastardo, no entanto - era Logan Hersey, um jogador de futebol americano na faculdade que teve o desagrado de conhecer depois que ele começou a namorar . Foi ódio à primeira vista por parte de ambos. Logan não suportava o fato de que sua namorada passava muito tempo com um cara que não era ele, sempre implorando para que ela parasse de ser amiga de , o que só aumentava o ódio que o moreno sentia pelo jogador. Por meses, eles eram como água e óleo, nunca se misturando, mas andando lado a lado por causa da garota e não poderia estar mais feliz quando eles terminaram.
O cara era um idiota total.
E no momento em que o viu entrando no pub, sabia que sua noite seria arruinada. Era como se aquele cara trouxesse nuvens cinzentas para a sala toda vez que entrava com seus amigos detestáveis e o veterinário avisou seus amigos assim que viram o grupo se aproximando de uma mesa perto deles e fizeram o possível para ignorar o que quer que fosse dito na mesa dos idiotas - como eles haviam chamado - mas nem tudo funcionou tão bem assim.
- Eu saí com uma garota uma vez. - Disse Logan, sua voz sobressaindo-se a música alta tocando nos alto-falantes, o pescoço esticado para o lado em uma tentativa óbvia de fazer ouvir o que ele estava falando. Ele estava fazendo isso a noite inteira. - Ela era selvagem. - Ele riu. - Brasileiras, cara, estou lhe dizendo. Eles fazem tudo o que você fala.
sabia o que estava por vir e porque ele estava fazendo isso. Logan tinha algum tipo de conforto ao saber que ele poderia afetar o homem quando falasse sobre e ele sempre fazia isso quando estava perto. Todas as outras vezes, se conteve por causa de sua melhor amiga, mas desta vez ela não estava lá e eles não estavam mais namorando. Se Logan dissesse mais uma coisa, ele iria agir.
Não demorou mais de cinco minutos. Logan já estava rindo e se gabando de seus encontros sexuais com a garota mais uma vez, seus olhos se movendo para o grupo de homens atrás dele de vez em quando, certificando-se que eles estavam ouvindo tudo o que ele estava dizendo.
- Talvez você devesse ter um pouco mais de respeito. - Ele ouviu atrás de si, uma mão firme apertando seu ombro com força, mas não recuou.
- Oh? - Ele sorriu para , inclinando a cabeça para trás e olhando para o homem de cabeça para baixo. - O’Brien, cara, não te vi aí. - Logan riu. - Faz algum tempo.
apertou os olhos, escolhendo não entrar em qualquer jogo que o outro estivesse jogando e não disse nada.
- Ah vamos lá. Você não pode ficar com raiva de mim depois de todos esses anos. - Logan riu. - Você não pode superar o fato de que a garota me escolheu ao invés de você?
- Eu não sabia que havia uma competição. - limitou-se a dizer, com o rosto ainda franzido.
- Ah, mas veja bem. - Logan sorriu e se virou em seu assento, sua frente agora de frente para . - Havia uma coisa pequena que eu gosto de chamar de 'ganhe a garota' e você perdeu, meu amigo. - Ele terminou dramaticamente, seu exército de amigos rindo junto adicionando combustível ao ódio ardente que estava fervendo dentro de si. - Você não pode ficar com raiva de mim por ter conseguido a vadia, O’Brien. Eu ia jogar sujo para conseguir aquela bunda gostosa.
E foi então que sentiu-se puxar o braço para trás, apenas para bater de volta contra o nariz de Logan, o punho enrolado em uma bola, o sangue escorrendo do outro cara e respingando contra sua camisa. O que se seguiu foi um tumulto de cadeiras sendo jogadas contra o chão e corpos se levantando, tentando entender o que estava acontecendo.
Logan, do chão, segurou o nariz com as duas mãos, as lágrimas formigando nos olhos enquanto tentava entender onde ele estava e o que havia acontecido.
- Que porra é essa? - Ele gritou, sua voz completamente abafada por suas mãos. - Você é doido, O’Brien? Você é tão louco por uma vadia? Você está tão puto por ela não ter sentado no seu pau?
Num piscar de olhos, um borrão de corpos foram se lançando um no outro, batendo em Logan mais uma vez antes que um de seus amigos gigantescos o tirasse, atingindo-o nos lábios, um corte abrindo quase imediatamente, o que fez Tyler e seus amigos mergulharem na bagunça que se formara, punhos voando por toda parte, ocasionalmente acertando alguma coisa ou alguém.
