Sinopse: Quando um amor na adolescência gera um fruto, responsabilidades precisam ser tomadas, mas se a responsabilidade for deixar todo o amor para trás, pode causar feridas profundas que precisarão de anos para cicatrizar.
– Ele disse aos meus pais que tenho talento quando fiz a participação e que eu deveria investir na minha carreira como ator, mas que aqui em Cape May eu não conseguiria nada. – suspirou, frustrado.
– Eu concordo com ele. – quem eles falavam era o produtor da série The Cosby Show, série ao qual fez uma pequena participação. – Mais um motivo para você ficar feliz com a mudança da sua família para Newark. Aqui é só Cape May, limitada demais para alguém como você. – o encarou, com um pequeno sorriso. – Tem meu apoio.
– Você é incrível, . – ele roubou um selinho dela. se aconchegou nos braços dele, enquanto os dois estavam deitados na cama de solteiro do rapaz. – Você sabe o que de fato me faz resistir a essa mudança… Tem nome e sobrenome, consegue adivinhar? Vou dar uma dica, é uma garota muito doce e linda… – sorriu abertamente.
– … Eu não estou confortável com essa mudança, claro, mas não podemos lutar contra, seu pai recebeu uma oferta incrível de emprego e você terá uma ótima oportunidade na sua carreira. – ele suspirou fundo, afundando seu rosto nos cabelos cheirosos dela. – E Khalid e Jamila como estão com esse lance todo? – os dois citados por eram os irmãos de , Khalid era o mais novo e Jamila a mais velha.
– Jamila está radiante, você sabe, ela nunca gostou de viver aqui, e Khalid, bem, eu não faço ideia, aquele garoto é estranho.
– ! – ela prendeu a risada.
– Eu não estou mentindo, , são só verdades. – ele riu, dando de ombros. Ficaram quietos depois de pararem de rir. – O ruim disso tudo é ter que te deixar aqui.
– Eu vou sentir muito sua falta, , óbvio, mas quero seu bem. – ela levantou a cabeça, o encarando. – Acho que ficar sem você em Cape May será triste demais.
– Nem me fala, mas se eu quero me dedicar nessa carreira, vou precisar renunciar a muita coisa. – ela assentiu.
– Menos do basquete. – eles riram.
– Menos do basquete, já tenho vaga no Newark Arts High School. – o rapaz disse todo orgulhoso – Mesmo me educando em casa.
– Sua mãe faz mesmo tudo, incrível. – sorriu.
– Faz. – ele ficou sério e a encarou. – Eu prometo que volto em breve para Cape May e principalmente, volto inteiro para você. Anota essas palavras, love, quando tudo estiver certo, eu volto para te buscar.
– Não faça promessas que você não possa cumprir, . – ela suspirou, fazendo círculos imaginários na camiseta dele. – Você é muito novo, eu sou muito nova, o futuro é incerto demais. – Apesar da pouca idade, sempre foi muito madura.
– E quem disse que eu não vou cumprir? O que a gente tem é especial, . – tinha se aborrecido com o comentário dela.
– Está bem, então prometa, , prometa que volta para mim. – tinha os olhos fixos nos dele.
– Eu prometo, um dia eu volto para você. – ela abriu um enorme sorriso, voltando a se aninhar no peito dele. – Por que a gente demorou tanto para ficar juntos? E agora que ficamos, eu vou embora?
– Porque somos otários demais. – eles riram. – Tinha que ser assim, . Mas não é o fim vamos conseguir lidar com a distância e, de qualquer forma, eu não vou sair de Cape May mesmo. Eu sempre estarei aqui.
– Você é a única que não tem vontade de sair daqui. – ela riu. – É sério.
– Eu sei, mas eu amo esse lugar, tem tudo o que eu gosto, porque eu vou querer viver em Newark, Los Angeles ou New York? Eu detesto cidades grandes. – fez uma caretinha.
– Deus, como eu gosto de você, . Desse jeitinho mesmo. – a garota gargalhou, dando um beijinho no braço dele. – Mas se eu voltar para te buscar, você vai, hein?
– Eu também gosto muito de ti. Eu vou, não prometi? Por você, eu vou. – ele levantou o rosto dela e os dois juntaram seus lábios e um beijo intenso se iniciou.
inverteu as posições e se deitou por cima dela, tendo o cuidado de não jogar o peso de seu corpo sobre o dela. A mão de passeava pela lateral do corpo de , que sentia sensações indescritíveis naquele momento. O clima foi esquentando, conforme as mãos do rapaz desciam pelo corpo da menina, já as dela começaram a se mexer de forma tímida. A ereção do garoto já começava a aparecer e ele cortou o beijo, se jogando ao lado dela na cama. era virgem e eles só partiriam para o ato sexual quando ela quisesse. tinha a respiração descompassada, a garota não estava diferente dele.
– Eu acho que estou pronta – ela se virou para ele, o encarando.
– Tem certeza disso? Não é porque eu estou indo morar longe que você precisa fazer algo por obrigação e… – colocou um dedo na boca dele, o calando.
– Não é por isso, , eu só sinto que estou pronta para esse passo. Eu confio em você. – ele abriu um sorriso enorme em sua face.
– Queria que fosse especial para você, já tinha pensado em alguns lugares, aqui no meu quarto é tão… – ele suspirou, a encarando.
– Perfeito. – a menina mordeu os lábios – Já está sendo especial por ser com você. – sorriu.
– Eu amo muito você. – falou aquilo que estava engasgado na garganta e ficou surpresa, mas feliz, porque era o que ela também sentia.
– Amo você. – as palavras simplesmente sopraram de seus lábios que foram amaciados pelos dele. se deitou por cima do garoto ainda o beijando.
The scars of your love remind me of us As cicatrizes do seu amor lembram-me de nós They keep me thinking that we almost had it all Elas me deixam pensando que nós quase tivemos tudo The scars of your love, they leave me breathless As cicatrizes do seu amor me deixam sem fôlego I can't help feeling Não consigo evitar pensar que We could've had it all Nós poderíamos ter tido tudo
(Rolling In The Deep – Adele)
2019
havia chegado na sua floricultura às exatas sete horas da manhã, como sempre. Havia deixado Melanie e , suas duas filhas, no colégio e agora abria a loja. Se perguntassem para aquela mulher se ela era feliz e realizada profissionalmente, ela responderia com um belo sim, ela amava o que fazia. Sempre amou plantas e flores desde criança, afinal, eram sua vida, aquela floricultura era de seu avô, depois seu pai a herdou e agora pertencia a ela, era o legado da família.
Antes de abrir as portas do local, foi até a estufa, seu lugar favorito dali, o adentrou e o cheiro de flores a inebriou, ela amava flores, mas, se pudesse escolher uma espécie, seriam as rosas, ela amava o perfume, sua forma, suas cores… Ela pegou algumas plantas e flores e as colocou na parte da frente da floricultura, foi descarregando uma a uma, conforme Julie, sua funcionária, tinha guardado no dia anterior para colocar no mostruário. Ela as colocava cedo e Julie as guardava ao entardecer.
Tudo ajeitado, ela finalmente abriu as portas da floricultura, pronta para mais um dia de trabalho. Foi até o computador, para olhar os pedidos que tinham sido feitos à noite e na madrugada e já ia começar a prepará-los para que Jackson, o motoboy da Flowers Den, os entregasse. Com a internet possibilitando pedidos online, em média, ela ganhava mais com eles do que propriamente com a loja. A tecnologia vinha inovando tudo.
– Fala, . – Jackson sorriu, a surpreendendo, enquanto ela ajeitava um ramalhete de flores.
– Você nunca se cansa de chegar me assustando, não é? – ele gargalhou, deixando um beijo estalado na bochecha da mulher.
– Se você não se assustar, não tem graça – ele sorriu, apoiando-se no balcão, enquanto ela montava alguns ramalhetes. – E como está Melanie? Te acordou de novo? – ele a questionou, com um pequeno sorriso.
– Meu amorzinho está bem, claro que ela acordou antes de mim, como sempre, com a mochila nas costas, pronta para ir para escola. – Jack gargalhou.
– Eu, com certeza, gostaria de ver essa cena. – ele riu e negou com o dedo. – E ? Como anda? Faz um tempo que não falo com ela.
– está aborrecente, não é? Agora anda sem um pingo de paciência com a irmã mais nova e isso me aborrece ainda mais, afinal, Melanie só tem três anos.
– Adolescentes são mesmo difíceis. Ela está com 13, não é?
– Na verdade 14. Ela cresceu relativamente rápido e eu estou pagando todos os meus pecados. – Jackson riu. – Agora entendo meu pai. – ela sorriu.
– – ela amarrava o ramalhete, mas levantou o olhar para ele –, já te disseram que você está gata hoje? – ela sentiu as bochechas ferverem com o galanteio.
– Você não desiste mesmo, hein? – ele gargalhou. Não custava tentar, quem sabe um dia sua chefe não resolvia ceder aos seus encantos?
– Desistir nunca esteve nos meus planos. – ele piscou, divertido.
– Jackson, Jackson, você é terrível. – era impossível não rir das gracinhas dele. – Anda, chega de me cantar e vai trabalhar – ele lhe deu uma piscadela. – Presente de aniversário com um ramalhete de rosas vermelhas. Tem que entregar cedinho para surpreender a aniversariante. – Passou a cesta para ele, que levou até o carro, depois voltou. – Ramalhete de girassóis para comemoração de um ano de casamento... E um ramalhete de orquídeas, esse é só um presente rotineiro pelo cartão. – passou os dois ramalhetes para o rapaz. – Cuidado e juízo.
– Sim, senhora. – ele piscou, pegando os arranjos e saindo de lá.
Ela respirou fundo, dando uma olhadinha no site da floricultura para ver quais seriam as próximas entregas do dia para ajeitar os pedidos, quando escutou a sineta da porta, levantou seus olhos para a entrada da floricultura e viu um rapaz. Levantou–se, indo em direção a ele.
– Olá, como posso ajudar? – ela colocou as mãos atrás das costas, o recepcionando. Não o conhecia, provavelmente não era morador dali.
– Oi, preciso de ajuda mesmo, estou cheio de dúvidas – ele riu. – Que flor você me indica que simboliza gratidão? Quero presentear minha mãe.
– Sem dúvidas essa aqui. – ela andou alguns passos, o rapaz a seguiu. – As campânulas. Além de terem uma cor muito bonita, também são oferecidas como símbolo de afeto, esperança, humildade, delicadeza e amor eterno. Como é para sua mãe, acredito que melhor simbologia não tenha, certo? – o rapaz assentiu, com um bonito sorriso.
– São mesmo muito lindas, vou levar. – ela sorriu, homens na maioria das vezes eram sempre rápidos nas escolhas. Ela levou o vaso de flores até o caixa, e o homem a seguiu para ela finalizar o embrulho e cobrar o devido valor.
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se levantou naquela manhã com certa preguiça, mas sabia que era o horário ideal para seguir sua rotina diária de exercícios. Ele tinha costume de correr todas as manhãs e assim que estava aquecido, voltava para casa para malhar na sua própria academia. Ele estava em cima da hora, seu personal com certeza o faria treinar mais pelo descuido.
– Mãe, pai. – ele os cumprimentou, sentando-se em frente a eles à mesa. Ao contrário de muitos de seus amigos de profissão, não morava sozinho, desde que comprou sua mansão em San Fernando Valley, ele havia levado seus pais com ele, sempre foi um cara muito família, apesar de uns tempos para cá a convivência com os pais estivesse bem… Difícil.
– Oi, querido. – a mãe sorriu. segurou a mão dela, entrelaçando com a sua e depositou um beijo ali.
– Vou comer rápido e sair para correr porque, com certeza, Corey me xingará pelo atraso.
– Culpa inteiramente sua, Bakari, de libertinagem até tarde. – pai, o chamou pelo segundo nome, arrancando um revirar de olhos do mais novo.
– Não vou entrar nessa conversa com o senhor hoje. Já passei dos 30 e sei bem o que fazer da minha vida. Fui. – o ator pegou sua garrafinha com whey e saiu das vistas dos pais.
– Gosta de falar a idade, mas amadurecer que é bom ele não amadurece. – o homem ralhou.
– Deixe-o, querido. Desse jeito o afasta mais. – a mulher suspirou, cansada. O fato era que pai queria um neto, e no ritmo de Bakari isso não aconteceria tão cedo. E pensar que… A mulher engoliu seco com as lembranças que passaram por sua cabeça.
Seus pensamentos voavam enquanto ele corria. Tinha se dado umas férias depois de finalizar o filme Just Mercy, as gravações tinham sido pesadas. também havia emendado um projeto atrás do outro, tanto que Pantera Negra e Creed II foram lançados no ano passado, em sequência Just Mercy seria lançado neste ano também. Se pudesse definir como estava em sua profissão, seria pleno, estava em um ótimo momento, sem sombra de dúvidas.
Depois de muita luta, finalmente tinha caído nas graças do público. E ser um sinônimo de sex symbol mexia relativamente com o ego dele. Qual é? Ele gostava e não podia negar, apesar da maioria das vezes quando elogiado publicamente ficar extremamente sem graça. Isso o lembrou quando ele participou de um programa no qual ele tinha que ler os tweets de seus fãs e um era mais embaraçoso que o outro. Ele balançou a cabeça negativamente, enquanto corria. Sentiu barulho de câmeras de algum canto e respirou fundo, tentando ignorar.
Tudo tem seu bônus e ônus, não era? Pois é, detestava ter atividades rotineiras como aquela sendo invadidas por paparazzi. Sentia falta de poder sair na rua e ninguém ligar para ele. O ator terminou de correr e retornou até sua casa para ir à academia, e como previra, Corey Calliet já estava lá e o aguardava impacientemente já que seu semblante não negava. Uma rotina de treinos pesados o esperava, tinha certeza.
– Sem corpo mole, , vamos lá. ‘Bora terminar essa série. Falta pouco. – Corey puxava um pouco mais do rapaz, que já fazia caretas devido ao peso que carregava, mas era compressível, já estavam para completar quase duas horas. – Na hora de ir para noitada e relaxar com tudo, o senhor gostou.
– Ah, qual é, Calliet. – murmurou, ainda com o peso nos braços.
– Me diz, quando é que você vai aquietar? – deixou o peso de lado, completando a série.
– Não faça perguntas difíceis logo de manhã. – eles gargalharam. , apesar de discreto, divertia-–se bem com diversas mulheres, o que ele podia fazer? Era mais forte do que ele.
– Pronto, já deu, não é? – o ator massageava os braços.
– Já, seu preguiçoso. – Corey sorriu, dando um aperto forte no ombro do rapaz, que o fuzilou com os olhos, afinal, estavam doloridos. – Vê se faz a dieta direitinho nesses dias que vai viajar. – o ator assentiu. passaria alguns bons dias em Cancún, sempre sentiu vontade de conhecer a cidade. Corey se sentou ao lado do ator, o vendo bebericar sua água. – Já está com algum trabalho em mente?
– Acho que sim, estou de férias agora, ainda não sei o que vem por aí, talvez algum filme para meados de outubro, deixo tudo nas mãos do Adonis. – o personal assentiu.
– Bom, você tem aí três meses para descansar a cabeça, . – o ator assentiu.
– Você não está sabendo de nada próximo daqui para alugar? – Corey o encarou, surpreso.
– Bom, eu não sei, mas tenho contato com um corretor muito bom, caso queira. É para você? – assentiu.
– Pois é, nem eu estou acreditando que depois de oito anos morando com meus pais de novo, estou pensando fortemente em morar sozinho.
– Por que isso, cara? – Corey questionou, curioso.
– Invasão de privacidade, meus pais, aliás, meu pai, anda pegando no meu pé demais como se eu tivesse 15 anos e, bem, não é por aí, fora que preciso da minha individualidade.
– Confesso que achava curioso você ainda estar com eles. – eles riram.
– Eu os amo, por isso quero algo bem próximo daqui, vou deixar a mansão com eles e vou me mudar para algo menor.
– Certo. – Corey pegou o celular e enviou o número para através da conversa deles pelo WhatsApp. O celular do ator apitou.
– Obrigado – eles fizeram um toque engraçado de mãos.
🌸🌸🌸
– Mamãe! – Melanie correu na direção da mulher, que tinha um sorriso lindo na face, tinha acabado de sair da sala da direção. Melanie se agarrou em suas pernas em um abraço. a pegou no colo e ajeitou a mochila da garotinha em seus ombros e voltou a andar com a menina no colo, entraram no carro, ajeitou a pequena na cadeirinha e adentrou o veículo e deu partida, a próxima parada era buscar .
– E então, meu amor, como foi a escola hoje? – perguntou, enquanto dava uma rápida olhada na menor.
– Aprendi a cantar mais uma música? Qué ver?
– Quero sim. – a criança abriu um sorriso lindo, sorriso esse que lembrava e muito o sorriso do pai dela. Bruce… suspirou fundo, prestando atenção na rua, não queria pensar em Bruce.
– …Quantos dentes tem o tubalão?! – Melanie bateu palminhas, feliz por estar compartilhando aquilo com a mãe.
– Que orgulho. Amei essa! – abriu um enorme sorriso, checando a filha pelo retrovisor.
Estacionou o veículo em frente ao colégio da filha mais velha, e a viu com os fones de ouvido os quais a havia presenteado pendurados no pescoço, enquanto ela mexia no celular, distraída. Deu uma buzinada e olhou o veículo e caminhou até lá.
– Oi, mãe. – sua mãe estalou um beijo na bochecha da filha. – Oi, Melanie – se esticou no banco da frente e deu um beijo na irmã. – Demorou. – o veículo começou a andar.
– Pois é, filha, a professora da Melanie pediu para conversar um pouquinho sobre o desempenho dela antes de eu pegá-la, foi de repente, perdão.
– Ok, se você não fosse tão superprotetora, eu poderia ir embora sozinha e não te atrapalharia… – ela fingiu examinar as unhas.
– Primeiro, você nunca me atrapalha, , não gosto que fale assim. – a filha suspirou. – E não é superproteção, é gentileza, querida, não me custa te buscar, se eu vou buscar a Melanie. E lembre–se, esse ano você fará 15, ano que vem 16, logo, logo poderá ter seu carro, claro se continuar com esse bom comportamento.
– Está bem. Não está mais aqui quem falou. – levantou as mãos em sinal de rendição, arrancando um sorriso da mãe, aquele trejeito… Como parecia com o maldito, pensou. Balançou a cabeça, estava lembrando demais dos ex’s naquela manhã.
– Se a vai ter um calo, eu também quelo, mamãe. – ela cruzou os bracinhos, aborrecida.
– Nossa, que coisa mais chata isso! O tempo inteiro querendo tudo o que eu quero. Primeiro, você cresce, pirralha. – revirou os olhos, olhando o celular.
– …
– Já sei o seu discurso de cor, que ela é só uma criança, mas ela precisa entender as coisas, eu entendia na idade dela, o tempo inteiro ela se compara comigo. Você não tem ideia de como isso me aborrece.
– Sim, ela é uma criança de três anos que vê a irmã mais velha como um ídolo dela! Eu já pedi que tenha mais paciência com ela, não quero ter essa conversa novamente, estamos entendidas? – voltou sua atenção a janela. – Responde, eu estou falando com você...
– Ok... – sussurrou, ainda não encarando a mãe. Melanie tinha os olhos presos nas duas, com um bico.
– Não, Melanie, você não vai ter um carro também só porque sua irmã terá. Somente quando você tiver a idade da . – a mais nova negou com a cabeça, ainda emburrada. resolveu ignorar, aquilo era tão desgastante…
Estacionou em frente a floricultura, e viu descer do veículo e entrar no estabelecimento, ela também desceu do carro, abriu a porta de trás, soltou Melanie da cadeirinha e pegou a filha no colo. Melanie pediu para descer do colo da mais velha e se jogou nos braços de Jack, que havia ficado aqueles 30 minutinhos ali tomando conta do local, para que pudesse buscar as filhas. já havia o cumprimentado e agora estava sentada atrás do balcão, mexendo no celular.
– Ai, que saudade! – ele brincava com Melanie que mostrava seus dentinhos de leite em um bonito sorriso.
– Obrigada por tomar conta, Jack. – ele sorriu. Melanie se desvencilhou de Jack e segurou a mão da mãe.
– ‘Tô com fome – a menina suspirou, fazendo um biquinho engraçado.
– Nisso eu tenho que concordar com a pirralha, também estou morrendo de fome… Vamos ficar muito tempo aqui ainda, mãe?
– Aguentem um pouquinho que já, já a Julie chega e nós vamos para casa almoçar. Dá licença, , deixa eu dar uma olhada no caixa para deixar certinho para Julie. – a garota deu um espaço para que a mãe se sentasse na cadeira.
encarou a mãe fazendo o fechamento concentrada e deixou os pensamentos voarem, a amava tanto, sabia que a vida dela nunca foi fácil, desde muito nova teve que ser mãe e pai para ela, e apesar de tudo nunca faltou amor. Só de pensar que com quase a mesma idade que ela tinha, sua mãe havia experienciado coisas inimagináveis por ela… Mãe aos 15 anos!
Suspirou fundo, estudando as reações de , tentava não se importar com os comentários da Melanie, mas às vezes as palavras sopravam de seus lábios e ela não conseguia controlar.
– Desculpa. – olhou rapidamente a filha, que tinha uma carinha engraçada. Nada disse, apenas a abraçou de lado, depositando um beijo na testa da filha. Não precisava de palavras, aquele gesto dizia tudo.
– Vamo comer o quê? – Melanie tinha os olhinhos presos à mãe, curiosa, interrompendo o momento das duas.
– M a c a r r ã o. – parafraseou e a criança começou a pular, feliz. Ela amava macarrão.
– Mil desculpas pelo atraso, chefinha, Brad aprontou mais uma, tive que escutar umas boas da professora na hora que o deixei lá.
– Filhos… – as duas riram.
– Cadê meu beijo, dona Melanie? – Melanie sorriu, jogando-se nos braços da funcionária. – Aí, que beijo gostoso – Oi, ! – a garota se levantou do balcão e deu um rápido abraço na funcionária.
– Podemos comer agola? – Melanie estava ansiosa, encarando a mãe com os olhinhos brilhando.
– Meu Deus, criança, quem vê pensa que eu não te alimento. – eles riram. Melanie pediu colo para , que não hesitou em pegá-la, apesar de achar que a garotinha pesava uma tonelada. – Só mais um pouquinho, estou terminando aqui. – mexeu por mais alguns minutos no computador. – Pronto. Estou indo, gente, qualquer eventualidade, me comuniquem, que corro e venho aqui para resolver tudo. Ah, me falem a hora que o Daniel chegar também, estou de olho nele e nesses atrasos. – os funcionários suspiraram fundo. – Só pela cara de vocês amanhã eu tenho uma conversa com ele, deixem comigo. Se cuidem.
– Obrigado por hoje, , até amanhã. tchau, meninas. – Jack se despediu.
Depois que finalizou o macarrão, alimentou suas crias, que estavam mesmo famintas, pediu a que ela ajeitasse a cozinha, enquanto ela fazia a lista do supermercado e depois lavaria algumas peças de roupa. Já Melanie estava deitada no sofá e assistia ao filme Pantera Negra. sabia que ela veria uma ou duas cenas e depois tiraria a sonequinha da tarde.
– Mãe, vou dar uma cochilada, ainda estou bem cansada, nunca vou me acostumar a levantar às 06, aliás, te admiro inteiramente por isso. – gargalhou.
– Tudo bem, filha, vá lá, eu vou lavar roupa. Você já ajeitou a cozinha, agradeço. – ela sorriu para filha e a viu se arrastar até o quarto.
Foi até o cesto que ficava no banheiro e o arrastou até a lavanderia, separando as roupas por cor para começar a lavar. Escutou a campainha tocar e estranhou, não esperava ninguém naquele momento, caminhou, curiosa até a porta, abrindo-a. Sorriu, era Bruna, sua melhor amiga parada ali. Sem se conter, a abraçou de forma apertada. Fazia um tempo que não se viam pessoalmente.
– Ei! Por essa eu realmente não esperava em plena quinta–feira. Entra! – desfizeram o abraço e deu espaço para que a mulher entrasse.
– Oie! Gosto de fazer surpresas, meu bem, você me conhece. – sorriu. – Passei na floricultura, me falaram que você estava em casa, então eu vim.
– Fico feliz com a visita. – elas sorriram uma para outra. – Mas vem cá, o que houve para você vir?
– Resolvi tirar uns diazinhos de descanso, sabe como é... Cadê minha afilhada?
– me ajudou aqui na cozinha e foi dormir, adolescente vive com sono. – deu de ombros. – Logo ela acorda e vem te dar um beijo, inclusive ela estava perguntando de você para mim esses dias.
– Adolescente vive com sono mesmo – sorriu. – Meu coração apertou de saudades dela também – sorriu. – E a criança mais linda de Cape May?
– Essa daí comeu e capotou no sofá. Chegou da escola cansada. Eu acabo sempre a deixando dormir um pouquinho a tarde. – Bruna assentiu, se aproximando do sofá e alisando o rosto da criança adormecida, depois encarou a televisão e viu .
– Isso é tão bizarro. – apontou com a cabeça a tevê.
– É… E o mais irônico disso tudo é que a Melanie ama esse filme, ela se divide entre Pantera Negra e Homem-Aranha: De Volta ao Lar. Muito marvete. E a ? Que o acha lindo...
– Nossa, só de você me falar isso, me arrepia. – suspirou fundo, indo em direção a cozinha, sendo seguida pela amiga.
– Eu ainda não me conformo…
– Aqui não, Bru, por favor. – ela apontou discretamente o quarto das filhas. Bruna assentiu, poderia escutar e seria uma situação bem delicada, já que a menina não sabia de nada. – Mas me conta, como o Anthony está? – Anthony era o marido de Bruna, os dois se conheceram na época em que estudavam e desde então estavam juntos.
Bruna, , Anthony e estudaram juntos por um determinado tempo. Depois que foi embora todos ficaram ao lado de naquela situação, cortando relações com o ator.
– Ótimo, você o conhece, está trabalhando feito um camelo. – riu.
– Eu não julgo, sei bem como é isso, se deixassem trabalharia 24 por 48 na floricultura, mas sou mãe, não é? Preciso dar atenção às minhas crias. – Anthony trabalhava em TI work at home em uma empresa com sede em Jersey City, Bruna era arquiteta, então como trabalhava por conta, tinha um pouco mais de flexibilidade em seus horários e agenda.
– Pois é, como filhos não fazem parte dos nossos planos e somos pais de pet, ele nunca vai diminuir o ritmo. – Bruna riu.
– Não vai, infelizmente. Mas mesmo com o trabalho excessivo ele te ama, e acho que isso é um dos pontos mais importantes. – Bruna assentiu, Anthony a amava muito e ela também, por isso estavam juntos há tantos anos, apesar de não terem se casado no papel ainda. – Admiro muito a relação de vocês.
– Obrigada, amiga. E o Bruce? Mais nenhuma recaída? – andou até a sala, viu que a criança ainda estava adormecida e retornou para a cozinha.
– Bem, a última vez foi no mês passado no aniversário da Melanie. Ele veio, ficou para dormir e bom, dormiu na minha cama ao invés de dormir no quarto de hóspedes. – elas riram. e Bruce ficaram casados por seis anos, estavam separados há um ano e meio entre recaídas durante o processo. Bruce era uma boa pessoa, sempre tratou como sua filha e nunca fez distinção entre as duas meninas. Mesmo separados, levava para os passeios junto com Melanie.
– Nenhuma esperança de voltarem? – negou.
– A gente funciona muito melhor separados, estávamos brigando demais, sabe? Não era saudável. Somos os melhores pais para a Melanie e somos próximos, está ótimo. – Bruna assentiu.
– Vou olhar o leque de amigos solteiros do Anthony. – gargalhou, negando com a cabeça.
– Não, definitivamente não, você só me coloca em enrascada, amiga. Me lembro bem da última saída de casais que você arranjou, o rapaz era péssimo. Estou muito bem solteira, obrigada. – Bruna tentou ficar séria, mas acabou rindo. O homem que ela havia apresentando não conseguia nem segurar um copo sem tremelicar as mãos.
– Ok, talvez a última saída tenha sido ruim, mas a gente pode dar uma conferida, quem sabe? – Bruna tinha os olhos pidões, tentando persuadir a amiga.
– Não, me deixa quieta, amiga, por favor. Estou me dedicando 100% as minhas filhas e está perfeito para mim.
– já, já é uma mulher feita, e Melanie vai crescer também, vão se apaixonar… E quando acontecer isso, pode apostar que nenhuma das duas vão olhar para trás antes de darem no pé, vai por mim. – a amiga fez um bico. – Eu só quero te ajudar, você é linda, maravilhosa, um mulherão mesmo, não quero que fique a vida toda sozinha.
– Bruna, Bruna… – a amiga suspirou fundo.
– Vou tomar isso como um sim, . – abanou as mãos, cansada, sabia que perderia aquela discussão. O celular de Bruna vibrou, ela deu uma olhada na mensagem de texto e fechou os olhos.
– O que houve? – a encarou, preocupada.
– Lembra do Will Davis? – claro que ela se lembrava, era um dos melhores amigos de no colégio.
– Claro que lembro, a mãe dele vive na floricultura comprando terra para as plantinhas, o que houve?
– Ele faleceu. – se sentou na cadeira mais próxima, colocando as mãos na boca. – Acidente de moto.
– Ah, meu Deus, coitada da senhora Davis. – sentiu os olhos marejarem. Como mãe, ela sabia que a ordem natural das coisas era que um filho enterrasse os pais, não o contrário. Pobre, senhora.
I wish I knew then, what I know now Eu queria saber antes, o que eu sei agora Wouldn't dive in, wouldn't bow down Eu queria saber antes, o que eu sei agora Gravity hurts, you made it so Sweet A gravidade dói, você tornou ela tão doce 'Til I woke up on, on the concrete Até eu acordar no, no concreto
(Wide Awake – Katy Perry)
olhou tudo atentamente, quando viu o veículo entrar na cidade, a pouco mais de uma hora havia desembarcado no aeroporto de Atlantic City, ainda era surreal estar ali na pequena cidade de Cape May depois de longos 15 anos. As ruas e prédios estavam um pouco diferentes de como se lembrava, era inegável, mas existia a essência de sua adolescência ainda presente no local, conseguia sentir.
Seu olhar ficou vago ao lembrar-se dos motivos que o levaram até lá, depois que recebeu a notícia do falecimento de Will, não pensou duas vezes em ir ao funeral do amigo, cancelando suas férias para Cancún, ele era a única pessoa com quem ainda mantinha contato da época que morou ali... E como todos estariam ali? Casados? Com filhos? E pensar que ele não se enquadrava em nenhuma daquelas situações.
Suspirou, era desesperador, porque o Will mesmo era casado e tinha um filho… Um filhinho. Ele engoliu seco, o amigo tinha a vida toda pela frente, seu falecimento não era justo, a vida não era justa.
O táxi parou em frente ao hotel em que ele ficaria hospedado, desceu do veículo, não sem antes tirar uma foto com o motorista que havia insistido no pedido. Pediu que o rapaz o esperasse, pois já estaria de saída, o homem concordou. fez rapidamente o check-in, deixou as coisas no quarto, ele estava em cima da hora para o sepultamento, seria a última vez que veria o amigo. Trocou de roupa, pegou seus óculos de sol, saiu rapidamente do quarto e logo estava dentro do carro de novo.
O táxi voltou a andar, agora ia em direção a sua antiga escola, local onde seria o velório do amigo, Will era muito querido na cidade. O veículo parou ali, respirou fundo, tentando criar coragem para rever seus antigos colegas de turma. Desceu do carro, pagando o motorista e o dispensando. Foi caminhando até a entrada do colégio, inundado de inúmeras lembranças, apesar do local estar um pouco diferente. Foi impossível que seus olhos não marejassem, voltar para Cape May naquelas circunstâncias era desumano.
Chegou até a porta do ginásio, reunia coragem para ver o amigo naquelas condições. Assim que adentrou o local, todos o encararam, seria assustador, se ele não estivesse acostumado com aquilo. evitou direcionar o olhar a qualquer um e se aproximou do caixão, fechou os olhos e lágrimas desceram por eles. Tinha visto Will fazia uns dois anos, quando ele havia ficado hospedado com sua família em sua mansão em San Fernando Valley… Era muito injusto vê-lo assim. Limpou as lágrimas da face, ainda encarando o amigo imóvel no caixão.
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– Mãe, se você quiser, eu fico com a Melanie aqui em casa enquanto você vai para o funeral – se voluntariou. viu que ela se esforçava, mas não seria preciso, não daquela vez.
– Eu quelo ir pla vovó, mamãe! – Mel deu pulinhos, animada, pensando no bolo de chocolate que a vó faria para ela comer.
– Não precisa, filha, tranquilo, e ela quer ir. – deu de ombros, não era como se ela realmente quisesse.
– Tudo bem, mãe. – deu uma conferida na bolsa para ver se estava tudo certo.
– Hoje será a noite do pijama, não é? – perguntou a filha.
– Sim, a Angela vem para cá, eu vou fazer comidinhas gostosas. Ah, você sabe que está mais do que convidada. – sorriu. Por ser uma mãe nova em idade e um pouco mais moderna, as amigas da filha gostavam muito de sua companhia e ela gostava de estar na companhia delas. Vivia um pouco da adolescência da filha, já que não teve uma, afinal com 15 anos tinha um bebê para criar.
– Ah, querida, obrigada pelo convite, vou só comer o que você fizer, mas tenho que organizar algumas coisas da loja. – a filha sorriu, assentindo. – Prometo não demorar, pretendo dar uma passadinha lá apenas, a senhora Davis sempre foi muito simpática, mas não vou para o after do funeral na casa dela. – Como Will era uma pessoa querida na cidade e estudou em Cape May School, havia sido cedido o ginásio do colégio para o funeral, tanto que os alunos não tiveram aula naquele dia. – E não destrói minha cozinha, hein? Pelo amor de Deus!
– Exagerada… – sorriu. – Vai tranquila, que eu vou fazer umas coisas bem gostosas para a gente.
– Hummm… Já estou ansiosa – abraçou rapidamente a filha. – Te amo, .
– Eu também quelo. – Mel bateu palminhas, arrancando um sorriso das outras duas. – Xau, !
– Também te amo, mãe. Tchau, Mel! – as viu saírem e começou a separar os ingredientes que utilizaria.
estacionou o veículo no local e fechou os olhos, tentando manter-se forte, pois velórios a abalavam demais, desde que havia enterrado seu pai. A mulher desceu do veículo e foi cumprimentando alguns moradores e ex-colegas de colégio que via pelo percurso até o ginásio, apesar de ser um velório, as pessoas pareciam eufóricas demais e aquilo a deixou surpresa, porque não era o que ela esperava.
Adentrou o ginásio e prendeu a respiração quando viu quem estava ao lado do corpo de Will, agora tudo fazia sentido, por isso as pessoas estavam tão eufóricas, afinal tinha uma celebridade na cidade. Ah, meu Deus! Ela sentiu uma leve tontura e apoiou-se na porta, fazendo um barulho alto, toda a atenção do ginásio foi para ela, inclusive de quem ela mais temia… Ele.
levantou os olhos do caixão, com o barulho alto da porta e ficou estático enquanto encarava quem o observava. Evans… Era mesmo Evans parada, parecia assustada com a atenção toda do local para si. O ator respirou mais fundo pela chuva de pensamentos que inundaram sua mente, tirou os óculos de sol do rosto, era real, a sua primeira namorada ali, a primeira também que o ensinou o que era uma decepção amorosa.
Não se soube por quanto tempo ficaram presos em uma bolha enquanto se encaravam, aquela troca de olhares tinha tantos significados... Era angustiante para , já para era incômodo, uma batalha intensa de sentimentos. sentiu seu braço ser puxado e quebrou o contato ocular, piscando os olhos, levemente aturdida e os direcionando para quem a puxava, sua melhor amiga, Bruna. Ela soltou o ar que prendia e deixou-se ser levada pela mulher.
– Ele veio… – ela encarava Bruna, em choque ainda quando as duas pararam em um canto um pouco mais afastado, no qual não eram observadas por . – Ele veio, meu Deus. Eu estou surtando, juro.
– Amiga, fica calma.
– Se ele… – Bru levou a mão aos lábios da amiga, calando-a.
– Calma! Tenta não surtar, mais do que já surtou – Bru alisava o braço dela. – Aliás, entrada mais do que triunfal, hum? – fechou os olhos com força.
– Eu não consigo acreditar como eu fui otária de reagir desse jeito. Estou petrificada de vergonha! – passou as mãos pelos olhos. – Que ódio!
– Amiga, que troca de olhares foi aquela… Depois de 15 anos vocês dois ainda exalam muita química! – a encarou, incrédula. – Parei, desculpa, amiga. Perdão! – Bruna mordeu os lábios, prendendo o riso. – Foi o choque, é foi. Ninguém esperava que ele viesse, . Está tudo bem, eu fiquei igual a você quando o vi, porra, é o , ele foi sim o nosso amigo de escola, mas agora ele simplesmente é o . – riu baixinho.
– É, acho que essa é a melhor definição para esse momento. – Bruna assentiu, rindo discretamente. – É só que… – balançou a cabeça negativamente, não era hora para aquilo, não era hora do seu drama, era hora de apoiar uma pessoa que tinha problemas muito maiores que os dela. – Eu vou falar com a senhora Davis, nem sei com que cara depois do vexame de há pouco, mas vou, eu já venho. – Bru assentiu.
seguiu até a mulher que estava muito abatida, pálida, com muitas olheiras e sem falar qualquer coisa, se aproximou da senhora e a abraçou de forma apertada. Senhora Davis se desmanchou em lágrimas e não aguentou, acabou chorando junto com ela. Tentou confortá-la com aquele abraço, pois palavras lhe faltavam no momento, numa situação como aquela nada parecia o suficiente para amenizar seu sofrimento, ela sabia muito bem disso, lembrou-se novamente de quando perdeu seu pai. Mas ali a dor deveria ser infinitamente maior que a dela, era uma mãe que perdeu seu filho amado, não era a lei natural da vida.
Desfez o abraço, olhou para a senhora, limpando as lágrimas dela, apertou suas mãos e sibilou força para ela. Direcionou-se para a viúva e a abraçou apertadamente, tentando confortá-la. Viu o filho dele, com certeza tinha uns 10 anos, pobrezinho, se abaixou e deu um beijo na bochecha dele, o abraçando também, ele chorava copiosamente. Aquilo partiu o coração dela em mil pedaços. Voltou para o lugar onde estava, visualizando algumas coroas de flores que deixaram em homenagem a Will, haviam sido confeccionadas por ela, como detestava fazer aquele tipo de trabalho.
– Saudade de ti, lindona – Anthony chamou sua atenção e ela se jogou nos braços do amigo. Desfizeram o contato depois de um tempo e se encaram com pequenos sorrisos. – Nessas circunstâncias ainda…
– Só mostra para gente que a vida é um sopro, lindão. Então aproveite mais, viva cada segundo com a sua linda mulher e com o pet de vocês. Os dois merecem todo amor e carinho. Trabalhe menos, só isso que eu te peço.
– Sim, você está certa, , muito mesmo – ele tinha o olhar cabisbaixo, era parcialmente próximo de Will e sua morte repentina foi um choque.
– Obrigada, , sempre com o timing perfeito. – Bruna se fez presente na conversa e entrelaçou a mão com a do homem, levando-a aos lábios e deixando um beijo no local. sorriu vendo a cena, definitivamente seus melhores amigos era o seu casal modelo.
Deu uma rápida checada no ambiente, viu vários familiares e amigos do rapaz, alguns rostos do colégio também. Mas ela sabia bem quem ela procurava e se assustou quando o viu muito perto dela, ele tinha acabado de prestar condolências à mãe do amigo e a esposa dele.
se aproximou, e ela sentiu a boca secar, não, ele não podia ter a coragem de falar com ela. Sua mente fervia, ela implorava que ele não parasse para falar com eles, com ela, era desumano, era cruel. Mas ele já estava há poucos metros e sim, como ela temia, ele parou. Ela viu pelos pés dele, já que o seu olhar estava no chão. Mas foi breve, ela escutou o cumprimento dele, um singelo oi, que foi respondido prontamente por Anthony, mas ela não teve forças para responder, ela não conseguia, então, ainda olhando o chão, ela acenou com a cabeça.
Mas ao contrário do que ela pensou, não se afastou tanto assim, ele estava a poucos metros dela, ao ponto de sentir o cheiro do perfume forte dele, ela o encarou levemente, voltando a olhar para frente, repreendendo-se. fez o mesmo, encarando o perfil da mulher, seus seios, seu pescoço, sua boca… Demorando-se nela. Desviou o olhar, engolindo em seco.
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tinha ido para casa de Bruna após o sepultamento, ainda estava se recuperando do susto que foi aquela repentina morte e da presença de depois de tantos anos, aquilo havia mexido com ela mais do que ela gostaria de expressar e sentia um ódio muito grande de si mesma.
Pegou a xícara de café que lhe foi estendida por Anthony, dando uma golada no líquido que estava na temperatura que ela mais gostava, enquanto estava com John, o gato do casal, em seu colo.
– Que dia! – Anthony expressou, depois de se sentar ao lado de Bruna e as duas mulheres concordaram.
– Vou ver se visito a senhora Davis depois que a poeira abaixar, agora ainda está muito recente, as pessoas dão a devida atenção no início, mas depois esquecem… Pobrezinha – Bruna assentiu com a fala de .
– A esposa também estava inconsolável, foi muito repentino e chocante. – eles assentiram com Bruna.
– E então? O que acharam de ali? – as duas se entreolharam com a pergunta de Anthony.
– Isso só mostra que e Will eram próximos, não? Eu não imaginava, depois que ele foi embora, achei que tivesse deixado Davis para trás também. – Bruna comentou, amargurada, enquanto estudava as reações da amiga.
– Sempre foram, para falar a verdade, a relação deles era bem forte, desde o time de basquete da escola, eles sempre tiveram muita troca. – Anthony disse. – Tem fotos recentes no Instagram do Will dos dois juntos.
– Pelo visto era mais forte que a nossa relação. – comentou, ressentida. – Já que na primeira oportunidade ele me deu um belo pé na bunda, aliás, se fosse só o pé na bunda, estava bom, mas ele conseguiu ser um canalha. – O casal se encarou.
– O vi por várias vezes te encarando, ... – negou com a cabeça.
– Bruna, para com isso… – a mulher ralhou.
– Eu também vi, , ele não estava sendo discreto, foi com certeza uma junção da perda repentina do amigo, te rever, rever a cidade, rever tudo que ele abandonou.
– Casal, entenda, nem se ele aparecesse pintado de ouro eu ficaria com ele. Eu estaria traindo a mim mesma, eu estaria traindo a minha filha!
– Você está coberta de razão, . E, bom, ele já logo deve ir embora e vida que segue. – Anthony comentou.
– Você não tem vontade de colocá-lo contra parede agora e entender o porquê ele fez tudo aquilo? Por que ele não teve a decência de ser homem e assumir a responsabilidade dele? – Bruna a encarou, sedenta pela resposta.