Foram precisos uns quatro homens da segurança para separá-los, segurando a camisa de Logan em suas mãos enquanto lhe dava outro soco, na esperança de abrir o crânio do babaca, mas ele entrou em contato com nada além de ar, enquanto um grande homem o empurrou para longe, gritando com os dois grupos para dar o fora do pub e nunca mais voltar.
- Droga, . - Thomas engasgou, seu sotaque britânico ecoando pela rua vazia enquanto tentava acalmar sua respiração errática. - Que porra foi aquela?
Mas não conseguiu responder nada. Ainda estava furioso com tudo o que ouvira, as mãos ainda tremendo com toda a adrenalina que corria por suas veias. Ele não podia acreditar no que tinha feito naquele bar. Pela primeira vez em sua vida, ele estava em uma briga e, se não tivesse sido parado, tinha certeza de que ele teria espancado Logan ainda mais. Não havia um pingo de arrependimento por ele, o idiota merecendo tudo o que aconteceu com ele e talvez mais.
Tyler gemeu ao seu lado.
- Porra, cara. A vai me matar. - Ele disse enquanto olhava para o seu reflexo na vitrine de uma loja. Sua mandíbula estava gravemente ferida, com um olho roxo e o lábio inchado. Isso estava longe da noite quieta que ele esperava ter.
….

A campainha tocava incessantemente, acordando não só os donos do apartamento, mas também algumas das outras pessoas que moravam no mesmo andar, para grande aborrecimento de . Ele não precisava de ninguém espiando através de suas portas e vendo ele e Tyler machucados e parecendo que tinham acabado de tomar a pior surra de todos os tempos. Eles tinham ganhado a luta.
A porta finalmente se abriu, a luz da sala de estar iluminando o corredor, fazendo com que os dois se mostrassem a uma muito assustada , que tinha visto a situação deles e fechou a mão sobre a boca, tentando conter um suspiro alto. Atrás dela, era possível ver uma angustiada , os olhos arregalados de preocupação quando ela olhou para o namorado desgrenhado e imaginou o que havia acontecido.
Tyler entrou no apartamento, nem mesmo esperando para ser convidado, e sentou-se no sofá, a cabeça apoiada no encosto enquanto ele fechava os olhos e respirava fundo. , por outro lado, ainda estava esperando no batente da porta, seus olhos procurando por , que só podia olhar para trás, sem entender o que estava acontecendo, a preocupação inundando seu sistema.
Ela deu passos hesitantes para frente, suas mãos lentamente estendendo a mão para , esperando por ele recuar. Quando ele não o fez, ela agarrou as mãos dele e puxou-o para dentro do apartamento, seus braços se fechando ao redor de seu meio em um abraço apertado, sentindo o batimento cardíaco calmo dele contra seu ouvido.
- O que aconteceu? - ela perguntou lentamente, inclinando a cabeça para trás para vê-lo melhor, mas tudo o que encontrou foi a falta de resposta dele, seus olhos fixos em Tyler, como se dissesse a ele para manter a boca fechada. - O que aconteceu, ? - Quando ele não disse nada, a garota se virou para Tyler, seus olhos implorando por uma resposta.
O homem suspirou, olhou para a namorada e depois para o amigo antes de sacudir a cabeça.
- Nos encontramos com Logan e alguns dos amigos dele no bar.
piscou algumas vezes antes de se virar para , seus olhos apertados para ele enquanto ele tentava ao máximo evitar o olhar dela.
- Logan Hersey? - Ela perguntou, mas já sabia a resposta para essa pergunta. Havia apenas um Logan que poderia provocar tais instintos primitivos em . - Ah, por favor, me diga que você não entrou numa briga com Logan Hersey, .
Ela parecia furiosa e com razão. Ela tinha perdido a conta de quantas vezes havia pedido a ele para esquecer o cara e ignorar tudo o que ele tinha a dizer, mas, aparentemente, ela estava pedindo demais.
- Eu não posso acreditar que você brigou com ele. - estava fumegando, seus braços não o envolviam mais e ela andava pela sala de estar, olhando para enquanto tentava dar sentido ao porquê de ele agir daquele jeito . - Eu te disse para não prestar atenção em nada do que ele tem a dizer, , que ele é um idiota e quer tirar uma reação de você, mas você me ouve, porra? - Seu sotaque estava em todo lugar agora, tornando-se evidente demais quando ela estava brava com alguma coisa e tudo o que ele conseguia pensar era como achava aquilo lindo. Ele estava ferrado.