– Sim. Eu sempre me questionei, o que eu fiz de tão errado, sabe? Eu sei que era loucura ter um bebê naquelas circunstâncias, mas eu era namorada dele, eu o amava, eu merecia respeito. Enfim, eu só quero que esse pesadelo termine e ele só vai terminar com o indo embora de Cape May.
– Pois eu morro de curiosidade e se ele me der alguma brecha, com certeza vou questionar. Qual é, nem se dignar a terminar de forma decente! Mandar a mãe dele fazer isso foi baixo.
– Amor… – Anthony lhe chamou a atenção.
– Nem vem que você também tem essa curiosidade. – negou com a cabeça, mas acabou rindo com a cara que Anthony fez, era natural que os amigos também tivessem curiosidade.
– Gente, por favor, me prometam que caso o vejam não vão tocar no assunto? Eu não quero ficar remoendo essa situação, esse assunto me faz muito mal.
– Eu prometo, , morro com a minha curiosidade. – Anthony disse, sorriu. Bruna fez uma caretinha, desviando o olhar da amiga.
– Bruna, promete! – a arquiteta suspirou fundo, mordendo os lábios. – Por favor…
– Está bem, eu prometo. – Bruna abriu um sorriso fechado, torcendo muito que não aparecesse na frente dela, porque ela não saberia se conseguiria se segurar. – Mas você precisa contar sobre a existência da .
– Não! Eu não vou procurar um homem que disse que a carreira era mais importante que tudo na vida dele! – suspirou fundo.
– Ok, você que sabe. – Bru comentou, dando o assunto por encerrado. Não ia mais falar, ao menos por hora.
– Obrigada por me compreenderem – abraçou os dois ao mesmo tempo, arrancando um sorriso do casal. – Amo vocês!
– Também te amamos. – Anthony sorriu, ainda sendo abraçado pela amiga. Se separaram com pequenos sorrisos.
– Estou indo, gente, preciso buscar Mel na casa da mãe de Bruce e tenho a cozinhando sozinha na minha cozinha, não confio completamente. – fez uma careta.
– Tudo bem, amiga, estamos com saudade das duas, a última vez que fui lá elas estavam dormindo. E eu saí de forma tão desorientada pela morte do Will... – assentiu.
– Dá uma passada quando puder em casa e me avisa o horário que eu não deixo ninguém dormir – sorriram. – Se cuidem, casal. Até. – Bruna a acompanhou até a porta.
– Amor, eu estou com uma sensação estranha, mas eu não acho que o vai voltar tão rápido assim para a vida dele, o jeito como ele olhava para ela… – o marido assentiu. Bruna se sentou no sofá, ao lado do marido.
– Sim, eu também percebi, ele a olhava como se ela devesse desculpas a ele, e não o contrário.
– Exatamente, é como se ele não carregasse nada nas costas. Assustador. – ele a encarou, concordando.
– Ela quer achar que as coisas serão as mesmas, mas ela devia contar que não fez o que ele acha que ela fez, eu não quis entrar no assunto, mas é errado ele estar aqui e não saber de nada.
– Bruna, não se mete nisso, ela sabe o que é melhor para ela, ele a abandonou. – Anthony a defendeu.
– Eu não vou me meter, meu bem, eu nem tenho direito de falar sobre um segredo que não é meu, mas que é errado, é. – Anthony se aproximou, selando os lábios da mulher. O pequeno John apareceu por ali, interrompendo o momento deles. – Ei!
Eles riram, mas pegaram o gato no colo.
– Mamãe, me leva no palquinho? – Mel fez uma carinha pidona.
– Filha, mamãe está tão cansada… Foi um longo, longo dia. E sua irmã está sozinha em casa há bastante tempo. – Melanie cruzou os bracinhos, chateada. e a filha tinham acabado de sair da casa da mãe do ex-marido, no qual, Melanie tinha passado boa parte da manhã e tarde sendo muito mimada.
– Por favô, por favolzinho, mamãe. Tô implolando, deixa. É lapidinho, julo. – segurou a risada, Melanie era muito persuasiva, tinha puxado aquilo dela.
– Está bem, mas só um pouquinho e quando eu te chamar, sem manha, porque se fizer manha, mamãe briga e você fica de castigo sem parquinho por um tempo, estamos entendidas? – Melanie balançou a cabeça positivamente.
Parou o carro em frente a pracinha, lá havia balanços e, escorregadores. Os olhos de Melanie brilhavam. Abriu a porta de trás, tirou a filha da cadeirinha e quando ela ia correr, foi barrada pela mais velha
– Sem correr! – a menina bufou. – Melanie!
– Deculpa. – ela segurou na mão da mãe pacientemente enquanto atravessavam a rua em direção ao local. Melanie a encarou. – Agola pode?
– Pode. – a menina abriu um enorme sorriso com seus dentinhos de leite e correu em direção aos brinquedos, arrancando um sorriso de .
Melanie descia do escorregador, ofegante, já não sabia quantas vezes tinha descido e subido dali, enquanto a mãe a observava sentada no banco que havia próximo dali. O celular dela tocou, ela viu que era da floricultura e atendeu.
tinha decidido dar uma volta naquela tarde, estava se sentindo sufocado em seu quarto e andar um pouco o distrairia, tentava ainda absorver a morte repentina do amigo. Por onde andava, pessoas o encaravam, ninguém tinha coragem de pará-lo e ele agradecia imensamente por isso, não estava no momento para selfies e autógrafos, estava de luto. Pelo menos nenhum paparazzi o havia descoberto, ainda. Mas sabia que em breve essa realidade mudaria, porque com certeza alguém deveria ter tirado alguma foto dele distraído e logo viralizaria.
Continuou a andar sem um rumo fixo, não tinha ninguém para visitar. Era plausível, já que depois de 15 anos não era como se tivesse amigos ali, os mais próximos estavam mais frios do que um iceberg e ele se sentiu muito mal com o tratamento recebido, não entendia o que poderia ter feito de tão grave assim para isso.
– Pantela do Mal! – uma garotinha gritou, despertando a atenção do homem. Ele a viu com os olhos fixos nele e pela primeira vez naquele dia, ele sorriu com a carinha dela, parecia desconfiada.
– Eu não sou do mal, poxa vida – ele brincou, se aproximando dela.
– É sim, bateu bastante no Pantela do Bem. – sorriu. Ah, como ele amava a pureza das crianças.
– Mas eles fizeram as pazes no final, você não lembra? Antes do Pantera do Mal partir. – a garotinha fez uma carinha pensativa.
– É veldade. – ela ainda o encarava.
– Qual é o seu nome? – o ator sorriu, a estudando, ela lembrava tanto alguém, só não se lembrava quem.
– Melanie. – ela acenou. – Eu tenho assim. – mostrou três dedinhos nas mãos.
– Nossa, mas que velhinha a senhorita está, hein? – Melanie riu.
– Pala, tô não. – ela cruzou os bracinhos. – Eu quelia uma foto… – Mel piscou os olhos inocentemente e aquilo derreteu ainda mais .
– Claro que eu tiro. Já te disseram que você é muito fofinha? – a garotinha sorriu.
– Bigada. Vô chama minha mamãe, pelai. – concordou, sem pestanejar. Crianças definitivamente tinham exceção e nunca o incomodavam, amava atendê-las.
– Claro, vou te esperar aqui, pode chamar a sua mamãe. – ela foi atrás da mãe, que falava incessantemente no celular.
– Mamãeee! – Melanie gritou, chamando a atenção da mulher.
– Só um minuto, amorzinho. – falou com a filha. – Isso, Ju, aceita a encomenda e assim que fechar, manda mensagem ao fornecedor para ontem, porque vai dar um trabalhão para gente e precisamos começar o mais breve possível. – escutou a funcionária dizer algo. – Ok, um beijo, qualquer eventualidade, manda mensagem ou me liga. – desligou o celular e encarou uma Melanie impaciente. – O que houve, meu amorzinho?
– Quelo tilar foto, vem. – a encarou, confusa, por que ela queria tirar foto? – Vem, mamãe. – puxava a mulher em direção ao outro lado de onde ficava o escorregador, viu a silhueta de um homem parado ali, ela arfou quando reconheceu quem era. – Quelo tilar foto com o Pantela do Mal. – se virou e tudo fez muito sentido na cabeça dele, era com que a garotinha parecia.
– Oi, . – ele a encarou com o semblante sério e ela fechou os olhos brevemente. Aquele dia não podia acabar de uma vez?
And every time I think I've got this all worked out E toda vez que eu penso que está tudo resolvido Something chews me up and spits me out Algo me mastiga e me cospe But there's nothing left to fear Mas não há nada mais a temer I'm better alone my dear Eu sou melhor sozinha, meu bem
(Better Alone – Melanie C)
– Oi – ela engoliu o bolo que se formou na garganta. Justamente Melanie encontrá-lo? O destino adorava pregar peças na vida dela, isso ela não podia negar. Era só uma foto, tiraria e pronto, ele iria embora. – Me desculpa, é que o filme Pantera Negra representa muito para ela, você entende o que eu quero dizer, não é? – ela se desculpou por Mel. Ela conhecia a filha e sabia que ela poderia tê-lo constrangido.
– Eu entendo sim, mas você não tem motivo para se desculpar, , está tudo bem. Ela não me incomodou, se é essa sua preocupação, é uma menina muito doce. – Melanie sorriu, sapeca. – Vem tirar a foto com o tio Pantera do Mal. – se abaixou, abrindo um lindo sorriso e Melanie correu para os braços do homem, o abraçando e sendo retribuída com afinco pelo ator.
sentiu os lábios tremerem, desviou rapidamente o olhar da cena, aquilo estava mexendo com ela em proporções inimagináveis, ele estava perto demais da vida dela. Aquilo não lhe parecia justo. Eles se separaram e Mel se posicionou nos braços do homem, abriu a câmera do celular, tentando não tremer as mãos.
– Sorriam – conseguiu falar e os dois sorriram para as fotos, havia tirado duas e ambas ficaram lindas. Melanie levantou e pediu para vê-las.
– Amei, mamãe. – Melanie bateu palminhas.
– Como se diz, amorzinho…
– Bigada! – ela colocou as mãozinhas atrás das costas e a cena derreteu e . – Posso blincar mais um pouquinho? Po favo…
– Filha, temos que ir, eu disse que era só um pouquinho!
– Duas escolegadas, eu julooo. – suspirou fundo, angustiada, Melanie não estava ajudando-a, também não queria sair correndo, poderia perceber algo suspeito. Bom, ela só precisaria manter-se o mais longe possível, ele logo iria embora, ela torcia por isso, ele tinha que ir, não é? Não tinha motivos para ele ficar e tornar aquele momento ainda mais estranho. Ela fez um gesto com as mãos e a menina correu em direção ao brinquedo. abraçou o próprio corpo e caminhou até onde a filha ia.
– Sua filha é muito linda! – ela se assustou com a voz rouca dele, falando atrás de si. – Ela parece contigo. – ela trocou o peso do corpo de pé, parando de andar.
– Obrigada. – tentou responder educadamente, mas tudo o que ela não queria naquele momento era dialogar. Aquela situação tinha como ficar ainda mais desconfortável?
a viu se afastar e a estudou milimetricamente, ela parecia desconfortável, também não era para menos, tinha que estar assim mesmo, afinal ela o trocou por outro tão rapidamente, talvez a consciência dela estivesse pesando… Com certeza era isso.
O ator procurou por algum anel ou aliança no dedo dela, mas não havia nada e ficou curioso, será que ela ainda estava casada? Não que fosse super informado da vida dela, mas Davis havia comentado por alto que ela estava casada. E de qualquer forma, para que saber sobre isso? Não ganharia nada, certo? Ele voltou a se aproximar e parou ao lado dela.
– Como está sua vida, ? – quebrou o silêncio. Não soube quando as palavras sopraram de sua boca, mas contrariaram completamente seus pensamentos. Fez uma careta, não deveria ter perguntado, mas agora já era tarde e estava em expectativa por aquela resposta. Era meramente informativo, não significava nada, o ator pensou. Ele tentava se convencer de seus pensamentos enquanto a mulher tinha o cenho franzido, claramente desconfortável.
– Inacreditável… – ela umedeceu os lábios, sua boca estava seca.
– Qual é o problema? – ele a encarou, curioso. – Sua reação me intriga, Evans.
– Eu não estou suportando seu cinismo desde o momento em que nos revimos, você está querendo agir como se nada tivesse acontecido. Como se não tivesse passado 15 anos em nossas vidas! Você brincou com os meus sentimentos, você me abandonou quando eu mais precisei! – seus olhos transbordavam ódio. – Você é desprezível! – ela vomitou as palavras que estavam entaladas há anos dentro de si, não conseguiu se conter.
Elea havia abandonado? Quê? Ela era louca? Ele havia sido abandonado!
– Ei! – ele passou a mão na cabeça, desnorteado com as palavras proferidas há pouco. – Eu realmente não estou entendendo seu ponto, . Você não é inocente, você simplesmente quis as coisas assim, afinal foi você que… – ela o interrompeu, irada.
– O quê? Você está mesmo me acusando? É inacreditável mesmo, não, só pode ser um delírio – riu, incrédula. – Eu não quero ouvir mais nada, chega! – ela levantou a mão, em sinal de basta. – Eu te desejo toda a felicidade do mundo, , do fundo do meu coração, mas eu te quero bem longe de mim e principalmente da minha família. – ela passou a mão no rosto. – Melanie, acabou, vamos! – chamou, assustando a criança, que estava subindo as escadinhas. Mel a ignorou e subiu mais um degrau. – Melanie, eu já disse que chega! – elevou o tom de voz. A garotinha desceu as escadas e saiu correndo em direção a mãe e cruzou os bracinhos, com lágrimas nos olhos. – E sem birra senão fica sem parquinho! – a garotinha fez um biquinho nos lábios, tremendo-os. – Vamos, se despede.
– Tchau, tio. – ela acenou com a mãozinha livre e foi sumindo, sendo puxada pela mãe.
– Tchau, pequena, adorei te conhecer. – ela sorriu, virando-se para trás, ainda com os olhinhos úmidos e aquilo foi adorável, o ator acabou sorrindo.
viu segurar a mão dela e as duas atravessarem a rua, indo em direção ao carro. Ele a assistiu colocar a filha na cadeirinha, a prendê-la, entrar na parte da frente do carro e sumir pelas ruas de Cape May.
Ele colocou as mãos no bolso do jeans que vestia e direcionou o olhar ao chão, ele realmente não estava entendendo nada. Ela terminou com ele. Ela! Por intermédio de sua mãe.
suspirou fundo, lembrando-se que depois de um tempo, quando mais novo, a curiosidade o assombrou, e quando as redes sociais vieram ele a procurou, afinal, Will poderia tê-la adicionado em alguma, mas nada, era como se Evans tivesse sumido. Orkut ela nunca teve, o Instagram era bloqueado e o Facebook também bloqueado… Mesma coisa com Anthony e Bruna.
Ela tinha tanto ódio no olhar… Por quê? Passou a mão pelo rosto, pegou o celular e digitou um número muito conhecido por ele.
– Oi, Adonis. Tudo bem? – ele encarava a praça, ainda andando por ela.
– Fala, cara, estou bem e você? Ia mesmo te ligar, seu voo está para amanhã às 11 da manhã, ok?
– É sobre isso mesmo que eu quero falar, cancela, por favor, eu vou ficar por alguns dias mais aqui em Cape May.
– Posso saber o porquê, ? – o ator chutou uma pedrinha que tinha no chão.
– Tenho assuntos pendentes por aqui. Se tiver qualquer agenda, cancela também, eu não tenho uma previsão de volta.
– … Vai vazar que você está aí, você sabe, não?
– Já vazou, pode apostar. É uma cidade pequena, devem ter tirado fotos minhas, se bobear estou sendo observado agora. – ele deu de ombros. – Não ando me importando tanto com isso agora.
– Ok… Estou preocupado. – riu, ele realmente prezava sua privacidade, por isso seu manager reagia daquela forma. – Você que sabe de si, só não faça nada que eu tenha que tentar apagar depois, pelo amor de Deus. – eles riram.
– Pode deixar, se cuida. – desligou.
Ele queria entender tudo, ele tinha direito, tentaria investigar aquilo mais a fundo, e para isso sabia bem quem procuraria. Chega de meias palavras, o que tinha pendente deveria ser resolvido.
🌸🌸🌸
– Nossa, mãe, você demorou! – a abordou assim que ela passou pela porta da casa com Mel. – Angel já até chegou.
– Oi, ! – a garota loira se levantou e abraçou .
– Oi, Angel. – desfez o contato com a amiga da filha e depositou um beijo na testa de . – Perdão, acabei dando uma esticada na casa dos seus padrinhos, depois fui buscar sua irmã, ela pediu para ir ao parquinho, enfim… – ela suspirou, deixando a bolsa no sofá. Mel correu para os braços de Angel, que a abraçou.
– Mãe, está tudo bem? – a encarava, preocupada.
– Está, é só tudo mesmo. – a filha assentiu com a cabeça.
– Se quiser conversar… – segurou a mão da mãe, que estava em pé atrás de si.
– Sim, , estamos aqui. Inclusive, estou precisando de um conselho, é sobre o Kevin, sabe? – riu, concordando que se lembrava. – Você sempre acerta.
– ! – Mel gritou de repente, chamando a atenção para si. – Eu tilei foto com o Pantela do Mal! – ela abriu um sorriso com todos os dentinhos.
– Ai, meu Deus! Puta que pariu…
– , a boca, olha a Mel! – encarava a filha brava.
– , não dá para controlar, caral… – a mais velha encarou Angel – …mba. Aquele gostoso do está mesmo em Cape May, ! Eu falei!
– Ele é muitoooo legal. – Mel complementou.
– Cadê a foto, mãe? Quero ver! – suspirou baixo, pegou o celular do bolso, o destravou, abriu a galeria e entregou na mão da filha. Angel se espremeu, olhando a foto junto. – É um deus grego mesmo!
– e o sorriso? Que homem lindo. Nossa! Os olhos dele lembram… – ela encarou a amiga. – Enfim, deixa para lá, ele é cheiroso, ? – Angel agora tinha os olhos fixos na mãe da melhor amiga, que parecia que ia desmaiar a qualquer momento de tão desconfortável que estava.
– Eu não reparei. – tentou sorrir, mas pareceu uma careta, franziu o cenho perante a reação da mãe.
– Como a Mel conseguiu tirar foto com ele? Mãe, pelo amor de Deus, conta essa história direito, que hotel ele está hospedado? Para a gente tentar tirar uma foto, sei lá, ninguém nunca vem para Cape May. – estava em pé, junto com Angela, em surto. Aquilo era errado de inúmeras formas possíveis, Deus tinha que ter misericórdia dela.
– Foi ao acaso, ele estava na praça, querida, e sua irmã pediu e ele tirou, não tem uma história. E essas horas tenho certeza de que ele até já voltou para a terra dele. – ela orava por isso incessantemente.
– Será? Tão rápido? – Angel murchou, jogando-se no sofá.
– Esses artistas têm agenda cheia, enfim. Eu vou dar banho na Mel e vou tomar banho. Fique à vontade, Angel, você já é de casa – a menina assentiu. pegou Mel no colo e a menina deitou a cabeça em seu ombro, estava cansada, tomaria banho, jantaria e dormiria até amanhã.
– Pode deixar, . – as duas sumiram pelo corredor. – Caralho, a gente respirou o mesmo ar que o gostoso do ! Para o mundo que eu preciso descer.
As duas gritaram alto e acabaram gargalhando depois.
– Só achei sua mãe bem nervosa, você não achou também? – Angel comentou, encarando a amiga.
– Sim, eu achei e confesso que não entendi nadinha... – Angel concordou. – Minha mãe está escondendo alguma coisa, Angel e eu vou descobrir.
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– Sem total disposição para cozinhar hoje, querido. – Bruna suspirou, olhando as panelas vazias no armário e se sentando em uma cadeira. Escutou passos vindo da sala até Anthony aparecer em seu campo de visão.
– Então vamos comer fora, o que acha? – Bruna fez uma careta engraçada.
– Seria bom se você cozinhasse, não é, bonitão? Estamos podendo comer fora?
– É pegar ou largar? Porque eu também não estou a fim de cozinhar, podemos ir naquele restaurante de comida mexicana, é gostoso e tem um preço bom…
– Me convenceu, sem dúvidas, estou pronta em 25 minutos. – Anthony riu, negando com a cabeça. Ele olhou a própria roupa e deu de ombros, iria do jeito que estava mesmo, Bruna que não gostaria muito.
Entraram no restaurante com Bruna ainda inconformada com a bermuda, o chinelo e a camiseta do Capitão América que o marido vestia e ele fingindo não escutar, eles só iriam almoçar, não é como se estivesse indo para um casamento. Se sentaram em uma mesa um pouco mais distante da entrada do lugar e escolheram o que comeriam rapidamente, estavam com fome.
– Parece que pela primeira vez você está cumprindo uma promessa mesmo, estando mais presente, trabalhando menos, gosto disso. – ela entrelaçou a mão com a dele, arrancando um sorriso de lado de Anthony.
– A morte do Davis mexeu realmente comigo, amor, não vale a pena, no fim das contas, a gente morre e fica tudo aí… – Bruna assentiu, suspirando fundo.
– É melancólico, mas é a pura verdade, a gente só leva as coisas que a gente faz de bom. – ele assentiu. Não tardou para que trouxessem o prato deles.
– Quer? – ela ofereceu um pouco de seus tacos para ele, que aceitou, ela levou um deles a boca do marido. – Dá um pouquinho de guacamole. – ele fez o mesmo processo, levando um pouco aos lábios dela. – Eu não acredito… – Anthony a encarava de cenho franzido. – Não olha agora, mas o acabou de entrar no restaurante. – ela falar foi como se mandasse o marido olhar para a entrada. – Amo como você é discreto. – foi irônica.
– Desculpa, é mais forte que eu. – ele riu, voltando o olhar para o prato.
– Bacana, sua sutileza de um dragão chamou a atenção do homem e ele está vindo para cá. – Bruna abriu um sorriso forçado.
– Merda! – ele fez uma careta engraçada, arrancando um revirar de olhos de Bruna.
Para avistar os dois era tudo o que ele mais desejava depois ter se decidido ficar por mais alguns dias na cidade, porque sabia que eles com certeza sabiam de tudo. Sem nem pensar duas vezes direcionou seu corpo para onde estavam.
– Oi! Bom encontrar vocês por aqui. – Bruna suspirou baixo.
– Olá. – Anthony respondeu pelos dois. Um silêncio estranho se instaurou, com sustentando um sorriso na face. – Bom, você quer sentar conosco? – bingo, era tudo o que o ator queria ouvir.
O restaurante estava relativamente cheio, e ele entrar no local e estar em pé conversando com os dois chamava atenção dos moradores de Cape May que custavam a se acostumar com uma celebridade perambulando por ali, era o que Anthony pensou, por isso o convite.
– Não acho que seja uma boa ideia. – Bruna respondeu antes que o ator pudesse abrir a boca. A mulher continuava sútil como um cavalo.
– Bruna! – Anthony ralhou com a falta de modos dela e a mulher de ombros. – Senta, , não ligue para ela. – Bruna negou com a cabeça, bufando baixinho.
– Obrigado, eu vou aceitar, está meio cheio aqui – ele se sentou, puxando o cardápio e vendo os dois se alimentando em um clima de pleno silêncio. – E como está a vida de vocês? Juntos desde o colegial?
– Sim, estamos em um relacionamento há 17 anos, não nos casamos ainda, por culpa inteiramente dela, porque eu já cansei de pedir essa mulher em casamento. – Bruna mordeu os lábios, segurando a vontade de rir. acabou rindo, Bruna não tinha mudado nada mesmo.
– Quando completarem 20 anos de namoro, a Bruna deve aceitar o pedido. – Bruna tentou não rir, mas foi impossível. Sentia-se uma traidora por estar rindo com o inimigo da sua melhor amiga.
– Olha, eu realmente não duvido. – Anthony ainda ria quando comentou. – Mas e você?
– Saí de um relacionamento há uns seis meses, então estou solteiro desde então. A vida em Hollywood não é fácil, meu caro. Arrumar relações duradouras sem um pingo de privacidade pega, ela era uma pessoa pública também, o que piorava os holofotes. – Bruna prestava atenção a conversa, mas não se limitava a participar. O silêncio chato se instaurou novamente.
– Com licença, , desculpa incomodar, mas você pode tirar uma foto comigo? – uma mulher apareceu na frente dele, tinha os olhos brilhando.
– Claro. – ele se levantou de seu lugar, pegou o celular da mão dela que estava trêmula e tirou uma selfie com ela.
– Obrigada, obrigada mesmo, e desculpe incomodá-lo. Com licença. – ela deu um rápido abraço nele, saindo rapidamente. voltou a se sentar.
– Como é isso tudo, cara? Essa fama estrondosa?
– Então, é surreal, me sinto muito realizado profissionalmente, principalmente depois que atuei em Pantera Negra, porque também conquistei um público infantil, foi muito bom participar desse projeto. – o garçom trouxe seu pedido. – Obrigado. – agradeceu ao rapaz.
– E vocês, trabalham com o quê?
– Não somos estrelas de Hollywood, mas a Bruninha aqui é arquiteta e eu sou formado em TI e trabalho remotamente.
– Muito bom, gente. Bruna seguiu o que queria desde os 15 anos, determinada. – Bruna mordeu os lábios, mas não respondeu. Assim que chegasse em casa mataria Anthony. – E a ? Como ela está?
– Até que demorou para você perguntar, mas não me surpreende. – pela primeira vez Bruna se dirigiu ao ator com sarcasmo pingando no tom de voz. – Ela está bem, maravilhosamente bem. – forçou um sorriso. – Nunca vi minha amiga tão bem como ela está agora.
– Isso é ótimo, muito bom. – abaixou o olhar para o prato, encarando–o. Silêncio, apenas o barulho dos talheres batendo nos pratos eram ouvidos.
– Eu prometi que eu ia segurar a minha língua, mas eu não consigo, é mais forte do que eu.
– Bruna, não, você prometeu… Nós prometemos – ela negou com a cabeça.
– Não posso, eu não tenho sangue de barata, então, vamos lá, Sex Symbol, por que você a abandonou?
– Eu não a abandonei, ela me abandonou, desde o momento que eu coloquei os pés fora da cidade. – comentou.
– Eu não acredito que eu estou ouvindo isso mesmo, cínico!
– Primeiro a , depois você, e dessa vez eu não vou escutar calado. – ele largou o talher no prato, fazendo um ruído desagradável. – que aprontou comigo, ela que não teve noção. Por que vocês estão com tanta raiva se a vítima fui eu? Ela que seguiu com a vida amorosa rapidinho.
– Cala a boca, o que você está falando? – Bruna perguntou. – Seja homem e honre as calças que você veste.
– Amor…
– Não, Anthony, é um absurdo ele ficar falando essas coisas quando a gente sabe bem a realidade.
– Que realidade? A tecnologia antigamente era péssima, minha mãe tinha celular, mas eu não porque era muito caro e meu pai não ganhava tão bem assim, por isso nunca liguei para ela para entender por que ela agiu desse jeito comigo. Eu até tentei me comunicar com vocês, apesar de eu ter perdido minha agenda, eu mandei cartas… Vocês nunca me responderam!
– A gente nunca recebeu carta nenhuma, ! – Anthony exasperou. – E como assim a seguiu em frente? Você é louco?
– Como não? Eu escrevi, várias cartas pedindo os telefones de vocês, eu pedia para que minha mãe postasse nos correios. Inclusive foi minha mãe que me contou que quando voltou da visita que fez a Cape May, ela viu aos beijos com outro cara! Aparentemente eu estava namorando sozinho à distância.
– Espera, sua mãe disse o quê? – Bruna arqueou a sobrancelha. – Ela te falou que a seguiu em frente? – ele assentiu. – E você escrevia as cartas e pedia para ela postar? – Bruna o encarou, se ajeitando melhor na cadeira.
– Sim, a minha vida era muito corrida com os estudos e as gravações, e minha mãe era encarregada disso.
– Puta merda. – Anthony verbalizou o que Bruna queria ter verbalizado também. A mãe dele era uma megera.
– E por que você nunca voltou à Cape May, ? Por que nunca veio para entender por que todos nós não respondemos as suas cartas? Ou por que a seguiu em frente tão rápido? – ela fez aspas com as mãos quando mencionou a amiga.
– Medo do que eu poderia encontrar aqui, medo de vê-la feliz com outra pessoa – abaixou o olhar. Bruna abriu e fechou a boca por várias vezes, estava em choque. – Eu queria confrontá-la, juro, mas decidi que o melhor para mim era seguir em frente também. – Anthony assentiu.
– O que você sabe do que aconteceu com a , ? – Bruna estava começando a compreender aquele quebra-cabeça e aquela resposta seria a última peça para ela terminar de montar.
– Que ela tinha seguido em frente sem mim, e que hoje em dia ela é mãe de dois filhos, inclusive esse último fato quem me contou foi o Will. – Davis havia se formado no Ensino Médio no ano em que o havia se mudado da cidade, Will foi para uma universidade fora de Cape May, então ele já não morava mais lá quando tudo se desenrolou.
– Nossa… – Anthony soltou, encarando Bruna.
– Você jura pela sua vida que você só sabe isso sobre ela?
– Sim, eu juro pela minha vida.
– , eu acho que você deveria falar com a sua mãe, ela sabe bem o que aconteceu com a durante esses anos, mais do que você imagina. – a encarou, confuso com a forma com que Bruna falou.
– O que houve? Por favor…
– Essa história não é minha, então eu não tenho direito sobre ela, o único conselho que eu te dou é que você questione a sua mãe. Ela sabe – ela umedeceu os lábios. – Vamos, amor? – os dois já tinham terminado de comer.
– Vamos, foi bom conversar contigo, . – ele assentiu, vendo os dois se levantarem e caminharem em direção ao caixa. Ele empurrou o prato para longe dele, havia perdido o apetite. Por que sua mãe saberia sobre a vida de ? Não estava fazendo sentido nenhum na sua cabeça. Aquela era o tipo de conversa que ele não teria por telefone. Mudança de planos mais uma vez naqueles dias, Adonis que o perdoasse.
I'm spinning round Estou girando And deep inside E bem aqui dentro My tears I'll drown Afogarei minhas lágrimas I'm losing grip Estou perdendo a cabeça What's happening? O que está acontecendo?
(Cry – Rihanna)
finalmente tinha chegado em casa depois de ter conseguido um voo no dia seguinte à conversa que teve com Bruna e Anthony. Adonis como sempre tinha sido impecável, tinha que agradecê-lo muito, sabia que não tinha sido fácil.
Ele não tinha conseguido dormir direito desde que Bruna havia dito que ele deveria procurar a mãe para entender tudo, sentia-se confuso, curioso, tinha medo também do que havia acontecido com a ex-namorada. Por que a mãe sabia e ele não? Por que ela nunca lhe contou nada?
Adentrou seu quarto, deixando as malas lá e caminhou até o closet e escolheu uma bermuda e uma camiseta. Ia tomar um banho para clarear as ideias, já que sua vontade naquele momento era confrontar sua mãe de cara, o ator tinha visto a tevê ligada da sala principal, mas havia entrado pelos fundos. Tomou uma ducha, se barbeou, se vestiu e desceu as escadas, indo até a sala principal.
– Filho, que saudade! – a mulher o abordou assim que o viu adentrar o local. Ela o abraçou fortemente e retribuiu o gesto de carinho. – Como foi a viagem? Aliás, você saiu tão de repente que eu não entendi bem para onde você foi, só sei que era o funeral de um amigo, não é? – a mãe o puxou para que se sentassem no sofá. – Inclusive, como você está com a perda?
– Mãe, calma, quanta pergunta! – ela sorriu. – Vamos por partes, a viagem foi tranquila. Era o Will Davis, um amigo de Cape May, foi muito repentino, um acidente de moto o levou. – a expressão facial da mãe mudou drasticamente a menção da cidade. – Não, eu não estou bem, estou tentando processar tudo, tenho a impressão de que parece ser mentira. Depois de 15 anos eu finalmente voltei para Cape May, mas não com as circunstâncias que eu almejava.
– Sinto muito, filho, de verdade. Muito triste perder alguém de repente, eu sei disso e o Will era um bom rapaz. – a mulher alisou o rosto dele, tentando lhe passar conforto. – Saiba que estou aqui, sempre.
– Eu sei, mãe, obrigado. – o ator forçou um sorriso. – E as coisas por aqui? Meu pai?
– Tudo bem, querido, os dias foram tranquilos. Seu pai, teimoso como sempre, mas está bem. – sorriu. Um silêncio se instalou, escolhia as palavras para abordar o assunto.
– Mãe, vou ser direto com a senhora porque essa história está me tirando o sono desde que eu descobri… Eu quero falar com a senhora sobre Evans. – a mulher abaixou a mão do rosto do filho, arregalando os olhos.
– Quem? – ela entrelaçou uma mão na outra.
– Mãe, por favor, não mente, eu vi suas reações quando mencionei a cidade e principalmente o nome dela. O que aconteceu?
– Querido, eu… Já faz tanto tempo, por que desenterrar isso? – a mulher se levantou do sofá, claramente incomodada.
– Mãe, se a senhora não me contar, eu vou descobrir de qualquer forma, não torne as coisas mais difíceis, essa sua atitude só me leva a crer que você tem alguma culpa. – a mulher respirou fundo, se vendo sem saída.
– Está bem, eu vou contar o que sei… – ela voltou a se sentar no sofá, parecia desesperada. Aquela história a sufocava há anos, talvez fosse mesmo o momento de saber de uma vez e ela livrar aquele peso de si.
15 anos antes…
Seis dias, só fazia seis dias que se mudaram de cidade, e Donna e já estavam de volta à Cape May para acertar a venda da casa, para a sorte deles haviam achado rapidamente um comprador. Tinham decidido vir apenas os dois porque era uma visita rápida.
Terminaram de assinar a documentação de venda e se encararam, sentiriam saudades da cidade tão acolhedora, da comodidade, do clima, aquele lugar era mágico. Agora não tinha como voltar atrás, mas, de qualquer forma, estavam amparados pelo trabalho de , não daria errada essa mudança à Newark. Apertaram as mãos do comprador e se despediram do local. Assim que colocaram os pés para fora da imobiliária, viram duas adolescentes afoitas, pareciam os aguardar, pela forma que os olhavam.
– Senhor e senhora , oi! Como estão os senhores? – , a namoradinha de seu filho, sorriu, mas parecia um sorriso forçado, pois seus lábios tremiam. A garota que estava ao seu lado fez o mesmo. Donna lembrava-se do nome dela, era Brenda, não, era Bruna!
– Oi, queridas! Estamos bem – ela sorriu. – Já sei que querem saber sobre o , não é? – o pai se adiantou – Ele não veio, só nós dois mesmos.
– Eu imaginei, estou com saudades dele. – o marido sorriu a fala da adolescente. – Mas eu gostaria de conversar com a senhora, é algo sério. – tinha os olhos desesperados.
– Opa, já percebi que esse assunto não me engloba, vou indo para o hotel para ajustar os últimos detalhes. – o homem sorriu. – Bom ver vocês, meninas. Donna, não demore. – o homem saiu e as deixou sozinhas.
– Seus lábios estão secos, meu bem, você está bem? – negou com a cabeça.
– Podemos ir para minha casa, senhora ? É aqui perto, o assunto que a tem a tratar é delicado.
– Claro, vamos sim. – a mulher a olhou, preocupada. permaneceu com a mão entrelaçada com a da amiga.
Como Bruna havia mencionado, a casa dela era realmente perto dali, logo elas haviam chegado e se acomodaram no sofá da sala da casa da garota, que não tinha nenhuma grandeza, era bem simples. Bruna deu um copo de água para a amiga e para a Donna.
– O que houve, meu bem? Diga, seu rosto está me afligindo. – engoliu seco, estava muito nervosa.
– Eu não sei por onde começar… – soltou o ar de uma vez. – Acho que não tem jeito certo para uma notícia dessas, me perdoe, senhora ... – suspirou. – Eu estou grávida do .
– O quê? – a mãe do rapaz tinha os olhos arregalados. – Grávida?
– Sim, eu não sei como aconteceu, mas estou. – já tinha a face banhada em lágrimas.
– E você pretende tirar, não é? – a mulher tinha urgência na voz.
– Eu… Eu não sei ainda. – a encarou. – Quero decidir com o , eu não fiz sozinha – limpou a face rapidamente, Bru a abraçou de lado.
– Bem, claro, vocês devem decidir juntos, óbvio. – a mulher umedeceu os lábios, forçando um sorriso, que pareceu mais com uma careta.
O filho estava finalmente conquistando um trabalho promissor como ator, pai começou em um emprego novo em Newark… Não, não, ia querer o bebê, ela conhecia o filho e tudo seria jogado no lixo, mudaria para Newark e atrapalharia os planos do filho, ou pior, o filho abandonaria tudo por ela, ele nem queria se mudar pelo namorico. Não! Ela tinha que pensar rapidamente, ela precisava pensar.
– Como posso falar com , senhora ? Meu pai ainda não sabe, preciso contar, mas preciso dele comigo para decidirmos o que faremos, independente de tudo. – a garota a despertou de seus devaneios.
– Ah, sim, eu vou ligar para ele. – a mulher abriu a bolsa, procurando o celular.
– A senhora acha que esse tipo de notícia deve ser dada por telefone? – Bruna se intrometeu pela primeira vez na conversa.
– Claro que não, mas não há outra forma, meu bem. Se formos para Newark só para contar, depois teremos que voltar à Cape May e gastaremos um dinheiro desnecessário e que não temos, então ele vem e ele precisa saber por que precisa vir. Vou ligar, com licença, meninas. – deu de ombros, só queria que ele viesse de uma vez.
A mulher saiu da sala, mas ela obviamente não ligou para o filho, já estava decidida a resolver as coisas do jeito dela e isso não envolveria o filho ser pai. Que Deus lhe perdoasse um dia, mas era melhor assim, que essa criança não viesse ao mundo, os dois tinham muito a viver, e sem dúvidas era só um namorico adolescente, estava fadado ao fim, ela só adiantaria o que inevitavelmente aconteceria.
Fechou os olhos, se preparando para lidar com as consequências de sua decisão, tinha uma garota ali que teria o coração quebrado em inúmeros pedaços. Esperou um pouco mais para voltar até a sala, tinha que ser convincente. Demorou cerca de quinze minutos e retornou.
– E então? Quando ele vem? – perguntou, ansiosa.
– Eu sinto muito… – a mulher voltou a se sentar. – Eu não sei como dizer, estou tão envergonhada da atitude dele.
– C-como assim? – sentiu que a qualquer momento desmaiaria.
– Ele não quer saber dessa criança, meu bem. Ela só atrapalharia os planos dele, então ele exige que você interrompa a gravidez.
– Eu não posso acreditar nisso, diz que é alguma brincadeira, pelo amor de Deus! – sua voz saiu esganiçada. Bruna encarava a mãe do rapaz perplexa, como se transformou naquele monstro?
– Olha, querida, eu queria dizer que é uma brincadeira, mas não é. foi taxativo, ele não quer esse bebê… Mas você terá total o meu suporte, ok? Não te abandonarei. – a mais velha segurou as mãos da adolescente.
– Eu quero que ele mesmo diga isso para mim. Liga de novo, senhora . – estava em pé, as pernas tremiam, mas ela não conseguia ficar sentada.
– Eu até poderia, meu bem, mas ele não quer falar com você, ele me disse que o relacionamento de vocês acabou. – a mulher fez uma cara triste.
– Bruna… – a adolescente se levantou e abraçou a amiga de forma apertada.
– Eu estou aqui, ok? Eu sempre estarei, amiga. – Bru alisava a cabeça da amiga. – Vai ficar tudo bem. – ela não acreditava muito naquelas palavras, mas precisava confortá-la. – Eu quero falar com ele.
– Bom… – a mulher se viu apurada. – Vou ligar de novo – disfarçou que discava os números, enquanto Bruna consolava a amiga. – Não atende, ele sabe que sou eu, não atenderá.
Somente os soluços de eram ouvidos na sala, Donna se sentiu mal, a garota gostava mesmo do seu filho, mas os dois a agradeceriam no futuro, estava os salvando de uma vida infeliz.
– Se ele quer assim, eu tiro. – depois de um determinado tempo de silêncio se pronunciou, ela limpou as lágrimas com violência do rosto, doía tanto, tanto que ficava até difícil de respirar.
– , amiga, você está nervosa demais para decidir qualquer coisa, e…
– Não, eu vou fazer o aborto, essa gravidez vai atrapalhar a carreira dele, não é assim, senhora ?
– Sinto muito – apertou as mãos dela, tentando confortá-la. – Acredito que a decisão de abortar seja mesmo a melhor, não é justo que você arque com a criação da criança sozinha. – Donna mexeu na carteira, abrindo-a e tirando uma boa quantia de lá. – Pegue – estendeu o dinheiro na direção da garota. – Vai te ajudar nas despesas do procedimento. – ficou um tempinho olhando o dinheiro, mas com as mãos trêmulas pegou. – Eu preciso ir, meu bem, vai dar tudo certo e você verá que apesar de ter sido horrível, foi a melhor decisão.
Beijou a testa da menina, se despediu com um aceno de cabeça de Bruna e saiu completamente aliviada, afinal, era o melhor.
2019
– Não encosta em mim. – ele a encarava, enojado. – Como você pôde?
– Filho… – estava desesperada. – Era o melhor a ser feito.
– Não, você coagiu uma garota de 15 anos a abortar… – parecia que surtaria a qualquer momento. – Não me consultou, eu jamais a abandonaria, eu a amava tanto, tanto! Você me viu sofrendo dia após dia achando que ela tinha terminado comigo… Que espécie de monstro eu tenho como mãe? – Donna sentiu os olhos lacrimejarem, doía ouvi-lo proferir aquilo.
– Meu amor, olha aonde você chegou graças a essa minha decisão. – ela sorriu, se aproximando dele.
– A que preço? Esse sucesso todo construído na infelicidade de , agora compreendo. Ela está certa em me odiar, no fim das contas, eu me odiaria. Eu preciso conversar com ela, tenho tanto a dizer, meu Deus! – ele se desvencilhou do toque dela. – Não me toca, eu estou com a cabeça explodindo.
– Me perdoa, eu só pensei no seu futuro, eu sei que não tinha o direito, mas eu achei que era o certo, eu…
– Eu não quero mais ouvir desculpas, você destruiu tudo e não tinha nenhum direito porque essa história não te pertencia. Droga! – ele andava de um lado para o outro, em desespero. – Porra, se ela não tivesse abortado, eu seria pai, pai, olha a gravidade disso! – tinha a cabeça explodindo de suposições. – Ah, Donna...
– Querido... – Donna o encarava, aflita.
– Eu vou subir, não me segue, eu preciso ficar sozinho. – olhar para a sua mãe estava o fazendo mal.
– Está bem... – A mulher mordeu os lábios trêmulos e se entregou ao choro que prendia, aquela história era dolorosa demais.