- Ele estava falando merda de você! - Ele gritou de volta, seu cérebro finalmente sendo capaz de funcionar. - Eu não ia deixar ele dizer aquelas coisas, sabe?
- Oooh. - Ela riu sarcasticamente. - Meu cavaleiro em uma armadura brilhante. Eu não me importo, ! Até onde me convém, ele pode dizer que sou uma prostituta e eu não me importo. Porque eu não ligo para o que os amigos dele pensam de mim, ok? Eu me importo com o que você pensa de mim.
- Bem, eu me importo quando as pessoas falam merda sobre você, . Porra! - soltou, seus ombros relaxando enquanto ele andava até ela, agarrando a menina pelos braços para fazê-la parar de andar. - Eu odeio quando tenho que ouvir algo ruim sobre você. E me matou ouvi-lo falando sobre você como se você fosse uma coisa descartável. - Ele respirou fundo, seus olhos finalmente olhando nos dela. - Porra, eu me importo muito com você para deixar alguém dizer esse tipo de coisa quando estou por perto, ok? Você tem algum problema com isso? Lide com isso, porque eu não vou deixar de me importar com você ou com o que as pessoas dizem sobre você.
A garota ficou ali, congelada em seu lugar, os olhos encarando o homem à sua frente, seus pensamentos muito confusos para pensar em qualquer outra coisa a dizer. Claro que ele se importaria, ele era seu melhor amigo, mas havia algo mais entre eles e ela podia sentir. Ela podia ver na forma como o peito dele estava subindo e descendo enquanto a respiração dele saía em grandes sopros de ar, o modo como ele a segurava e a olhava, quase implorando para que ela entendesse seu raciocínio. Era mais do que aquilo que ela esperava. Foi completamente além de sua amizade, os sentimentos platônicos que eles tinham um pelo outro. Estes estavam muito longe agora e havia apenas esse novo sentimento vibrante entre eles; mais forte, mais quente do que nunca.
O que os separou foi Tyler tossindo do sofá, lembrando a eles que eles não estavam sozinhos. Era possível ver revirando os olhos para o namorado antes de agarrar suas mãos e empurrá-lo pelo corredor que levava aos quartos, irritação escrita em todo o seu rosto enquanto ela tentava o seu melhor para não o acertar na cabeça.
suspirou, seus olhos se abaixando, vendo as juntas machucadas na mão de , lentamente alcançando-as e suavemente traçando o contorno da pele ferida.
- Dói quando eu toco? - Ela murmurou.
- Só um pouquinho. - Ele disse com uma pequena risada, tentando não fazer uma careta e trair suas palavras.
- Mentiroso. - Ela sorriu. - Eu odiaria ver o outro cara.
- Ah, ele acabou parecendo horrível. - Ele riu e encolheu os ombros, seus olhos caindo sobre os dela mais uma vez.
- Vamos lá. - Ela puxou sua mão direita. - Eu preciso limpar sua mão e o corte no seu lábio.
O caminho para a cozinha era curto, mas eles nunca se soltaram, nem mesmo quando teve que abrir a geladeira para pegar um pacote de cenouras congeladas para que pudesse colocar em seu olho roxo, ou quando ela tinha que se esticar para alcançar a prateleira de cima do armário, onde ela guardou o kit de primeiros socorros. Isso causou um pequeno problema, mas nenhum deles pensou em desconectar os dedos.
- Vai doer, - disse ela depois de um tempo, virando-se para ele com um pedaço de algodão embebido em antisséptico, logo após a limpeza dos cortes com água destilada. - Mas você vai ficar bem.
A primeira reação que ele teve foi fechar os olhos e esperar pelo contato que viria, recuando internamente diante da dor que seguiria. Ele tinha feito isso inúmeras vezes para uma enorme variedade de animais que iam para a clínica, mas nunca tinha feito isso para si mesmo, pelo menos não quando ele era um adulto e depois de uma briga. Mas logo aprendeu que não precisava se preocupar. O toque de foi tão gentil, quase como uma carícia e a pequena sensação de ardor em seus lábios não era nada que ele não pudesse suportar.