Ele subiu as escadas correndo, bateu a porta com certa força, entrou pelo cômodo e se sentou na cama, tentando processar tudo o que tinha acontecido, tinha que voltar para Cape May o mais rápido possível, precisava resolver as coisas, mas antes disso, estava mais do que decidido a se mudar. Se ele precisava de mais uma motivação para tomar a decisão, ele tinha. Puxou o contato do corretor, alugaria um flat o mais rápido possível.
🎬🌸🎬
– Patroa linda, temos mais entregas para esta linda manhã? – Jack apareceu em seu campo de visão, despertando a atenção dela no computador. Ele já havia terminado de entregar os pedidos da manhã e havia retornado para a loja. Quando não havia pedidos, ele ficava lá ajudando ou simplesmente jogando conversa fora quando o movimento estava baixo.
– Temos só uma, Jack. E tem horário para ela, às 11. – ela olhou no relógio e se passava das 10:35. – Estou terminando de montar a cesta. Amo quando o cliente confia inteiramente na escolha da flor para mim. – Jack sorriu.
– Ele mandou foto dela?
– É dele. – ela sorriu, corrigindo-o. – Sim, mandou.
– E qual é o veredito? – Jack amava como ela conhecia cada flor e a particularidade de cada uma.
– Pelo cartãozinho é um pedido de casamento, então lírios roxos combinam muito, afinal, o lírio significa honestidade, paixão e doçura. O que acha?
– Eu nem tenho como contestar. – ele sorriu. – Ficou muito bonito.
– Eu também achei. – ela sorriu, orgulhosa. – Pronto, é melhor você ir, pontualidade é tudo. Ah, a caixinha de bombons. – ela entregou a Jack.
– Sim, senhora, logo estou de volta – ele piscou, galanteador, e ela riu, negando com a cabeça, Jack nunca tomava jeito mesmo. Apesar dos galanteios, ele nunca foi invasivo, então ela nunca se importou com isso.
Olhou o computador, nenhum pedido pelo site, estava há um tempo cogitando um app, já havia feito alguns orçamentos também, sabia que ganharia ainda mais clientes com a funcionalidade. Escutou o sininho da loja tocar, fazendo-a despertar a atenção na porta. piscou os olhos, aturdida, não, não podia ser, ela desviou o olhar da porta, achando ser uma miragem, voltou o olhar para o local, mas não era uma ilusão, tinha entrado pela porta e tinha os olhos urgentes e fixos em , ele nem havia passado em algum lugar, já que sua mala estava ao lado dele.
– O que está fazendo aqui? Como soube onde eu trabalho? – ela mordia os lábios trêmulos.
– A gente precisa conversar. – ele falou com a voz rouca e aquilo a arrepiou dos pés à cabeça, mas aquele arrepio definitivamente não tinha conotação sexual.
But I'm afraid... Mas tenho receio... It's too late to apologize, it's too late De que seja tarde demais para se desculpar, é tarde demais I said it's too late to apologize Eu disse que é tarde demais para se desculpar It's too late É tarde demais
(Apologize – One Republic feat Timbaland)
– Meu Deus, . – ela o encarava, com o semblante cansado. – Eu já disse que não temos nada a conversar. Por favor, vá embora. – O ator suspirou fundo, sabendo que aquela conversa não seria fácil. Ele observou que na porta havia uma placa pendurada, ela indicava se o estabelecimento estava aberto ou fechado, o ator mudou a placa para fechado. – Ei! – ela soltou um gritinho fino, enfurecida, andando a passos rápidos em direção a porta para mudar a placa novamente, segurou a mão dela e ela se afastou rapidamente, como se tivesse levado um choque com o contato.
– Eu não sabia… – ele falou baixo, não tinha jeito certo para começar aquela conversa. – Eu nunca soube. – ela sentiu o coração bater mais forte no peito. – Se eu soubesse, eu juro pela minha vida, as coisas não teriam ido por esse caminho – ela sentiu as mãos tremerem levemente.
– Do que você está falando?
– Você sabe… Minha mãe nunca me ligou aquele dia.
– Para, para de mentir, você não tem o direito de falar disso comigo, sua m… – se perdeu nas palavras, quando sentiu duas mãos na sua cintura, direcionou os olhos para baixo e estava ajoelhado aos seus pés e chorava copiosamente. Ela arfou, completamente surpresa.
– Me perdoa, me perdoa, me perdoa… – ele fungou. – Eu queria estar aqui, se eu soubesse… – ele tinha o olhar direcionado para ela, chorando. – Minha mãe tomou decisões que não cabiam a ela, eu estaria ao seu lado qualquer fosse sua decisão, mas a forma como as coisas foram… Essa história foi tão absurda! – ele abaixou o olhar, tentando controlar o choro.
estava estática, sentindo os olhos marejarem, levou as mãos à boca, em choque, não podia ser, por que ele estava fazendo aquilo com ela? Não era justo depois de todos aqueles anos, não era. Ela tirou as mãos dele de sua cintura, quase perdeu o equilíbrio com o ato. A florista se afastou, precisava respirar e aquela proximidade não estava deixando. A mulher levou as mãos à cabeça, estava tonta, apoiou-se no balcão.
– Para… , não… Sua mãe… – balbuciou, confusa.
– Pense, , por favor, pense bem e você perceberá que eu estou falando a verdade. Eu nunca quis me mudar para Newark, só me mudei mais conformado porque você me incentivou, eu não queria ficar longe de você… – ela suspirou fundo, ainda permanecia no chão, claramente em desespero. – Você nunca falou comigo, você escutou tudo da boca da minha mãe, quando você pediu para falar comigo, ela negou, por que ela negaria? Porque ela estava má intencionada. – estava desesperado, queria consertar as coisas. Ela sentiu as primeiras lágrimas descerem de seu rosto sem qualquer permissão.
– Por que, ? Por que você está fazendo isso comigo agora? Depois de 15 anos? – Ela mordeu os lábios, tentando controlar o choro que queria acometê-la.
– Porque eu só soube agora! – ele se levantou do chão. – Bruna e Anthony me alertaram que eu deveria conversar com a minha mãe para entender o porquê você estava se comportando comigo daquela forma. Quando eu conversei com os dois, eles perceberam que tinha algo errado. Se eu soubesse… Quando minha mãe voltou da viagem de Cape May, ela disse que você tinha outro e que me esqueceu e eu, idiota, acreditei. Como eu pude ser tão tolo de acreditar?
– Não, não, não. – negava freneticamente, sua cabeça explodiria a qualquer momento. Ele se aproximou dela e com cuidado a abraçou, ficou estática, com os braços caídos ao lado de seu corpo, tentou resistir e não corresponder aquele sinal de afeto, mas não conseguiu e o abraçou de volta, claramente confusa.
Não souberam quanto tempo ficaram debulhados em lágrimas, cada um imerso em seus próprios pensamentos, ela por pensar na possibilidade de que sua filha poderia ter crescido com pai, ele por pensar que poderia ter sido pai. As diferentes emoções os sufocavam.
– Você acredita em mim? – falou baixo. Ele a prendia em seus braços, como se ela fosse a coisa mais valiosa de sua vida.
– Estou confusa, , eu não sei no que acreditar, no que pensar, é absurdo que sua mãe tenha sido tão… – ela sussurrou, não terminou a frase, era a mãe dele no fim das contas.
– Eu juro que é a verdade! – ela suspirou fundo, separando-se dele e limpando sua face. – Eu não posso perdoá-la, ela não tinha o direito de te coagir, porque ela te coagiu a abortar e está tudo bem, você tomou a decisão que você achou melhor para si. – ela sentiu uma pontada na cabeça, … Céus, estava perdida.
– , eu preciso assimilar isso tudo, pensar friamente sobre... Eu preciso de um tempo. – se afastou dele, esgotada. – Por favor.
– O tempo que você quiser, , eu espero. Eu vou ficar um tempo em Cape May, e só vou embora quando eu sentir que fechei esse ciclo da minha vida. Eu preciso fechar. – ele umedeceu os lábios, a encarando firmemente.
– Está bem. – ela fungou, suas narinas estavam entupidas pelo choro recente. – Conversamos depois.
– Eu ainda não sei onde vou ficar hospedado, pois vim direto para cá, porque eu precisava te ver, falar com você… – ela assentiu. – Anota meu número, por favor, e me procura.
– Ok, . – ela pegou o celular, o desbloqueou, entregou para ele, que digitou a numeração de seu celular. – Eu te procuro. – dessa vez ele assentiu.
Ela o viu puxar a mala de rodinhas e sair pela porta da floricultura. Ela se permitiu deslizar pelo chão do local, chorando mais uma vez, sentia-se com 15 anos outra vez, desamparada, sozinha, era um pesadelo, sabia que as coisas só piorariam, porque assim que descobrisse sobre , ele reclamaria seus direitos. Céus, o que faria? Ela sabia que não podia mais esconder a filha, não tinha como, mais dia ou menos dia ele ficando em Cape May descobriria tudo. Maldita cidade pequena, pela primeira vez ela quis estar em uma cidade grande.
Olhou o relógio, e suspirou fundo, tinha que buscar as filhas no colégio em 33 minutos. Levantou do chão, precisava ser forte. Foi até o banheiro do local, olhou-se no espelho e se assustou, estava péssima. Lavou o rosto, deu uma ajeitada no cabelo, tentando disfarçar, mas sabia que não conseguiria melhorar mais do aquilo. Pegou uns óculos de sol que estavam na gaveta, nem sabia de quem era aquilo, teria que servir.
– Chefe, eu voltei e achei estranho quando vi a floricultura fechada e… O que houve? – ela mordeu os lábios com os olhos do rapaz estudando-a, preocupado.
– TPM, sabe como é? – forçou uma risada, claramente o homem não acreditou. – Jack, eu não tenho condições de trabalhar mais hoje, posso te pedir um favor? – ele assentiu. – Segura as pontas até a Julie chegar? Não acho que venha algum cliente agora, mas se vier…
– Relaxa, de tanto ver você e a Julie atendendo, eu tenho uma noção, vá descansar… Melhoras.
– Obrigada, querido. – a mulher pegou a bolsa e saiu sem olhar para trás, confusa e aérea.
Assim que adentrou o carro, pegou o celular da bolsa, abriu a conversa no WhatsApp com Bruna:
Bruna Online
Amiga, a casa caiu, eu preciso conversar com você. Por favor!
Achei que isso demoraria mais, e sim, eu já sei do que está falando. Vamos para o bar do Judd’s, me fala o horário que estiver livre.
Ela fechou o aplicativo, prendendo o celular na mão, como faria com as filhas? Tinha que ver Bruna e logo, precisava desabafar, teria que dar um jeito, precisava falar com a amiga, mais do que qualquer coisa na vida e por isso voltou ao aplicativo, digitando o horário.
🎬🎬🎬
fez check-in no hotel e não conseguiu escapar de tirar selfies por lá, apesar de não estar no clima, não conseguia não atender aos fãs. Subiu até seu quarto, e caminhou em direção ao banheiro, tudo o que ele mais precisava naquele momento era de um banho, iria relaxá-lo e assim foi feito. Deu uma rápida olhada pela janela, estava um dia tão bonito, ele vestiu uma bermuda, camiseta, colocou um tênis e pegou o iPad, nada melhor do que correr para espairecer.
Saiu pela porta do hotel, agradecendo por não ter mais ninguém por ali, gostava muito daquela tranquilidade de Cape May, sem sombra de dúvidas. Quando estava se preparando a correr, ouviu alguém proferindo seu nome, ele tinha agradecido cedo demais. Virou-se para trás e acabou abrindo um sorriso sarcástico, era a Karin Adams, mãe de Ashley Adams, sua ex-ficante apenas, já que devido a mãe da garota eles nunca puderam assumir um relacionamento. Aquela mulher o odiava quando adolescente, dizia que ele não era uma boa companhia para Ash, principalmente quando ele repetiu de ano por notas extremamente baixas, aquilo com certeza foi a gota d’água para que ela exigisse que ele se afastasse da sua filha.
– Olá, querido, como você está? Fiquei tão feliz quando contaram que estava de volta a Cape May, já que não tive a oportunidade de conversar com você a primeira vez. – ele assentiu com a cabeça.
– Eu estou bem, agradeço por perguntar, e a senhora? – ele perguntou educadamente.
– Estou bem, querido. Você não sabe como estava sentindo saudades de você, esses dias até comentei com Ash como gostava de você quando vocês estavam juntos, uma pena não terem evoluído para um namoro. – negou com a cabeça, rindo. Claro que agora ela gostava. – Ash está solteira, sei que você também está… – ela deu uma piscada com o olho direito.
gargalhou. O ator queria dizer que aquele tipo de abordagem era nova, mas não, toda vez que revia alguém de seu passado, rolava esse tipo de situação um tanto quanto bizarra, mães querendo empurrar as filhas, as próprias mulheres se jogando nele, mas ele sabia que não era genuíno, era tudo por interesse e Karin Adams estava extrapolando todos os limites.
– Não pretendo ficar muito, estou revendo alguns amigos e…
– Pode colocar a Ash nessa lista, que tal? – ele assentiu, era melhor não contrariar. – Fiquei tão triste porque a filha do senhor Evans roubou você da minha filha, não me conformo nunca… – ele coçou a cabeça, era de que ela falava, e ela não havia roubado ele de ninguém, ele estava solteiro há um tempinho quando se relacionou com a florista. Ele bufou baixo, queria sair dali o mais rápido possível, quando ia interrompê-la, a mulher continuou. – Acredita que depois que você e sua família se mudaram, aquela menina apareceu grávida? Foi mãe novinha.
– Espera, o que a senhora disse? – de repente ficou interessado no monólogo da mulher.
– Grávida, ela ficou grávida. Nem esperou você sair da cidade direito e engravidou de um qualquer, foi um rebuliço por aqui e nunca soubemos quem era o pai, a identidade dele ela carrega a sete chaves. – soltou uma risadinha. sentiu a boca secar. Não, aquilo não podia ser verdade. – Mas enfim, me passa o seu número, querido, para marcarmos esse encontro entre você e minha Ash. – o ator já não ouvia mais nada, era como se o mundo tivesse sumido, tudo o que passava na cabeça dele era que a mulher esteve grávida, mas a conta não batia, e como depois de ela abortar, ela poderia ter engravidado tão rápido? A não ser que...
– Senhora Adams, se recorda quanto tempo depois que eu sumi ela teve o bebê? – ele perguntou com certa urgência.
– Ah, querido, faz tanto tempo, não me lembro datas, mas foi logo. – banalizou. – Mas me passa seu número, querido. – ela o segurou pelo braço, não prestando atenção em como ele estava desorientado.
– Anota o número dela aqui no meu celular, é mais fácil. – ele estendeu o aparelho na mão da senhora, suas mãos estavam trêmulas. – É só digitar o número. – a mulher abriu um enorme sorriso, anotando o número da filha ali. – Eu preciso ir, senhora Adams.
– Mas você não ia sair? Podemos dar uma caminhada juntos e…
– Eu não posso agora, eu me lembrei que tenho umas coisas para resolver… – ele bufou. – Tudo de bom para a senhora. – ele voltou para o hotel.
Subiu as escadas correndo, ele precisava pensar friamente, será que ela não tinha abortado? Ou será que de fato ela tinha arrumado alguém tão rápido? Não, ela estava muito magoada com ele ainda, raivosa, era muito rancor dentro dos olhos dela. Deus, ela não tinha abortado? Será que ele era pai e ela escondeu aquilo dele depois de tantos anos? Porra… Não, ela não seria capaz, ela deve ter abortado, é era isso, ele tentava se convencer.
Ele começou a andar pelo quarto, suas mãos ainda tremiam, a boca estava seca e suava frio. Não estava completamente convencido daquilo, ele precisava ver alguma foto, só vendo uma foto ele saberia que não era dele.
Pegou o celular, abriu o Instagram e digitou o nome de Evans, achou a conta e viu que era bloqueada. Droga, droga! Sua foto de perfil não entregava nada, nada tinha mudado desde a última vez que procurou, umedeceu os lábios. Evans era uma pessoa reservada demais.
Se a confrontasse ela o diria? Será? Mas ela não tinha dito nada antes, ele ia explodir dentro daquele quarto se não descobrisse nada de concreto. Teve uma ideia, foi novamente na barra de busca do Instagram e dessa vez digitou o nome Flowers Den, o nome da floricultura dela. Tinha uma conta ativa e essa estava desbloqueada, obviamente. Flores, plantas, flores e mais flores, nada inicialmente. Clicou nos destaques, nada também, continuou vasculhando as fotos, tinha que ter algo… Tinha que ter, ele precisava ver o rosto daquela menina. Continuou descendo a barra até se deparar com um vídeo. O tema era Dia das Mães, com a seguinte legenda: E aí, filhos! Ainda dá tempo de presentear sua mãe nesse dia tão especial. Nossa proprietária aqui recebeu das filhas e o momento foi lindo!
No vídeo, recebia flores de duas meninas, ele arfou, uma ele reconheceu de primeira, era a adorável Melanie, mas a outra… Ela parecia com ele, parecia sim. Ele colocou o vídeo em looping, podia sentir o coração bater tão forte dentro do peito… pegou a chave do quarto e saiu transtornado.
🌸🌸🌸
– Mãe? Está tudo bem mesmo? A Melanie pintou e bordou hoje e você nem ligou, sem contar seus olhos inchados. – questionou a mãe, enquanto a via se arrumar em seu quarto.
– Não está, , mas vai ficar – ela suspirou fundo.
– Você sabe que não sou mais criança, não é? – a mãe assentiu. – É algum problema na loja? – a mãe negou. A viu pegar a bolsa pendurada no cabideiro.
– Filha, eu confio em você, mas ainda não é hora de falar o que me aflige, ok? – fez um bico e se aproximou dela, a abraçando de lado e lhe deu um beijo na testa. – Você vai saber logo, pode ter certeza, só tenha paciência. – a filha a abraçou também. – Eu te amo, filha, nunca se esqueça disso, ok? – a mulher sentiu os lábios tremerem, os mordeu, não era hora de se deixar levar pelas emoções.
– Ei! – a apertou em seus braços, tentando confortá-la, sentia-se angustiada por não conseguir fazer nada pela mãe. – Eu também te amo e estou aqui por você, seja o que for, vai passar, você sempre dá um jeito em tudo e quando estiver pronta, estarei aqui para ouvi-la.
– Eu sei, meu bem. Muito obrigada! – sorriu, alisando com carinho o rosto dela. – Cuida bem da Melanie, prometo não demorar com a Bruna.
– Por favor, não demora mesmo, porque aguentar essa pirralha por muito tempo… – comentou baixinho. Como parecia com , Deus! A forma como ela reagia quando recebia o carinho no rosto, era idêntica a dele.
– Sem brigas, por favor. Estou dando esse voto de confiança, me prova mesmo que não é mais criança. – soltou a respiração que nem percebeu que prendia enquanto observava a filha.
– Touché! – riu, arrancando um sorriso da mãe.
– Melanie, meu amorzinho, cadê você? – terminou o carinho com e saiu pelo quarto, Melanie estava quieta demais. A viu jogada no chão da sala com vários lápis de cor e folha de sulfite, a garotinha rabiscava mais o chão do que a folha, visualizou a sujeira que já estava ali, mas nem isso a aborreceu, estava muito apática, como bem observado por .
– Estou aqui, mamãe. – abriu o seu sorriso característico.
– Filha, desenha só na folha, ok? O chão não. – a menina assentiu, voltando a desenhar na folha. – Melanie, mamãe vai sair e você vai ficar com a , não quero escutar queixas dela, tá? – a garotinha fez um biquinho.
– Eu quelo ir. – ela cruzou os bracinhos, brava.
– Não, você vai ficar com a sua irmã, o lugar que a mamãe vai, criança não pode ir. – ela fez um biquinho magoado, e os olhos lacrimejaram. – Não, Melanie, sem choro e birra, eu já disse que você não vai. Eu logo estou de volta e sua irmã vai colocar o filme do Pantera para você ver. – Melanie piscou os olhinhos e uma lágrima desceu. – Melanie… – suspirou.
– Vou fazer doce para gente, Melanie, e vou deixar você me ajudar, mas só se você não chorar. – apareceu, ajudando a mãe. – Depois vamos comer pipoca e assistir Pantera, tudo isso se você não chorar, olha que legal! – Melanie ainda tinha os olhos magoados, mas pareceu se animar.
– Tá. – sorriu e deu um beijo na testa da filha.
– Te amo, amorzinho, mamãe já vem. – agradeceu com a cabeça a filha mais velha, que deu de ombros. – Beijo, , obrigada por tudo, meu amor. – ela saiu pela porta de casa, não demoraria mesmo.
Chamou um Uber para ir até o bar que havia marcado com Bruna, ficava na divisa da cidade e não tardou a chegar. Bruna já estava lá e tinha uma caneca de cerveja ao seu lado, sorriu, cerveja era tudo o que ela precisava naquele momento.
– Oi, Bru. – suspirou, sentando-se ao lado da amiga na mesa. – Que bom que você marcou aqui, acho que só cerveja consegue me acalmar nesse momento. – ela chamou o garçom e pediu uma caneca com o líquido.
– Oi, . Sim, eu te conheço há anos, né, queridinha? – riram. – já está na cidade? – a florista assentiu.
– Primeiro, o que você falou para ele? – Bruna bebericou a cerveja e detalhou a conversa que tinham tido com Anthony e por quê acreditou nele. Nesse meio tempo a caneca já estava nas mãos de .
– Eu logo me toquei que a megera tinha armado algo. Enfim, não achei que ele voltasse tão rápido assim.
– Apareceu com a mala e tudo na minha floricultura, foi assustador. Sem contar o choro sentido, ele se ajoelhou aos meus pés. – fechou os olhos, se lembrando. – Eu nunca imaginei na minha vida que ele se ajoelharia aos meus pés.
– E você ainda tem dúvidas que esteja falando a verdade, , eu vi a inocência dele quando falou de você tê-lo abandonado, sabemos que ele é ator, mas é impossível sustentar um personagem desse jeito.
– Eu não sei o que pensar…
– Você não quer acreditar, porque, se você acreditar, vai perceber que viveu em uma teia de mentiras. – bebericou sua cerveja, claramente desconfortável. – E quanto a , você vai contar, não é? – Bruna a encarou, ansiosa por sua resposta.
– Ah, eu não tenho escolha, se o que ele está falando for verdade…
– É a verdade, e você sabe que é!
– Que seja. – comentou, aborrecida. – Eu não tenho direito de esconder depois de saber de tudo, ele vai querer ser o pai que ela não teve, Deus… Meu mundo está desabando e está me matando perder esse controle – ela suspirou baixinho. – Como acha que a vai reagir quando souber?
– Você quer mesmo saber o que eu acho? – Bruna deu uma risadinha sem graça, assentiu. – Ela vai te odiar.
– Nossa, Bruna… Que tato, hein? – a arquiteta mordeu os lábios, abaixou a cabeça, enterrando-a na mesa.
– , vamos lá, se você soubesse que sua mãe escondeu a identidade do seu pai e, de repente você descobre que ele é um ator famoso no mundo inteiro, como você reagiria? É só se colocar no lugar dela e, claro, com a cabeça de uma adolescente de 14 anos.
– Eu quero sumir… Sério, eu não sei como vou fazer com com ódio de mim, ela é minha vida. – terminou de beber sua caneca de cerveja, sinalizou ao garçom que queria mais uma.
– É só momentâneo, e compreensível também, ela entende bem as coisas, mas sabemos que será um choque. Você sempre foi transparente com ela, ela sabe disso, e você é a maior vítima disso tudo. Se precisar, eu vou intervir, ok? E você pode recorrer ao , certeza de que ela vai colocá-lo em um pedestal.
– Eu não vou pedir ajuda dele, está maluca?! E isso é tudo hipotético, claro. Chega, não quero mais falar disso.
– Você que começou. – Bruna deu de ombros, rindo baixo, e viu a amiga devorar mais uma caneca de cerveja e sinalizar para o garçom mais uma. – Amiga, vai com calma, tem duas crias esperando você em casa.
– Eu sei, mas é tão bom sentir a leveza que a cerveja traz, quanto menos sóbria eu ficar, melhor para mim. – ela riu debilmente. – Vai ser a última, eu juro.
– Ok… Você veio de Uber também, não é? – Bru bebericou mais de sua cerveja. assentiu, vendo o garçom encher mais uma caneca, voltou a beber e tomou tudo em uma golada. Pediu mais uma, abrindo um sorriso lindo. – , você disse que aquela era última, você bebeu muito rápido e você é fraca para beber.
– Juro que essa de agora é a última, meu bem. – ela mordeu os lábios. Bruna fez um sinal, banalizando. Não tardou para a caneca estar à frente da mulher.
– Garçom, mesmo que ela te implore, não serve mais bebida para ela, ok? – o homem sorriu, assentindo.
– Bruna! – ela fez um biquinho, magoada. – Sabe que as vezes eu fico pensando? Porra, eu realmente transei com o , é bizarro, não é? Por saber onde ele está agora… Várias pessoas dariam tudo para estar no meu lugar.
– Ah, , você não reclama, porque eu vou usar isso contra você depois. – Bruna gargalhou.
– Bruna, eu estou desabafando com você, porra. – ela deu um empurrão na amiga, com um sorriso débil. – Você me embebeda para depois ficar rindo de mim porque minha língua fica solta. Te odeio. – a amiga riu de novo. – Eu me odeio. – ela encostou as costas na cadeira, desesperada, rendendo-se ao choro. – Ele vai roubar minha filha de mim, Bruna! Eu não posso permitir.
– , não priva mais a de ter um pai, você sabe que ela sempre sentiu falta de um, quantas vezes ela via as outras crianças com pai e ficava tristinha? Você, como mãe, sabe melhor do que eu.
– Para, não fala assim… – Nath mordeu os lábios, chorando copiosamente. – Isso é tão golpe baixo.
– Eu tenho que ser a voz da razão, conta logo para ele, não enrola, depois conta logo a . – ela suspirou, concordando, mas sabendo que não seria tão fácil assim.
Yeah, is it over?
Sim, acabou? Yeah, it's over
Sim, acabou And I'm blowing out the flame
E estou assoprando a chama Take a walk outside your mind
Dê um passeio no lado de fora da sua mente Tell me how it feels to be
Me diga qual é a sensação de ser The one who turns the knife inside of me
Aquela que gira a faca dentro de mim
(Hole In My Soul - Aerosmith)
pegou uma bala de menta e colocou na boca, quatro canecas cheias de cerveja com certeza haviam deixado-a com bafo e, sem contar a vontade louca de fazer xixi que ela estava dentro daquele Uber, estava levemente alcoolizada, tinha comido um sanduíche no local para aliviar o nível de álcool no sangue. Desceu do veículo e entrou em casa, viu que Melanie estava dormindo no sofá enquanto passava Homem Aranha na tevê e mexia freneticamente no celular.
– Oi, mãe. – sorriu, cumprimentou a filha rapidamente e correu para o banheiro para se aliviar, já que estava bem apertada. Fez sua higiene e depois voltou até a sala.
– Desculpa, amor, eu estava bem apertada, mas como foram as coisas?
– Melanie fez birra como sempre, você sabe como ela é mimada, mas dormiu quando coloquei Homem Aranha, após encher a barriga de doce.
– Ufa, que bom, amor. – se sentou no sofá e alisou a cabeça da filha adormecida. – Um anjinho dormindo… Mas só dormindo. – riu, concordando.
– Mãe, seus olhinhos tão pequeninos, bebeu, não é? Não adianta mentir que eu sei, fora a vontade louca de fazer xixi que você estava, pelo menos você está mais zen.
– ! – riu audivelmente. – Eu confesso que estava precisando mesmo.
– Com certeza. – deu de ombros. – Mãe, viram que o está de novo em Cape May! Isso não é incrível? Estava conversando com a Angel e descobrimos o hotel que ele está hospedado. Queremos ir lá amanhã, tentar tirar uma foto, sei lá, o que acha? – a felicidade momentânea que acometia desapareceu, como se a realidade estivesse caindo feito toneladas em sua cabeça. – O que foi, mãe? Você ficou estranha quando eu mencionei irmos ao hotel, qual o problema? – não era boba, tinha alguma coisa errada com , todas as vezes que o nome dele era proferido, sua mãe ficava desconfortável.
– Eu não fiquei estranha, amor, eu só não acho que você deva ir até o hotel, isso pode incomodá-lo, não sabemos o motivo de ele estar aqui. – a mulher desviou o olhar dos da filha, que a encarava. A menina sabia que com álcool no sangue, a mãe mudava seu jeito, talvez conseguisse arrancar alguma informação valiosa.
– Mãe, me diz uma coisa, estudou com você? – piscou os olhos, aturdida.
– Estudou, eu já te disse isso uma vez, esqueceu? – estudava a mãe minuciosamente. – Assim que você viu uma entrevista dele dizendo ser de Cape May.
– Não esqueci, só que é meio irreal, não é? – a adolescente deu de ombros. – E você era próxima dele? – Opa, aquela conversa estava indo para um lado perigoso.
– Bem, não muito. Eu também já te disse isso. – respondeu, a boca ficando seca com aquele monte de perguntas.
– E vocês já tiveram alguma…
– O que é isso, ? Um interrogatório? Que obsessão é essa com o em Cape May? Isso já me irritou, detesto que fique me testando e é isso que você está fazendo nesse momento, pensa que eu não sei?
– Mas, mãe…
– Mas nada! Vou levar sua irmã para cama e vou dormir, e você faça o mesmo, amanhã você tem aula e depois não quer acordar cedo! – pegou Melanie com certa dificuldade no colo e levou a pequena para a cama. encarava tudo boquiaberta, que explosão tinha sido aquela?
Angel
Angel, acho que você tem razão mesmo, minha mãe teve um caso com o Michael na adolescência, foi só eu perguntar que ela ficou estranha e simplesmente explodiu.
Eu te disse. Que tudo, amiga! Imagina poder colocar no currículo que beijou o Jordan! Já pensou se eles já transaram? Porra!
Para, minha mãe não transa, Angel, ela no máximo beija kkkkk
Aham, claro kkkkkkk
Mas você tem razão, ela deveria se orgulhar, mas não, fica escondendo, muito estranho. Vamos sim na porta do hotel amanhã, só precisamos ser discretas, porque ela não deixou que eu fosse.
Seremos, meu bem, depois da escola estaremos lindíssimas lá.
– ! Cama, agora! Eu não quero falar de novo. – falou mais alto e a adolescente revirou os olhos, desligando a tevê. Ela descobriria sim o que aconteceu entre os dois, ou não se chamaria Evans!
– Calma, eu já estou indo, mãe! Que estresse! – bufou, levantando-se do sofá e indo até o banheiro para se higienizar antes de dormir.
dormia em um sono profundo, mas acordou com o seu celular tocando baixinho. Bufou, se xingando várias vezes por ter esquecido de colocá-lo no silencioso, tinha custado a dormir e agora aquilo. Sonolenta, ela tateou a mesinha ao lado da cama e atendeu sem olhar quem era.
– Oi, eu falo com Evans? – a mulher coçou os olhos, era uma voz feminina.
– Sim, sou eu, quem é? – perguntou e bocejou.
– Meu nome é Jane, sou recepcionista do grupo Select Specialty Hospital, o seu telefone é o contato de emergência do senhor Bruce Duff. – se sentou na cama de supetão, o que tinha acontecido? – Bom, ele sofreu um acidente de carro, precisamos que alguém da família venha com urgência.
– Ah, meu Deus! – arfou, desesperada, sentindo os olhos úmidos. Meu Deus, não podia ser nada grave, era o pai da sua filha. – Como ele está?
– Precisamos que venha aqui, ok? Passaremos maiores detalhes da situação dele. – já estava em pé tirando o pijama que vestia de forma abrupta. Sentiu que algumas lágrimas estavam presas em seus olhos, mordeu os lábios trêmulos.
– Estarei aí. – desligou, terminando de vestir uma calça jeans, uma camiseta e prendeu o cabelo de qualquer jeito em um rabo de cavalo. Foi até o quarto da filha mais velha, precisava acordá-la, afinal, ela tinha que segurar as pontas com Melanie caso ela demorasse mais que o esperado.
– , meu bem. – sacudiu de leve a adolescente, o nó em sua garganta só aumentava. – Acorda, filha. – a menina forçou os olhos, encarando sua mãe.
– O que houve? Ainda é madrugada… – ela se sentou na cama, confusa.
– Sim, são 02:47, . – suspirou fundo. – Eu estou indo ao hospital, Bruce sofreu um acidente de carro.
– O quê? Como ele está? – a menina que, antes aparentava sonolência, despertou completamente.
– Eu ainda não sei, querida, eles nunca falam nada por telefone, só pediram que eu fosse ao hospital. Eu estou indo, assim que eu tiver notícias, eu aviso. – assentiu. – Eu não queria te acordar, amor, mas eu não tive escolha. A Melanie pode acordar, enfim, preciso da sua ajuda e…
– Ok, mãe, fica tranquila, vá, eu seguro as pontas caso a Melanie acorde, ok? Vai ficar tudo bem, Bruce é forte. – tinha os olhos nublados, respirou fundo, assentindo com a cabeça.
– Ele é sim. – beijou a testa da filha. – Te amo e tenta dormir de novo, ok?
– Eu não vou conseguir pregar os olhos enquanto eu não souber o que aconteceu com ele, não esquece de me avisar, por favor. Te amo. – ela assentiu para a filha, depositando um beijo na testa dela e saindo do quarto.
Antes de definitivamente sair de casa, mandou uma mensagem a Julie, avisando que não conseguiria abrir a loja amanhã cedo, e se ela poderia fazer isso. Sabia que a mulher não responderia naquele momento por motivos óbvios, mas torcia que ela pudesse estar na loja cedo.
nunca havia dirigido tão rápido pela estrada que interligava Cape May a Atlantic, ficou com medo de ser parada e atrasar ainda mais sua chegada até o hospital, mas teve sorte. Ela tinha estacionado o veículo e agora já caminhava em direção a recepção do local.
– Oi, eu sou Evans, ex-esposa do Bruce, me ligaram dizendo que ele estava internado nesse hospital, por favor, eu preciso de notícias.
– Ah, claro. Ele chegou consciente aqui, mas está sendo operado neste momento, senhora Evans. Peço que faça a ficha e acerte as informações. – respirou, aliviada, deixando algumas lágrimas derramarem, se ele chegou consciente era uma ótima notícia. Limpou a face rapidamente.
suspirou fundo, burocracia atrás de burocracia, tudo o que ela mais queria era notícias atuais do estado de saúde do homem, mas não, precisava cuidar dessa papelada inteira antes. Era mais importante saber se receberiam o dinheiro do que a vida do paciente em si. Por sorte ela ainda tinha as informações sobre o plano de saúde dele, pois era o dela, então começou a fazer a ficha.
Assim que terminou na recepção, foi orientada a aguardar na sala de espera, que a qualquer momento seria informada sobre o estado de saúde dele. Assim ela o fez, sentando-se em uma cadeira que estava ali e aguardando. Pensou em ligar para a mãe dele, mas achou melhor esperar notícias mais precisas, não queria assustar a senhora de 73 anos à toa. Aguardou por algumas horas até que o doutor Ramos, nome que aparecia no jaleco do médico, aparecesse procurando alguém da família de Bruce.
– Sou Evans, ex-esposa dele, como ele está? – o médico assentiu. Estendeu a mão para ela, que prontamente a segurou em cumprimento.
– Sou o Doutor Carlos Ramos. – ela assentiu. – Com a colisão do veículo, seu ex-marido acabou sofrendo uma concussão, chegou um pouco desorientado, mas acordado. Ele acabou quebrando o rádio, um osso do braço direito e por isso estávamos em cirurgia há pouco, mas foi um sucesso, apesar de termos colocado quatro pinos – a mulher colocou a mão no coração, aliviada. – Teve algumas esfoliações pela face e precisou de pontos no supercílio, contudo, ele está bem.
– Graças a Deus, eu estava desesperada sem notícias dele. Posso vê-lo?
– O paciente está desacordado, mas sim, você pode vê-lo. – ela assentiu, parecia que um peso tinha saído de seus ombros, Bruce estava bem. Ela agradecia sem parar.
Quando chegou no quarto, o homem dormia feito um bebê, mas havia hematomas espalhados por todo o seu rosto, o braço possuía uma gaiola de ferro, para auxiliar na recuperação do osso, ela colocou as mãos na boca, surpresa, ele estava péssimo em aspecto físico, mas o importante era que estava bem.
Se aproximou ainda mais, parando ao lado de sua cama, encarando-o milimetricamente, mesmo cheio de hematomas, continuava com o seu charme, sorriu e alisou seu rosto, seu coração se aliviando conforme fazia o ato.
Suspirou, limpando a face com as lágrimas que caíram. Pegou o celular e avisou que ele estava bem e que ela podia dormir de novo e disse para ela não ir para a escola hoje. Para a sogra ela resolveu ligar e explicar sobre a situação toda do acidente, a senhora prometeu que logo estaria lá para ver como o filho estava. Assim que ela chegasse, iria embora, ela tinha duas filhas para cuidar.
– Eu esperava qualquer pessoa aqui, menos você… – ele falou baixinho para ela, que mexia no celular freneticamente, já se passava das quatro da manhã quando ele acordara.
– Ah, Bruce, que susto! – ela abraçou o pelo lado esquerdo, pois ele estava mais machucado no lado direito. – Meu Deus, não faz mais isso, eu fiquei tão preocupada, eu achei que o pior pudesse ter acontecido… Eu… – ela o abraçava, emocionada, só de pensar naquilo, os olhos dela já embaçaram em lágrimas, que foram derramadas sem qualquer permissão.
– Eu estou bem, calma. – ele falou com a voz fraquinha e o abraçou ainda mais, fazendo o homem gemer.
– Desculpa, perdão. – ela colocou as mãos à boca, abrindo um sorriso entre as lágrimas. – Como você está? Como aconteceu tudo? – ela fungou, limpando as lágrimas da face, se afastando dele.
– Estou bem, está doendo um pouco, e imagino que meu braço vai doer mais com isso nele, mas por enquanto está tranquilo. – ela o encarou. – Foi um acidente, eu estava voltando do aniversário de uma amiga do trabalho. – fechou a face. – Eu não bebi se é isso que está pensando, ok? Juro. – ela fez um sinal com as mãos para que ele continuasse. – Em um cruzamento, faltando duas quadras para eu chegar em casa, o farol ficou verde, eu avancei com meu carro, mas o outro cara também foi com o veículo dele, furou o farol vermelho e acertou bem o meu lado direito, nem sei como eu estou vivo.
– Poxa… Graças a Deus você está só com isso, tem uma filha de três anos que precisa de um pai por muitos anos mais. – ela sorriu.
– Só a filha que precisa de mim? A mãe não? – ele sorriu de lado, a encarando. sentiu as bochechas esquentarem, nem naquelas condições ele desistiria de tê-la com ele?
– Bruce… – ela se sentou novamente na cadeira, desconfortável, sabendo que na última vez que estiveram mais próximos, tinha dormido com ele.
– Como descobriu o que tinha acontecido comigo?
– Você precisa mudar o seu contato de emergência. – ele sorriu, entendendo.
– Hábito, foram anos sendo você, não é? – ela assentiu, sabendo que ele também era o dela, precisava trocar. – Melanie? ?
– As deixei em casa, Melanie nem sonha de nada, já sabe que você está fora de perigo, coitadinha, ela não pregou os olhos enquanto não mandei notícias suas para ela.
– Ah, … – ele sorriu. – Sinto falta dela em meu convívio, da Melanie todos os dias me acordando... – direcionou os olhos para ela. – Sinto falta de você.
– Bruce, para com isso, por favor. – desviou o olhar do dele. Ele suspirou fundo.
– Eu ainda gosto de você, , você sabe. O que a gente viveu durante esses anos foi forte, intenso, não é fácil esquecer.
– Mas estamos melhores separados, você também sabe. As brigas eram completamente infundadas, nós estávamos nos machucando muito.
– Eu sei… – ele suspirou fundo, a encarando. Ele segurou a mão dela, e a entrelaçou com a sua, ela o encarou. – Obrigado por estar aqui, você podia, sei lá, ter ligado para a minha mãe, para o Ben, mas não, você está aqui.
– Não precisa agradecer, é claro que eu estaria, temos história e, acima de tudo, somos amigos. – ela apertou as mãos entrelaçadas, sorrindo docemente. Ele se remexeu na cama, fazendo um carinho preciso com o polegar na mão dela, ela o encarou, e aqueles olhos… Tão iguais aos da filha, o homem a estudava tão minuciosamente, a mulher sentiu algo no estômago, engoliu em seco quando reparou a proximidade que estava dele.
– Filho, por Deus, eu fiquei tão preocupada! – a senhora entrou pela porta do quarto desesperada, fazendo com que ambos desfizessem o contato de forma abrupta. Tinha que agradecer a Madeleine, sem sombra de dúvidas, pois poderia cometer uma besteira e a história deles não tinha mais uma continuação.
🎬🌸🎬
Desde ontem procurava , tinha ido no endereço que achava que ela ainda morava, contudo não a achou lá, tinha se mudado. Ligou para Anthony, entretanto o homem também não atendia, tudo conspirando para não a encontrar. Ele necessitava do endereço atualizado dela, foi quando teve a ideia de ir até a floricultura, mas também não obteve êxito, foi informado que ela só trabalhava de manhã. Ele pediu o endereço dela atualizado, mediante até a recompensa financeira, mas nada, não quiseram informá-lo.
Passou a noite em claro, revirando na cama, ansiando para que as horas passassem e o dia amanhecesse logo. Dadas às sete horas da manhã, ele foi até a floricultura, entretanto mais uma vez não conseguiu vê-la, parece a mulher teve uma emergência durante a madrugada e que só estaria na floricultura no turno da tarde. Parecia mentira, contudo mais uma vez o destino não conspirava ao seu favor. Dessa vez, ele voltou ao hotel, trocou de roupa e foi correr, precisava colocar as ideias no lugar.
Depois de ter corrido por uma hora, sem que sequer alguém o incomodasse, apenas alguns clicks aqui ou ali, ele foi até o hotel, tomou um banho, e decidiu ir até uma locadora de carros. Não estava planejando voltar tão cedo para Los Angeles, se ele realmente tinha uma filha, ele precisava ficar um tempo em Cape May para conhecê-la. Carro alugado, ele olhou no relógio e viu que passava das 12:00, decidiu que iria até a floricultura e ficaria dentro do veículo aguardando até o momento em que ela apareceria.
caminhava segurando a mão de Mel em direção a floricultura, tinha estacionado o carro do outro lado da rua, trabalharia hoje, mesmo Julie lhe dizendo que poderia cobrir o turno da tarde. A florista havia dormido pouco naquela manhã, deixou não ir à escola, mas ela levou Melanie, achou melhor. Ela chegou em casa por volta das 05:30, não valia a pena dormir e, exatos 30 minutos depois, Melanie estava em pé, como ela sempre fazia. Arrumou a filha, deu café à pequena e a levou à escola. Dormiu até às 11:30, a filha saía às 12:30, então ela se arrumou, acordou no mesmo horário. Não daria para almoçar em casa, então informou a que pedisse comida, pois ela iria comer algo na floricultura mesmo. Como ela detestava trabalhar a tarde, sua rotina desandava. Entrou com a garotinha na loja e logo ela foi abraçada pelos dois funcionários, Jack e Julie.