Quase assim que começou, acabou. abriu os olhos e entrou em contato com um vazio, seu olho bom tentando encontrar a garota que estava na frente dele nem mesmo um segundo antes, apenas para encontrá-la jogando fora tudo o que ela havia usado nele.
- Obrigado. - Ele sussurrou. Não sabia por que ele o tinha feito, mas a atmosfera ao redor deles parecia tão pacífica que não queria interrompê-la.
- Obrigada por defender minha honra. - Ela sorriu cutucando sua bochecha lentamente, certificando-se de não encostar no lábio cortado ou no olho dele.
- Eu faria isso a qualquer hora.
E talvez fosse o ar calmo ao redor deles, ou a sensação avassaladora de fazer algo que pressionava seu peito, mas se viu inclinando para a garota, seus olhos segurando o olhar dela, tentando encontrar algum sinal de relutância sobre ele, mas quando não encontrou nenhum, ele finalmente fechou a distância entre eles, seus lábios pressionando os dela de uma forma terna, não se movendo como se tivesse muito medo de que fosse apenas um sonho e ele acordaria sem ela.
Foi quem se moveu primeiro, seus lábios lentamente deslizando contra os dele em um beijo lento, sua pele formigando com a sensação dos lábios de se movendo contra os seus macios, suas mãos segurando-a pela cintura, puxando-a contra ele. Era tudo um novo sentimento, algo que nenhum deles jamais sentira, nem mesmo com o tímido beijo que haviam compartilhado na lavanderia.
Os braços dela envolveram o pescoço dele, as mãos subindo e descendo pelo cabelo, algo que ela sempre quis fazer, involuntariamente empurrando-o com mais força contra ela, os lábios pressionando com mais força, fazendo gemer e se afastar.
- Eu sinto muito. Desculpa. - Ela mordeu o lábio inferior, seus olhos examinando o rosto do rapaz para qualquer indicação de dor.
- Está tudo bem. - Ele riu e deu-lhe um selinho mais uma vez. - Mas talvez devêssemos esperar um pouco para beijos mais intensos.
Ela sorriu, com os olhos baixos, as bochechas rosadas enquanto pensava nas palavras dele. Significava que havia mais por vir, significava que ele queria mais dela.
- Então, onde é que isso nos deixa? - Ela murmurou, um pouco assustada de saber qual seria a resposta dele.
- Onde você quer? - Ele perguntou de volta, seus olhos brilhando na luz fluorescente da cozinha, mas havia algo mais também. Esperança. - Porque eu estou bem onde você está, amor.
decidiu que gostava da forma como o apelido saía da língua dele e chegava aos ouvidos dela. Ela gostava de ser chamada assim e do fato de que ele era o único a chamá-la assim.
- Tem certeza de que quer que isso aconteça? - ela perguntou com cautela, com um brilho de malícia nos olhos. - Quero dizer, a Copa do Mundo está quase chegando e você sabe como eu fico louca com football.
- Primeiro. - riu. - É soccer. Em segundo lugar, acho que posso lidar com você sendo um pouco louca.
- É football porque você joga com os pés. - Ela disse. - Acredite na garota que vem do país com 5 títulos. - Ela piscou.
….

As últimas duas horas tinham sido uma montanha-russa de emoções, com pessoas gritando para a TV, ofensas lançadas ao juiz e pipoca voando por toda parte. pressionou a cabeça contra o peito de , fechando os olhos de vez em quando, perplexa demais com tudo o que estava acontecendo, entristecida demais para ver seu time amado lutar. Não foi o que ela imaginou que aconteceria e ela queria apenas se enrolar e chorar.
- Faça alguma coisa, ! - Ela murmurou contra a camisa amarela dele, as cinco estrelas verdes zombando dela.
- O que você quer que eu faça, amor? - Ele murmurou de volta, suas mãos correndo pelas costas dela e acariciando sua cabeça.
- Entre no campo, faça alguma coisa!
só podia proteger os olhos dela da TV, balançando a cabeça para ela enquanto tentava pensar em maneiras de animá-la. Ele a tinha visto chateada durante um jogo, sim. Brava e puta também, mas nunca tão triste. Era como se o outro time fosse uma horda de Dementadores sugando sua alma e toda a felicidade que a garota sorridente já teve.
E então o juiz tocou o apito e o ar ao redor de todos parou, nenhum som saindo de ninguém, exceto da TV, gritos altos vindo dela, mas era a cor errada que comemorava.