– Ei, ! Que loucura, como você está? Como seu ex-marido está? – Jack comentou, a abraçando de lado. Ela o abraçou de volta.
– Parece que um trator me atropelou, gente, sério. Bruce está bem, só com uma gaiola de ferro no braço, alguns hematomas… Vou ver se depois que fechar aqui levo as meninas para visitá-lo, isso se ele não tiver alta antes.
– Boa, você contou… – Jack apontou para a pequena, que girava na cadeira e gargalhava, Julie ria com ela, a amparando.
– Contei, ela já consegue compreender. – passou as mãos nos olhos, terminando o abraço, foi para trás do balcão e pegou o seu avental. – E então, Ju, algo que eu preciso saber?
– Chefe, ontem e hoje alguém te procurou. – franziu o cenho. – E não foi qualquer pessoa, foi o… – antes que Julie pudesse concluir, a porta da floricultura foi aberta e se assustou, era tudo o que ela precisava mesmo, só para completar o dia que ela estava tendo, rever naquele momento, ela não o esperava ali tão cedo, afinal, ele havia prometido que daria o tempo que ela o pediu.
– Oi, finalmente, achei que nunca mais fosse conseguir vê-la. – piscou os olhos, parecendo despertar dos pensamentos que a acometiam.
– Pantela do Mal. – Melanie desceu da cadeira e agarrou as pernas do ator. Ele abriu um bonito sorriso, se abaixou, a abraçando. Julie encarou e a viu completamente pálida, tinha feito certo mesmo em não passar o endereço.
Ver interagindo daquele jeito com Melanie deixava sem fôlego, era como se estivesse realmente em uma corda bamba.
– Essa aqui é a garotinha mais linda de Cape May, sabiam? – a criança gargalhou alto, acabou sorrindo, Melanie realmente gostava dele, o que só piorava tudo.
– Bigada. – ela depositou um beijo na bochecha dele, fazendo-o sorrir novamente. A garotinha correu até a cadeira novamente e, com auxílio de Julie, voltou a rodar.
– Eu preciso mesmo conversar com você, . – ela suspirou fundo.
– … Agora? Sério? – ela apontou para a filha na loja com a cabeça. Antes que o homem pudesse refutar, a funcionária interrompeu.
– Chefe, se você quiser, eu posso ficar um pouco com a Melanie lá fora, deve ser grave, ele realmente está desesperado por conversar com você. – agradeceu com a cabeça o gesto da mulher.
– Pode ser, mas, Julie, eu não quero atrasar você, ok? Vai ser rápido, assim eu espero. Obrigada, querida. – os dois funcionários saíram pela porta do local, deixando-os a sós. – Inacreditável, no meu ambiente de trabalho de novo, na porcaria do meu ambiente de trabalho! – ela passou a mão pelos cabelos, nervosa. – Você definitivamente não está respeitando o meu tempo, . Falamos ontem, poxa! – ela mordeu os lábios, soltando o ar devagar. fixou seus olhos nos dela, analisando-a, ele não deveria olhar as pessoas daquela forma, era desconcertante, ela pensou. – Você não vai falar nada? – estava angustiada com aquele silêncio todo da parte dele, aquilo tornava aquele momento ainda mais macabro para ela, pois ele não tirava os olhos dos seus.
– Você tem uma filha adolescente e não adianta negar, eu vi no Instagram da loja, a idade dela bate com a idade que o nosso filho teria... – Ele falou de uma vez, depois de um tempo em silêncio. arfou, deu a volta no balcão e levou a mão direita a boca dele, calando-o. Novamente os olhares se cruzaram de forma intensa.
– Para, por favor. – ela ainda segurava a mão à boca dele, nervosa, temia que alguém pudesse ter ouvido algo, não sabia o quão longe Julie e Jack estavam. tirou a mão dela de sua boca, encarando-a novamente. engoliu seco. – Ela não é sua filha! – respondeu, tentando demonstrar segurança na sua voz, apesar das pernas estarem moles feito gelatina. Contrariou tudo o que tinha conversado com Bruna.
– , não mente para mim…
– Eu engravidei dela um ano depois que você foi embora de Cape May, ela não tem nada a ver com você! – ela não podia contar, não estava pronta ainda.
– Você está mentindo, poxa. Você está mentindo! – ele estava desesperado, andava de um lado para o outro. Aquilo não batia com a conversa que ele havia tido com Karin, e a mais velha não tinha por que mentir, já a mulher à sua frente... – Ela tem 14 anos!
– E-ela tem 13, ela vai fazer 14 anos. – ela gaguejou e se amaldiçoou.
– Eu vou te dar mais uma única chance, , de alguma forma eu sinto dentro de mim a verdade, mas eu preciso ouvir você falar – ela hiperventilou. – Vamos lá, , se você não cooperar, sua próxima conversa será com meu advogado com um pedido de reconhecimento de paternidade. Fala! – ela levou o olhar até o chão.
– Ela é sua filha – ela negou com a cabeça, tudo vindo de uma vez, agora teria que lidar com aquilo também. Os olhos dele marejaram.
– Como você pôde? Você não ia me contar, ia continuar sustentando a mentira! – ele tinha um tom de voz acusatório.
– , eu vou contar a história, ok? Mas aqui não, já basta ontem!
– Então vamos embora daqui agora!
– Não, você bebeu o quê? Você não percebeu que eu estou trabalhando? Tem a Melanie! Eu não vou conversar agora, de jeito nenhum, vai embora. – ainda era irônica, o ator pensou. Ela o irritava de inúmeras formas possíveis!
– , você está me testando, olha a gravidade do que você estava me escondendo. – ele abriu um sorriso sarcástico. – E ia continuar mentindo!
– Cala a boca! – ela o encarava, incrédula. – Eu vou ao seu hotel, ok? Fechando a floricultura, eu vou até lá.
– Se você não for hoje, Evans, eu juro que eu volto aqui nessa floricultura e não estarei nem aí se é seu ambiente de trabalho, ou se alguém vai ouvir, ok? Minha paciência se foi pela sua cachorrada de há pouco, Evans, você ia continuar mentindo… Porra! Eu não quero e não vou ficar mais nem um minuto afastado da minha filha!
– Jordan, você realmente está passando dos limites, eu já entendi, não sou idiota! – ela passou a mão na nuca, teria uma síncope nervosa com aquele homem a sua frente. Ele irritava cada célula de seu corpo! – Agora vai embora, por favor? Eu tenho uma criança lá fora esperando o seu piti.
– Piti? Você só está piorando sua situação! Continua, debocha mais, ! – ele sorriu ironicamente.
– Vai embora, eu já falei que vou ao hotel, se não for por mim, vai embora pela Melanie! – apelou pela criança.
– Está bem, hoje, nenhum dia a mais. – ela assentiu, engolindo em seco, e o viu passar pela porta do local. Merda, merda, merda, ela deu um chute no balcão, soltando um gritinho fininho, ele não tinha que ter descoberto daquele jeito! Fechou os olhos, sabia que atacá-lo não era uma boa, mas as palavras sopravam de sua boca sem qualquer controle, estava ferrada, muito ferrada. Temia o que ele poderia fazer.
Wanna believe what you say Quero acreditar no que você diz But I hate you on most days Mas eu te odeio na maioria dos dias You've been testin' my faith and my patience, yeah Você tem testado minha fé e minha paciência, sim And you know that I be headstrong E você sabe que eu sou teimosa
(Hard Place - H.E.R.)
Ela encarava a porta do hotel de dentro do carro, sem saber como seria aquela conversa. Tinha deixado Mel com Bruna não gostava de incomodar a amiga, mas se viu sem saída, a ex-sogra estava com Bruce no hospital, e estava na casa de Angela estudando, pois tinha perdido a aula de hoje. Teve que recorrer a melhor amiga naquela situação, mas optou por não falar nada sobre o assunto, apenas contou que precisava resolver algumas coisas, não queria ouvir sermão, sabia que a amiga ficaria ao lado de .
Suspirou baixo, desafivelou o cinto e adentrou o local, bufando alto. Ela só não contava que duas adolescentes que estavam de campana na porta do hotel a flagrariam entrando, confirmando a teoria que ambas alimentavam, que os dois estavam tendo um caso e por isso o desconforto de sempre ao tocar no assunto, fazia total sentido na cabeça daquelas duas, que deram sorrisos cúmplices.
se apresentou na recepção, e nem precisou que interfonasse, assim que mostrou sua identidade o passe era livre para que ela fosse até o quarto dele. Ela passou por várias pessoas que estavam no saguão, provavelmente fãs do ator que queriam ao menos uma foto. Que loucura era a vida daquele homem, ela se arrepiava só de pensar como as coisas seriam a partir de agora e que talvez recebesse um pouco daquele assédio só por ser mãe da filha dele, não queria aquilo de jeito nenhum.
Adentrou ao elevador e no terceiro andar ela desembarcou, parando em frente ao quarto 303. Levantou a mão para bater, mas a abaixou, estava trêmula. Não tinha como escapar, era melhor passar por aquele tormento de uma vez. Bateu e quase imediato a porta foi aberta, a mediu dos pés à cabeça e ela engoliu em seco.
– Ótimo que cumpriu o que prometeu. Entra. – ela colocou as mãos atrás do corpo e adentrou, o cômodo que era até espaçoso. – Senta, se quiser. – havia um pequeno sofá ali e ela se sentou, quieta. Ela colocou as mãos no colo, encarando-as.
– Eu não sei como começar essa conversa… – tentou, estava nervosa demais, não teve coragem de encará-lo.
– Do começo, depois que minha mãe saiu de Cape May seria um bom ponto. – ela se remexeu no assento, assentindo, com os olhos ainda direcionados ao chão, diferente de que tinha os olhos fixos em cada movimento dela.
– Eu realmente ia abortar, , eu estava decidida, eu me sentia desamparada, triste, decepcionada e a decisão proposta por você… – soltou o ar com força, incomodado por receber os créditos de algo que não fez –, por sua mãe, que seja – ela fez pouco caso –, era o melhor para mim. Eu procurei clínicas em Atlantic com Bruna e Anthony, marquei uma consulta com uma delas e gostei do lugar, a médica me passou segurança, lembro tão bem dela que parece ontem, ela foi muito acolhedora. Enfim, o dinheiro que sua mãe havia me dado dava e até sobrava, então eu marquei o aborto, mas…
– Mas… – ele escutava tudo atentamente.
– Mas um dia antes do procedimento eu tive um sonho com ela, e eu não pude. No sonho eu já era mãe e sentia um amor tão grande por aquele bebê mais do que a minha própria vida, era muito intenso e, ao acordar, eu decidi que teria, era um sinal que a decisão que eu tomaria faria com que eu me arrependesse amargamente. – ela mordeu os lábios, falar daquilo doía demais. – Enfrentei meu pai sozinha, , eu nunca o vi tão decepcionado na vida, mas não me desamparou, esteve ao meu lado até o fim de sua vida, amava tanto a neta, eles tinham muita cumplicidade. – sorriu triste com as lembranças.
– Ele se foi quando? – torceu os lábios, o pai da garota era uma pessoa maravilhosa, era uma pena.
– Faz dois anos, um infarto o levou de forma precoce, meu pai tinha muito a viver ainda. – ela sentiu os olhos lacrimejarem. – Desculpa. – sua voz embargou, ela levou a mão aos lábios.
– Sinto muito, de verdade. – se aproximou dela, se sentou ao seu lado e passou o braço por seus ombros de forma desajeitada. Ela se aconchegou, encostando a cabeça em seu ombro, sentindo o perfume que vinha do local, tentava controlar a vontade de chorar.
cresceu sem mãe, ela havia morrido no parto dela, então seu pai era tudo o que ela tinha. Mesmo estando com raiva, tinha compaixão, não conseguia imaginar a dor que ela carregava dentro de si naquele momento. Ela estava sem nenhum familiar próximo vivo.
– Seu pai era um ser humano maravilhoso, tenho certeza de que ele está em um bom lugar.
– Ele está sim. – ela assentiu e um silêncio desconfortável se instalou. Ela pigarreou, levantando a cabeça do ombro dele, se afastando para o outro lado do sofá. tirou o braço de seu ombro, se levantando do sofá de forma abrupta, completamente sem graça. fechou os olhos, suspirando bem fundo, estava tão cansada fisicamente e mentalmente que se deixara fragilizar, só queria que aquele dia acabasse logo.
– Quer uma água? – ela assentiu. Ele tirou do frigobar e a entregou, ela agradeceu. – Droga, ! Olha o tanto de merda que você passou na sua vida, por que nunca me procurou?!
– Eu fiz o que eu achava que era o melhor, , o melhor que eu poderia fazer por mim e principalmente por ela. – a florista deu de ombros.
– Você me privou de ser pai, você não tinha esse direito. – ele passou a mão na cabeça.
– Eu tinha sim, todo o direito do mundo, eu não sou obrigada a procurar um cara que supostamente – fez aspas com as mãos –, me abandonou, que deixou claro que eu deveria me virar e que não queria esse bebê. – ela depositou a garrafinha de água na mesinha, encarando o homem.
– Você nunca escutou isso da minha boca! – aborreceu-se novamente, o clima ameno se esvaindo e a tensão voltando com força. era ácida demais, e o pior é que ela não era assim quando mais nova, ele pensou. – Poxa, eu perdi os primeiros passos, as primeiras palavras, os primeiros dentinhos, eu perdi a infância da minha filha.
– E a culpa é minha, ? Se você quer culpar alguém, culpe sua mãe, ela te privou de ser o pai que você queria ser. – ela suspirou fundo. – Assim que eu contei ao meu pai, ele me fez prometer que eu não deveria te procurar, porque você não prestava, e eu concordei, já que eu havia o decepcionado demais. – ela passou a mão no rosto, aborrecida.
– Ok, você era menor de idade, mas e depois, ? Qual é sua desculpa para o depois? Você continuaria escondendo isso até quando?
– Eu não sei… – ela deu de ombros – Olha, eu até pensei em te procurar depois de um tempo, mas pensei friamente e concluí, para que eu submeteria minha filha a outro tipo de rejeição? E, também você se tornou uma figura pública, inalcançável!
– Não tem justificativa, você errou por não me procurar, não estou eximindo minha mãe da culpa, jamais, ela tem muita culpa nisso tudo, é a maior culpada, mas você também tem. – ela riu com puro deboche.
– Eu ainda sou obrigada a ouvir isso… Ah, , vai se ferrar! – ela respondeu, enfurecida. – Eu nunca estive enganada, você é um completo babaca mesmo. – fechou os olhos, chegou a abrir a boca para respondê-la a altura, mas engoliu, voltando a se sentar de frente para ela. Se fosse por aquela linha o intuito da conversa fugiria e os dois brigariam feio, assim como discutiram na floricultura mais cedo. era difícil demais para a sanidade dele.
Ele ficou em silêncio, tentando ritmar o coração que estava disparado com a resposta atravessada que tinha recebido, estava controlando os ânimos para continuar a conversa. dessa vez o encarava, aguardando o silêncio dele, já tinha percebido que aquilo parecia ser uma mania dele, uma mania que ela não conhecia, aliás aquele com certeza não tinha nada a ver com o que ela namorou.
– O nome dela é , não é? Que dia ela faz aniversário? Me fala sobre ela, por favor… – ela soltou o ar, apreciando a mudança do assunto.
– Isso, é mesmo. – ele sorriu, era um lindo nome. – Ela nasceu às 13h11min do dia 14 de outubro de 2004*. Ela fará 15 anos em breve, . Ela é linda, inteligente, esforçada, madura para a idade dela, apesar de sempre brigar com Melanie por implicância. Não tenho preocupações com com relação aos estudos, mas ela tem dificuldades de levantar cedo e uma curiosidade extremamente aguçada... – sorriu. – Ela ama filmes da Marvel e o herói preferido dela é o Homem de Ferro, apesar de ela ter um abismo por Chris Evans. – riu. – Música, ela gosta de pop no geral, mas também ama muito K-pop, principalmente o grupo BTS, e utt dela é o Taehyung ou V. – sorriu, ela gostava de BTS também – , como ela gosta de ser chamada, é uma menina encantadora. – sorriu, emocionado.
– Ela é incrível, Evans, você tem noção que eu já a amo sem mesmo conhecê-la?
– Posso imaginar. – ela abriu um sorriso fechado.
– E o que ela sabe sobre mim?
– Ela só sabe que o pai dela nos abandonou. Eu nunca menti para ela sobre como foram as circunstâncias da gravidez, exceto sobre abortar, seria mais uma rejeição que ela sentiria e da minha parte. – se levantou da cama. – Ela só não sabe a sua identidade, isso eu achei que era demais para ela, imagina ela saber que o pai é um astro de Hollywood e que nunca a quis?
– Ela acha que é rejeitada. Poxa, , assim você me quebra. – parecia desesperado. – Você não tem noção de como eu estou me sentindo.
– E eu, ? Eu já estou mais do que quebrada nessa situação toda. Fui eu que pari sozinha! E quer saber de uma coisa? Eu não me arrependo de nada, eu não agi mal com ela, ela tinha que saber. Sei que não supri a sua ausência, mas minha filha cresceu rodeada de amor. – deu de ombros.
– Nossa filha! Nossa! Você… – bufou alto, incapaz de responder algo sem baixar o nível da conversa, como ela tinha o poder de irritá-lo daquele jeito? o encarava, atenta, esperando o que ele diria, pronta para brigar caso fosse necessário. Mais silêncio, ele não ia entrar na pilha dela – Eu quero conhecê-la logo.
– Você vai, eu não vou te negar isso. – ele balançou a cabeça. – Eu só preciso conversar com a para que ela saiba quem é você.
– Converse logo, cada dia que passa é um dia a menos que eu passo com ela.
– Eu sei… Eu sei. – a mulher respirou fundo. – Mesmo eu não estando 100% convicta na sua inocência, eu falarei. – se irritou.
– Agora chega! Foda-se meu autocontrole! Foda-se. – ele esbravejou – Porra, ! Você ainda está com dúvidas? Que provas mais você quer de mim? Eu jurei para você! – ele se virou para ela. – Eu pedi desculpas por algo que eu não tinha culpa, eu me ajoelhei para você!
– É tudo muito fantasioso, é difícil para mim. – ela deu de ombros.
– Também é difícil que você tenha escondido nossa filha de mim. – ele a encarou de forma firme e ela revirou os olhos.
– Bom, eu já não tenho mais nada a fazer aqui, eu vou conversar com ela, e assim que eu tiver conversado, eu marco um encontro e você vai até minha casa. Eu te ligo.
– Ok, você tem até no máximo o fim desta semana. Se você não contar nesse prazo, no dia seguinte eu descubro onde você mora e vou eu mesmo contar tudo. Estou falando muito sério, não me testa, , nem um dia a mais! – ela assentiu, respirando fundo. foi até a porta e abriu, deixando que ela passasse. Bateu à porta assim que ela saiu, como ela conseguia ser tão… Ele se sentou na cama, ainda irritado com o comportamento dela.
Buscou o celular e viu uma ligação e uma mensagem de Anthony, agora ele aparecia? Bufou, resolvendo ligar para ele e ver se eles podiam sair para conversar um pouco, ele precisava desabafar, estava se sentindo sufocado.
– Agora, meu consagrado? Se eu fosse depender de você para viver, já estava morto. – Anthony gargalhou.
– Cara, tudo ficou um caos aqui, tive que resolver um problema na filial, nem peguei o celular ontem, perdão.
– Está tudo bem, eu já resolvi, mas topa sair para tomar alguma coisa hoje?
– Pessoas de férias esquecem que quinta-feira ainda é dia de labuta. – riu. – Cara, eu estou em contenção de gastos com a Bruna, estamos juntando dinheiro e…
– Se esse for realmente o motivo, arranja outro, eu pago.
– A gente nunca nega uma cervejinha. – riram. – Vamos então, só preciso voltar cedo, não quero problemas com a Bruninha.
– Fechado, eu não conheço mais nada aqui, passa aí o endereço de um lugar bom.
– Eu sou pai, pai de uma adolescente de 14 anos, você tem noção de como eu estou me sentindo? Eu fiquei surpreso de início, mas tudo o que eu mais preciso é de um abraço daquela menina, é como se meu mundo girasse em volta dela, é louco, mas é como eu já me sinto. – os dois tinham marcado no mesmo barzinho que tinha ido com Bruna, era o único ponto bom da cidade de Cape May, de acordo com eles. Ele já havia atualizado Anthony sobre tudo o que tinha acontecido, desde que colocou os pés em Cape May – Preciso de fotos dela, você tem?
– Olha, eu imagino que tenha sido um baque. – Anthony pegou o celular e enviou algumas fotos da garota para ele. – é uma menina adorável. – o profissional de TI levou a cerveja aos lábios.
– Linda, linda, linda, acredito que nem coragem de pedir foto dela para eu tive? Foi difícil manter um diálogo civilizado. – sorriu debilmente enquanto encarava as fotos – Ela parece comigo e ainda é linda. – eles riram. – E você sabia de tudo desde que nós conversamos naquele restaurante. – Anthony deu de ombros.
– Minha lealdade é com a , não contigo, , sinto muito. Ela me fez prometer que não falaria sobre o assunto, se você soube de alguma coisa naquela noite foi porque a Bruna não aguentou a língua, mas da minha boca você não ia ouvir nada.
– Como esse mundo dá voltas, não é? Quem diria que eu ia ouvir isso de você. Você era o meu amigo, eu te apresentei à Bruna, porque ela era amiga da , que eu conhecia pelas aulas de biologia.
– Cara, me desculpe, mas você sumiu de Cape May. Depois de tudo, eu me aproximei muito de , me compadeci da dor dela, ficamos muito próximos, viramos uma família.
– Eu sei, até na decisão do aborto você estava ao lado dela, ela falou disso. – Anthony assentiu. – Eu sumi, porque eu a amava demais, entende? E nessa loucura, larguei todos os meus amigos também. A imaturidade é foda, hoje eu enxergo, minha mãe contribuiu para isso, claro, mas é culpa minha também, eu quis assim, nunca voltei a Cape May. – Anthony assentiu. – Se eu tinha contato com o Davis, era porque ele não tinha contato com vocês diretamente, que droga.
– Pois é, e você fugindo por um mal-entendido, é complicado. E a relação com a sua mãe depois de tudo, como está?
– Não estou falando com ela, não consigo. Desde que eu voltei ela me enche de mensagens, ligações, mas eu não atendo, não respondo, não consigo perdoar, não dá, está muito recente e está doendo muito. Estou muito decepcionado. – bebeu um pouco da cerveja.
– Os pais achando que devem ter controle na vida dos filhos cometem essas loucuras. – o ator balançou a cabeça, concordando. – Cara, não me leve a mal, mas eu preciso saber… – fez um movimento com as mãos para que ele continuasse. – O que você ainda sente pela ? Porque, vamos lá, o jeito que você secava ela no velório ficou claro que ainda tem coisa aí. – riu, negando com a cabeça.
– Cara, quando eu a vi pela primeira vez depois de todos esses anos, mesmo eu achando que ela tinha me traído, eu me atraí… Ela é uma mulher muito bonita, sabe? E o tempo fez muito bem para ela, eu não consegui ser indiferente, me sentia um masoquista naquele momento. – Anthony gargalhou. – Mas agora tudo o que eu sinto por ela é raiva, talvez até ódio, ela é extremamente irritante, petulante, mentirosa, debochada, dissimulada e tudo mais de ruim que você possa imaginar. Me desculpa, ela é sua amiga, mas não dá, cara.
– Eu sei o quão difícil a consegue ser, mas ela não é isso tudo não, ela é uma boa mulher. – encarava o amigo incrédulo, quem diria Anthony defendendo a sua ex daquele jeito... Tinha que se acostumar com aquilo agora. – Mas ela está se sentindo pressionada, por isso ela está te atacando tanto. É a defesa dela o ataque.
– Cara, ela era uma menina tão meiga, como pode alguém mudar tanto assim? – ele riu, desacreditado.
– A vida não foi fácil com ela, , mas com o tempo as coisas melhoram. Lembre-se, ódio e amor são faces da mesma moeda.
– Anthony, vai se foder, vai, eu e a não temos mais nada a ver. – Anthony gargalhou alto da careta dele. – Mas e você? Um namoro-casamento, como é tudo isso? Estão juntos há anos e isso é incrível!
– Ah, eu amo morar com a Bruna, ela é a mulher da minha vida, falo isso com naturalidade porque ela me faz um bem danado, acho que estamos juntos todos esses anos porque compreendemos um ao outro, somos parceiros, melhores amigos, temos os mesmos objetivos de vida, mas… – o encarou. – Esse lance de ela não querer se casar, isso me incomoda para caramba.
– Olha, que ela te ama isso é incontestável, mas quando você pergunta para ela sobre se casar, como ela te responde?
– Que é uma mera formalidade, que não precisa disso depois de tantos anos, mas claro que precisa, e se eu morro? Mórbido, eu sei, mas você viu o Davis, aí? – assentiu, abaixando o olhar. – Casados ela não teria nenhum problema com isso com relação a questões financeiras, agora nessa situação que vivemos sim.
– Eu acho que ela deve ter medo, sei lá, medo de estragar o que vocês construíram durante esses anos após o casamento.
– Será? – deu de ombros, bebendo sua cerveja. – Talvez seja mesmo.
– Fala com ela, diz o que sente, e espera ela responder. Bruna, pelo que eu ainda sei, é temperamental demais, vai falar se você realmente disser que é importante esse casamento. Pelo que eu percebi, ela leva tudo na brincadeira e você também não leva a seriedade que precisa.
– Tem razão, ela sempre leva na brincadeira. – apertou o ombro do amigo, confortando-o.
*A história se passa no ano de 2019.
🌸🌸🌸
Obviamente não pôde levar as meninas para visitar Bruce ao hospital, ela estava esgotada para pegar estrada e com a cabeça a mil com a reviravolta que estava acontecendo em tudo. Naquele dia, ela chegou em casa, tomou um banho e capotou na cama feito um bebê.
Bruce acabou tendo alta no dia seguinte e, depois de ter buscado as filhas na escola e terem almoçado, estavam a caminho da casa da mãe do ex-marido, afinal, ele estava lá porque Madeleine havia insistido, mãe sempre era persuasiva quando queria.
, ao seu lado, mexia no celular e ouvia alguma música, encarou rapidamente a filha, sabendo que a calmaria que a garota estava, logo viraria tormenta. Dois dias, era esse o tempo para acabar o prazo que tinha estabelecido para ela, tinha ensaiado várias vezes no espelho como essa conversa seria com a filha, mas nada de ter coragem para contar. a havia dado um prazo curto, não tinha tido brecha nenhuma com para sequer tocar no assunto, tentaria negociar mais tempo, quem esperou 14 anos, espera mais.
Estacionou o veículo em frente à casa do homem e viu quando desceu, a menina abriu a porta do carro, descendo Mel, enquanto tirava uma torta de maçã que havia trazido da uma doceria que o homem amava. Tocaram a campainha e não tardou para que o próprio Bruce abrisse.
– As mulheres da minha vida chegaram! – Mel pulava eufórica, querendo estar nos braços do pai, que não tardou a pegá-la no colo com o braço bom assim que abriu o portão.
– Mel, cuidado, meu bem, seu papai está dodói, lembra que conversamos sobre? – Mel encheu a bochecha do pai de beijinhos, descendo do colo e reparando agora no braço dele.
– Tádodói mesmo. – ela tinha os olhinhos arregalados, olhando sem parar para o braço do homem.
– Oi, Bruce, que susto, pelo amor de Deus. Não faz mais isso, não estamos prontas. – o abraçou, gostava muito do homem. – Nossa, sua cara está péssima. – o homem gargalhou.
– Ah, sua sinceridade é o ponto, . – ele riu. – Ok, eu prometo que não faço mais, ok? Deixa comigo. – brincou, arrancando um sorriso dela. – . – ele sorriu, se aproximando dela, e lhe dando um selinho rápido, negou com a cabeça. fechou a face, sabia que a mãe tinha estado no hotel do anteontem e agora achava graça desse selinho de Bruce.
– Bruce, vi que já está 100% recuperado, hein! Show! – respondeu irônica, fazendo Bruce gargalhar, adentrando a casa que tinha sido do homem, assim como as filhas.
– Não acredito que você trouxe a torta de maçã que eu amo, acho que vou me acidentar mais vezes. – ele brincou.
– Idiota, nem brinca com isso! – deu um empurrão nele de leve. – Madeleine cadê?
– Ela foi na minha casa, buscar roupas e minhas coisas pessoais, depois iria ao mercado lá de Atlantic para comprar os ingredientes que precisa para fazer a comida que eu gosto. Ela está me tratando feito o bebê de 30 anos que eu sou. – elas gargalharam.
– Para as mães, filhos não envelhecem, digo isso com propriedade, não é, ? – a adolescente assentiu.
– Tenho cinco anos para ela ainda, Bruce. Te entendo, amigo. – eles riram do drama dela.
– Mas como estão as coisas em Atlatic? Como ficou seu trabalho? – puxou assunto, com a loucura que foi o dia no hospital, não tinha entrado em detalhes com ele sobre aqueles pontos.
– Bem, Atlantic é uma ótima cidade, a comodidade de ter tudo muito próximo, você sabe? A empresa fica há duas quadras de casa. É tudo muito prático. Sobre meu trabalho, eu avisei meu chefe e ele me deu o tempo que eu achar necessário, mas quero voltar o mais breve possível, estou em vias de uma promoção, só não sei se agora vai ser possível. – apontou para o braço.
– Morar pertinho do trabalho, é ótimo mesmo, eu que o diga. Aí as vantagens do divórcio. – riu, e ele negou com a cabeça, sério. Bruce, quando casado com ela, tinha que pegar estrada para trabalhar e gastava um pouco mais de uma hora, não era tão longe, porém agora ele com certeza podia dormir mais. – Para de loucura, não vai perder a promoção pelo acidente, você se dedicou horrores para isso, trabalhando muito e fazendo diversas horas extras, seu chefe reconhece isso e logo mais você volta a trabalhar, só se recuperar bonitinho.
– Obrigado, você sempre sabe o que dizer para eu não surtar. – Bruce sorriu, sorriu de volta. olhou de um para o outro, revirando os olhos, antes até apreciava aquele climinha deles, mas a mãe estava tendo um caso com o ), quem era Bruce nessa? Amava o ex-padrasto, mas gostava mais do atual por motivos óbvios. – , e você, princesa, como anda a escola? – ele chamou a atenção dela.
– Bem, nada de muito uau. – estava com atenção presa ao celular em uma conversa com Angela – Estou bem em todas as notas, e continuo no clube de música, estamos ensaiando para o musical junto com a galera do teatro, só isso mesmo de novo, Bruce. – levantou o olhar para o homem, com um sorriso fechado, depois voltou o olhar para o celular.
– Aí, , você e esse celular… – suspirou, aborrecida. deu de ombros – Pelo menos respondeu. – Bruce banalizou, com o gesto queria dizer que não tinha problema.
– E o amor da minha vida inteira? O que tem para me contar? – o pai chamou a atenção de Mel, que tinha os olhos vidrados na tevê vendo o desenho de Homem-Aranha.
– Papai, eu fiz um desenho muito lindo, a pofessola me elogiou na aula. – ela sorriu, fazendo o pai sorrir junto. A menina voltou o olhar para o braço do homem. – Dodói dói?
– Que linda, minha filha. – ele sorriu, e Mel sorriu junto com ele de forma sapeca. – Dói um pouquinho, mas não muito. – a menina se aproximou, tocando o ferro um pouco mais forte, arrancando uma careta do pai. – Mel, assim não, pode machucar o papai. – ela colocou as duas mãos no rosto, com os olhinhos arregalados.
só assistia a interação dos dois com um pequeno sorriso, sabia que Bruce e ela tinha feito um bom trabalho, ela era linda. Alguns diziam que ela se parecia com ela, mas ela a achava muito parecida com a Bruce.
– Quelo tolta. – Mel bateu palminhas, mudando de assunto. Estrategista, pensou, fugindo da bronca.
– Estava demorando para isso… – suspirou.
– Vamos cortar. – o pai sorriu, se levantando para achar uma faca na cozinha.
Passaram a tarde juntos comendo a torta que havia trazido em meio a conversas sobre assuntos diversos. Para o homem, só de tê-las ali aquecia o seu coração, ele nunca quis se separar de , para ele a proposta levantada por ela era drástica demais, mas achou melhor assinar o divórcio, ela estava irredutível. Já fazia um ano e meio que estavam separados, mas Bruce nunca tinha encontrado alguém que mexesse com ele, como a florista mexia.
– Bruce, era coisa rápida, e já se passou das 17 horas, temos que ir, preciso ainda lavar roupa e ajeitar algumas coisas em casa e você precisa descansar, teve alta há pouco e já está achando que está mil por cento.
– Eu me sinto bem, o braço está desconfortável, claro, mas realmente estou bem. Já basta minha mãe me obrigando a voltar para Cape May, sendo que não há nenhuma necessidade.
– Preocupação de mãe, Bruce, releva. – ele assentiu.
– Mamãe, num quelo ir, quelo ficar com papai. – revirou os olhos, reprovando a atitude da irmã.
– Filha, seu pai está debilitado, você vai aprontar e ele precisa descansar. – a garotinha fez biquinho, com os olhinhos marejados. Bruce segurou o braço de , puxando-a para mais distante das meninas.
– , esse fim de semana é meu, não tem problema, estou bem, pode deixá-la aqui.
– Bruce, por Deus, você está cheio de hematomas, com o braço desse jeito. Não! – ralhou.
– Tem minha mãe, , é a casa da avó dela. E eu quero ficar com a minha filha também, estou com saudades, por favor. – suspirou fundo.
– Não, eu não trouxe roupa para ela.
– Ela tem roupa aqui, ela tem um quarto aqui também, deixa a Mel comigo, ter a companhia dela esses dias vai ser incrível e é só um braço, eu estou bem.
– Não é só o braço, você está todo cheio de hematomas, mas ok. – bufou, voltando para perto das filhas. – Está bem, Mel, você vai ficar. – a menina abriu um lindo sorriso, abraçando as pernas da mãe. – Filha, se comporta, seu pai está debilitado, ok? Eu não quero escutar uma queixa sua, senão eu vou ficar triste com você, estamos entendidas? – Mel assentiu, feliz.
– É por isso que ela é mimada, vocês fazem sempre o que ela quer. – comentou, entediada.
– , chega de alfinetadas por hoje! – a olhou, a menina deu de ombros. – Bruce, ela está com o nariz ruim, então toma o Rinosoro – ela procurou na bolsa que estava e entregou o medicamento. – Vai umedecendo o narizinho dela. O tempo anda seco demais e a rinite dela ataca. – o homem assentiu. – Ah, não estou confortável de ela ficar. – resmungou.
– Eu sou o pai, não sou? – a mulher assentiu. – Devolvo ela na segunda-feira, fica tranquila.
– Está bem. – se aproximou da filha mais nova e a abraçou apertadamente. – Te amo, amorzinho. Se comporta.
– Também amo, mamãe. – a garotinha sorriu, segurando a mão do pai.
– Tchau, Melanie. – depositou um beijo na bochecha dela. – Se cuida, Bruce, bom ver você. – se aproximou do ex-padrasto e o abraçou.
– A gente precisa ir ao boliche, como combinamos, deixa eu só tirar isso do braço. – assentiu, tinham mesmo combinado de irem a última vez que ele havia passado para buscar Mel. Melanie correu para o quarto que era dela, sumindo das vistas deles.
– Ingrata, já sumiu. – eles riram. – Se cuida, Bruce, qualquer coisa, se a Melanie atrapalhar, me avisa que eu a busco imediatamente. – ele assentiu, se aproximou da bochecha dele para depositar um beijo, mas o homem virou o rosto e acabou virando mais um selinho.
– Foi sem querer, eu juro, mas eu gostei. – revirou os olhos mais uma vez, extremamente incomodada com aquilo. – Você está tensa, hein? – Bruce se aproximou de , e sussurrou em seu ouvido: – Eu deveria fazer uma daquelas minhas massagens, você relaxaria tanto, te garanto. – ela se arrepiou.
– Você não toma jeito, não é? – ela comentou, completamente sem graça. – Te odeio! – ela levantou a mão para empurrá-lo, mas ele a segurou, entrelaçando com a sua mão. o encarou.
– Gosto desse seu sorrisinho lindo sem graça, ganho meu dia quando o vejo no seu rosto. – ela suspirou fundo. Ele estava muito perigoso hoje, definitivamente, devia estar muito carente e ela também estava, combinação perigosa.
– Limites, Bruce, limites. – ela desfez o contato, e ele deu de ombros, rindo. Nunca desistiria dela. – Se cuida e juízo.
– Boa volta, se cuidem. – ele acenou com o braço bom e elas saíram pela porta.
It must have been love but it's over now Deve ter sido amor, mas agora acabou It was all that I wanted, now I'm living without Era tudo que eu queria, agora estou vivendo sem It must have been love but it's over now Deve ter sido amor, mas acabou agora It's where the water flows É para onde a água flui
(It Must Have Been Love – Roxette)
O caminho de volta foi em um completo silêncio, estava extremamente seca com a mãe, só a respondia de forma automática, e aquilo tinha deixado confusa, o que poderia ter acontecido para ela estar tão fria? Recobrou na memória algo, mas nada vinha. Estacionou o veículo na garagem e viu a adolescente pular do carro sem nem olhar para trás, a seguiu, e assim que adentraram a casa, a confrontou:
– O que houve? Por que está assim? – abriu um sorriso irônico.
– Sério mesmo que você não sabe? – negou, não gostando do jeito como ela estava falando. – Primeiro, você passa horas dentro do quarto de um hotel com o sabe–se lá fazendo o quê e agora deixa o Bruce te beijar, porque você deixou sim, fora a conversinha fiada ao pé do ouvido, claramente dando mole para ele! Eu vi! Quer ficar com os dois? Isso é errado! – a encarava com repreensão no olhar. arregalou os olhos, surpresa com as falas dela.
– Como é que é, ?! – estava espumando de raiva. – Você tenha mais respeito por mim, eu ainda sou sua mãe! E se eu tivesse com os dois é algo que se refere a mim, não devo satisfações da minha vida a você. – esbravejou. – Hipócrita! Emprega sororidade, direitos iguais entre homens e mulheres nas redes sociais, faz posts maravilhosos sobre os temas e depois vem apedrejar a própria mãe por supostamente – ela fez aspas com os dedos –,estar flertando com dois caras ao mesmo tempo! – se encolheu, a mãe tinha atingido seu ponto fraco.
– Me desculpa, mãe! Me desculpa! Eu falei sem pensar, sei lá o que me deu, não tinha o direito mesmo, perdão. – se aproximou da mãe, com as mãos na boca. – Você está certa, essas minhas falas não têm um pingo de sororidade, eu… Perdi a cabeça, me desculpa.
– Você precisa mesmo rever os seus conceitos sobre o tema, viu? O que você falou foi grave, principalmente para uma menina que se diz feminista. – assentiu, envergonhada.
– Você não disse se me perdoa, mãe? Por favor, me perdoe, eu estou muito arrependida do que eu falei. – fez um bico, indo abraçar a mãe. – Se você quiser sair com os dois é um direito inteiro seu mesmo.
– Claro que é! – bufou. – , suas palavras me machucaram, você tem que lidar com isso. – a abraçou ainda mais apertado, sentia-se mal, suspirou fundo. – Você conhece minha relação com o Bruce, eu gosto dele, somos amigos, nos separamos por brigas em excesso e porque somos pais melhores para sua irmã desse jeito, devo ter dito isso um milhão de vezes. Ele é brincalhão demais, você sabe, poxa. Eu nem sei por que você levou isso a sério, ele sempre faz essas coisas – assentiu. – Quanto ao … – entortou a cabeça, uma luz iluminou a mente dela, desfez o abraço com a filha. – Ei! Espera aí, como você sabe que eu fiquei no quarto dele por horas? Você me desobedeceu e foi para o hotel? Você mentiu para mim? – a adolescente fez uma careta. – Inacreditável! Só me decepcionando hoje, .
– Mãe, eu precisava conhecer o , não sei se ele volta um dia e a Angel o ama muito também, queria uma foto para guardar de lembrança, e, de qualquer forma, foi completamente em vão, ele nem desceu. – arfou, imaginando se ele tivesse descido e visto a filha lá.
– Bem-feito! – a filha suspirou fundo com o comentário da mãe. – Isso não te exime de um castigo, por ter me desobedecido e pelas palavras grosseiras, eu ainda estou magoada.
– Você está certa, eu vacilei mesmo, não tem por que eu dizer que não. – fez um biquinho, chateada.
mordeu os lábios, , , que ódio que sentia dele! Lembrou–se que só tinha dois dias! Dois dias, aquilo estava desesperando-a. Estava sem saída, talvez fosse o momento de tocar no assunto, se bem que talvez não, diante de tudo o que tinha sido explanado há pouco… porém tinha uma brecha. Ela tinha que falar logo, o prazo estava acabando, o homem estava pressionando-a e lhe deu o fim daquela semana. Ela fitou as mãos, como abordar aquilo? Como? encarava a mãe.
– O que foi? Você ficou de repente estranha. – entregou o próprio celular para ela, que o pegou, guardando no bolso do short. A garota sabia que o castigo seria deixá-la sem o aparelho, teria uma síncope com a abstinência dele, mas tinha aprontado e merecia muito aquele castigo.
– É sobre minha visita ao hotel do Jordan. – a estudante se ajeitou no sofá, curiosa. – Filha, minha visita não teve teor amoroso como você pensa…– a interrompeu.
– Jura? – a mãe balançou a cabeça afirmativamente. – Nossa, mãe, é inacreditável, porque ele é um gos... – a interrompeu.
– Ah, filha, nem termina. – soltou riso nervoso e ficou confusa. – Bom, a gente conversou sobre coisas do passado…
– Tipo? – a menina estava curiosa, suspirou fundo, como poderia contar aquilo?
– Bom, a gente conversou sobre a nossa juventude, dos amigos em comum, enfim, ele está nostálgico por estar na cidade e me encontrou aquele dia na praça com a Mel, enfim, foi isso. – não teve coragem. passou a mão no rosto, pálida.
– Só isso mesmo, mãe? Você e ele passaram a tarde inteira naquele hotel e só conversaram sobre o passado? – mordeu o lábio inferior, desconfiada.
– !
– Mãe! É meio irreal, não é? Por mim está tudo bem, inclusive eu apoio se você estiver se envolvendo com ele e…
– Filha, não é isso, ok? De jeito nenhum. – fez uma careta. – Enfim, eu preciso lavar roupa. Sem seu celular por tempo indeterminado.
– Ei, mãe, volta aqui. – entrou para o banheiro correndo com em seu encalço querendo detalhes que ela não podia dar, não podia porque tinha medo da reação dela, sabia que a garota sentiria o baque e nem ela estava pronta para aquilo. Negociaria com , não tinha jeito, ela precisava de mais tempo para aos poucos ir introduzindo o assunto com ela.
🌸🎬🌸
– Falou com ela? Como ela agiu? – engoliu seco, adentrando o quarto do hotel do rapaz. Tinha mandado uma mensagem para ele naquele sábado à noite pedindo para ir até seu encontro. Ela contava que ele a compreendesse e desse mais alguns dias.
– Bom, eu… – mordeu o lábio inferior trêmulo.
Suspirou fundo, o prazo que ele tinha dado vencia naquele domingo. Por estar sem o celular, estavam mais próximas, tinham passado aqueles dias regradas de filmes de comédia romântica e pipoca. Tinha tentado tocar no assunto algumas vezes mais, Deus era testemunha que ela havia tentado, mas não teve coragem, tinha medo. Medo de perder a filha.
achava que a mãe estava tendo um caso com , mesmo a mulher dizendo que não, pois ela sempre se esquivava do assunto, mas ela aceitaria que a menina achasse aquilo, não tinha problema nenhum, tudo era melhor que a verdade.
– Não acredito, você não contou! – ela o encarou. – Seu prazo é hoje, , eu te disse que não daria nenhum dia a mais! Você realmente não me levou a sério! – ele negou com a cabeça, incrédulo.
– Você acha que é fácil chegar na sua filha adolescente e dizer que o pai dela está na cidade e que quer conhecê–la e que tudo o que ela achava não passava de uma mentira? – ela gesticulava com a mão, apontando para o homem. – Eu não consegui, ok? Eu não pude. Eu preciso de mais tempo, eu vou contar, mas eu preciso preparar o terreno.
se sentou no sofá de seu quarto de cabeça baixa e um silêncio incômodo tomou conta do local. O homem levantou os olhos e eles estavam angustiados, aquilo quebrou a mulher. Ele estava sofrendo.
– Você cresceu sem mãe, não daria tudo o que tem para tê-la? – ela engoliu seco, aquilo tinha sido um golpe muito baixo com ela tocar naquela ferida. Porque a resposta era óbvia. – cresceu sem pai e você está a privando de ter um!
– Eu vou contar, , eu só preciso de alguns dias e…
– Não, você não vai contar, sabe por quê? Porque você não ia me contar que eu tenho uma filha e eu sairia da cidade sem saber disso, se não fosse a Bruna, eu nunca saberia. – ela abaixou o olhar. – Uma vez na sua vida, tenha um pingo de empatia, tudo o que eu quero e preciso nesse momento é conhecer minha filha, abraçá-la, beijá-la… Estar próximo dela – ele passou a mão na cabeça. – Olha, , eu não quero mais discutir, na verdade, eu nunca quis, eu só quero minha filha. E eu não aguento mais esperar.
– , não é fácil, eu… – ela apertou as mãos.
– Conta, por favor... – ela mordeu os lábios, engolindo a vontade que a acometia de chorar. – Eu não tenho mais condições físicas para te dar mais prazo, meu coração não aguenta esperar. Minha vontade é realmente de ir a sua casa e contar tudo para ela, mas e a cabeça de como ficaria? Tem que ser você. Precisa ser você!
– Você não entende o que eu estou sentindo! Você não entende! – ela esbravejou.
– Eu entendo sim, mas não tem como adiar o inadiável, essa conversa tem que acontecer, eu nunca vou embora da vida da e você tem que entender isso. – ela negou com a cabeça. – Você está sendo egoísta!
– Cala a boca! Olha o que você está falando! Eu não sou egoísta, eu estou pensando nela e em como ela vai se sentir, quem é o egoísta aqui é você! – ele abriu um sorriso de deboche. Ele era egoísta, era só o que faltava, pensou.
– Vou te dizer qual é o problema, não é como a vai se sentir, o problema é você achar que vai perdê-la! E novamente entramos na mesma questão, o quão egoísta você consegue ser.
soltou um gritinho de puro ódio, avançou em direção ao homem, a encarou, não se afastando dela. Os olhares faiscavam, ela fechou as mãos em punho, apertando-as com força ao lado de seu corpo. A respiração dela estava ofegante, suspirou fundo, ela acabou dando às costas para e saiu do lugar feito um furacão, batendo a porta com certa força.
– Eu não vou facilitar, de jeito nenhum! Porque se eu facilitar, essa mulher não vai falar nunca… – passou a mão nos cabelos ralos, soltando o ar com força. Sabia que tinha sido duro, mas ele estava cansado de esperar.
chorava copiosamente, enquanto dirigia pelas ruas de Cape May, aflita. Seu estado estava deplorável, não tinha mais nenhum controle de suas lágrimas, chorava de raiva, impotência e medo. As palavras de ecoavam na cabeça dela, ele tinha razão, jamais admitiria, mas ele tinha razão, seu único medo era de perder a filha, suas atitudes beiravam o egoísmo.
Sim, ia surtar, mas ela tinha um pai e ela tinha que saber, independente se a afastaria da filha, a menina merecia a verdade. Deu alguns socos no volante, descontrolada. Por que Davis tinha que ter morrido? Por quê? Se ele não tivesse morrido, nunca voltaria e ela estaria vivendo a vida dela em plena felicidade.
Suspirou fundo, parando o veículo em frente a própria casa, com a respiração ofegante. Passou a mão com força no rosto secando as lágrimas. Encarou o imóvel, sabendo que estava ali. Sentiu mais lágrimas em sua face, esmurrou o volante mais algumas vezes.
Desceu do veículo, andou de um lado para o outro na calçada, tentando se recompor, mas como faria aquilo se sua vontade era de chorar sem parar? Fechou os olhos, controlando a vontade de chorar, expirou e inspirou por diversas vezes, se acalmando. Quem estivesse na rua, com certeza a acharia louca, mas ela não se importava. Adentrou a casa e encontrou a filha deitada no sofá.
– Meu Deus, o que houve, mãe? – a menina se levantou correndo do sofá, a abraçando, fechou os olhos, correspondendo o abraço da filha com afinco.
– Filha… – a abraçava de forma apertada, confortando-a o quanto podia, estava aflita, nunca tinha visto a mãe daquele jeito na vida.
– Eu estou aqui, ok? Eu estou aqui com você – assentiu, ainda nos braços da filha.
– Obrigada, meu amor, eu te amo tanto, tanto. – a abraçou novamente. – Você sabe disso, não sabe? – a menina assentiu.
– Claro que eu sei, e eu também te amo muito, mãe. – estava confusa, alisava as costas da mãe em conforto.
– , eu preciso te contar o porquê eu estou assim, filha. – a mulher desfez o contato, pegando na mão da filha e se sentando ao lado dela. – Eu vou te contar sobre o B. Jordan e o real motivo de ele estar aqui, ok?
– Você está assim por ele, mãe? – encarava a mais velha, assustada.
– Em partes sim. – suspirou fundo.
– Mãe, ele te magoou, foi? O que esse idiota fez? – fechou os olhos.
– Não, ele não magoou, meu amor. – ela suspirou, tentando encontrar palavras para contar. – , lembra da história do seu pai? Que eu te contei que ele me abandonou porque não queria a responsabilidade de um filho naquele momento? – a menina assentiu, confusa.
– Lembro, mas o que isso tem a ver? – ela suspirou fundo, recolhendo o resto de coragem que ainda tinha dentro de si.
– Eu descobri que, na verdade, seu pai nunca soube que eu estive grávida, a mãe dele inventou tudo. Ela não queria que ele assumisse a responsabilidade visando o bem-estar da família que tinha acabado de se mudar de cidade e a carreira promissora que ele teria…
– Calma, mãe, devagar, pelo amor de Deus. Meu pai nunca soube de mim, como assim? – hiperventilava.
– Filha, a mãe dele inventou que ele não queria você, meu amor, e eu só soube disso há pouco. – a menina levou a mão à boca, com os olhos lacrimejando. – Seu pai nunca soube de nada.
– E o que o tem a ver com isso? Ele conhece meu pai, é isso? – engoliu o bolo que se formava em sua garganta, ela precisava de forças para continuar.
– Meu Deus, é tão difícil… Eu não posso – suspirou fundo, desesperada, tendo os olhos fixos da filha em si.
– Mãe? – A adolescente nem respirava, ansiosa.
– Você estava certa, o e eu namoramos, filha. Ele foi meu primeiro namorado, ele foi o meu primeiro em tudo, entende? – suspirou fundo, a menina tinha os olhos arregalados.
– Mãe, você me disse que o meu pai foi seu primeiro namorado… – comentou com um fio de voz.
– Sim, porque foi assim, eu não menti. – suspirou fundo. – Ele…
– Ele o quê, mãe?! – a garota berrou, nervosa, apertando a mão da mais velha, ela já sabia, ela já tinha entendido, mas precisava confirmar, precisava ouvir a mãe dizer com todas as letras.
– O é o seu pai. – soltou em um sussurro, fechando os olhos fortemente.
– O quê? – a garota se levantou do sofá bruscamente, pensando não ter ouvido direito.
– Ele foi meu primeiro, ele foi o garoto que eu me apaixonei, ele foi o menino que se mudou para Newark. Era o . – tinha os olhos lacrimosos.
– Como você pôde? Você não tinha o direito, é o … – a menina a encarava, incrédula – … É meu pai! Meu Deus! – a garota parecia em surto. – Você disse que o nome do meu pai era Johny, você mentiu! Você mentiu! – parecia falando com ela, como parecia.
– Eu não queria que você sofresse, eu achei que ele nunca ia te querer, temia que você fosse rejeitada, seu avô também não queria. – fungou. – Depois ele ficou muito famoso e não dava mais para procurá-lo, imagina o tanto de mulher que devia procurá-lo dizendo que engravidou dele? Eu queria te proteger, filha.
– Você tirou o meu direito de ter um pai! Chega! Chega! Eu estou com ódio de você! – a garota levou as mãos à cabeça.
– Filha… – as lágrimas desciam pelo rosto de sem controle, a adolescente também não estava diferente. – Tenta me compreender…
– Não, você mentiu para mim, mentiu! Eu não sei o que pensar… Eu preciso ficar sozinha – correu para o quarto, bateu à porta, trancando-a. Jogou-se na cama, em prantos, a menina batia a mão freneticamente no colchão, com raiva, como a mãe podia ter escondido dela? Aquilo era bizarro.
, o ator famoso por vários filmes era o seu pai. Seu pai, e a mãe tinha escondido. afundou a cabeça no travesseiro, soltando um grito.
limpou as lágrimas do rosto, ela sabia que aquela seria a reação, Bruna a havia a alertado, mas ela jamais imaginou que fosse doer tanto. A filha a odiava, odiava, será que um dia poderia perdoá-la? encostou a cabeça no encosto do sofá em prantos, jamais perdoaria por fazê-la contar. Jamais.
Let's start over Vamos começar de novo Stop fighting about the same old thing Parar de brigar pelos mesmos velhos motivos Let's start over Vamos começar de novo We can't let our good love die Não podemos deixar nosso bom amor morrer Maybe we can start all over Talvez nós possamos começar de novo
(Start Over – Beyoncé)
– O que acha disso? – estava em uma videochamada com a irmã mais velha, enquanto mostrava um bichinho de pelúcia. A mulher gargalhou ao ver a imagem.
– , ela tem 14 anos, ela pode até gostar do presente, mas não condiz com a idade dela – o homem murchou.
Jamila estava sabendo de toda a situação, ela foi a primeira pessoa da família a saber depois que ele recebeu a mensagem de com as seguintes palavras: “ela já sabe”. Ele ligou no mesmo momento para a irmã, agora era real, ele era pai mesmo. Por enquanto ela era a única, confiava sua vida na irmã e vice-versa, confiança essa que ele não tinha com o irmão mais novo, por exemplo, não eram nada próximos. E os pais ele teria que contar pessoalmente, mas aquilo seria depois, ainda estava evitando a mãe.
– E o que eu posso comprar para minha princesa que realmente vai agradá-la? Ela é tão linda, Jamila. – a mulher sorriu, tinha visto o vídeo no Instagram da loja e mais algumas fotos que tinha encaminhado.
– Ela é sim. Uma mistura linda de vocês, o sorriso dela lembra muito o da mãe, mas o olhar é todinho seu. – concordou com veemência. – O que ela gosta? Você já viu com a mãe dela?
– Bom, ela comentou coisas sobre ela, mas… – tentou puxar na memória, mas nada veio à cabeça, já se sentia um péssimo pai. – Será que se eu mandasse uma mensagem para ela me responderia? Ela é tão arisca que eu nunca sei quando ela vai responder de bom grado ou não.
– É uma boa ideia, não? – deu de ombros. – Acho que antes de tudo ela é mãe, então ela vai querer o melhor para a filha. – Jamila deu de ombros.
– Não quero chegar de mãos abanando, vou na casa da minha filha, poxa. Vou mandar, espero não ser mal interpretado. – minimizou a conversa com a irmã, e mandou mensagem para a ex-namorada e aguardou.
– Torcendo que ela te responda logo, , para você já aproveitar a visita. – a mulher sorriu. O rapaz estava em Atlantic em busca de algo para a filha. – E sua relação com a mãe da , como é?
– Ah, Jamila, não tem relação, só somos os pais da . Minha mãe estragou tudo o que existia de bom entre a gente, agora só sobrou raiva, rancor e ódio. – umedeceu os lábios. – Ela se esconde atrás de palavras ácidas e debochadas. Eu te disse como foi o encontro para falarmos da minha filha, um desastre. Depois aquela conversa da extensão de tempo e eu a pressionando a contar. Enfim, você me conhece, ela me provoca e eu infelizmente tenho respondido a altura porque ela me irrita.
– Você dois que lutem com esses sentimentos reprimidos, viu? Porque não tem outra definição, é sentimento demais, .
– Jamila, por favor... – o celular dele subiu uma notificação. – Pronto, ela respondeu. – abriu um enorme sorriso. – Ela realmente respondeu. – ele encarava o celular feito uma criança, arrancando um sorriso fofo da irmã. – Já sei, e aqui nesse lugar eu não vou achar nada mesmo. – estava em uma loja infanto-juvenil. – Mas onde eu vou achar isso? Será que no Walmart?
– Você às vezes é tão tapado, cara, você é o , usa isso como influência, seja o que for que a tenha te mandado, você vai achar! – sorriu, a irmã estava completamente certa.
limpou as mãos suadas na calça, nunca tinha passado tanto nervoso como naquele momento, nem em um dos testes mais importantes da vida dele, será que ela gostaria dele? Como seria a relação de ambos? A porta abriu e era . O homem a encarou, com um sorriso nervoso e um embrulho nas mãos.
– Oi! – cumprimentou. suspirou, o encarando, ele estava tão engomadinho, camisa de manga comprida, calça jeans preta e um tênis de alguma marca qualquer que patrocinava basquete. Com certeza queria passar uma boa impressão, o que era ridículo visto que a filha já o conhecia. – Tudo bem?
– Entra, fica à vontade. – ela o viu entrar, cuidadoso. – Senta. – se sentou no sofá, suspirou. – Está tudo ótimo, , maravilhosamente bem. Minha filha está me odiando, coisa que com certeza você deve amar, visto que na sua cabecinha louca, eu sou a vilã. – comentou, sarcástica. Desde ontem as duas não trocaram nenhuma palavra, apenas o estritamente necessário, não queria conversar com ela, estava magoada e não forçava, não adiantaria forçar.
– , pelo amor de Deus, olha o que você está falando… Eu não quero roubá-la de você, eu só quero me somar na vida da ! Você vai sempre ser a mãe dela, e eu quero ser o pai, é só isso! – a encarava, incrédulo. Que tipo de pessoa ela achava que ele era?
– Chega, não quero discutir com você neste momento. – ela passou a mão no rosto, cansada. – A pode ouvir e piorar ainda mais a minha situação. – ela bufou. – Eu vou chamá-la e vou deixar vocês a sós. – assentiu.
É, a conversa não tinha sido boa mesmo, como ele imaginou que seria. Sua intenção não era estremecer a relação que as duas tinham, jamais, de jeito nenhum. Tanto que faria o possível e o impossível para ajudar e a filha. Contudo, ele tinha direito de ser pai e não seria o egoísmo da mulher que o atrapalharia.
– , ele chegou. Eu vou deixar vocês sozinhos, já que você quer que seja assim, qualquer eventualidade estou no meu quarto.
– Mãe… – olhou para a filha. no fundo queria sim a mãe ali. – Não é nada. – desistiu de pedir, seu orgulho falou mais alto.
– Vai dar tudo certo, ok? Vá com o coração aberto, conheça-o, escute-o, ele é um bom homem. E você sabe que em um grito eu estarei na sala. – a filha nunca admitiria a mãe pela mágoa que ainda sentia, mas aquelas palavras a acalentaram e lhe deram coragem para sair daquele quarto. se retirou do cômodo, deixando-a sozinha.
suspirou fundo, e saiu pela porta do quarto, foi a passos lentos em direção a sala, vendo o homem sentado ali, ele mexia no celular, inquieto. pigarrou, chamando a atenção dele para si. O homem largou o celular rapidamente, abrindo um sorriso emocionado, deixando tensa, mas devolver o sorriso parecia o certo. Ela se aproximou dele, o estudando, se levantou rapidamente. Ela colocou as duas mãos atrás do corpo, nervosa.
– Oi, . – sorriu, muito emocionado de vê-la pessoalmente a sua frente, temia ser um sonho e que poderia acabar a qualquer momento.
– Oi! – ela sorriu. – Eu não sei se surto por você ser quem é, ou por ser meu pai. – gargalhou, a fazendo rir também, o riso dele era contagiante.
prometeu a si mesma que não tentaria ouvir a conversa, mas era inevitável, estava preocupada com a filha e, também, estava curiosa, queria ver se eles tinham química de pai e filha, e já com aquela cena, ela sentiu que tinham, o senso de humor dele estava ali em .
– Ah, , você é incrível. – ele suspirou, parando de rir aos poucos. – Eu posso… Te abraçar? – ela engoliu em seco com o pedido, mas assentiu.
se aproximou dela, a passos lentos, abriu os braços e a pequena garota se jogou neles. Foi como se ele realmente tivesse encontrado o sentido da vida, e girava em torno daquela garotinha de 14 anos, ela era sua vida, agora ele estava completo. apertou os olhos fortemente, era o abraço que ela esperou por anos em sua vida, e era acolhedor demais, com certeza, só perdia para o da mãe. a apertou nos braços, com medo de perdê-la, também o abraçava apertado. Lágrimas rolaram de ambos os olhos, claramente emocionados.
encarava a cena, também emocionada, era a cena mais linda que ela já presenciou na vida, não conseguiu conter as lágrimas quando viu os dois imersos em lágrimas, talvez só naquele momento, tivesse sentido um leve arrependimento por não o ter procurado, mas quem imaginaria?
depositou um beijo na cabeça dela, e foi afrouxando os braços ao redor da menina, com um pequeno sorriso. Limparam as lágrimas das faces, e se sentou, fez o mesmo. O homem pegou o embrulho que estava ao seu lado, e o colocou na visão da garota.
– Eu comprei um presente para você. – Ele sorriu, fungando. – Aceite, por favor, foi de coração.
– Ah, meu Deus, não precisava, obrigada. – ela pegou o presente que estava esticado em sua direção, limpando uma lágrima teimosa que desceu dos olhos. Desfez o embrulho, rasgando-o sem muita paciência e seus olhos brilharam. – Uau, , você está de brincadeira comigo. Ah, meu Deus, é o Love Yourself 'Her' do BTS. Eu estou em surto, obrigada, obrigada, obrigada. – Ela se jogou nos braços do homem, que a pegou no susto, acertou mesmo em cheio, ele pensou. Só queria que um dia a filha o chamasse de pai, será que seria agraciado por isso?
negou com a cabeça, vendo a felicidade da filha, tinha prometido que ia comprar, mas que fosse dando, com certeza seria muito significativo para ela e eles criariam mais conexão. No fim, era tudo por e pela felicidade da garota, tanto que quando recebeu a mensagem do ator, não pensou duas vezes em responder com a verdade.
– Como você soube que eu estava sedenta por isso? – ela se separou dele, envergonhada. achou adorável.
– Fico muito feliz que você tenha gostado. – deu de ombros. – Sua mãe me contou. – fechou a face a menção a mulher.
– Ah... – ela suspirou, desenhando as linhas da capa do álbum, enquanto tinha os olhos presos no que fazia.
– O que foi? – a encarou, queria ouvir como a filha se sentia.
– Está tudo estranho, , ela me escondeu quem era você e, eu estou com raiva, ela não tinha o direito. Eu acho que nunca serei capaz de perdoá-la. – assentiu. sentiu uma dor dilacerante no peito, ouvir aquilo doía.
– , não faz isso com a sua mãe, ela também foi enganada nessa situação toda, minha mãe mentiu e as atitudes posteriores que a teve foram consequências dessa mentira. – tentou convencê-la. – Ela era tão novinha, tinha quase sua idade quando tudo aconteceu, você pensou nisso?
– Eu sei, eu sei, mas não deixa de machucar, sabe? Eu a amo muito, mas estou muito magoada. – fechou os olhos, suspirando fundo.
– Depois que perdi um amigo para um acidente de moto, percebi que a vida é um sopro, , então não devemos segurar mágoa das pessoas que a gente ama. – assentiu, calada, não tinha argumentos com aquilo.
Bem como Bruna previu, o colocaria em um pedestal, conversaria sério com Bruna, as previsões dela estavam certeiras demais. Pela falta de resposta da filha, ele tinha mexido com ela. No fim das contas, estava ajudando-a, mas ainda assim estava com raiva dele.
– Mas você não vai me apresentar essa galera toda do BTS? Confesso que não conheço ninguém… – assentiu, com um enorme sorriso, abrindo o encarte.
saiu de onde estava escondida, caminhando na ponta dos pés até o quarto. adentraria o mundinho dela e os dois ficariam por horas conversando ali, sabia como a filha amava conversar sobre coisas que ela gostava. Estava contente por , os olhos dela brilhavam enquanto olhavam o ator, mesmo que se sentisse dilacerada por dentro, estava feliz e só aquilo importava.
Resolveu colocar seu pijama, para ficar mais à vontade e estar pronta para dormir depois que o homem fosse embora, era segunda-feira e com certeza o dia mais pesado da floricultura, estava muito cansada. Suspirou, sentindo-se incompleta sem Melanie, mas a garotinha voltaria só amanhã, tinha acordado com Bruce, mas não tinha dito o porquê ele deveria ficar com ela mais um dia, com a visita de , ela conhecia a filha, ela ia querer a atenção do Pantera do Mal só para ela. deitou-se na cama, ligando a tevê, estava com dores nas pernas, descansaria um pouco.
– Mãe, mãe, acorda. – remexeu-se na cama, piscando várias vezes, até abrir os olhos de vez.
– O que houve? – coçou os olhos, encarando a filha.
– está indo embora, pediu para te chamar, quer falar com você. – assentiu, levantando-se da cama, ainda meio sonolenta e caminhou até a sala.
– Já está indo? – Ela se encostou na pilastra da sala, coçando os olhos e bocejando. direcionou o olhar para a mulher. O pijama de consistia em um short e uma blusinha de alcinha da mulher-maravilha, os cabelos dela estavam levemente bagunçados, parecia tão indefesa daquele jeito, lembrava muito a menina por quem ele se apaixonou quando tinha 15 anos.
– Ah, sim, são quase duas da manhã, ficamos conversando e nem percebemos. – ele suspirou. – Inclusive, me desculpa o horário, achei que estivesse acordada. , não precisava acordá-la. – A adolescente deu de ombros. espantou-se, já estava mesmo tarde, por isso tinha pegado no sono – Combinei de almoçar com a amanhã, tudo bem para você?
– Claro, por mim perfeito o almoço de vocês. – deu de ombros.
– Você está convidada, claro, se puder. até acha uma boa que você vá. – a menina encarou o pai de cenho franzido, ela não tinha falado nada. com aquele almoço queria aproximá-las, esperava que aquilo surtisse efeito.
– Eu vou ver, , farei o possível para ir. – ela ajeitou a alça do pijama, bocejando mais uma vez, estava exausta.
– Bom, estou indo. – o homem se aproximou da filha, deixando um beijo na bochecha e um rápido abraço. Já para a mãe ele estendeu a mão, que apertou. – Até.
– Até. – desfizeram o contato, levou o pai até a porta e o deixou sair, fechou a porta e direcionou o olhar para a mãe.
– Mãe, você tem que ir, ok? – piscou os olhos, tentando se situar, estava muito sonolenta ainda, então seu raciocínio estava devagar. – Eu ainda não te perdoei, mas você tem que ir, é o mínimo, o acha que é uma boa ideia, e se ele acha, é porque é. – negou com a cabeça, agora ele era um deus.
– , não é assim, tem a Mel, não sei se é uma boa ela participar desse tipo de interação ela vai ficar confusa, e eu não vou deixá-la com o Bruce de novo, já basta hoje, então vá você e seu pai, neste momento eu não sou sua pessoa favorita mesmo. – suspirou fundo, magoada.
Queria voltar a dormir logo, estava cansada e sem um pingo de paciência para as criancices de . Uma hora ela dizia que não queria ela próxima, virava a cara, não mantinha um diálogo, agora ela queria sua presença lá?
– Pede para o Bruce ficar com ela amanhã também, eu estou pedindo, por favor, para você ir. – suspirou. O fato é que no fundo e bem no fundo ela não queria ir sozinha no almoço, era tudo muito novo para a garota e mesmo na hora tendo ficado surpresa com a sugestão de , ela era excelente e, também, seria ótimo conhecer um pouco melhor o passado deles. estava de costas, mas suspirou fundo, mentalizando que ela só tinha 14 anos.
– Eu vou ver com o Bruce, ok? Se ele puder ficar mais um dia com Mel, eu irei. – bocejou longamente. – Boa noite. E vá dormir também porque amanhã você tem aula. – revirou os olhos, a assistindo caminhar até o quarto.
Yes I remember boy, cause after we kissed Sim, eu lembro, garoto, porque depois que nos beijamos I can only think about your lips Eu só conseguia pensar na sua boca Yes I remember boy the moment I knew Sim, eu me lembro, garoto, do momento em que eu percebi You were the one Que você era a pessoa com quem eu poderia I could spend my life with Passar o resto da minha vida
(My Boo Usher feat. Alicia Keys)
– , você precisa vir a Los Angeles, tem que assinar o novo projeto, que você começa a gravar em outubro, ver todos os trâmites, conhecer o elenco etc. – bufou, agora que as coisas estavam se ajeitando com a filha ele teria que voltar a vida real?
– Justo agora? – se sentou na cama, chateado.
– É coisa rápida, , dois a três dias. Logo você volta para as suas férias – o manager comentou.
– Não tem jeito, então vamos lá – o ator suspirou fundo. – Adonis, tenho algo importante para te contar, acho que não posso enrolar mais, logo sai fotos também.
– Ai, ai, o que é? Arrumou um novo affair e quer que eu prepare o anúncio? – o homem jogou.
– Quem dera fosse novo affair, porque seria muito mais simples – riu.
– Você está me preocupando, carinha, o que foi? – Adonis, se pudesse, já estava em Cape May tamanha sua curiosidade e preocupação.
– Bem, não vou enrolar não, é melhor falar de uma vez, eu descobri que tenho uma filha de 14 anos – o ator falou de forma rápida.
– Quê!? – Adonis berrou, fazendo tirar o telefone da orelha. – Porra, Jordan? Isso é sério?
– É, muito sério. Descobri há pouco, a história é longa, mas não é o que importa no momento...
– Você vem com uma bomba dessas e quer que eu resolva? Cara, eu nem sei como vou lidar com isso. Eu esperava qualquer coisa, menos que você é pai – o manager passou a mão na cabeça.
– A gente conversa melhor pessoalmente, mas achei que você deveria saber logo.
– Claro que eu deveria saber logo! – Adonis bufou. – Te mandei a passagem, você volta quinta-feira, e eu vou pensar em uma história. Você me fode, , você me fode – parafraseou. – Se cuida e sem aprontar nada, por Deus – o homem desligou, não esperando uma resposta do ator.
olhou para o celular, incrédulo, balançou a cabeça negativamente. Pegou a chave do carro, adentrou ao automóvel e dirigiu até o restaurante que havia acordado com , soube que Natalie também estaria. Ele tinha feito o convite para aproximar mãe e filha, que bom que ela havia percebido a intenção.
Estacionou o veículo em frente ao restaurante, visualizando que as duas também desciam de um veículo do outro lado da avenida. desceu do carro, assim que elas iam adentrar o estabelecimento, elas também o viram e o aguardaram chegar até elas.
– Ei, meninas – se aproximou do homem, o dando um rápido abraço e um beijo na bochecha. estendeu a mão na direção dele, que a apertou.
– Oi, – foi quem o respondeu, o cumprimentou com a cabeça. Eles adentraram o restaurante, pediram uma mesa discreta para três pessoas no local, mas como temia, havia paparazzi por ali e tinham um prato cheio. O homem bufou alto, chamando atenção da filha. – O que houve?
– Paparazzi do outro lado da rua – a menina mordeu os lábios, entendendo. – Não queria que começassem a especular, mas não tenho controle nenhum desses abutres.
– Ia acontecer, mais dia ou menos dia – comentou, suspirando fundo. – Eu só queria não estar no meio disso, gosto muito do meu anonimato, mas é inevitável, não é?
– Infelizmente é, mas eu já conversei com o meu manager, ele logo prepara uma boa história para anunciar ao mundo. Torcendo que não respingue tanto em você, Evans. – balançou a cabeça, sabendo que sim, aquilo mudaria completamente sua vida, já tinha visto coisas menores causar alvoroço, imagina uma notícia daquelas?
– Ah, meu Deus – a menina abriu um sorriso nervoso. – Que loucura, eu estou em choque ainda com tudo, imagina seus fãs, , quando descobrirem, espero não receber hate.
– Não se preocupe, vida, eu não vou deixar. – sorriu, tinha gostado do apelido carinhoso que o pai soltou para ela. Pai… era tão estranho ainda, mas não era um estranho ruim, sem dúvidas.
A garçonete se aproximou, trazendo o cardápio, despertando a adolescente de seus pensamentos e não demorou para que eles escolhessem o que iriam comer. suspirou, olhando o celular rapidamente, vendo se Julia não havia mandado algo.
– Bom, eu vou precisar voltar para Los Angeles na quinta-feira, mas quero estar no máximo segunda de volta, vou assinar um novo projeto. – disse com pesar.
– Pode adiantar? Já estou sedenta por ver você atuando de novo – a garota sorriu, animada. bloqueou o celular, prestando atenção na conversa.
– Ainda não sei bem, mas é um filme de ação, quando eu souber maiores detalhes, você será a primeira a saber – abriu um sorriso lindo.
– Perfeito! Vou cobrar, hein? – esticou o dedinho para ela, que entrelaçou com o seu dedinho, era promessa, então não seria quebrada. revirou os olhos, rindo baixo. – E por que você não me conta, como se conheceram e se apaixonaram, ? Minha mãe nunca me contou por motivos óbvios, não é? – se remexeu na cadeira, desconfortável, era para isso que queria que ela fosse ao almoço? Para desconcertá-la? Para puni-la?
– Bom… – estava visivelmente incomodado. – Eu repeti um ano na escola, quase sai do time de basquete por isso, mas no fim das contas eu era bom demais como armador e eles acabaram me deixando jogar, com a condição que eu tivesse boas notas na escola. Então, com medo de perder o basquete, eu comecei a me dedicar melhor aos estudos – assentiu, prestando total atenção. – Eu conheci sua mãe na aula de biologia, ela era muito inteligente e, por eu não ser – balançou a cabeça em negativa, lembrando-se de como ele sempre a colocou em um pedestal –, o professor me colocou para fazer o trabalho com ela. Foi instantânea a amizade, ela era uma garota legal, amável, ia me explicando tudo com muita paciência e dedicação… E, de repente, não eram só as aulas de biologia, era inglês, espanhol, química, física, enfim – sorriu, lembrando. – Ela me disse que já tinha um crush em mim na época, eu era popular, ela já me conhecia, mas, sem dúvidas, eu me apaixonei por ela primeiro – o encarou, devolveu o olhar. Não tinha como a situação ficar mais embaraçosa.
– Mãe? – a encarou, curiosa, querendo ouvir sua versão dos fatos.
– É isso... – a mulher sentiu as bochechas quentes, claramente envergonhada. estava testando-a, ela já não tinha nenhuma dúvida daquilo.
– E como foi? Como vocês ficaram a primeira vez? – antes que pudesse responder a comida havia chegado, a garçonete os serviu. agradeceu por aquela interrupção, mas não por muito tempo. – Como ficaram? – insistiu e engoliu em seco, abaixou o olhar.
– Bom, a gente demorou a ficar, eu tinha medo de tomar um fora porque não sabia se ela gostava de mim também e, durante uma explicação da sua mãe sobre genética, eu tomei coragem, eu falei que estava apaixonado por ela.
– Meu Deus, no meio da explicação? – riu, assentindo. – Não tinha clima, , não acredito nisso. – ria, fazendo morder a bochecha, lembrando do susto que foi a declaração.
– Não tinha, mas na minha cabeça sim, eu vinha remoendo os meus sentimentos por sua mãe. – mordeu os lábios, soltando o ar devagar. – Ela ficou surpresa de início, não estava esperando, porém ela disse que me achava bonito e foi então que eu a beijei.
– Que fofo – suspirou fundo, encantada, ela ansiava por saber mais. – E vocês tinham alguma música, sei lá? Está muito filme de comédia romântica – olhou para os pais, piscando os olhos longamente.
– Bom, quando rolou o nosso primeiro beijo estava tocando My Boo do Usher e da Alicia Keys… – arfou, ele se lembrava, ele também se lembrava... sorriu com a lembrança, revisitar o seu passado estava sendo algo legal, apesar de estar na presença da ex e tudo ficar um pouco estranho com as trocas de olhares que eles estavam tendo. Os dois tiveram uma linda história de amor e compartilhá-la com o fruto dessa história tornava tudo ainda mais mágico. só conseguia pensar que a letra da música fazia certo sentido com o momento que viviam agora…
– Ah, eu não conheço a letra, você pode colocar, ? Ainda estou de castigo, sem meu celular.
– Não acho que seja uma boa ideia, ! – falou firme. Era só o que faltava ouvir aquela música novamente com ao seu lado. estava passando total dos limites com toda aquela especulação.
– É, filha, não é. Em um outro momento você olha a letra, ok? – murchou, mas assentiu, ela com certeza olharia a letra, a curiosidade pulsava nas veias da adolescente, principalmente pela reação da mãe.
– Ok, e quando vocês começaram a namorar? – ela não pararia, Natalie pensou.
– Eu a convidei para o cinema e a pedi em namoro lá, lhe presenteei com uma correntinha para simbolizar os meus sentimentos por ela. – se mexeu na cadeira, lembrando-se de como aquele pedido tinha sido especial.
– Ai, que lindo – piscou os olhos, voltando a comer. – Mãe, é aquela correntinha que você tem guardada no seu porta-joias e que nunca usa? – tossiu, desconcertada. , … não queria demonstrar, mas estava muito curioso para aquela resposta.
– , você está passando dos limites! Já chega! – levantou-se da mesa, aborrecida, caminhando em direção ao banheiro e não esperando uma resposta da filha.
– Você não está facilitando mesmo, ! – a garota se fez de desentendida. – Você sabe que não está – a garota fez sua cara mais inocente e o ator abriu um sorrisinho de lado. – Esse lado perverso você não puxou de mim.
– Para, – ela gargalhou.
– Mas é sério, eu te respondo tudo o que você quiser sobre o meu relacionamento com a sua mãe, mesmo não sendo meu assunto favorito, mas não pergunta junto com ela, nos deixa desconfortáveis. Ainda é um assunto... delicado.
– Está bem, eu achei que seria legal almoçar com vocês, para que falassem sobre o passado, poxa, eu sou parte dele e eu não sei nada sobre, eu não imaginei que isso fosse aborrecê-la assim e te deixar constrangido, – a menina deu de ombros, chateada. – Não vou tocar no assunto mais, prometo. – segurou a mão da filha com um pequeno sorriso.
– Ok e, por favor, filha, perdoe sua mãe, o clima entre vocês está péssimo – desfez o sorriso. – Ela fez o que ela podia fazer por você, lembra que ela só era dois anos mais velha quando você nasceu, você se sente adulta? – abaixou a cabeça, negando. – Pois é, a sua mãe teve que virar e não foi fácil para ela, apesar de ela ter errado, ela fez achando ser o melhor. – apertou a mão que ainda tinha com a da filha. – Pensa com carinho, você está punindo-a demais.
– Eu vou pensar, ok? – ele assentiu, desfazendo o contato das mãos.
– Sua mãe está voltando, o assunto morre aqui – a menina balançou a cabeça, concordando. se sentou à mesa, mais calma.
– O que vocês acham de pedirmos uma sobremesa? – falou com um enorme sorriso, fazendo os adultos concordarem. chamou o garçom e todos optaram por um pedaço de torta de maçã.
O almoço seguiu sem maiores constrangimentos, tinha entendido o recado e não colocou mais os pais em uma situação embaraçosa, sempre puxando conversa com o ator sobre o trabalho dele, os desafios de lidar com a falta de privacidade e com os fãs, ignorando completamente a presença de .
A mais velha só queria ir embora, sentia-se uma intrusa, até tinha tentado uma brecha para sair mais cedo, especificamente após a sobremesa, mas não conseguiu. Enquanto ele explicava como funcionavam as balas das armas em um set de filmagem, o telefone da florista tocou, pediu licença e se levantou da mesa para atender e deixou os dois mais uma vez sozinhos.
– Vida, inclui sua mãe nas conversas, por favor, não faz ser tudo sobre mim. Ela está chateada e eu também fico por vê-la assim.
– Mas, … – ela bufou.
– Não, , você está a magoando demais e ela fez o que fez porque achou ser o certo.
– Você deveria odiá-la, e não ser o defensor! Qual é, ela te prejudicou completamente, ela nos prejudicou! Se só nos conhecemos agora, a culpa é inteiramente dela! – comentou, irredutível.
– Minhas questões com a sua mãe não importam para você, filha, é algo só meu e dela – a garota escancarou a boca a fala do pai. – O que importa aqui é a mãe maravilhosa que eu sei que ela é para você e como você está respondendo-a com ingratidão.
– ! Eu estou te defendendo! – ela o chamou, brava com o corte que havia recebido.
voltou para a mesa e dessa vez o silêncio estava lá, e definitivamente não era um clima bom. Por sorte, ou não, uma fã do ator apareceu, quebrando a tensão. Logo uma conversa tímida se iniciou por ele, questionando sobre como estava a escola e a garota respondendo ainda um pouco aborrecida. Ficaram ainda por lá por mais uma hora, e dessa vez estava incluindo a mãe nas conversas.
– Apesar de tudo, eu amei almoçar com vocês, foi uma tarde incrível! – estava radiante como as coisas estavam – Obrigada mesmo por ter vindo, mãe. – a mulher assentiu apenas, completamente chateada com a sessão tortura que tinha passado naquelas horas. Tinha errado, tinha, mas receber aquilo tudo estava machucando.
– Foi muito legal mesmo, filha – a menina assentiu. – , eu vou me ausentar esses dias, mas quero conversar com você sempre – assentiu.
– Minha mãe devolvendo meu celular, te faço de meu diário, . – mordeu a bochecha com o cinismo da filha.
– Boa viagem! – estendeu a mão na direção dele, que apertou a mão dela. Ambos se encararam, o local onde suas peles se tocavam formigava. engoliu seco, suspirou baixo, desfizeram o contato.
havia mexido com os dois, tinha uma pequena chama, ambos sentiam isso e agora precisavam lidar com as consequências, afinal a ferida antiga estava exposta por completo. Era uma história que tinha sido interrompida e nunca puderam colocar um ponto final por sua própria vontade.
– Obrigado, Natalie – ela assentiu, suspirando fundo. se aproximou do pai, dando-lhe um abraço apertado. – Eu volto logo.
– Eu mal posso esperar – a adolescente sorriu, encarando o pai adentrar ao veículo e partir, sentindo o coração pequeno já com saudade.
A garota mordeu os lábios, depois que viu o pai adentrar o veículo e sumir pelas ruas de Atlanta. Olhou para a mãe, que parecia aérea, devia desculpas a ela, durante o almoço ficou claro para ela que a história dos pais era mais complexa do que ela podia imaginar e, mesmo estando com raiva dela, precisava reconhecer que estava a machucando-a, punindo-a demais. Para era difícil controlar essa raiva que a consumia, se sentia traída.
– Desculpa, mãe, de verdade, eu te magoei com esse almoço, não deveria ter feito as perguntas, não deveria ter te ignorado depois, enfim, eu extrapolei o aceitável. – pressionou os lábios depois de três dias era a primeira vez que falava com ela sem tom de rispidez. – Eu sei que as coisas entre a gente andam bem tensas, mesmo eu estando magoada, com raiva e me sentindo traída, sei que pisei na bola. Me desculpa mesmo – respirou fundo, sentindo os olhos lacrimejar. estava travada, mordeu os lábios, mas acabou abraçando a mãe, passando o braço por sua cintura e a abraçou de volta, fechando os olhos. – Não te desculpei ainda pela história do meu pai, para deixar claro, ok? Isso só com o tempo, só estou te pedindo desculpas pelo almoço.
– Só não faz mais isso de novo, me machuca demais e tudo o que eu faço é te amar – deu um beijo na testa da filha, que soltou o ar com força dos pulmões.
– Eu sei... – pressionou os lábios, se separando da mãe, e começando a andar na frente, a copiou, indo em direção ao veículo.
🌸🎧 🌸
Estavam e assistindo algo na Netflix, mais no celular do que tudo, já que tinha recuperado o aparelho há pouco tempo, então estava respondendo todo mundo e se atualizando nas redes sociais. estava aliviada, estarem em um mesmo cômodo era um avanço e tanto, claro que conversavam pouquinho, mas estavam se aproximando devagar, cada conquista era uma vitória para a mulher. A campainha tocou, se levantou rapidamente, era quem faltava para ela se sentir completa. Abriu a porta e sorriu.
– Mamãe! – Mel correu em direção a , que a pegou rapidamente a enchendo de beijos.
– Meu amor, que saudade eu estava de você! – Mel sorria, enquanto abraçava a mãe de volta, também com saudade. – Como foi na casa da vovó?
– Foi muitoooo legal, blincamos bastante e saímos pla ir plo palquinho, papai desceu do escolegador comigo – negou com a cabeça, acidentado do jeito que estava, ainda fazia aquelas estripulias, parecia mais sem juízo que a filha. Bruce deu de ombros, abrindo um sorriso fechado. a deixou descer e a garotinha adentrou a casa.
– Oi, Bruce – ele suspirou, se aproximando dela e lhe dando um beijo na bochecha. – Como foi?