Uma onda de vermelho gritava a plenos pulmões, seus gritos apenas significando que eles fizeram o impensável: eles superaram as chances e esmagaram a equipe que era vista como a favorita, esmagando os sonhos de 200 milhões de pessoas, incluindo .
Todos os olhos se voltaram para ela, os dela colados a um ponto atrás do aparelho de TV, o corpo congelado no lugar, o rosto preso em uma expressão de horror. Não poderia ser possível. Ela estava tendo um pesadelo e ela ia acordar a qualquer momento, no conforto de sua própria cama, sem que suas esperanças fossem destruídas, porque simplesmente não poderia ser.
A garota sentiu todo mundo olhando para ela, a respiração deles presa enquanto esperavam que ela dissesse qualquer coisa, uma explosão de qualquer tipo, mas eles só encontraram um vazio completo, ela estava petrificada. Era como se todo o sangue dela tivesse esfriado e sua mente zumbisse, repetindo as últimas duas horas de sua vida.
E foi então que as lágrimas vieram; tudo ao mesmo tempo, fazendo com que os olhos dela parecessem com uma cachoeira brilhando sob a luz do sol, escorrendo pelo rosto e lavando toda a maquiagem amarela e verde que estava usando, a mão alcançando a boca tentando conter os soluços que ameaçavam sair de sua boca. Seu corpo inteiro estava tremendo, lutando contra o desejo de chorar descaradamente na frente de todos os seus amigos por algo tão bobo quanto futebol.
Só que não era só isso para ela. Era um longo sonho desejado, algo que ela queria muito que acontecesse, reivindicar como dela, mas agora estava fora de seu alcance. Mais uma vez, a seleção do Brasil a desapontou e parecia ser injusto, porque neste ano eles estavam jogando muito melhor do que em 2014 e não conseguiram chegar ao ponto que tinham antes. E tudo era uma droga.
Ela se sentiu sendo puxada contra o namorado, o rosto escondido na camisa que ela comprara para ele, a maquiagem manchando o tecido, sem se importar quando ele a embalou em seus braços e sussurrou palavras doces em seu ouvido, tentando o seu melhor para fazê-la esquecer tudo sobre isso.
Lentamente, todos pareciam desaparecer, seus passos ecoando pelo pequeno apartamento, alguns até mesmo saindo do local e entrando em suas próprias casas até que só havia e na sala de estar uma vez lotada, a TV desligada, bandeiras e cornetas abandonadas, servindo como um lembrete do que aconteceu nem mesmo 15 minutos antes.
- Isso é tão ridículo. - Ela murmurou, suas mãos correndo sobre os olhos, enxugando as lágrimas e glitter em seu rosto. Ela provavelmente parecia uma bagunça no momento e se encolheu ao pensar em alguém vê-la assim.
- Ah, vamos lá. - sorriu. - Não foi tão ruim assim. Então você chorou porque seu time perdeu. O meu nem sequer foi qualificado.
- Isso é porque seu time é uma merda, amor. - Ela grunhiu, um longo suspiro ecoando pela sala enquanto olhava para frente, pensando em todas as oportunidades perdidas de marcar um único gol e comprar mais algum tempo na competição.
- Agora, nós te recebemos em nossa casa e é assim que você nos agradece? - Ele cutucou o lado dela, tentando provocar uma risada dela. - Isso não é legal. - Ele tentou mais uma vez.
Ela olhou para ele e riu um pouco, mas uma pequena lágrima rolou de seu olho esquerdo, parando em sua bochecha quando estendeu a mão e limpou-a, segurando seu rosto de um jeito doce.
- Eu sinto muito, amor. - Ele disse sinceramente. - Você sabe que, se eu pudesse, faria algo, certo?
sorriu para ele e assentiu. Ele não tinha feito nada além de apoiá-la durante essa metade de um mês, não se importando se ela estava um pouco exagerada ou quando ela começou a xingar em Português. Futebol trazia seu lado feio à tona e ela sabia disso, estava apenas feliz por ele não se importar com isso.
- Você é o melhor, sabe disso?
- Eu? - Ele franziu o rosto em dúvida, segurando um sorriso quando ela cutucou seu rosto.
- Sim, você. - Ela riu.
- Isso é porque você me faz querer ser o melhor.


Fim!

Nota da autora: sem nota.