– Oi! Oi, ! – a menina deu um cumprimento longe, que rapidamente foi respondido pelo homem. – Tudo sob controle – o homem parecia meio frio. – O nariz dela foi bem umidificado, teve um leve sangramento, mas não foi grave – assentiu.
– Certo, que bom – ela sorriu, mas ele não correspondeu. – Aconteceu algo?
– Você pediu para que eu ficasse com a Melanie por isso? – o homem tirou o celular do bolso da calça e mostrou para a mulher. Ela quis rir porque ele claramente estava com ciúmes. Ela empurrou o celular de volta para ele.
– Você sabe que eu não te devo satisfações, não é? E que mesmo que eu tenha pedido para você ficar com ela depois do prazo estabelecido, é o mínimo porque eu fico a maior parte do tempo com ela, certo? – o homem tinha as sobrancelhas juntas. – Mas hoje eu estou de bom humor e acho que é melhor que você saiba por mim, do que pela internet.
– Você está mesmo namorando esse ator? Eu sei que você não me deve satisfações, mas ele vai ser o padrasto da minha filh…
– Cala a boca, Bruce. Calma, eu vou falar – mexia no celular, mas prestava atenção a conversa dos dois, enquanto fingia escutar o que Melanie falava. – Ele é o pai da .
– O quê? Você está de brincadeira – não esboçou risada e ele entendeu. – Caramba! Você escolheu ficar comigo depois de ter namorado o ? – riu, dando um empurrão nele.
– Você é tão idiota, Bruce, meu Deus – ele riu. O homem segurou a cintura dela com o braço bom, trazendo-a para si em um abraço.
– As coisas devem estar meio loucas agora, mas eu estou aqui caso precise. – o abraçou de volta, escondendo o rosto no peito dele. revirou os olhos para a cena.
– Obrigada – Mel apareceu, abraçando as pernas dos dois. O pai a pegou no colo, quebrando o abraço com .
– Papai já vai, pequena. Se cuida, come direitinho, faz as lições da escola e já, já estamos juntos de novo.
– Tá, papai – a menina passou os bracinhos pelos ombros dele e lhe deu um beijo na bochecha. O homem a encheu de beijos também e a desceu de seu colo.
– Se cuida, , e, mesmo eu estando há alguns bons quilômetros de distância, nada mudou, você pode e deve contar comigo – a florista assentiu, ele a puxou de novo pela cintura e lhe deu um beijo demorado no canto da boca, suspirou, o abraçando de volta. – Tchau, , se cuida.
– Você também, Bruce! – ela o respondeu. Bruce tinha um sorrisinho sacana quando fechou a porta – Quero só ver quando você estiver namorando se essas gracinhas vão continuar – comentou. franziu o cenho ao comentário. Melanie corria de um lado para o outro em uma brincadeira louca.
– … Bruce vai parar. E eu não estou namorando e tão pouco irei, você sabe, minha atenção e amor e inteiramente de vocês nesse momento – deu um beijo na cabeça da filha mais velha. – Mel, sua sapeca, seu pai te deu doce, não é? – Mel assentiu. – Eu que lute para você dormir agora.
– Mamãe – ela correu para o quarto e a mulher foi atrás dela, rindo também.
suspirou fundo, encarando a cena delas brincando com os pensamentos longe dali, seria tão errado assim ela querer que seus pais ficassem juntos? Poxa, eles tiveram a história interrompida e ela percebeu no almoço que existia uma faísca, mas com Bruce sempre tão presente atrapalharia tudo. Ela bufou, chateada, Bruce era um cara legal, mas não era seu pai. Mordeu os lábios, seria errado se ela desse uma forcinha para juntá-los?
You (you), you are (you are) Você (você), você é (você é) My universe Meu universo And I (I) just want (just want) E eu (eu) só quero (só quero) To put you first Te colocar em primeiro lugar And you (you), you are (you are) E você (você), você é (você é) My universe Meu universo
(My Universe - Coldplay feat. BTS)
já estava há quatro dias em Los Angeles, mais do que havia previsto, entretanto tinha muitas coisas pendentes. Ele já havia assinado o contrato com o estúdio e havia encontrado alguns colegas de elenco também. A produção estava mesmo prevista para começar as gravações em outubro, como supôs.
– Veja se agora a carta aberta está boa, Adonis – o ator passou o celular para ele. estava com o manager, acertando algumas coisas e ambos discutiam a estratégia para informar sobre a existência de . Oi, pessoal! Tudo bem?
Bom, vocês devem ter visto fotos recentes em que eu estava acompanhado de uma adolescente e de uma mulher. Venho através deste vídeo esclarecer de uma vez por todas isso, porque vocês sabem que eu preservo muito minha vida particular e essas especulações que venho escutando ultimamente estão me deixando preocupado. Vamos direto ao ponto: aquela garota das fotos é a minha filha. Por que só agora estamos vendo você com ela, ? Porque a descobri tardiamente. Estou curtindo esses momentos com ela, e gostaria muito que vocês nos respeitassem e, principalmente, não invadissem a privacidade dela ou da mãe dela. Eu sou ator, eu sou famoso, a minha filha e a mãe dela não. Conto com a compreensão de vocês neste momento.
Cordialmente, B. Jordan.
– Agora sim, muito bom. – o homem entregou o celular de volta ao ator.
– O texto não está raso demais? – questionou, curioso. O texto quem tinha feito era o próprio Adonis, ele somente gravou o vídeo.
– Sim, mas está bom por agora, nós aprofundaremos o assunto em algum programa de televisão ou podcast. Isso é só uma introdução, – o ator assentiu.
– Bom, escolhe onde eu vou precisar ir, Adonis, e depois me passa – fez uma breve pausa. – Detesto minha vida exposta desse jeito! – suspirou fundo.
– Ok, deixa comigo, . Vou ver isso para amanhã, se possível – o homem assentiu. – Você quem quis ser uma figura pública, não? Agora aguenta – Adonis deu de ombros. – Posso postar já?
– Não, eu não contei para minha família ainda, vou falar com eles, preciso dar uma passada na mansão. – Adonis assentiu.
– Me sinaliza quando eu puder postar, porque estão especulando demais, já descobriram que elas são de Cape May e já tem paparazzi atrás da menina e da mãe dela – concordou.
– Droga! De hoje não passa, eu prometo – o ator se levantou da cadeira, sabendo que precisava conversar com os pais, mas sem um pingo de vontade para o ato.
encarou a porta da casa que chamou de lar por mais de oito anos e umedeceu os lábios, depois da discussão que teve com a mãe, era a primeira vez que ele entrava no local, estava nervoso, ansioso, não se sentia pronto para ver Donna ainda. Ele tinha aconselhado a filha a perdoar , mas ele mesmo não conseguia fazer aquilo, sentia-se hipócrita.
Adentrou a mansão e, como o esperado, seus pais estavam ali, eles o aguardavam, afinal, os havia avisado sobre a visita. A mãe dele se aproximou do filho, e quis o abraçá-lo, mas negou, estava muito magoado, o que ela tinha feito não era fácil de esquecer. pai permaneceu sentado, ele já sabia de toda a história e ele não havia passado a mão na cabeça da mulher.
– Oi, filho – o cumprimentou e se aproximou dele, o dando um rápido abraço. – Como está?
– Oi! Estou bem, e vocês?
– Estamos bem, querido – a mulher respondeu por ambos, fazendo com que a encarasse, e logo após desviasse o olhar.
– Confesso que sua mensagem de áudio me deixou curioso, Bakari, o que há? – se sentou em frente aos pais.
– Bom... Eu não sei nem como começar a falar isso para vocês... – os mais velhos tinham os olhos curiosos. – Eu voltei à Cape May depois da nossa última conversa, mãe, queria entender tudo, como foi para ela o aborto, a descoberta da gravidez, como ela agiu, enfim, queria me desculpar, eu... Só precisava ver a Evans – o ator passou as mãos na cabeça.
– E então? – o pai o questionou.
– E lá eu descobri que ela não fez o aborto – pai se levantou de onde estava sentado, atordoado, se ela não tinha abortado...
– O quê? – a mulher sentiu o corpo tremer dos pés à cabeça e o estômago ficou estranho. Piscou os olhos com força, pois sua visão tinha ficado turva, se apoiou no encosto do sofá. Foi respirando devagar, tentando regular a respiração, aquela notícia foi como se tivesse levado um soco.
– Bakari, você quer dizer que… – o filho assentiu com a cabeça. – Temos um neto, Donna, temos um neto – o homem abriu um sorriso bonito, sorriu junto com o pai.
– Neta, pai. Vocês têm uma neta e ela é linda! – o ator sorriu, bobo. Ele pegou o celular do bolso, abriu a galeria de fotos. – Seu nome é , mas ela gosta de ser chamada de . – Entregou nas mãos do pai o aparelho. O idoso sorriu, emocionado, olhando as fotos da menina.
– Ela é linda, muito linda e tem quantos anos? 15? – pai passava as fotos, com um bonito sorriso.
Donna encontrava-se imóvel, não tinha tido reação de olhar as fotos com o marido, era como se o peso que ela carregava em seus ombros fosse ainda maior. Ela não abortou como ela pedira e agora ela era avó, aquilo era triste demais, a neta crescera sem a família paterna.
– 14, mas faz aniversário em outubro, então terá 15 logo – o homem assentiu, ainda encarando o celular.
– Ok, eu realmente queria netos, mas desta vez você está de parabéns mesmo, Bakari – o ator riu com o pai, pegando o celular que estava estendido em sua direção. O rapaz encarou a mãe, que parecia não estar ali, pois sua expressão era vazia.
– Mãe? – o filho a chamou, despertando-a de seus pensamentos. – Pega. – ele estendeu o celular na mão da mulher, ela o pegou, encarando as fotos da garota e sentindo as lágrimas rolarem, e pensar que ela tinha corroborado para que aquela linda menina não existisse, sentia uma culpa dentro de si imensa.
– , ela escondeu a paternidade, ela não tinha o direito, ela deveria ter nos procurado, depois que nasceu, ou ter me dito que teria o bebê, ela não podia ter feito isso… - Donna conseguiu falar depois do choque.
– Ela só tinha 15 anos! É, ela escondeu, e você sabe bem os motivos que ela teve para fazer isso, não é? Afinal, como foram as suas palavras mesmo? Ah, sim, que eu disse que aquela criança atrapalharia a minha carreira. – a mulher fechou os olhos, as lágrimas rolaram.
– Isso não justifica, filho, ela poderia ter nos procurado depois. – pai tentou anuviar a situação.
– É, eu agiria diferente, – a mulher tentava se justificar.
– Será? Será mesmo que agiria diferente? – ele encarou a mulher com mágoa no olhar. – Mas eu concordo, pai, e não ache que as justificativas que ela me deu foram bem aceitas, porque não foram – o pai assentiu. engoliu o bolo que se formava em sua garganta. – Dói. Dói, muito porque eu não vi a infância da minha filha… Eu não pude acompanhar a gestação, as primeiras palavras, eu…
– Eu sei, e isso torna tudo ainda mais terrível para mim – a mulher enxugou o rosto com violência, pai a abraçou de lado, ele sabia que a mulher estava arrependida, e já bastava Bakari a atacando com as palavras como fazia, ele não a apedrejaria também.
– Bakari… – o ator negou com a cabeça.
– Não, pai, não interceda, eu estou decepcionado, magoado… A minha carreira foi construída na base do sofrimento daquela mulher, da rejeição que a minha filha achava que sofria por parte do pai, que nem sabia da existência dela, o quanto a minha pequena não sofreu sem mim… Isso me consome de um jeito, chega a me sufocar – o rapaz suspirou fundo. A mulher depositou o celular na mesa de centro, com as mãos trêmulas, capturou o aparelho, guardando-o de volta em seu bolso.
– Quando poderemos conhecê-la, Bakari? – o ator passou as mãos no rosto, cansado.
– Eu ainda não sei, mas em breve – o homem assentiu. – Eu mando as passagens para Cape May. – os dois assentiram.
– , eu preciso que me compreenda, você me afastar dessa forma está terrivelmente me matando – ela mordeu os lábios.
– Por favor. – o ator passou a mão na face, cansado de toda aquela situação, estava magoando sua mãe também, bem ou mal, ela tinha feito aquilo achando ser o melhor para ele. – Mãe, isso não vai se perdurar por muito tempo, não vou ficar afastado da senhora, mas nesse momento eu preciso de espaço.
– Mas… – pai a interrompeu.
– Não force, querida – o homem alisava o braço dela, acalmando-a. – Você vai quando para Cape May?
– Quero voltar para minha filha nos mais tardar quinta-feira – o ator sorriu, emocionado. – Eu quero estar perto dela o tempo inteiro, é um amor tão grande que eu já sinto por ela, que eu não sei explicar.
– É o amor que nós sentimos por você, querido – concordou com a cabeça à fala da mãe. Apesar de amá-la, sabia que precisava ficar longe por um tempo, não era capaz de perdoá-la, ainda não.
– É, agora eu entendo – ele concluiu. – Agora eu entendo.
🎧🎬🎧
– Eu sou amiga de uma celebridade! Isso é tão incrível, – Angela estava empolgada, enquanto as duas conversavam na aula de educação física, a última aula daquele dia.
– Meu pai é uma celebridade, não eu – a adolescente deu de ombros. – Me sinto sendo observada o tempo inteiro, ele pediu no vídeo no Instagram privacidade, deu a entrevista naquele podcast, mas é como se fosse o contrário.
– Acho que devem parar, é mesmo chato – a adolescente concordou. – E ele se saiu bem na entrevista, o assunto foi levado tão na esportiva, apesar da gravidade. Seu pai entregou tudo. – sorriu.
– Ainda é estranho imaginar isso. Parece que é tudo um sonho, e que a qualquer momento eu vou acordar, sabe? Estou muito feliz!
– Eu não cresci sem meu pai, , mas posso imaginar como está se sentindo. Agora é aproveitar a companhia dele.
– Cada segundo, amiga. – sorriu. Estava com saudade dele, os três dias viraram mais de uma semana, mas ela compreendia, e eles se falavam por chamada de vídeo todos os dias.
– E sua mãe? – encarou a amiga.
– Ah, você sabe, está tudo indo, esses dias eu até conversei com ela sobre o BTS, mas sei lá, Angela, eu acho que não volta mais o que era antes, eu não confio nela do jeito que eu confiava.
– Sua mãe é muito legal, , ela errou, claro, mas queria que a minha fosse um terço da sua, minha mãe me prende demais. – Angel bufou – E o principal, transou com uma celebridade, aliás, ela namorou uma!
– Porra, Angela, porra! – elas caíram na gargalhada.
– Você viu que o James tem te olhado diferente esses dias? – Angela deu uma cotovelada de leve na amiga.
– Eu percebi, mas é óbvio o motivo, simplesmente porque eu sou filha do . Não quero alimentar esperanças sabendo que ele está querendo ficar comigo por isso. Aliás, a escola inteira mudou comigo, achei isso muito feio. – Não que fosse uma pessoa desconhecida na escola, mas não era popular, coisa que vinha mudando de uns tempos para cá, desde o momento do anúncio de ser seu pai, alguns vinham a bajulando muito, coisa que ela não gostava.
– Você deveria aproveitar para dar uns beijos nele, assim perde o BV e mesmo que seja por interesse, ele é um gato.
– Você sabe que eu não sou assim, não deveria nem cogitar isso, Angel – se aborreceu.
– Nossa, , não é para tanto, você faz tudo virar um drama – Angel bufou. ia respondê-la, mas foi interrompida.
– Hoje vocês duas estão conversando tanto, hein? E se exercitar que é bom, nada! Correndo! – as duas reviraram os olhos a fala da professora, mas começaram o exercício.
As duas garotas saíram do vestiário depois da aula de educação física cansadas, a professora tinha pegado pesado com elas depois que as viu conversando demais na aula.
– Seu cabelo está lindíssimo hoje, – Britney comentou com um sorriso na direção dela, forçou um sorriso em agradecimento.
– Falsa, não olhava na minha cara antes, agora isso! – falou baixo, revirando os olhos. – Que vontade de sumir.
– Não liga – Angel puxou a amiga pelo braço para que elas saíssem logo da escola. Viram um burburinho se formar na entrada e não entenderam o motivo daquilo. Se aproximaram a passos rápidos, e sorriu quando viu, negando com a cabeça. Foi empurrando algumas pessoas para chegar até ele.
– Sério mesmo? Na minha escola? – ela falou assim que o viu terminar de tirar uma foto com uma garota do último ano. abriu um lindo sorriso, se aproximando da filha, abraçando-a, e levantando-a do chão.
– Oi, vida! Fiz mal? Eu estava com saudade – negou com a cabeça, ainda sorrindo.
– Oi, . Está perdoado, porque eu também estava com saudade, mas vamos embora logo, porque você já chamou atenção demais aqui – ela suspirou teatralmente quando ele a colocou no chão, quebrando o abraço.
– Não vai me apresentar, ? – Angel apareceu ao lado da amiga, com um bonito sorriso.
– Claro. , essa é a Angela, minha melhor amiga. Angela, ele dispensa apresentações. – Angel o abraçou, surpreendendo que riu, a abraçando de volta. olhou para os lados, vendo que a mãe da melhor amiga a esperava, ela só queria ir embora de uma vez, todos os encaravam e ela queria paz.
– Eu sou muito sua fã, muito mesmo, , desde Quarteto Fantástico. Você é incrível em tudo o que se propõe a fazer, sério! Gostei muito do seu papel em Creed e Pantera Negra e gostaria muito que você tivesse sido o T'Challa, você tem o físico para o Pantera, se é que me entende – ela ainda estava abraçada ao ator, enquanto tagarelava sem parar. – Deus, você é muito cheiroso e ainda mais lindo pessoalmente, se é que isso é possível.
– Obrigado pelo carinho, Angela, mas eu gostei muito de interpretar o Erik Killmonger, deixa o T'Challa com o Boseman – ele sorriu. A garota alisou as costas do ator.
– Já chega, não é? – separou a amiga delicadamente do pai. Angel segurou o braço do homem.
– Uma foto? – Angela o encarou com os olhos pidões. assentiu, fazendo uma pose para a selfie com ela. – Obrigada, obrigada mesmo. – ela o abraçou novamente, estava encantada.
– Vamos, por favor? – respirou fundo, claramente incomodada com a amiga abraçando o pai daquele jeito na frente de todas aquelas pessoas.
– Vamos, filha, prazer em conhecê-la, Angela – ele se separou da menina, que o encarou, completamente encantada com a simpatia de . Os dois adentraram o carro rapidamente e suspirou, aliviada.
– Me promete que não me busca mais na escola? – a encarou rapidamente. – Não me leve a mal, pai, eu amei a surpresa, mas eu não me sinto à vontade, sabe? Você vira os holofotes de lá, é estranho – o ator parou de escutar direito quando soltou tão espontaneamente a palavra pai que aquilo o deixou emocionado, e o melhor foi que ele percebeu que ela não se deu conta do que falou. – ?
– Está bem, pode deixar, não te busco mais, se isso te deixa desconfortável. Não quero ser invasivo de forma alguma – ela sorriu, alisando levemente o braço do pai. – Mas eu prefiro quando você me chama de pai, mas também é bom – ela o encarou, confusa. – Você me chamou de pai, vida.
– Eu nem percebi – ela o encarou, vendo os olhos dele brilharem, faria um esforço ainda maior para chamá-lo assim sempre, ela faria tudo para deixá-lo feliz. – Pai.
– Soa como música em meus ouvidos – ele levou uma das mãos em direção aos ombros da adolescente, emocionado. Ela sorriu para ele.
– E me diz uma coisa, veio me buscar na escola e já percebi que estamos saindo da cidade, vamos para Atlantic City?
– Sim, vamos comer lá e depois fazer qualquer coisa que você quiser, está bem? Hoje a sexta é todinha nossa, .
– Perfeito para mim, estou empolgada – ela sorriu. – Devo avisar minha mãe ou ela já sabe?
– Ela sabe, avisei por mensagem mais cedo, ela autorizou.
– Ótimo! – ela sorriu. – Deus, como a Angela foi grudenta com você hoje – mudou drasticamente de assunto depois de um tempo em silêncio. – Ela faltou pular em você e te pedir um beijo, completamente desnecessária – riu. – Você ri? Não tem graça, eu estava com vergonha por ela – se afundou no banco, lembrando da reação da amiga.
– As fãs são calorosas, , você é fã também, sabe disso. É normal a reação dela, estou acostumado.
– Mas eu não estou acostumada com a minha melhor amiga dando em cima do meu pai daquele jeito.
– Ficou com ciúme, é? – gargalhou, arrancando uma risada da filha.
– Cala a boca – ele riu ainda mais, fazendo-a rir também.
A tarde dos dois foi incrível, almoçaram no McDonald’s como ela pediu, depois os dois bateram perna na loja Forbidden Planet, com artigos de heróis como HQ’s, camisetas e bottons e acabou pedindo alguns exemplares ao pai, alguns bottons e uma camiseta que ele prontamente comprou, tudo para agradá-la. Depois pararam para tomar um sorvete e conversaram mais um pouco. achou uma loja que vendia coisas do BTS e surtou, e , mais uma vez, mexeu na carteira aquele dia, ver os olhos da filha brilhando não tinha preço, era o mínimo depois de toda a ausência de anos.
Na volta para Cape May, comentava animada tudo o que tinha comprado e o quão feliz estava por compartilhar aquela tarde com ele e como as coisas tinham sido incríveis, e aquilo fez com que sorrisse ainda mais, ele com certeza repetiria muitas vezes mais aqueles momentos com a filha.
This love is difficult, but it's real
Esse amor é difícil, mas é real Don't be afraid, we'll make it out of this mess
Não tenha medo, nós vamos sair dessa bagunça It's a love story, baby, just say yes
É uma história de amor, meu bem, apenas diga sim Oh, oh
(Love Story -Taylor Swift)
O homem estacionou em frente à casa da filha por volta das 19 horas com insistindo para que ele entrasse, mesmo ele mostrando certa resistência.
– Você deve entrar sim, , o Bruce sempre entra quando entrega a Melanie – ele encarou a filha, com o cenho franzido, se questionava quem era Bruce. – É o pai da Melanie.
– Ah. Bom, está bem, vamos lá. – ele desceu do veículo junto com a filha, e ela abriu a porta, vendo uma Melanie esparramada no chão fazendo alguma acrobacia estranha, enquanto passava Homem-Aranha na televisão e estava cozinhando.
– Pantela do Mal! – Melanie se levantou do chão, correndo em direção ao homem e o abraçando pelas pernas.
– E aí, mocinha! – a pegou no colo, sorrindo com o abraço caloroso que recebia da criança. – Está tudo bem?
– Tá. – ela balançou a cabeça rapidamente. – Assiti hoje Pantela, sabia?
escutou a movimentação da menor e compreendeu o que acontecia ali, havia entrado, mas ela estava mexendo com o molho, e não podia parar naquele momento. se jogou no sofá, pegando algumas sacolas que o pai carregava, para que ele conseguisse segurar melhor a irmã mais nova.
– Da próxima vez que assistir, quero estar junto, hein? – desceu a garotinha ao chão, que sorriu.
– É só você vir qualquer dia, pai, que com certeza ela estará assistindo, essa pirralha assiste todo o santo dia os mesmos filmes. Eu já não aguento mais! – revirou os olhos, forçando uma expressão de cansaço, arrancando uma risada do ator.
apareceu na frente dele, com um pano de prato nos ombros, estava com uma camiseta larga masculina e um short jeans por baixo, descalça. Ela abriu um sorriso fechado, era a primeira vez que o via pessoalmente depois do desastre daquele almoço. a encarou, ela estava tão leve, estava tão acostumado a ver com um peso nos ombros que vê-la daquele jeito ainda era novo para ele.
– Ah, oi! – disse. A florista estendeu a mão na direção dele, que a apertou rapidamente. Ela percebia o olhar dele em si e engoliu seco. Devolveu o olhar, ele estava com uma calça jeans de lavagem escura, uma camiseta branca estampada e um tênis branco da Nike. Ela desfez o contato porque o estava observando demais também.
– Oi! – ele sorriu fechado também. – Oi, filha! – se aproximou da adolescente, dando-lhe um beijo na testa carinhosamente. As coisas entre as duas estavam… indo, pelo menos não rejeitava as demonstrações de afeto da mãe. – Quantas sacolas!
– Meu pai quis me mimar, e eu não resisti – ela deu de ombros, com uma cara inocente.
– Cuidado com essa carinha, , quando menos você esperar, ela leva todo o seu dinheiro. – o ator riu e encarou a mãe ultrajada. voltou para cozinha, sabendo que sua brincadeira tinha fundo de verdade, era espaçosa demais. – Mas senta, , fica à vontade – ela falou mais alto do cômodo.
– Ah, não, a visita é rápida, eu só vim deixá-la aqui e só entrei porque a insistiu. – apareceu na sala novamente.
– O Bruce não entra sempre quando entrega a Mel? Eu disse para ele entrar por isso também, fiz mal, mãe? – negou com a cabeça.
– Não, filha. – era cínica demais, pensou, ela sabia bem por que Bruce entrava, não tinha cabimento deixar uma criança de três anos na rua e, também, sempre tinha alguma recomendação sobre Mel a comentar, diferente da adolescente que estava forçando aquela situação entre eles. Temia que ela tivesse percebido algo no almoço. Ela voltou para a cozinha, tinha que ficar de olho no molho.
– Mamãe, tô com fome. – Mel resmungou, segurando a barriguinha que roncava.
– Está quase pronto, meu amorzinho, falta só o molho, só mais um pouquinho, seja forte. – Mel fez um biquinho fofo, se jogando no chão dramaticamente. a achou adorável, não tinha como ser mais fofa.
– Bom, eu já vou mesmo, – o homem se aproximou da filha.
– Fica para jantar, pai? Ele pode ficar, não pode, mãe? – ele engoliu seco. , que estava na cozinha, revirou os olhos, o que estava pretendendo daquela vez? A filha não dava ponto sem nó, ela sabia muito bem disso.
– Bom, se ele quiser, não vejo problema. – a filha encarou o pai com olhos pidões.
– Está bem, vida, eu janto com vocês. – abriu um lindo sorriso, fecharia o dia com chave de ouro sem sombra de dúvidas.
– Perfeito, obrigada por ficar. – ela sorriu. – Senta. – o homem deu a volta no sofá e se sentou ao lado da filha. Ela colocou a cabeça no colo do homem, que começou a fazer um carinho na cabeça dela.
– Vamo comer o quê? – Mel questionou, essa estava brincando no chão e encostou as costas nas pernas de .
– Bolo de carne recheado com bacon e cheddar e purê de batata. – tirou o bolo do forno, colocando-o sobre a pia e jogando molho por cima.
– Hummmm, mamãe, que delícia! – ela colocou a linguinha para fora, arrancando uma risada de .
– Ela é assim mesmo, não repara, vive com fome, queria saber para onde vai essa comida toda. – negou com a cabeça.
– Você pega no pé dela, hein? – deu de ombros. – Deixa ela começar a entender para você ver o que vai acontecer.
– Ela que não venha com graça, pai, ela já me retruca algumas coisas e eu já a coloco no lugar dela.
– Não a vi implicando em nenhum momento com você e sim o contrário. – o encarou, chocada. – Falou do filme, da fome dela em excesso…
– Fica 24 horas com ela para você ver, ela é terrível.
– Sei… – bagunçou o cabelo dela, irritando-a. – Eu deveria ajudar sua mãe na comida.
– Não, pai, ela disse que está quase pronto, fica aqui. – a menina tinha os olhos brilhantes em direção ao homem, que relutante, assentiu, o fato era que ele não queria atrapalhar.
pegou o prato de plástico do Homem-Aranha, colocou um pouco de bolo com o purê no prato de Melanie, em seguida pegou o copo do mesmo personagem e colocou um pouco de suco para a filha. Colocou mais três pratos à mesa e copos juntamente com o bolo de carne e o purê de batatas para que e a filha se servissem.
– Está pronto, venham jantar! – Mel saiu em disparada da sala. – Melanie, não foi essa a educação que eu te dei, meu Deus, que vergonha. – Mel abriu um sorrisinho sapeca, sentando-se desajeitadamente na cadeira para comer. – Não, vá lavar a mão, porquinha, estava rolando no chão agora pouco.
– ‘Tô com fome, mamãe. – se justificou.
– Anda, filha – a menina bufou, e foi pisando forte até o banheiro, e seguiram o mesmo percurso que Mel, voltando ambos com a garotinha. a ajudou a se sentar na cadeira, a criança colocou a colher na boca, fechando os olhinhos quando sentiu o gosto do alimento na boca.
– Melhor comida do mundoooo. – a mãe sorriu, orgulhosa.
– A Melanie é muito fofa. – abriu um bonito sorriso, se servindo de um pedaço do bolo, e pegou um pouco de purê.
– Ela é sim. – a criança sorriu, voltando a levar a colher à boca. – E ela ama ser independente, comer sozinha, meu orgulho.
– Não esquece que é esfomeada também. – deu de ombros.
– Você que é! – Mel retrucou, mostrando a língua para a irmã. Antes que pudesse responder, interveio:
– Ei! Chega! – ralhou com as duas.
concluiu naquele instante que sentia ciúmes de Melanie por isso a implicância e era compreensível, cresceu só ela e a mãe por um bom período, e ter que dividir depois de tantos anos a atenção com a irmã, que era extremamente fofa e encantadora, piorava. E tinha o adendo, Melanie tinha um pai presente, mas ele faria de tudo para recuperar o tempo perdido com . Os dois se serviram e se sentaram lado a lado na mesa, colocou comida em seu prato e se sentou, começando a comer também.
– Mel tem razão, está uma delícia, você cozinha muito bem, . – a mulher sorriu, gostava de receber elogios sobre sua comida.
– Obrigada, , fico feliz que tenha gostado. – o encarou rapidamente, voltando o olhar a Melanie, ajeitando-a, já que mesmo que ela comesse sozinha, fazia muita sujeira.
– Minha mãe é uma cozinheira incrível, pai. – sorriu, bajulando a mãe. encarou os dois, a filha tinha o chamado de pai, deveria estar radiante, imaginava que era tudo o que ele queria escutar, se ela estivesse em seu lugar com certeza gostaria.
O jantar seguiu sem maiores conversas, insistiu que deveria lavar a louça e depois de muito tempo, conseguiu convencer a mulher e a filha. limpava o fogão e Mel e estavam na sala, a primeira desenhando algo em uma folha e a última mexendo freneticamente no celular.
– Você está sofrendo muito assédio, ? – ela abaixou a cabeça, lembrando-se.
Dias atrás, após revelar sobre a paternidade, sua vida tinha virado do avesso, paparazzi, jornalistas e alguns fãs queriam uma declaração dela. Descobriram a loja, onde ela morava e fizeram um inferno.
Entretanto o que mais doía não era isso... E sim as acusações de oportunismo, os xingamentos sobre sua aparência que recebia diariamente pela DM do Instagram, aquilo sim doía muito. Esse tema sempre foi delicado para ela, tinha virado mãe e seu corpo não era mais o mesmo. Estava complicado suportar que tocassem no seu ponto fraco, mas isso vinha diminuindo. Porém agora estava na cidade e aquilo também a preocupava, pois o caos poderia voltar.
– Está tudo bem, o pior já passou. – forçou um sorriso.
– Não mente para mim. – ele soltou o ar de uma vez pela boca, a impotência o dominava. – Eu imagino que tudo esteja um caos, eu estava correndo esses dias com o contrato do filme e algumas agendas também que precisei fazer e não pude dar uma atenção a isso. Te peço desculpas. Infelizmente, sua vida antiga eu não posso mais te oferecer, mas o suporte que precisar, por favor, por favor mesmo, me fala.
– Ok, mas não precisa se preocupar, eu estou bem. – ela mexia a cabeça freneticamente.
– De qualquer forma, eu vou reforçar que deixem você em paz. Eu não queria te envolver nisso, mas é algo que carrego comigo. Perdão.
– Não precisa, agora está tudo bem, caso você fale algo, pode chamar a atenção e então piorar. Agradeço sua preocupação. – ele abriu um sorriso fofo, a florista desviou rapidamente o olhar, aquele sorriso, aquele maldito sorriso...
– Bom... – pigarreou depois de um silêncio constrangedor. – Quero ajudar nas despesas de , você já arcou com muito em todos esses anos e agora é a minha vez.
– Não precisa… – ele a cortou rapidamente.
– Precisa sim e não está em discussão, estou fazendo o mínimo. – suspirou baixo.
Não queria que a achasse oportunista, apesar de saber que a filha tinha direito. Já bastava as fãs loucas dele a chamarem assim.
– Eu não gosto disso por outros motivos, , enfim… – ela balançou a cabeça. – Que seja feito o melhor para a minha filha, só não a mime tanto como fez hoje.
– Nossa. – ele a corrigiu rapidamente. revirou os olhos discretamente. – Eu não a mimei, só comprei algumas coisas que ela me pediu e...
– é inteligente, , ela já percebeu que consegue te ludibriar, mas não quero que ela fique mimada! Eu não a criei assim e agora já na adolescência ela ficar mal-acostumada me preocupa.
– Eu só estou dando para ela o que eu nunca tive e o que eu não pude dar antes por não saber da existência dela! – foi taxativo. respirou fundo, contando mentalmente até cinco para ser educada, pois ela sentia a alfinetada no tom de voz dele. O clima leve já mudava para tenso.
– Eu sei, mas não dê tudo de uma vez, ok? Não a estrague! – o ator assentiu, não queria discutir.
– Evans, eu já entrei com uma ação para o reconhecimento de paternidade dela, quero que tenha o meu nome o mais rápido possível. A justiça vai pedir um DNA, não que eu duvide de você, mas é o trâmite.
– Ok, eu sei e é seu direito. – ela terminou de colocar a última trempe do fogão, finalmente limpo. continuou:
– Enquanto eu trazia de Atlantic City, percebi que tem uma casa alugando aqui… – o encarou, enquanto o via enxaguar um prato.
– Sim, era do senhor Valley, ele foi morar com o filho na Califórnia. – assentiu.
– Eu quero estar cada vez mais perto da , mas um hotel não me parece ser bom, pensei em alugar, para quando eu estiver em Cape May, ela ter um espaço adequado para ela, assim como em minha casa em Los Angeles. O que acha? – a mulher o encarou.
– Eu acho uma boa ideia, sei que ficar em um hotel é complicado, existe a falta de um espaço até para você. – ela deu de ombros, mas sem qualquer filtro, continuou: – Mas eu só espero que essa empolgação em ser o paizão do ano não passe, não quero ter que lidar com a minha filha frustrada. – arregalou os olhos.
– Nossa, é inacreditável! Você é uma pessoa intragável, . Olha o que você está falando, mulher, que eu vou perder a empolgação com , ela é minha vida! Ela faz parte de quem eu sou! – ele terminou de lavar a louça e sacudiu as mãos para secá-las.
– Se eu sou intragável, você é imaturo e está metendo os pés pelas mãos, eu sou a mãe dela, tenho que me precaver, você está encantado demais com essa coisa de ser pai, a enchendo de presentes e ilusões. Eu não quero ter que lidar com frustrada!
– Imaturo? Eu? Você diz isso, mas a culpa é completamente sua por ter escondido a minha filha de mim… – ela se aproximou dele, jogando o pano de prato longe com força, parando há poucos centímetros dele.
– E vai e vem você utiliza isso como argumento, reforça o que eu acabei de falar sobre maturidade, você não tem! – ele a encarou de forma firme.
– Você quer falar mesmo de maturidade?! Supera o passado, pelo amor de Deus! Porque seu comportamento não é de quem superou. Eu estou tentando manter minha sanidade, Evans, mas você tem... – ele passou a mão na cabeça, com um sorriso nervoso, encarando-a firmemente.
– O que eu tenho? – ela riu, debochada. – Não, começou, termina! Anda, fala! – ela o encarou, com os olhos presos às reações dele. As respirações estavam descompassadas pela recente alteração de ânimos, os olhares se alternavam entre a boca e os olhos.
– Chega! – encarava os pais em choque. – Vocês estão gritando! Estão assustando a Mel. – Melanie tinha somente a cabeça aparecendo na cozinha, os encarava com os olhinhos assustados. Eles se afastaram, bufou alto.
– Perdão, meus amores. Perdão! Não era para vocês presenciarem isso. – ela se aproximou de , que desviou. Foi em direção a filha mais nova. – Está tudo bem, ok? Não foi nada. – Mel assentiu, saindo da cozinha e voltando a assistir televisão. suspirou fundo, seguindo a filha até o local e se certificando se ela estava mesmo bem.
– Desculpa, vocês não deveriam ter visto isso mesmo. Que situação. – o ator passou a mão na face. – Eu vou embora. – se aproximou da filha, deixando um beijo na bochecha dela.
– Ok, pai. – ela mordeu os lábios, chateada, será que era tão difícil que os dois se entendessem? – Eu não imaginei que isso aconteceria, eu não...
– Não é sua culpa, ok? Eu te prometo que esse tipo de coisa você jamais irá presenciar novamente, eu não sei quando ou como aconteceu, mas nós dois nos alteramos. – se jogou nos braços do pai, o abraçando fortemente. – Vai ficar tudo bem, ok?
– Vai sim. – ela se separou, vendo-o passar para a sala, o seguiu.
– Melanie? – a menina estava abraçada a mãe, enquanto tinha atenção à tevê, já havia a acalmado. Ela o encarou e abriu um enorme sorriso. – Eu já vou, ok?
– Xau, tio! – ela acenou para ele, se aproximou, depositando um beijo na bochecha dela. Ele apenas acenou para e abriu a porta para que ele saísse, antes de sair, o homem depositou um beijo na testa dela.
– , filha, eu quero que saiba que… – tentou, mas foi cortada por .
– Não quero ouvir, conheço bem a mãe que eu tenho! Você nunca facilita, nunca! E ainda quer que eu te perdoe completamente... Mas como? Que ódio! – a menina bufou, indo para o quarto e batendo a porta do local. revirou os olhos, exausta. Estava pagando todos os seus pecados, tinha plena consciência disso.
🌸🌸🌸
mexia no celular enquanto o movimento naquela manhã estava baixo, ela agradecia muito, pois finalmente as coisas pareciam se acalmar e voltar aos eixos. … depois da fatídica discussão havia se passado uma semana, uma semana sem conversar com ele pessoalmente, somente o estritamente necessário por WhatsApp. De fato, ele havia entrado com o reconhecimento de paternidade, e ela foi contatada pelos advogados dele. seria submetida em breve ao exame de DNA.
E por falar em , a menina estava cada vez mais apegada a ele e não sabia o que sentir sobre aquilo. Quanto a relação das duas, estava estremecida, a florista já tinha se conformado que talvez nunca voltasse ao que eram antes.
O barulho da porta chamou a sua atenção, a despertando de seus pensamentos, uma mulher olhava o local minuciosamente. largou o celular de lado e saiu detrás do balcão, ficando a uma distância segura no qual poderia dar privacidade a cliente e caso ela precisasse de ajuda, a chamaria.
– Então é você… – a mulher proferiu assim que colocou os olhos em . – Esperava muito mais.
– Não estou entendendo. – tinha a testa franzida.
– Você que é a vagabunda oportunista que diz que tem uma filha com o meu , mas que sabemos que só quer ganhar fama e dinheiro às custas dele.
– Sai agora da minha loja! Eu não lhe dou o direito de entrar no meu estabelecimento para me difamar! – a mulher riu alto.
– Vou te dar um aviso, se afaste do , senão você saberá quem eu sou!
– E quem é você? – debochou, encarando a mulher. Era só aquilo mesmo que faltava, definitivamente.
– Eu sou uma fã que está aqui para proteger o .
– Você é louca, isso sim! Sai, ou eu chamo a polícia. – apontou para fora da loja. – Sai agora! – a mulher bufou alto.
– Está avisada! – saiu batendo a porta da floricultura, riu, amargurada.
– Quando esse assédio vai parar?! Agora é pessoalmente… – estava exausta. Escondeu a cabeça no balcão. Escutou o barulho da porta abrindo novamente, sentiu o corpo tremer, se fosse aquela mulher de novo… levantou a cabeça e visualizou senhora Davis, respirou, aliviada.
– Oi, senhora Davis, como está? – abriu um bonito sorriso, se aproximando da senhora.
– Indo, querida. Meu neto e minha nora estão morando comigo, e bom, me dá certa paz tê-los comigo, é como se consolássemos um ao outro. Mas e você?
– Ah, isso é muito bom, a fase do enlutamento não é nada fácil, mas pelo menos um apoia o outro. – a encarou. – Eu estou bem. – forçou um sorriso. – Pensei na senhora esses dias. – segurou as mãos de Joanne. – Pensei em lhe fazer uma visita, sei lá, mas como a senhora deve saber, minha vida está de ponta cabeça.
– Pois deveria ter ido, ia gostar de recebê-la. – apertou as mãos da idosa. – Sim, eu soube, querida, que segredo imenso foi esse que você escondeu! e meu filho sempre foram muito amigos, pude acompanhar o crescimento de ambos, mas jamais imaginávamos que fosse filha dele, Will se estivesse aqui estaria radiante pelo amigo. Conte comigo para o que precisar. – a abraçou de forma calorosa, querendo lhe passar tudo de melhor naquele ato. Vinha recebendo olhares atravessados de alguns moradores, contar com o apoio dela era o que ela precisava – Você é encantadora.
– Obrigada, Senhora Davis, obrigada mesmo, não tem ideia do quão suas palavras foram ótimas. – sorriu, parando de abraçá-la. – Mas eu presumo que a senhora veio buscar adubo ou terra para suas plantinhas, certo? – abriu um sorriso lindo.
– Acertou, vou levar os dois, o adubo já acabou e estou precisando de terra nova para elas.
– Ótimo, já vou deixar separado, inclusive quero mostrar a senhora também que chegou umas begônias lindíssimas. – puxou a senhora, arrancado um breve sorriso dela.
When I was sorry Quando eu estava arrependida It was too late to turn around (turn around) Era tarde demais, para voltar atrás (voltar atrás) And tell you so E te dizer There was no reason Não havia razão
Just a foolish beat of my heart
Basta uma batida tola do meu coração
(Foolish Beat – Debbie Gibson)
– Você tem que contar para o sobre essa ameaça, aliás sobre todas que anda recebendo virtualmente. – Bruna encarou a amiga.
Bruna finalmente tinha ido para a casa de , e a florista havia atualizado a amiga sobre toda a situação , e ela. Até mencionou que as previsões que ela tinha lançado estavam mesmo corretas, isso arrancou boas risadas de Bruna.
Melanie estava desenhando em uma folha sulfite e era a companhia das duas que estavam sentadas no sofá conversando, enquanto tomavam uma coca gelada naquele calor. estava com , mas logo estaria de volta em casa, pois avisou que a madrinha estava lá e queria vê-la.
– Ah, não é para tanto, Bru, eu dei um jeito nela, mostrei que não tenho medo, sabe? Acredito que não volte.
– Ela pode voltar sim... – Bru olhou Melanie pintando seu desenho e sussurrou o restante da frase: – Justamente com uma arma e te matar! Eu não confio, deveria providenciar para você e para a seguranças, ele tem essas fãs alucinadas que podem fazer mal a vocês.
– Que horror! – se arrepiou com a menção da arma.
– Fala com ele, . – a mulher negou freneticamente com a cabeça. – Meu Deus, como você é cabeça dura!
– Não tem clima para uma conversa, Bru. Simplesmente não tem, não sabemos conversar. Semana passada discutimos muito feio e as meninas presenciaram, ele me tira do sério de um jeito que… Nossa, você não faz ideia! – ela já estava com raiva só por se lembrar. – Eu me viro com as minhas coisas, e se passar dos limites, presto uma queixa.
– Por que discutiram? – mordeu os lábios, suspirando baixo. – Já não bastou as discussões da paternidade, teve mais? Vocês precisam ser adultos! – a florista bufou.
– Ele contou que pensou em alugar a casa em que o senhor Valley morava e, bom, eu disse que apoiava, mas – Bruna a encarou, com a sobrancelha arqueada –, eu não consegui me controlar e disse que tinha medo de essa empolgação em ser pai passasse e ser afetada.
– Não acredito! Você disse na cara dele isso? – assentiu – Filtro nenhum! – Bruna riu, fazendo rir também. – Então ele deve ter ficado irado e te atacou, você respondeu à altura ou pior, não é? – concordou. – Eu entendo sua preocupação, mas falar abertamente para o cara não me parece certo. E, poxa, o está se saindo um bom pai, não? Duvido que saia magoada disso tudo, ele está amando ser o pai dela, todo dia tem um story diferente disso no Instagram, o homem todo fim de semana a pega para passar com ele, sem contar os dias que você disse que ele pede para ficar com ela durante a semana, dá carinho, muito amor, atenção... – fechou os olhos.
– Agora é tudo novidade, mas depois que ele voltar para a vida dele de verdade? Com gravações extensas, viagens, premiações etc., ele pode deixá-la de lado.
– Amiga, são hipóteses e você não tem como saber. Infelizmente, se ele realmente for esse tipo, você precisa estar lá para quando a precisar, mas não dá para protegê-la de tudo. – mordeu os lábios, sabendo que Bruna estava coberta de razão.
– Titia, eu desenhei você. – Melanie mostrou o desenho que estava mais para um rabisco para Bruna, interrompendo a conversa. – Você, eu e mamãe! – A garotinha encarava Bruna em expectativa.
– Meu Deus, como eu estou linda! Amei! Você vai pintar? – Mel balançou a cabeça positivamente. – Vai ficar ainda mais lindo!
– Com certeza vai, amo os desenhos do meu amorzinho – Mel abriu um sorriso de orelha a orelha, voltando a desenhar. retomou o assunto: – Eu sei, Bruna, mas é muito difícil… – fez um biquinho fofo, Bru a abraçou.
– E tenta facilitar, vocês têm um vínculo para a vida toda, precisam conviver bem. E afinal, ele alugou a casa?
– Alugou, essa semana a vai ajudá-lo a pintar a casa. Mais um momento super cool entre pai e filha. – ela revirou os olhos. – Eu juro que eu tento não ter ranço do , juro, mas ele me irrita tanto, mas tanto! – Bruna encarou a amiga com um sorrisinho de lado. – O quê? – ela perguntou, já imaginando o que passava na cabeça da amiga.
Vendo a reação de Bruna, ela se recordou da última discussão que tiveram e nunca admitiria a arquiteta, mas se não entrasse na cozinha, não saberia o que teria acontecido, o jeito como estavam se encarando... Ela suspirou fundo, balançando a cabeça frente a lembrança.
– , você não se atrai nem um pouquinho pelo ? – Bruna a questionou, curiosa.
– O quê? Por que essa pergunta agora, pelo amor de Deus? – abriu um sorriso nervoso.
– Sim ou não? – Bruna olhou a amiga de escárnio. olhou a filha desenhando, concentrada, e falou em um tom mais baixo.
– Bem, eu não posso falar que não me atraio, não é? O homem é lindo, gostoso, eu seria louca se dissesse que não, mas só também. Esse homem tem o dom de me tirar do sério que até a beleza dele some para mim.
– Ok, só queria entender mesmo. Vocês dois vão acabar se matando… – fez uma pausa dramática e sussurrou o restante da frase: – De prazer. Porque se você facilitasse já tinha caído de boca naquele homem.
– Bruna! Cala a boca – a amiga ria alto enquanto tinha vontade de esbofeteá-la frente a blasfêmia proferida por ela, pelo menos a noção de falar aquilo baixo ela tinha. Jamais os dois ficariam juntos, jamais. Não tinha cabimento.
– te come com os olhos, eu vi no dia do velório.
– Para com isso. E de qualquer forma aquilo foi antes de ele saber que eu escondia a filha dele. Ele me odiava ali por supostamente tê-lo traído, mas as coisas mudaram drasticamente.
– Hummm… Essa sua resposta – Bruna gargalhou alto.
– Tudo você leva para malícia, eu só falei algo para você limpar da sua mente torta que vamos ter uma espécie de recaída, eu não quero nada com o , e ele muito menos comigo.
passou pela porta com um sorriso grande e mais uma sacola com alguns doces, assustando as duas mulheres, provavelmente tinha comprado. Bruna não deixou nem que a garota fechasse a porta e proferiu:
– , amor da minha vida, não deixa seu pai ir, quero falar com ele. – assentiu, saindo pela porta para ver se o pai ainda estava lá.
– O que você quer falar com ele? – Bruna abriu um sorrisinho de lado, dando de ombros. mordeu os lábios, curiosa, mas temerosa.
– Pai! – gritou, mas já era tarde demais, o homem já havia arrancado com o carro. – Ele já foi, tia. – a menina entrou na casa, fazendo um biquinho. respirou, aliviada.
– Que pena, meu bem, queria mesmo falar com ele, mas não tem problema. Vem aqui que eu nem consegui te cumprimentar direito. Que saudade! – sorriu, se jogando nos braços da madrinha. Bruna encheu a afilhada de beijos.
– Eu também estava com saudade – sorriu, encarando a cena.
Bruna era como sua irmã mesmo, a arquiteta e Anthony optaram por não ter filhos, mas ela sabia que e Mel eram como se fossem dela, com o tanto de amor e carinho que existia entre elas, Anthony também as adotou, as viu crescer. O elo que os unia era inquebrável, não eram uma família tradicional, mas eram a melhor família que poderia ter.
– Titia, fiz a no desenho também, olha. – Mel se levantou do chão e mostrou o desenho para a irmã mais velha e Bruna.
– Estou linda, Mel – a garotinha sorriu, voltando a desenhar.
– Só falta agora pintar a , hein? Quero só ver – Mel mostrou seus lindos dentinhos de leite ao comentário de Bruna, pegando o lápis de cor e voltando ao chão para terminar seu desenho.
– Como foi o passeio, filha? – encarou a mãe, sentando-se ao lado da tia e se aninhando nela.
– Foi bom, mãe, fomos para Atlantic. Meu pai sempre me surpreende, me levou dessa vez em um parque de diversões, eu amei, porque ele reservou para gente, justamente pela privacidade. Vocês têm noção disso? Eu me diverti muito, pude andar em vários brinquedos diferentes sem fila nenhuma. – suspirou fundo, levemente incomodada. Bruna percebeu a postura da amiga.
– Fico feliz, filha, deve ter sido uma experiência e tanto – a mãe forçou um sorriso.
– Foi sim, eu nunca na minha vida imaginei que desfrutaria de um momento assim, e foi incrível, bom, meu pai é incrível. – sorriu forçadamente, estava feliz pela filha ter momentos assim, mas não podia controlar o ciúme que crescia dentro de si. Era sempre assim agora, e ela estava tendo dificuldades de se acostumar com dizendo o tempo todo como o pai era incrível e como ela era o monstro desumano. Ele sempre era a vítima e ela a culpada.
– Sim, claro e coisas que eu jamais conseguiria proporcionar para você. – Bruna encarou amiga, iria conversar com , aquilo estava machucando . – Bom, Bru, você se importa se eu der banho na Mel?
– Claro que não, tenho essa adolescente linda aqui para me fazer companhia. – sorriu, assentindo.
– Agola não, mamãe – Mel fez um biquinho.
– Mamãe promete que a tia Bruna não vai embora enquanto você não terminar o desenho dela.
– Sim, neném, eu juro, pode ir tomar seu banho tranquila – Mel fez uma carinha desconfiada. – Eu juro de dedinho, vem – Mel sorriu, se levantando e dando o dedinho para a tia, que entrelaçou com o seu. – Pronto, promessa feita.
– Eu volto lapidinho. – Mel sorriu e caminhou junto com a mãe até o quarto dela. Bruna se certificou que era impossível que ouvisse e chamou a atenção da afilhada do celular:
– , como estão as coisas entre você e sua mãe?
– Indo… – deixou o celular de lado. – Acho que como éramos antes nunca mais volta, ela escondeu meu pai, não consigo passar por isso assim, algo quebrou.
– Você já não está tendo uma relação com ele? Convivendo e fazendo tudo que pai e filha fazem? – assentiu. – Então coloca uma pedra no que passou, sua mãe errou e nada pode ser feito disso, o passado não pode ser mudado, então segue em frente, sua mãe te ama.
– Eu também a amo, tia, é só que… – suspirou, esgotada. – Ela não faz esforço nenhum para se aproximar do meu pai. Eu só queria que os dois tivessem uma convivência civilizada, sabe? Porque eu já desisti de juntar os dois. E eu sei que é tudo culpa dela, e só dela! Que raiva que ela não pode ser adulta nessas horas! Isso me faz ficar ainda mais estranha com ela, é inevitável.
– , sua mãe é uma pessoa extremamente temerosa, a vida a tornou assim. Primeiro a sua avó que se foi quando ela nasceu pela pré-eclâmpsia, ela não teve nem a chance de conhecê-la. – Bruna entrelaçou as mãos com as de . – Por muitos anos ela achou que matou a própria mãe justamente pela forma como ela faleceu.
– Meu Deus, tia. Ela nunca me contou isso – a garota estava chocada.
– Eu sei e por isso eu estou te contando, para você compreendê-la inteiramente, mas não fale com ela sobre isso, por favor – suspirou baixo, assentindo. – Depois veio a ruptura inesperada do relacionamento que ela teve com seu pai, isso a quebrou e você não tem noção do quanto. Grávida com 15 anos, desolada e abandonada. Olha o peso disso! – desviou o olhar da tia, encarando o chão. – Teve o falecimento do seu avô, e esse aqui eu nem preciso te detalhar, você viu, sua mãe quebrou de uma forma tão grande e se não fosse por você e a Melanie eu não sei o que poderia ter acontecido.
– Eu sei, vovô era a base dela. Vovô era o pai que eu não tinha. – umedeceu os lábios, aquele assunto ainda era delicado.
– Sim, meu bem. Por fim, o término com o Bruce, esse machucou sua mãe também, ela sabia que tinha que acabar porque estavam se machucando muito, mas existia amor. Percebe quantas pessoas ela foi perdendo durante a vida? Ela só quer você protegida para não sofrer tudo o que ela sofreu. – fez um biquinho.
– Tia… Me entenda, por favor, eu consigo compreender isso tudo que você falou e até me abre a mente, mas porque ela repele tanto o meu pai? Olha a relação que ela tem com o Bruce, custa ter alguma coisa assim com meu pai? Eu amo a minha mãe, mas eu não posso deixar de comparar e isso me deixa brava com ela. – Bru encarou a mais nova. – Meu pai nunca mais entrou em casa porque da última vez eles brigaram aos berros por conta dela. Não, ninguém me falou, mas eu sei, ele disse que não presenciaríamos mais nenhuma discussão e desde então ele não entra aqui em casa. Como eu coloco uma pedra se ela não se esforça?
– Meu bem, seu pai e sua mãe têm uma história inacabada, diferente do relacionamento com Bruce que foi dado um ponto final. Muita mágoa, muito sofrimento por tudo o que não viveram, entende? Enquanto eles não resolverem isso, vai ficar esse clima, essa áurea tensa entre eles. Mas isso não é assunto seu, e você não deve tomar partido por nenhum dos dois. Você precisa e deve focar que os dois te amam muito e querem o melhor para você, deixa as questões deles para eles resolverem.
– Tia, caramba... Não tem nem o que eu possa responder, que saco – Bruna gargalhou. – Tudo bem, vou tentar não tomar partido na relação deles.
– Tentar não, quero mais firmeza, você não vai tomar partido pelo seu pai. – riu baixo, assentindo. – E o principal, , sua mãe morre de ciúmes da relação que você vem construindo com ele.
– Espera, tia, você está me dizendo que a minha mãe tem ciúme do meu pai? – a mulher fez que sim com a cabeça. – Eu não acredito!
– Eu não toquei nesse assunto com ela ainda, mas eu a conheço muito bem, a raiva maior é essa. Você e ela são muito próximas, vocês se afastaram, pois você vem a torturando lentamente com as alfinetadas que solta, como agora pouco. – franziu o cenho. – Meu pai é incrível. – imitou a voz da garota.
– Para que eu nem falo assim. – riu, Bruna revirou os olhos levemente.
– Sua voz é enjoadinha, meu bem. – a encarou, ultrajada. – Não vamos desviar do assunto, eu sei que no fundo você já a perdoou, mas gosta de torturá-la.
– Tia… – suspirou.
– Você sabe que perdoou, querida. – A adolescente abaixou a cabeça e nada disse para refutar a tia. – Sua mãe é tudo para você e você para ela e por isso ela está com medo, se sentindo ameaçada com a presença do .
– Meu Deus, eu nunca a trocaria pelo meu pai, são relações completamente diferentes – tinha o cenho franzido. – Nossa, eu não enxerguei isso, porque ela não demonstra nada, mas vou tentar ficar mais próxima dela, é difícil porque ela só me faz raiva com esse comportamento infantil com meu pai. – fechou os olhos, bufando.
– , o que a gente falou há pouco?
– Que saco! Como você a aguenta por tantos anos?
– Ah, querida, somos melhores amigas, somos irmãs… – Bru sorriu. – Então ela fala as asneiras dela e eu nem ligo, porque eu sei que é da boca para fora, assim como eu também piso na bola com ela, é assim mesmo e está tudo bem.
– Sim, é uma relação muito linda a de vocês. – aninhou melhor a cabeça no colo da tia. – Eu estava com saudades disso, tia, das nossas conversas, é incrível a forma como você me lê – Bruna sorriu, abraçando a afilhada pela cabeça e depositando um beijo em sua testa.
– Ah, meu bem, eu tento. – elas sorriram uma para a outra. Bruna sentiu o celular vibrar e viu uma mensagem de Anthony e abriu um sorrisinho pequeno e teve uma ideia brilhante. – Você confia em mim?
– Com certeza, tia, completamente.
– Então vou precisar da sua ajuda, eu preciso testar uma coisa, pelo menos para mim ainda não ficou totalmente claro. – a menina franziu o cenho com a cara engraçada da tia.
– Tia, amo essa sua cara diabólica. Com certeza vamos testar uma coisa. – as duas riram. – Me conta tudo.
🌸🎬🌸
– Bruna, pelo amor de Cristo, eu não gosto de deixar a com a Mel! – o fato é que ela não estava com nenhuma vontade de sair para lugar nenhum, estava fazendo isso por livre e espontânea pressão.
– Amanhã é domingo e você merece ter uma noite sem ser mãe, ser só minha amiga e tem coisas que eu quero te falar e com a lá, eu não posso. – suspirou fundo.
– A gente já não conversou a tarde inteira? – Bruna semicerrou os olhos, encarando a amiga. – Ok, a gente não vai demorar mesmo, não é? – mordeu os lábios.
– Não vamos. tem quase 15 anos, confia mais nela, ela vai cuidar bem da Mel, ela sempre cuida, lembro da outra vez que a gente saiu para beber e ela olhou muito bem a Melanie – concordou a contragosto.
O Uber parou em frente ao barzinho que elas sempre iam, as duas desceram do veículo e adentraram o local e logo na entrada paralisou quando viu quem estava ali com Anthony.
– Você fez de propósito, não é possível, isso não é coincidência! Bruna, que merda, eu te odeio tanto. Eu vou embora.
– , pelo amor de Deus, você sabe muito bem que essa cidade é minúscula, e esse é o melhor lugar, por isso o Anthony também veio para cá. – negou com a cabeça quando viu rir de algo que Anthony comentava.
– Você armou isso e não adianta negar. Mas eu vou embora, ele e eu respirando o mesmo ar vai dar problema.
– Amor da minha vida! Lindona! – Anthony gritou para que já tinha dado alguns passos para a saída do local. Ela fechou os olhos e Bruna riu baixo.
– Bruna… – sussurrou, ainda de costas. – Eu já disse que te odeio?
– Se você sair agora vai ficar nítido que foi pelo . Amiga, vamos lá… – estava rígida. – Por favor, , por favor… – encarou a cena com o cenho franzido, ela estava indo embora? Se estava era pela sua presença, negou com a cabeça, levando a cerveja aos lábios.
– Ok, em uma hora eu vou embora. Eu odeio você e odeio o cínico do Anthony por vocês dois fingirem que não sabem de nada, armação purinha porque o timing dele me chamando foi conveniente demais.
– Amiga... – Bruna mordeu os lábios, prendendo a risada e a puxou para a mesa que ambos estavam.
I never thought that I would find a way out Eu nunca pensei que encontraria uma saída I never thought I'd hear my heart beat so loud Nunca achei que ouviria o meu coração bater tão alto I can't believe there's something left in my chest anymore Eu não consigo acreditar que ainda há algo no meu peito But goddamn, you got me in love again Mas, caramba, você fez eu me apaixonar de novo
(Love Again – Dua Lipa)
– Que coincidência todo mundo aqui hoje – Anthony comentou com um sorriso engraçado, abraçando .
– Ah, Anthony, finge melhor, seu cínico – ela sussurrou e apertou a barriga dele com força.
– Ai! – ele resmungou, fazendo Bruna e que tinha se cumprimentado, os encararem. – Eu bati a perna na cadeira, não foi nada – riu baixo, se separando dele.
Viu o casal de amigos se cumprimentarem com um selinho rápido, direcionou o olhar a , que já a encarava, ela o cumprimentou com um aceno de cabeça, que foi correspondido por ele. Se sentou ao lado de Bruna e permaneceu ao lado de Anthony. O ator não era bobo, ele também tinha percebido a armação do casal, mas diferente de , não estava tão irado assim, na verdade ele nem se importava de ficar no mesmo lugar que ela.
– Bom, vocês chegaram faz tempo? – Bruna puxou conversa, segurando a mão do namorado, fazendo um carinho breve ali.
– Na verdade, uns 30 minutos, não, ? – o ator assentiu, levando a cerveja aos lábios. – Vou pedir um copo para vocês – ele chamou a atenção do garçom, pedindo os copos. pegou o celular, checando se poderia ter mandado alguma mensagem.
– Nem precisa pedir para mim, Anthony, pretendo ficar um pouquinho só – sorriu discretamente com a fala da mulher.
– Ah não, , não. Hoje é seu dia de folga, pelo menos um copinho você vai beber, precisa espairecer, anda tensa demais – Bruna disse. O garçom trouxe os copos e logo Bruna pegou o seu e encheu o da amiga, fazendo-a suspirar baixo. Aquele seria seu único copo da noite, definitivamente não estava no clima para beber com o inimigo.
– Pois é, as vezes é bom relaxar mesmo – Anthony comentou, fazendo abrir um sorriso forçado.
– , eu queria muito falar contigo, que sorte te encontrar aqui, é sobre a – a mulher citada arregalou os olhos, franziu o cenho. – Ela anda recebendo ameaças nas redes sociais, tinham diminuído, mas com a sua presença em Cape May voltaram, até então era o esperado, mas há dois dias uma “fã” sua entrou na floricultura e a ameaçou, e ela não está para brincadeira.
– ! – Anthony a encarou, preocupado.
– Não é para tanto! – fechou os olhos. – Não foi nada demais, Anthony, e eu já resolvi, a coloquei no lugar dela.
– Imagina só se ela volta com uma arma?! – Bruna comentou, alarmando ainda mais.
– Bruna! Eu já dei um jeito nela, ela não vai voltar mais na loja. – deu de ombros – E se voltar, presto queixa.
– Me desculpe por isso, Evans, eu nem sei mais como eu posso me desculpar contigo, que inferno você está passando! Era só o que faltava isso! – olhou para baixo. – Sua segurança e a de são muito importantes para mim, não vejo uma alternativa... – suspirou fundo. – Eu vou contratar um segurança para ficar na loja.
– Eu não quero segurança nenhum – Bruna e Anthony reviraram os olhos. – Eu sei me defender sozinha.
– Eu não estou pedindo sua opinião, eu estou falando o que eu vou fazer. Se acontecer algo com você, eu jamais me perdoaria – riu, incrédula. Como assim ele não estava pedindo sua opinião? Ela era a parte importante daquela equação! o encarou, estava sério e era intimidante demais aquele par de olhos fixos nela. Bruna levou a bebida aos lábios, observando os dois.
– Eu acho que ela deve sim ter um segurança, em casa não é necessário porque é um condomínio fechado, mas a loja é totalmente exposta e, essas ameaças estão passando dos limites – depois de sorver a bebida, Bruna palpitou.
– Sim, , não discuta, pensa na e na Melanie caso aconteça algo com você – suspirou fundo, aquela fala de Anthony era jogo muito baixo.
– Eu ainda não vejo necessidade, que droga vai ser alguém me vigiando na loja – ela bufou.
– Ele vai ser discreto, , você nem vai perceber – comentou.
– Está bem, pelas meninas, somente por elas – revirou os olhos, cansada. – Mas por pouco tempo, ok? Ela nem não vai aparecer mais – pegou o celular e abriu no aplicativo WhatsApp.
– Já mandei mensagem ao meu manager, e amanhã mesmo ele já deve mandar alguém para o serviço. Quanto às ameaças nas redes, é inconcebível que você esteja passando por isso, amanhã pretendo gravar um story pedindo para pararem com os ataques, não vai ser garantido que parem, mas com certeza vai diminuir.
– Obrigada de qualquer forma – Evans respirou fundo, levando o copo aos lábios. Ele assentiu.
– Você volta quando para Los Angeles, ? – Bruna questionou o ator.
– Outubro, sei que o aniversário da é dia 14 então quero pelo menos esperar chegar a data para eu ir, estou negociando, quero passar o aniversário dela com ela.
– Certo, é importante que você esteja aqui com ela – somente ouvia, calada. – E sua família!? Vem conhecê-la quando? – levantou os olhos para a Bruna, que deu de ombros. Anthony só balançou a cabeça, Bruna era terrível.
– Bom, minha irmã vem esse mês e meus pais… – ele encarou . – Estou vendo ainda o melhor momento, minha mãe é algo bem complicado, afinal… Não sei como a vai reagir.
– Mal, bem mal. Eu contei para ela da melhor forma que eu consegui, dadas as circunstâncias que você me deu, talvez se eu tivesse mais tempo poderia explicar de forma mais didática... – bufou. Bruna e Anthony se encararam, tinha certa razão, ela não facilitava. – Mas não teve como não culpabilizar sua mãe.
– Claro, te dar mais tempo para você contar daqui mais 15 anos, que tal? – ele piscou um dos olhos, e levantou seu copo.
– Idiota! Eu pedi apenas alguns dias, você foi…
– Galera, por favor, já foi, passou, ela já sabe, não? Não adianta ficar remoendo isso, agora é trabalhar com a problemática que ela tem avós e que precisa conhecê-los – Anthony interveio, antes que os dois começassem uma discussão infundada.
– Ok, ok. Eu vou preparar o terreno para isso, mas já de antemão, , eu não quero ver sua mãe, não quero ouvir nenhuma possível justificativa, não quero, entendido? Minha filha sim, mas eu não – era como se o ódio que ela sentia pelo ator fosse transferido completamente para a mãe dele.
– Tudo bem, fica tranquila – ele concordou, sabendo da seriedade daquele pedido, e sabendo também como a mãe iria sim querer ver . Que Deus o ajudasse.
– E seu irmão? – Bruna questionou, olhando o homem. pela primeira vez ficou curiosa por uma resposta, a relação de e Khalid sempre foi conturbada, se lembrava na adolescência o quanto pegava no pé dele, que ao seu ver era um bom garoto.
– Não falo com ele há anos, então não faço ideia da vida dele, sei que ele está vivo e bem, Jamila comentou algo – arregalou os olhos, surpresa.
– Não se falam mais? Poxa… – a mãe de deixou escapar, enfiando a boca no copo para disfarçar, a encarou.
– É, você sabe, , ele sempre foi estranho, depois que eu fiquei famoso, as coisas pioraram – assentiu, aquilo para ela era inconcebível, ainda mais por não ter nenhum parente vivo, mas cada um sabia de si e de suas dores, pensou.
– Vocês dois sempre foram água e óleo, uma hora isso ia acontecer mesmo – Anthony complementou. – Pretende contar da ? – encheu seu copo mais uma vez, sendo observado por todos.
– Talvez Jamila possa contar, tanto faz, eu realmente não me importo. Ele não é uma pessoa com relevância na minha vida atualmente – o ator deu de ombros.
– Outch – Bruna fez uma caretinha engraçada.
– Bru, foi ele quem quis assim, e eu não vou ficar insistindo não – mordeu os lábios.
– Vocês devem sim contar, bem ou mal ele é tio da e, também dá a possibilidade de ela conhecê-lo – ainda estava em choque pela indiferença de com o irmão.
– Você sabia que ele era apaixonado por você? – falou de repente. Bruna arregalou os olhos, encarando Anthony.
– O quê? Não… – mordeu os lábios. – Eu não fazia ideia, ele era só um garotinho de 12 anos.
– Um garotinho louco pela namorada do irmão mais velho, afinal ela era um doce de ser humano, linda e sempre gentil com ele. Khalid sofreu muito quando mudamos por isso também – levou a bebida aos lábios, sorvendo o líquido. sentiu as bochechas quentes, estava surpresa e envergonhada pelas palavras dele. Bruna olhou para Anthony e sorriu.
– Eu não… Eu realmente não imaginava e se eu soubesse eu… Sei lá, teria conversado com ele, meu Deus, que loucura. Quando você descobriu? – riu, ainda incrédula.
– Em Newark, . Não tinha como você imaginar, afinal eu acabei descobrindo por que vi um desenho dele em que você estava lá – Eles riram baixo.
– Chocada ainda com isso.
– Não sei por que o choque, , você sempre foi linda, mesmo na adolescência – Bruna sorriu, segurou a mão da amiga em agradecimento.
– Talvez ele venha mesmo conhecer a , mas por você. Dizem que o primeiro amor a gente nunca esquece.
– É o que dizem... – ela concordou com o ator. abriu um sorriso de lado, olhando-a. ficou séria, com os olhos presos aos dele, novamente o olhar intimidador, sentia-se nua. O clima tinha ficado tenso e era palpável.
– Ah, Anthony, você me deve... – Bruna sibilou para o marido, arrancando uma risada alta dele.
– O que houve, casal? – direcionou o olhar para os dois, quebrando o contato ocular com .
– O Anthony é um palhacinho mesmo, ri de tudo, tinha um casal ali na mesa ao lado, que a moça tropeçou e esse bobão aqui riu – Bruna era rápida demais para inventar as coisas.
– Anthony nunca muda, nada discreto – fingiu acreditar, esses dois estavam aprontando algo. Bruna resolveu puxar outro assunto:
– Alugou uma casa aqui, que lindo! – direcionou-se a . – Fico olhando seus stories e pensando o quão bom pai você está sendo, . Parece que nasceu para isso – Bruna comentou, arrancando um sorriso fácil do homem. Bruna e Anthony faziam parte do close friends dele, por isso acompanhavam toda a rotina dele, assim como a própria . A última citada revirou os olhos, discretamente.
– Eu estou tentando, eu amo ser pai da , ela é uma menina incrível, uma pena não ter acompanhado o crescimento dela desde o início – bufou pelo comentário dele. – Mas estou pelo menos podendo vê-la se tornar uma linda mulher – pediu licença e foi ao banheiro, detestava aquele assunto e para não o responder como ele merecia, era melhor se retirar. – Saída estratégica essa.
– Isso já é um mega avanço, sinal de que ela não está mais com vontade de discutir, e olha que nós a conhecemos muito bem – Anthony comentou.
deu de ombros, mas prosseguiu na conversa, dando detalhes ao casal sobre como estava o estado da casa e os pontos que precisaria mexer, inclusive na pintura.
já havia utilizado o banheiro e se encarava incessantemente no espelho, molhou seu rosto, estava se sentindo quente. Seus pensamentos estavam nublados, sinal de que tinha se sentido abalada demais pelo diálogo , Khalid, ela e o primeiro amor. Droga, por que tinha se deixado abalar? Secou seu rosto, passou um gloss leve na boca e respirou fundo, tentando ritmar sua respiração.
Saiu do banheiro e trombou com , ele a segurou pela cintura, suas mãos foram automaticamente para o peito definido dele, para se equilibrar. A mulher percebia que era forte, mas tocar lhe dava completa certeza. levantou o olhar e ele a encarava com os olhos confusos, não percebeu como, mas sua mão deslizou do peito do ator despretensiosamente e foi em direção ao seu abdômen. Era formidável o quão trincado estava, com certeza um tanquinho de respeito.
engoliu seco e a segurou com mais firmeza. A distância era curta, inevitavelmente seu coração disparou, o de já estava fora de ritmo. Céus, que áurea atrativa era aquela entre eles depois de tantos anos? Ela umedeceu os lábios, soltando um suspiro. Ele sentiu cada poro de seu corpo se arrepiar com ela tão próxima assim dele. pareceu despertar percebendo o quão errado era aquilo, tirou a mão de seu abdômen, como pôde se deixar levar daquela forma? retirou a mão da cintura da mulher que ele apertava sem perceber, também recobrando a consciência.
O ator foi para a esquerda, também. foi para a direita, a mulher também foi, eles sorriram fechado um para o outro, tímidos. Para deixar a situação ainda mais embaraçosa.
– Desculpa, eu… – comentou, sem graça. Tudo o que vinha na sua cabeça era o momento que vivenciaram há pouco.
– Está tudo bem, – mediu-a com o olhar, a mulher olhou para baixo, não tinha capacidade para sustentar aquele olhar.
Ela caminhou em direção a mesa e suspirou baixo, a bendita porta aberta por naquele almoço estava se abrindo cada dia mais e mais, ela não tinha mais nenhum controle sobre o que viria a acontecer. A discussão calorosa que acabaria em beijo se as filhas não aparecessem, o clima da conversa do primeiro amor, já que ambos foram o primeiro amor um do outro e agora isso. Tinha que se manter longe de , bem longe.
O ator virou para trás e não pôde deixar de reparar como a bunda de se mexia quando ela andava, balançou a cabeça, não beberia mais nada, aquela cerveja já estava fazendo estrago demais na cabeça dele, mas a sensação da mão dela em seu corpo ainda latejava dentro dele. ainda exercia um poder grande em si, e ele não tinha gostado de saber daquilo.
🌸🌸🌸
remexia na cama inquieta, tinha tentado dormir, mas depois da noite estranha que tivera, não conseguia. Tinha chegado em casa, Mel dormia como um anjo e estava acordada a esperando, mas havia ido dormir assim que se certificou que a mãe estava bem, sem questionar nada, sinal de que ela sabia da armação dos padrinhos. e Bruna seriam sua ruína.
Estava com insônia, e sabia que não ia conseguir dormir aquela noite, precisava espairecer se não enlouqueceria. Se levantou da cama, pegou o celular e visualizou que se passava das três da manhã, como tinha bebido metade de um copo de cerveja, estava sóbria, o que piorava a situação de mais cedo com , porque diferente dele, ela estava bem plena de suas faculdades mentais. Deu uma rápida checada no quarto das pequenas, dormiam feito anjos, pegou a chave do carro, ia dirigir. Só assim conseguiria espairecer um pouco. Era completamente louca de sair aquele horário? Era.
Ligou o carro e começou a dirigir sem rumo, ou nem tanto, pois depois de um tempo sabia bem o caminho que estava fazendo. Ela mordeu os lábios, era errado de inúmeras formas diferentes, mas ela definitivamente precisava disso para relaxar, talvez se arrependesse do que estava fazendo? Talvez, mas ela ia se importar com isso amanhã.
Estacionou o carro em frente à residência, engoliu em seco quando encarou as luzes apagadas, era óbvio que ele estaria dormindo. Prendeu as mãos no volante com força, mordeu os lábios, mas desceu do veículo, parou do lado de fora do local, e tocou a campainha, sentindo cada célula de seu corpo vibrar em expectativa.
Ninguém ainda, tocou mais uma vez, nada. Tocou mais outra vez, nenhum movimento, ela suspirou baixo, talvez fosse o destino lhe mostrando que ela faria merda, virou-se para ir embora, mas a porta se abriu revelando o homem sonolento, que a encarava, surpreso.
– , o que houve? Já está muito tarde? – o rapaz estava confuso. – Alguma coisa com a minha filha?
– Eu preciso de você – ela se jogou nos braços do homem, que a segurou com o braço direito, levando os lábios aos dela em um beijo intenso, o fogo que consumia transpareceu ao pobre homem, que tudo o que pôde fazer foi fechar a porta com o pé para não quebrar o beijo com ela.
My heart is hoping Meu coração está esperando You'll walk right in tonight Que você entre aqui esta noite And tell me there are things that you regret E me diga que se arrepende de algumas coisas 'Cause if I'm being honest I ain't over you yet Porque, sendo sincero, eu ainda não superei você
(Too Much To Ask – Niall Horan)
– Vida, vê se é esse o tom de azul que você quer para o seu quarto? – parou de mexer com as cortinas da sala da casa para visualizar.
– Isso, está lindo, pai! – sorriu. – Vamos começar a pintar, certo?
– Vamos, deixe as cortinas, depois te ajudo a colocar.
Hoje era o dia em que eles terminariam de ajeitar a casa de em Cape May, ele queria a filha mais perto dele, queria ter uma noite ao lado dela, sem se preocupar em ter que devolvê-la para mãe antes das 22 horas. Os trâmites para o reconhecimento da paternidade estavam indo rápido, naquela mesma semana seria submetida ao exame de DNA, o primeiro passo para registrar seu sobrenome ao dela. O último cômodo que faltava para terminar de ajeitar a casa era o quarto da filha. Pintaria e depois ajeitaria os móveis do jeito que ela havia pedido.
– Como sua mãe está lidando com o segurança na loja? – riu baixo, com uma careta. – Está tão ruim assim para ela?
– Você não tem ideia do quanto ela está reclamando dele na loja, ela só sabe reclamar, meu Deus e o Mark é muito de boa na dele, as vezes eu nem percebo a presença dele. Ela diz que está fazendo somente por nós – fez uma caretinha. – E bom, a sua fã louca até agora não apareceu mais também, talvez não apareça e isso ainda reforça o discurso que ela não precisa de um segurança.
– Eu imaginei que não estaria sendo fácil, mas é para a própria segurança dela, a Bruna realmente me despertou atenção nisso, não quero que nada de ruim aconteça com ela – ele molhou o rolo e passou na parede. – A lunática pode esperar uma brecha para aparecer, melhor tomar cuidado, pelo menos até eu ir embora para as gravações em outubro.
– Eu sei me defender, não preciso de ninguém! – a imitou, deu uma risadinha de lado. – Não quero você indo embora, pai, desde que chegou à Cape May a cidade foi colocada no mapa e, claro, sentirei muitas saudades – ele sorriu para a filha.
– Vai demorar ainda, filha, e eu com certeza vou morrer de saudades, mas a gente vai dar um jeito, não vou ficar longe da minha vida – negou com a cabeça, com um grande sorriso. – Filha, a Jamila confirmou vir esse fim de semana, como você se sente?
– Ah, pai, ainda é muito novo, sabe? Tenho receio, mas estou curiosa para conhecê-la, nunca tive tios consanguíneos – ela abriu um sorrisinho, a encarou. – É o que dá ter uma mãe filha única.
– Isso é verdade – ele suspirou, lembrando-se da conversa que teve há alguns dias com a , sobre seus pais, principalmente sua mãe, sobre a rejeição da ex para com ela. – , seus avós também querem te conhecer...
– Eu já imaginava que uma hora eles iam querer… – suspirou baixo. – O problema é a sua mãe, , não consigo chamá-la de avó, e não quero conhecê-la. Eu sei que é um direito de ela querer, mas é um direito meu não querer! – se aborreceu.
– Quero que entenda que você não é obrigada a nada. Nada mesmo, tudo bem?
– Eu sei, pai – ela se aproximou dele, o abraçando ternamente.
🌸🌸🌸
estacionou em frente à escola da filha mais nova e suspirou fundo, aborrecida. Bateu à porta do veículo, suspirou baixo, andando a passos rápidos para diretoria da escolinha, Melanie havia mordido um coleguinha, por isso tinha sido convocada. A garotinha nunca havia dado problemas com isso, e aquela ligação pedindo que ela viesse buscá-la na escolinha pela agressão a assustou.
Deu três batidinhas na porta, escutou uma voz dizendo que ela poderia entrar, e assim ela o fez, mas travou de surpresa, o que Bruce fazia ali? Estava evitando-o há dias, tinha feito merda naquela maldita madrugada, tinha o usado, e agora se sentia um monstro por isso.
– Ah, oi – ela abriu um sorriso trêmulo e entrou na sala. se sentou ao lado do ex, que a observava de perto, ela engoliu em seco, direcionando o olhar para a diretora.
– Eu resolvi chamar os dois, pois realmente fiquei surpresa pelo comportamento da Melanie, ela mordeu duas vezes seu coleguinha, Edward, porque queria brincar com o brinquedo que ele pegou primeiro – passou a mão no rosto. – Ela nunca agrediu nenhum coleguinha, tem algo que possa ter acontecido? – Bruce a encarou.
– Na verdade não, senhora Mendez, sua ligação me deixou extremamente surpresa – encarou Bruce. – No fim de semana pode ter acontecido algo, Bruce?
– Não, nada de anormal – ele a respondeu. – Mas vamos conversar seriamente com ela, senhora Mendez, o menininho como está? Ela mordeu muito forte? – tentou puxar da memória o que poderia ter feito a filha mostrar esse comportamento agressivo, mas nada lhe vinha à cabeça.
– A primeira vez sim, a segunda foi leve, a professora conseguiu evitar – Bruce soltou a respiração fortemente.
– Eu nem sei o que dizer… – negou com a cabeça. – Só pedir desculpas mesmo aos pais do Edward. E reforçar a senhora que vamos conversar sim com ela e que isso não vai se repetir.
– Vou pedir que assinem o livro de ocorrências apenas, ela nunca teve esse tipo de comportamento, tudo bem? – os dois assentiram, assinando no local indicado.
– Agradecemos – Bruce comentou, entregando a caneta em direção a mulher.
– Filha, senta aqui – deixou que a garotinha se sentasse no sofá e se sentou ao lado de Bruce em frente a ela. – Por que mordeu o Edward? Ele não é seu amiguinho? – Mel balançou as perninhas, incomodada. – Melanie, responde.
– Ele não quis me dá o bliquedo, eu tinha visto plimeilo – a garotinha cruzou os braços, aborrecida.
– Melanie, e isso é motivo para morder alguém? – a garotinha abaixou o olhar e negou com a cabeça a fala de Bruce. – Pois é, eu estou decepcionado com você, nunca te ensinamos isso, filha.
– Exatamente, Melanie, estamos decepcionados com você. Por isso, hoje você vai refletir sobre o seu comportamento, então sem Homem-Aranha ou Pantera Negra – a garotinha abriu a boca com o castigo recebido pela mãe.
– Mãe, po favô, eu peciso do Homem Alanha, pecisopla viver – os olhinhos já se enchiam de lágrimas, mordeu os lábios, segurando a vontade de rir com o argumento dela, assim como Bruce.
– Pensasse nisso antes de morder o Edward. Hoje você não vai ver, Melanie, vai refletir a respeito de sua atitude! – Bruce complementou. Mel já chorava copiosamente. Levantou com dificuldade do sofá e foi para o quarto chorando alto, batendo o pé fortemente no chão, fazendo birra. suspirou fundo, encarando Bruce.
Eles a seguiram e a repreenderam pela birra, Melanie se jogou na cama, chateada e triste, sentiu que um pedaço do coração saiu de seu peito ao vê-la soluçando e chorando baixinho até pegar no sono e dormir.
– Como eu detesto brigar com a Melanie, e vê-la chorando desse jeito, meu Deus – ela comentou com o pai da filha enquanto saíam do quarto da menor.
– Estamos fazendo pelo bem dela, temos que ser firmes para educá-la – ela assentiu com a fala dele. – Precisamos conversar.
– Bruce... Agora não… – Melanie estava adormecida, mas poderia chegar a qualquer momento da casa do pai e ela não queria que ela presenciasse aquela conversa.
– Não, , não! – ela sentiu o coração sair do peito. – Você chega de madrugada na minha casa, para transar, depois vai embora sem se despedir, feito uma fugitiva. Não responde minhas mensagens, finge que nada aconteceu, eu não sou um brinquedo que você usa, e depois descarta!
– Desculpa, eu só posso te pedir desculpas, eu não queria que você se sentisse usado ou algo do tipo, eu só queria…
– O que você queria? – ela engoliu em seco.
– Eu não sei o que eu queria. Só sei que eu quero nesse momento me desculpar com você, eu errei, eu não tinha o direito de brincar com seus sentimentos – Bruce soltou uma risada irônica.
– Mas eu sei o que você queria, acabar com o meu psicológico, porque você sabe que eu ainda te amo, te amo como nunca amei nenhuma mulher na minha vida – sentiu um nó forte na garganta, ouvir aquilo a machucava. – Você estala o dedo e vou feito um cachorrinho te atender. – Bruce soltou o ar de uma vez. – E por você, apenas por você, , estamos separados! E não vem com essa história das brigas, se você realmente me amasse, teríamos lutado mais antes de nos separarmos!
– Não dava mais, não dava! – ela suspirou. – Não é só de amor que um relacionamento se mantém, Bruce! Nosso relacionamento desgastou.
– Sempre o mesmo discurso, nada concreto, eu estou cansado disso! Vamos voltar, ? Por favor... Eu não aguento viver de migalhas, eu quero você por inteiro.
– Bruce, eu não posso...
– Acho que você nunca me amou mesmo, demorou, mas parece que a ficha caiu – ele soltou uma risada amarga. Ele precisava dar um basta naquela situação, senão ele sairia machucado daquilo ainda mais. Todas as vezes que ele ficava com ela, sempre achava que depois voltariam, mas ela estava diferente, ele percebeu quando transaram, tinha um algo a mais ali.
– Bruce, eu ainda te amo, ok? Você é uma pessoa incrível, não podia escolher outro pai para a Mel, mas você nunca esteve presente dentro dessa casa! Nunca! Quantas vezes eu te disse que me sentia sozinha? Brigávamos muito por isso! Você sempre viveu para o trabalho, nunca conversávamos, você chegava cansado, desabafava sobre as suas coisase não se dignava e me perguntar nem se eu estava bem, ou como tinha sido meu dia, não acabou do nada, foi uma sucessão de coisas. Tudo em você me irritava, por isso eu brigava tanto contigo, e estávamos nos machucando. Você só melhorou quando me perdeu!
– Para mim isso não é motivo para um término! – soltou o ar do peito, cansada, não queria discutir mais, pois não levaria a lugar nenhum, ele nunca achava que os motivos dela eram suficientes para um término, e eles viviam em looping. – , por favor, eu te imploro, não me procure mais para transar, isso me enche de esperanças e, no fundo, nunca dá em nada, eu não quero mais ser seu estepe! Essa foi a nossa última vez, e eu falo muito sério! – o homem saiu de sua casa, em um misto de raiva e chateação.
Ela abaixou os ombros, cabisbaixa, no fundo ela sabia que a culpa era dela por aquela briga que tiveram, se não tivesse ido até a casa dele, os dois estariam bem. Sentou-se no sofá e abraçou as pernas, sentiu os olhos ficando úmidos.
Bruce saía do local, e viu quando encostava o carro em frente à casa da mulher com . Como ele podia competir com um homem daqueles? O pai de Mel ainda desconfiava que amava o ator à sua frente e isso o quebrava ainda mais. Talvez por isso ela o tivesse procurado daquela forma, agora as coisas faziam certo sentido na cabeça dele.
– Oi, Bruce! – desceu do veículo assim que o pai parou, cumprimentando o ex-padrasto, com um abraço apertado. – Estava com saudade. E o braço? – encarava a cena, curioso.
– Ei, gatinha. Estava com saudades também. Meu braço está melhor, logo devo tirar essa gaiola dele, meu osso está quase perfeito – sorriu. – E então, estaremos prontos para a partida de boliche, não esqueci.
– Amo como você cumpre sempre suas promessas, estou no aguardo, viu? – viu que encarava de um para o outro com curiosidade no olhar, e resolveu acabar de vez com o mistério ao homem. – Pai, ele é o Bruce, pai da Melanie – se aproximou do rapaz, e cumprimentou com um aperto forte de mãos.
– Prazer, Bruce, sou – se apresentou formalmente.
– Fico muito feliz de finalmente conhecer o pai da – Bruce sorriu e juntou as mãos no peito, feliz. – Me desculpem a pressa, mas preciso ir, tenho algumas coisas a resolver, vim rapidamente resolver a situação da Mel.
– Ela aprontou, Bruce? – o homem assentiu.
– Mordeu um coleguinha, a diretora ligou, tivemos que ir à escola, enfim. Prazer conhecer você, . Se cuida, – ele sorriu forçado, abraçando a adolescente mais uma vez, e saindo em direção ao seu carro.
– Tchau, Bruce… – o viu acenar, e sair dali. – Ele está estranho, ai, ai, com certeza foi alguma coisa com a minha mãe, só ela tem o poder disso – a encarou de cenho franzido. – Ela tem uma relação extremamente estranha com o Bruce, eles estão separados, mas não estão completamente.
– Como assim, filha? – De repente a conversa havia ficado interessante para o ator. Ela então tinha um relacionamento com o ex-marido?
– Eles são divorciados há um tempinho, mas eles já voltaram duas vezes depois disso. Eles tentam, mas nunca dá muito certo, minha mãe diz que dessa vez não tem volta, mas o Bruce não está muito convencido disso – assentiu, atento. – Ele faz umas brincadeirinhas de beijá-la e tal na minha frente, mas no off rola uma pegação mesmo entre eles. Já o vi saindo de casa cedinho algumas vezes. Fora que minha mãe chega tarde, às vezes sem muitas explicações. Semana passada foi assim, eu a vi chegando do bar com a minha tia Bru, mas depois por volta das seis da manhã do dia seguinte, ela chegou em casa de novo, nem vi a hora que ela saiu, mas com certeza foi para ver o Bruce.
– Nossa, filha, você é perspicaz demais – gargalhou alto.
ter ido dormir com Bruce depois do que tinha rolado com os dois no barzinho… Aquilo o havia intrigado bastante, será que ela tinha se sentido tão atraída pelo ator a ponto de procurar o ex? negou com a cabeça, rindo baixo, com as ideias mirabolantes de sua cabeça. Era convencimento demais pensar isso.
– O que foi? Está rindo por quê? – o encarava de cenho franzido.
– Nada, filha – a adolescente o encarou, desconfiada.
– Você quer entrar, pai?
– Ah, não, melhor não. – colocou a mão no bolso da calça.
– Faz tempo que você não vê a Melanie, vai, pai, por favor? É tempo de eu pedir para minha mãe deixar eu dormir na sua casa, e caso ela implique, você está lá e a convence, e depois vamos embora, por favor?
– ... – ela fez uma carinha fofa. – Está bem. – sentia-se um otário, mas não conseguia dizer não à filha. A adolescente bateu palminhas, animada, entrando na frente e encontrando a mãe olhando para o vazio, abraçando as próprias pernas no sofá.
– O que houve, mãe? Você está chorando? – rapidamente limpou as lágrimas do rosto, encarando e a filha. O ator observou, calado.
– Não é nada, só uma cólica absurda, nossa – ela fez uma careta, esticando as pernas e abraçando a barriga, fingindo que o local doía. – Oi, – forçou um sorriso. – Quer uma água ou suco?
– Oi, , não precisa, só entrei porque a quer dormir lá em casa, finalmente finalizamos tudo lá e bom, é meio de semana, tudo bem para você?
– Ah, que bom que finalizou as coisas na sua casa. Tudo bem, ela pode ir sim – encarou o pai, surpresa. Sem nenhuma resistência? Aquilo era um milagre, a mãe não estava mesmo bem.
– O que houve com a Melanie? Foi só a mordida no coleguinha mesmo? – a encarou de cenho franzido.
– Foi, filha, ela está dormindo, a deixei sem ver os filmes da Marvel por hoje – encarou os dois, fungando.
– É, pai, na próxima você vê a Mel – deu de ombros. – Vou pegar umas roupas no meu quarto – a mulher assentiu.
– Mas como ela sabia da Melanie, eu não… – ela falou mais para si do que para .
– Nós encontramos o Bruce na rua, ele contou por cima – o homem a respondeu.
– Ah – respondeu num suspiro.
O encontro dos seus ex’s, quem diria que aquilo um dia aconteceria? Não deixava de ser estranho. fez uma careta. Ali parado na sua frente com uma carinha inocente estava o causador da sua vida estar do avesso, era tudo culpa do , tinha ferido Bruce e brigado com o homem por culpa inteiramente dele. Bufou baixinho, a quem ela queria enganar com aquele discurso? Nem ela mesmo acreditava, a culpa era dela mesmo.
Mordeu a bochecha, se sentando no sofá de forma correta e encarando as próprias mãos. Como estava confusa sobre os seus sentimentos…
– Vocês ficaram casados por muito tempo? – questionou, quebrando o silêncio, a mulher tirou o olhar das próprias mãos.
– Seis anos, mas é complicado – ela o encarou, surpresa pela pergunta.
– É, um tempinho... – Antes que pudesse indagá-lo, surgiu com a mochila do colégio, e mais outra com algumas coisas dentro de uso pessoal.
– Estou indo, mãe, a gente se vê – sorriu.
– Nos vemos, – ele a cumprimentou, seguindo a filha.
– A gente se vê. Se cuida, filha – ela suspirou fundo quando viu os dois passarem pela porta, se jogando no sofá de novo e sentindo toda a vontade de chorar tomá-la novamente, e as lágrimas que ela segurava rolaram de seus olhos, se sentia um lixo por ter magoado Bruce daquele jeito. espiou a cena do vão da porta. A briga que ela teve com o pai de Melanie devia ter sido feia, não era bom deixá-la sozinha assim.
– Vida, fica com sua mãe hoje – deteve o braço da filha antes que eles saíssem do quintal da casa.
– Por quê? – a menina encarou o pai.
– Sua mãe precisa mais de você do que eu, ela precisa de cuidados, carinho, ela está bem abatida e triste – passou a mão na nuca.
– Pai… – encarou o ator, surpresa, mas não pôde deixar de abrir um sorriso involuntário, ele era um fofo. Como sua tia disse, existia algo ainda vivo na relação deles, e agora ela podia enxergar ainda com mais clareza isso – Claro, eu fico, não estava confortável em ir, não gosto de deixá-la assim – a menina admitiu e abriu um bonito sorriso a fala dela.
– No fim de semana você dorme em casa, ok? – ele sorriu para a filha, e a abraçou forte, lhe depositando um beijo na testa – Amo você e, se puder, me avisa quando sua mãe estiver melhor.
– Eu também amo você. Claro, pode deixar que aviso sim – sorriu.
Pegou as mochilas e entrou de volta em casa. Abriu a porta e encontrou a mãe chorando baixinho.
– Não sei o que aconteceu com você, mas eu estou aqui, ok? Eu não vou para a casa do meu pai mais – se assustou, sentando-se no sofá.
– Você podia ir, meu bem, eu estou bem, é somente cólica…
– Xiu, eu quero ficar, mãe – abaixou o olhar e se jogou nos braços dela, a abraçando fortemente – Seja o que for, eu sempre estarei aqui por você, ok? – deu um beijo na bochecha dela, e se aninhou nos braços da filha, não havia abraço melhor do mundo do que aquele.
Houses don't look the same Todas as casas parecem iguais There's different names on the gates Existem diferentes nomes nos portões And all the people have changed E todas as pessoas mudaram Oh, it's such a shame, nothing stays the same Oh, é uma pena, nada permanece igual 'Cause inside Porque dentro We're still the kids of the Friday nights Ainda somos as crianças das noites de sexta-feira
(Louis Tomlinson – Changes)
estacionava o carro no aeroporto enquanto ouvia a música Boy With Luv do BTS que tocava no alto falante do veículo, obra da sua copiloto favorita, . A adolescente estava muito animada para finalmente conhecer a tia, já que os dois estavam ali para buscar Jamila.
Ambos desceram do veículo, ajeitou seus óculos de sol e boné preto, torcendo para não ser reconhecido, queria privacidade. Entraram no aeroporto e foram para a sessão de desembarque, pois o voo da mulher estava marcado para pousar daqui a onze minutos.
Enquanto aguardavam, contava ao ator sobre a mensagem estranha que havia recebido de Angela, sobre ele as fotos recentes de um photoshoot, gargalhou, estava adorando ver a filha com ciúmes dele.
Não tardou para que Jamila apontasse com sua pequena mala, sorriu. Fazia o quê? Cinco meses que não a via pessoalmente? Sentiu um calor no peito, aquela mulher era mesmo o seu porto seguro, como a amava. Assim que ela estava há poucos passos dele, ele abriu os braços e Jamila o abraçou apertadamente. sorriu, era tão fofo a forma como os dois se abraçavam…
– Cada vez que eu te vejo, você está ainda maior, , para de ficar grandão desse jeito – ela o soltou, apertando seu braço, arrancando uma gargalhada dele. – E a minha sobrinha consegue ser muito mais bonita pessoalmente. Oi, , você não tem noção do quanto eu queria te conhecer – a adolescente sorriu, se aproximando da mulher e a abraçando também. De cara, havia gostado da tia, Jamila exalava uma energia incrível, que contagiou a adolescente. pegou a mala de Jamila de suas mãos.
– Oi! Eu também queria muito te conhecer, tia! Já vou chamar de tia sim – a menina brincou, se separando do abraço de tamanduá da mulher.
– Nossa, filha, para me chamar de pai você demorou, com ela já é instantâneo? Olha isso... – o ator brincou. A adolescente gargalhou.
– Eu sou especial, , sinto muito – a irmã mais velha se gabou, o ator fez uma careta engraçada. – Meus amores, eu comeria um dragão se aparecesse na minha frente, que fome. Comidinha de avião não dá.
– Tia, você não é fitness igual meu pai não, certo? – Jamila gargalhou.
– Jamais! Daria tudo por um Big Mac com uma Pepsi bem geladinha – sorriu.
– Nao, Pepsi não, tia, tem que ser Coca, é muito melhor, mas concordo com o Big Mac – as duas caminhavam lado a lado, rindo, como se já se conhecessem há anos. suspirou, estava muito feliz com a afinidade instantânea entre elas, queria que cada vez mais a filha mergulhasse em sua vida. – Você não vem, pai? – e Jamila o encaravam, ele pareceu acordar de um transe, andando rapidamente.
– Já sei que a próxima parada é no MC, certo?
– Sim! – as duas falaram juntas.
– E também em uma loja de conveniência para a minha Pepsi, por favor – ele riu, voltando a caminhar com elas.
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– , como a é educada e doce, que dia maravilhoso! Estou amando ser tia – Jamila se jogou na cama do ator, depois da adolescente se despedir deles e ir dormir. – Que criação boa ela teve.
– Pois é, Evans fez um bom trabalho com a minha filha, isso eu não posso negar – deu de ombros, se aconchegando na irmã como quando eram crianças, gostava do colo dela, com ela ali parecia que ele podia se mostrar vulnerável. – Eu ainda acho que não vou conseguir ser um bom pai.
– Para já com isso, , você já está sendo incrível com ela, só pela forma que ela te olha, a gente vê uma admiração e ternura. Você está aprendendo, mas te digo com convicção, você está indo muito bem. E outra, ninguém nasce sabendo ser pai ou mãe, a gente aprende.
– Obrigado, você não tem ideia do quanto eu precisava ouvir isso, foi tudo no susto, mas eu a amo muito e não sei mais viver sem aquela adolescente.
– Eu sei, , tenho uma criança em casa também – ela afagou o braço dele –, é um amor que não cabe no peito.
– É isso – ele concordou com a cabeça. – E o meu campeão, como está? – se referia ao sobrinho Ethan.
– Quase teve um infarto porque não o trouxe, mas achei melhor deixá-lo lá, a gente não tem por que assustar a assim, ela é adolescente, eles são temperamentais, ele a conhece numa próxima vez.
– É verdade, tem razão. Antes de eu voltar para Los Angeles, dou uma passada lá para vê-lo – Jamila assentiu. – E o Khalid? Como anda? – resolveu perguntar do irmão, depois da conversa com os amigos no bar, tinha ficado reflexivo.
– Está bem, começou um relacionamento com uma moça, ele a conheceu através de um app de relacionamento, aparentemente ele está apaixonado – torceu os lábios. – Eu detesto que vocês não se falem, de verdade!
– Eu não e nem adianta, a gente não se dá bem. É melhor assim, ninguém se magoa – a mulher revirou os olhos, era como dar murro em ponta de faca, não ia adiantar.
– Bom você tocar nesse assunto, ele com certeza sabe que você é pai… – fechou os olhos, soltando uma lufada de ar. – Eu posso falar com ele sobre isso?
– Pode, eu até achei que o tivesse – a mulher negou. – Eu tive uma conversa com a a respeito disso, ela acha que devemos contar.
– Humm… já estamos civilizados assim? Finalmente! – a mulher bateu palminhas, animada. – Eu quero detalhes, agora! – remexeu na cama.
– Então... ela é uma incógnita. Eu nunca sei o que esperar daquela bomba relógio. Com relação a ela faz tudo o que pode para me ajudar, inclusive essa semana até a levou para fazer o DNA sem pestanejar. Mas…
– Mas…
– É complexo demais. Tudo o que eu preciso dela é uma relação civilizada, para sermos bons pais, ela é experiente nisso de ser mãe, mas não consigo me aproximar completamente, tenho receio... receio de ser invasivo, sei lá, tantas coisas passam pela minha cabeça.
– Compreendo, maninho. Ela era tão gente boa, as vezes é difícil acreditar nas coisas que você fala dela… – a mulher arqueou a sobrancelha.
– Pois é, as vezes nem eu acredito – ele balançou a cabeça negativamente.
– , olha para mim – o rapaz se endireitou na cama, encarando a irmã. – Quero que você não minta nessa resposta, promete?
– Nossa, Jamila, que seriedade, mas eu prometo – ele tinha o cenho franzido.
– Você não sente mais nada pela ? Nadinha mesmo? Você ficou deprimido por ela, eu te vi emagrecer pelo fim do relacionamento, mesmo sem ela saber, ela te quebrou tanto – Jamila suspirou baixo. E a sua mãe ainda tinha a cara de pau de dizer que era um amor bobinho adolescente, não, não era. sofreu muito. – Apesar de novinhos, vocês se amavam tanto, ao menos algo sobrou aí dentro? – levou a mão ao coração do irmão.
– Jamila... – o homem abaixou a cabeça. – Eu não sei, nesse momento eu tenho certa mágoa e raiva por ela ser tão ela, porém… – O ator engoliu seco, chacoalhando a cabeça, ele se lembrou do dia que estava triste. – Existe algo dentro de mim que se preocupa com ela e que quer vê-la bem – voltou a encarar Jamila, dessa vez lembrando-se do dia do barzinho. – Tivemos um momento em que eu senti meu coração disparar só de ela me tocar, fiquei completamente vulnerável, um completo adolescente.
– Oh, meu Deus, nunca senti algo nesse nível, maninho, nem pelo Brian. É tão fofo – ela alisou o braço dele. Brian era seu marido. – , é tudo ou nada agora, o amor que vocês dois sentem pela já está os aproximando, não tem como evitar, aí só vai depender de vocês.
– Você acha que existe essa possibilidade de a gente ficar juntos outra vez? Hipoteticamente falando, claro, eu nem estou interessado nisso de verdade. – ela arqueou a sobrancelha, segurando a risada, enquanto olhava para o mais novo.
– Acho sim, , se vocês conseguirem superar essas mágoas todas e principalmente superarem o passado é muito possível. Eu via como você se amavam tão genuinamente, era tão bonitinho – a irmã mais velha apertou a bochecha dele. – E isso não passou, vejo no fundo dos seus olhos. Perdoa, irmão, e se permita ser feliz!
– Jamila, por favor...
– Eu te amo, quero você feliz, e se a sua felicidade for com a , eu vou te apoiar incondicionalmente, mas você precisa se permitir e o principal, perdoá-la – ele suspirou fundo, sentindo o beijo dela em sua testa. Aquela conversa o deixou bem confuso.
🌸🌸🌸
– A loja deu uma bela repaginada, hein? – Jamila questionou assim que estacionou o veículo.
– Sim, deu mesmo, quando vim a primeira vez estava tão desesperado que não pude comentar nada – ele deu de ombros, descendo do veículo e sua irmã e filha fizeram o mesmo.
– Minha mãe manteve a essência do vovô, mas mudou sim. A loja é o local onde eu sinto mais a presença dele.
– Eu imagino, vida – ele a abraçou de lado e lhe deu um beijo na têmpora. Jamila sorriu com a cena. Adentraram a loja e estava sozinha, mexia freneticamente no computador, mas com o barulho da porta seus olhos foram direcionados ao local.
– Meu Deus, como você está linda! – Jamila sorriu abertamente, não pôde deixar de sorrir também.
– Ah, Jamila olha quem fala. Obrigada – ela saiu de trás do balcão e abraçou a mulher apertadamente. Sua ex-cunhada e ela sempre tiveram um bom relacionamento, apesar de não serem amigas. Se separaram com grandes sorrisos. – Oi, filha! – sorriu, a abraçando – Está tudo bem? Comendo direitinho?
– Mãe… sim, tudo bem. – revirou os olhos.
– Fico aliviada. – ela o cumprimentou com um aceno de cabeça, que foi correspondido.
– Estava comentando com a como a loja está bonita. – Jamila andava pelo local, apreciando o perfume das flores. – Eu, com certeza, ia amar trabalhar sentido o cheiro das rosas mesmo sendo sábado, como hoje, e olha que eu aprecio os meus fins de semana. – gargalhou.
– Sim, , não pude dizer isso antes, mas a loja passa uma sensação de aconchego – sorriu diretamente para a florista, que estremeceu, automaticamente sorrindo junto. Céus, o que estava acontecendo com ela?
– Obrigada, . Amo o que eu faço exatamente por isso, esse ambiente de trabalho não tem preço – se encararam.
– Vem, pai, você precisa conhecer a estufa. – puxou o homem em direção ao local, deixando-as sozinhas momentaneamente.
– Mas como você está, Jamila? Casou?
– Sim, estou casada, tenho um filho de nove anos, e um pet também. Temos nossos altos e baixos no casamento, mas estamos bem. E você? Como está a vida?
– Ah, fico feliz, casamento não é um mar de rosas, eu bem sei… – abaixou o olhar, pensar em Bruce era inevitável, precisava vê-lo, mas sabia que ele precisava de um tempo. – Fiquei casada por seis anos e há mais de um ano me separei, mas tivemos nossas recaídas. Atualmente estou divorciada e tenho mais uma filha, a Melanie de três anos.
– Ah, sinto muito pela separação – não, ela não sentia. – Eu já vi a Melanie por foto, mostrou, que criança mais linda, e que olhos, não? – sorriu, amava escutar elogios das suas crias. – Queria conhecê-la pessoalmente.
– Ah, era para ela estar aqui comigo na loja, mas está com a avó, a minha ex-sogra pediu para ficar lá e Mel estava com saudades também, claro para ser muito mimada, porque a avó dela faz o que ela quer. Mas não vão faltar oportunidades, juro.
– Posso imaginar, a minha mãe faz o mesmo com o Elijah – soltou o ar, desconfortável. – Ah, me desculpe, minha mãe não é sua pessoa favorita.
– Está tudo bem, Jamila, é sua mãe, no fim das contas, com certeza hoje é uma boa avó, mesmo ela não querendo a minha filha antes. – Jamila trocou o peso do corpo de pé, vendo como o tempo tinha endurecido , e com razão.
– Ah, , essa história ainda não me desce, você não tem ideia do quanto eu sinto por isso, querida, eu nunca imaginei que minha seria capaz de uma atrocidade dessas, eu…
– Eu sei, Jamila, eu sei que você jamais compactuaria com isso, mas também já foi, deixa essa história onde ela deve ficar, no passado – Evans sorriu fechado.
– Queria que suas palavras conseguissem ser levadas a sério, mas não é fácil assim e você sabe disso. – suspirou baixo, Jamila olhou pela porta que o irmão passou, não vendo sinal de nenhum deles, voltou a falar: – não está falando direito com a minha mãe, só o estritamente necessário – a encarou, surpresa. – Ah, , não é confortável para mim, que dirá para ele, o que a minha mãe fez foi grave.
– Posso imaginar. Não acho legal que ele esteja brigado com ela, porque eu sou mãe, não é? Dói muito esse afastamento, muito mesmo, eu estou passando isso com a , nossa relação permanece estremecida pelo mesmo motivo, até nisso ela parece com – comentou, negando com a cabeça.
– Sinto muito, , de verdade – antes que Jamila pudesse continuar, escutou a voz de .
– Tia, vem, você precisa conhecer a estufa também, meu pai está encantado aqui – Jamila passou a mão no braço da ex-cunhada, confortando-a em um gesto mudo e caminhou em direção ao local que a sobrinha a aguardava.
soltou o ar dos pulmões, voltando para trás do balcão, Jamila era uma boa pessoa, sempre tinha sido, mas rever seu passado daquele jeito a angustiava, porque era inevitável não lembrar de todo o sofrimento que passou. Passou a mão no rosto, completamente exausta.
– Cadê o Jack, mãe? – tirou a mão do rosto, encarando a filha a sua frente junto com e Jamila. Não soube quanto tempo tinha ficado naquela posição.
– Foi fazer uma entrega e depois ele ia embora, não estou mais aceitando nenhuma encomenda, já, já fecho a loja, expediente de sábado é curto, amorzinho – assentiu, concordando. Julie estava de folga, então era o sábado dela.
– Melanie vai dormir na avó dela? – concordou, a senhora tinha pedido para ficar o fim de semana com a neta. – Se você quiser, eu posso ir para casa.
– Não precisa, fica em paz, e continua se divertindo com sua tia e seu pai – o fato é que desde que a mãe tinha chorado em seu colo naquela tarde, estava mais atenta a ela.
– Bom, então já vamos, não queremos atrapalhar – Jamila concordou com o irmão. – A estufa está linda, que ambiente agradável, e que nostalgia também, lembro que a gente vinha depois da escola aqui e… – engoliu seco, se interrompendo e eles se encararam brevemente, envergonhados. deu um cutucão na tia, abrindo um sorriso, qualquer interação positiva entre os pais a menina ia ao céu, nunca tinha perdido as esperanças de ver os dois juntos.
– É... – ela desviou o olhar. – Obrigada pelos elogios, de verdade – abriu um breve sorriso ao homem.
– Amei te reencontrar, , e te garanto que isso vai virar uma constância, espero que você possa ir lá também, quero que conheça o Elijah – Jamila sorriu.
– Pode deixar, você também precisa conhecer a Mel – se aproximou rapidamente da mulher, a abraçando ternamente. – Se cuida. E boa viagem de volta. – a florista se aproximou de e lhe deu um beijo na testa e de acenou brevemente.
Os viu passarem pela porta e voltou o olhar na estufa, lembrando-se do que tinha dito, várias vezes tinham ido ali com a desculpa de mostrar as plantas para ele, mas na maioria da vezes trocavam beijos no local escondidos do pai dela, a lembrança veio tão vivida na cabeça dela, que a assustou. Ela balançou a cabeça, estava acessando um lugar na mente dela, que estava trancado a sete chaves, e estava se tornando inevitável não deixar abrir de uma vez. É, não tinha mais volta mesmo.
A hopeless romantic all my life Uma romântica incorrigível durante toda minha vida Surrounded by couples all the time Cercada por casais o tempo todo I guess I should take it as a sign Acho que deveria entender isso como um sinal (Ah, why? Ah, why? Ah, why? Ah, why?) (Ah, por quê? Ah, por quê? Ah, por quê? Ah, por quê?) I'm feeling lonely (lonely) Estou me sentindo solitária (solitária)
(Cupid Twin Version - FIFTY FIFTY)
– Ah, mas hoje ele não escapa! – Karin viu há alguns metros de distância dela se exercitando.
A senhora aguardou ansiosamente por uma mensagem dele para a filha durante aquele tempo todo e nada. O que sua filha tinha que não o agradava? Ashley era linda, tinha um corpo invejável, era o tipo de mulher que qualquer homem gostaria de ter ao lado. Resolveu que hoje os dois teriam um encontro cara a cara para tirar a prova. Pegou o celular e digitou uma mensagem à filha pedindo que ela viesse até onde ele estava e assim Ashley o fez.
A mãe apontou discretamente o ator e ela assentiu. Tinha que ser o mais casual possível para que não achasse nada forçado.
– ? – ele não a escutou, tinha fones em seus ouvidos. Ela se aproximou mais, tocando o braço dele, que levou um susto por estar distraído – Ei, oi!
– Oi, Ash! – abriu um sorriso. A mulher se aproximou ainda mais dele, o abraçando, surpreendendo-o, porque a Ashley que ele se recordava nunca o abraçaria suado como ele estava.
– Como você está? Tudo bem? – ela tinha um sorriso enorme na face. Sua mãe acompanhava tudo de longe.
– Eu estou muito bem, tudo caminhando bem. Mas e você? Como está? Como vive?
– Eu estou solteira – ela mordeu os lábios, balançou a cabeça, rindo. Ah, Ashley… atacante desde sempre. – Eu sou modelo, sempre foi o que eu gostava, não é? Investi na carreira, não sou uma top model superfamosa, mas sempre tenho um trabalho ou outro – Ash deu de ombros. – A gente precisa marcar algo, não é? – direta e reta. passou a língua no lábio inferior, surpreso.
– Claro. Sua mãe me passou seu número, eu te mando uma mensagem, ok? – ela o encarou com a sobrancelha arqueada.
– Vamos fazer melhor, vai fazer alguma coisa sexta à noite? – Ele a encarou, em dúvida. Bom, ele estava solteiro há um tempo e desde que colocou os pés em Cape May para o velório do Will que ele não havia se relacionado com ninguém, o fato é que não tinha interesse nenhum por tudo o que estava passando e pela perda do amigo, mas era uma boa, estava na hora de se permitir. Ashley era uma mulher atraente também.
– Não vou – Ash sentiu as bochechas doerem de tão grande que foi o sorriso que abriu em sua face.
– Perfeito, então vamos ter um date. Tem um restaurante de comida mexicana aqui em Cape May que é uma delícia…
– Eu já comi lá, sei onde fica.
– Pode ser lá às 20 horas? – Ash juntou as mãos em frente ao rosto em expectativa.
– Pode sim, mas eu passo na sua casa para te buscar, continua morando no mesmo lugar? – ela assentiu com veemência. – Então é isso.
– Nos vemos – Ash disse, umedecendo os lábios. – Eu já vou, preciso resolver algumas coisas e também não quero te atrapalhar. Até sexta.
– Ok, até – ela acenou com um bonito sorriso e ele assentiu.
Ela foi caminhando para longe do ator, e sentiu um puxão no braço e se deixou ser levada, pois já sabia de quem se tratava.
– Mãe! Calma – Ash bufou, se desvencilhando dela.
– E então? Deu certo? – Karin a encarava em expectativa.
– Sim, nós vamos nos encontrar sexta-feira às 20 horas.
– Finalmente, meu Deus! Mas, filha, não bobeia, ok? Agarra esse homem de jeito, ele é a passagem para o sucesso que você tanto luta e merece.
– Eu sei, mãe, eu sei! Eu não vou desperdiçar essa oportunidade. Fora que não é nenhum sacrifício, ele é lindo!
🎬🌸🎬
segurou a mão da filha mais nova assim que elas desceram juntas do carro. Atravessaram a rua e entraram no local. procurava Bruna e Anthony pelo restaurante, afinal eles seriam a companhia dela e de Melanie naquela noite. Os encontrou em uma mesa mais ao fundo do local e se direcionou com a filha até lá.
– Eu não aguento que vocês sempre comem nesse restaurante mexicano – apareceu em frente ao casal de amigos.
– Oi, titios! Saudade! – Mel correu, gargalhando e, se jogando nos braços de Anthony, pois fazia tempo que não via o padrinho.
– Coisa mais linda do mundo, como cresceu! – Anthony curvou a boca em um pequeno sorriso, se separando da criança.
– Oi, amorzinho – Bruna sorriu, sentindo os braços da garotinha. fez o mesmo, cumprimentando Anthony e depois Bruna quando ela se separou de Mel. Se sentou com a filha em seu colo, enquanto esperava o suporte na cadeira para que Melanie ficasse alta para alcançar a mesa.
– Já escolheram? – questionou o casal.
– Já sim, mas não pedimos ainda, estávamos esperando vocês para ver se querem algo diferente. Aliás, cadê a ? Achei que seria a trupe completa hoje – Anthony comentou.
– É o aniversário da Angela, ela foi para lá, vai passar o fim de semana com a amiga, somos só a Mel e eu. Bom, até hoje, porque o Bruce vem buscá-la amanhã cedinho, esse fim de semana é dele – abaixou o olhar, desconfortável. Bruna reparou e franziu o cenho, curiosa.
– Mamãe, quelo jogar – Mel esticou a mãozinha para pegar o celular da mãe.
– Só até a comida chegar, ok? E eu não quero ver birra, hora de comer é hora de comer, estamos combinadas? – Mel assentiu, entregou o celular a filha, não sem antes colocar o jogo que ela gostava de jogar.
– Vai ficar sozinha, amiga, se quiser podemos fazer uma noite de meninas, ou você vai para casa, comemos uma pizza com o Anthony, sei lá, o que você quiser – Bru comentou.
– Ah, não sei… – chegou o suporte e agradeceu, colocando-o na cadeira e sentando a filha ali. Aproveitaram o momento para pedir, acabaram optando por uma porção de tacos e guacamole e também.
– Quer passar o fim de semana sozinha, lindona? – Anthony questionou.
– Talvez, colocar a cabeça no lugar, mas qualquer coisa aviso a vocês, ok? Obrigada pela preocupação que sempre tem comigo, vocês são incríveis. – soprou um beijinho para eles.
– A gente tenta – Anthony brincou, arrancando um sorriso dela.
– Mas e vocês, como estão? Trabalho? O John?
– Estamos bem – Bruna respondeu e percebeu que Anthony desviou o olhar… hum, ela estava bem, mas não o Anthony, precisava conversar com o amigo em particular. – John está ótimo, como sempre muito preguiçoso, vê se dá uma passada lá para brincar com ele. Ele está com saudades.
– John! – Melanie sorriu, amava o gato dos tios.
– É, meu amor, convence sua mãe de ir lá em casa, hein? – a garotinha assentiu, sorridente. – Quanto ao trabalho, estou indo direto para Atlanta, pois tem um projeto grande lá, e esse é rentável, por isso a conta hoje é minha!
– Ótimo! – levantou as mãos em uma dancinha engraçada. – E você, Anthony?
– Trabalho está rotineiro, como sempre, nada de muito uau, só chamados atrás de chamados – ele deu de ombros.
– Ah, o seu trabalho é entediante, amigo – eles riram. – Por isso valorizo minhas florezinhas e plantinhas, todo dia uma surpresa diferente.
– Mas e você, amiga? Como estão as coisas com o pai da fulaninha? – Bru apontou com a cabeça para Melanie, que jogava no celular da mãe. a encarou, surpresa. – Você precisa aprender a ser menos expressiva, amiga, só de citá-lo você ficou cabisbaixa.
– Eu realmente preciso esconder meus sentimentos. Não queria falar disso, que saco – o casal riu. – Riam mesmo, seus ridículos. – bufou alto, mas resolveu contar tudo para os amigos, claro que tomando cuidado com as palavras, tinha uma criança a mesa.
– Eu nem sei o que te dizer, só tenho pena dele, porque você sempre o usa, mas aparentemente ele acordou.
– Aff... – a mãe de Melanie revirou os olhos.
– , por que você procurou o Bruce aquela noite? – a mulher abriu a boca, chocada com a pergunta de Anthony.
– Ah, mentira que você não sabe, amor? Eu te digo com todas as letras, !
– Bruna! Hoje você está impossível! Primeiro, eu não uso o pai da fulaninha, eu gosto muito dele, e quando eu vejo, acabo parando onde eu não devo. E segundo, o não tem nada a ver com isso.
– Eu vi vocês dois no corredor do banheiro. Vi o jeito que você o encarava, tinha desejo e luxúria presente nos seus olhos, você o queria. Para de negar o que você sente! – arfou, sentindo as bochechas esquentarem muito, estava extremamente envergonhada por Bruna ter presenciado aquele momento.
– Bruna, já chega! – Anthony sentiu o desconforto da amiga e repreendeu a mulher.
– Desculpa se eu estou sendo invasiva, , mas eu detesto quando você se faz de sonsa e não quer ver a verdade – abaixou o olhar.
– Bruna…
– Está tudo bem, lindão – sentiu a boca seca, resolvendo escancarar o que sentia, não tinha mais como negar diante de tudo. – Apesar do deboche e da falta de tato, ela está certa. – suspirou, vendo a filha concentrada no joguinho – Eu usei o pai da fulaninha, mas somente naquela noite, as outras vezes era de verdade, por isso eu estou me sentindo um lixo por tê-lo magoado. – mordeu os lábios, encarando as mãos em seu colo. – Mas tenho refletido muito esses últimos dias sobre o que eu venho sentindo a cada vez que eu cruzo com o pai da minha outra filha… – a florista passou a mão no rosto, confusa.
– E… – Bruna estava impaciente.
– Não consigo mais negar que estou atraída por ele e me odeio muito por sentir isso.
– Wow, escutar isso da sua boca é chocante – Bruna encarava cada poro do rosto da amiga.
– É estranho também – Anthony comentou, arrancando um sorriso desconcertado da amiga. – E o que você pretende fazer?
– Nada, amigo, não pretendo fazer absolutamente nada. – Bruna abriu a boca em um perfeito O.
– Como assim? Ele é o homem da sua vida, vocês são destino um do outro, é triste e poético como as coisas andaram para que vocês pudessem se encontrar de novo.
– Ah, cala a boca, Bruna. Olha a mer… – encarou Melanie concentrada no jogo e se cortou. – Para com isso, é só atração. – O pedido deles havia chegado e colocado à mesa. – Chega dessa conversa. Mel, me dá o celular – a garotinha abriu um biquinho, mas entregou contrariada. Ela ajeitou a filha no suporte da cadeira e deixou o prato próximo dela para que ela comesse.
– Lindona, me perdoa, mas a Bruna está certa, você deveria agarrar essa oportunidade que a vida está te dando e…
– Pantela do Mal! – Mel gritou, chamando a atenção do restaurante inteiro. Todos da mesa direcionaram o olhar para a entrada e para a surpresa, estava lá, mas estava acompanhando. O ator direcionou o olhar para a mesa e encontrou uma Melanie sorridente, que acenava sem parar em sua direção, ele riu, como ela era adorável.
– Wow, aquela é a Ashley com ele? – Anthony comentou baixo, pois o ator vinha em direção à mesa em que eles estavam.
– É – Bru foi sucinta na resposta. só soube encarar, embasbacada em como os dois faziam um casal de capa de revista.
– Ei, galera! – sorriu, se aproximando da única criança da mesa, a tirando da cadeira, e a abraçando afetuosamente. – Que saudade de ouvir você me chamar de Pantela do Mal, Melzinha. – ela gargalhou, pois a apertava levemente sua barriga.
Ashley trocou o peso do pé, claramente incomodada com a cena. sorriu, soltando a criança e a colocando de volta à cadeira. Se aproximou de Anthony, o abraçando rapidamente, deu um beijo em Bruna e em , surpreendendo-a.
– Que loucura encontrar vocês aqui! – tinha um bonito sorriso. – Bom, acho que vocês conhecem melhor do que eu a Ash, não?
– Oi, gente! Prazer rever todos vocês. – prendeu a risada. Ash e sua mãe nunca gostaram dela, sempre falando mal da florista para qualquer um, alimentando uma rivalidade feminina sem nenhum embasamento. Lembrava como a mãe da garota acabou com sua paz quando soube da gravidez e que a criança não tinha pai.
– Oi, gente! Querem sentar aqui? – Bruna apertou a perna de Anthony, o chutou, o homem fez uma careta engraçada de dor.
– Ah, não, é que a gente… – Ash foi quem respondeu.
– Estão em um date – respondeu e direcionou o olhar a ela, que correspondeu, sem cerimônias. – Fiquem à vontade, e se divirtam. – piscou para Ash, quebrando o contato ocular com .
– Obrigada – Ash respondeu novamente antes que pudesse pensar. E tentava puxar de lá discretamente.
– Bem, não é um date é só que… – estagnou, fixando seus olhos na mãe de Melanie, queria deixar as coisas o mais claro possível, nem ele sabia o motivo certo, mas não queria que achasse que ele estava tendo algo com a modelo.
– Tranquilo, campeão, já entendemos. Bom apetite – Anthony comentou. Explicações demais, se ele estava em um date era normal, era solteiro, a não ser que... Anthony negou, rindo discretamente. Seus dois amigos estavam caidinhos um pelo outro, como eram idiotas, por que não ficavam juntos logo?
– Para vocês também – sorriu, Ash estava desconfortável, não via a hora de sair dali. – Tchau, Melzinha.
– Tchau, Pantela do Mal! – ela acenou com a mãozinha livre e arrancou um sorriso do ator, que saiu com certo pesar dali. voltou a alimentar Melanie.
– Você não quer, a Adams quer. Entrega ele de bandeja mesmo...
– Ah, Bruna, para com isso, nada a ver – revirou os olhos. – Eu estou atraída por ele sim, mas eu jamais vou tomar uma atitude com relação a isso. Acho que ele deveria arrumar uma pessoa melhor? Acho, mas tudo bem, ela tratando a bem, ela me ganha. – levou mais uma colherada na boca de Mel, conforme ela havia pedido, a menininha tinha um sorrisinho fofo, que automaticamente fez a florista sorrir, amava demais sua neném. – E de qualquer forma, eles também têm história, ela tirou a virgindade dele, vocês sabem que isso marca e mesmo que eles nunca tivessem namorado, gostou dela.
– Ah, amiga… – Bruna suspirou baixo. – Eu não o aceito com ninguém que não seja você – eles riram alto.
– Se conforme, isso não vai acontecer.
– A esperança é a última que morre, então vamos seguir assim – Bruna sorriu ao comentário do marido. – Vou ver com o essa história da Ash, talvez ele solte algo.
– Ótima ideia, amor!
– Ah, vocês dois não desistem da missão cúpido…
– Agora que você assumiu que sente algo, eu não vou perder essa oportunidade de jeito nenhum – Bru riu.
– é tranquilo mesmo ficar aqui? – Ash chamou sua atenção, o ator encarava a mesa dos amigos já que estava em frente a eles, voltou os olhos para a acompanhante.
– É sim, são meus amigos e…
– Sua ex e mãe da sua filha – ela torceu os lábios, incomodada. – E para quem você fez questão de frisar que não estamos em um date. Sendo que estamos sim.
– Eu só tinha 16 anos quando namoramos, faz tanto tempo essa história, por Deus, Ash. Já conheci tantas outras mulheres depois dela… – e mesmo assim não havia a esquecido, mas isso a mulher a sua frente não precisava saber. – E quanto ela ser mãe da minha filha, o que eu posso fazer sobre isso? É um vínculo eterno.
– E por que negou estarmos em um date? – respirou fundo.
– Me desculpa se eu ter dito isso tenha te magoado, eu não esperava vê-los aqui, fiquei estático.
– Está tudo bem, você não está desconfortável mesmo? – não era uma boa seguir o pressionando, podia afastá-lo, mas era difícil e a incomodava demais saber como ele tinha ficado mexido ao ver a insuportável da Evans.
– Não estou, relaxa – ele deu de ombros, dando uma olhada no cardápio. – Tacos?
– O que você quiser, – Ash segurou a mão dele, com um sorriso fofo.
– Está bem, eu vou pedir tacos. E para beber?
– Um suco de laranja – ele assentiu, chamando o garçom, fazendo os pedidos, mas não sem antes tirar uma selfie com o rapaz.
– Foi maravilhoso, , fazia tempo que não me divertia assim, obrigada pela noite – Ash sorriu, o encarando assim que o carro parou em frente à residência da mulher.
– Fico feliz que você tenha se divertido, Ash – ele sorriu para ela. A modelo soltou o cinto, era a hora de dar o bote. Se aproximou do homem, encarando os lábios dele, se aproximou do ator, e encostou os lábios nos dele e um beijo tímido se iniciou, logo ganhando certa intensidade.
– Vamos para sua casa? – Ashley os separou rapidamente, o encarando com certa urgência. engoliu seco, fazia tanto tempo que não tinha um sexo casual e ela era tão gostosa...
– Vamos – ela assentiu, se ajeitando no banco e o vendo ligar o carro.
Mas ele se arrependeria daquela decisão, porque as consequências dela seriam bem problemáticas para ele...
So, lock the door and throw out the key Então, tranque a porta e jogue a chave fora Can't fight this no more, it's just you and me Não posso mais lutar contra isso, somos só você e eu And there's nothin' I, nothin' I, I can do E não há nada que eu, nada que eu, eu possa fazer I'm stuck with you, stuck with you, stuck with you Estou presa com você, presa com você, presa com você
(Stuck with U Ariana Grande feat. Justin Bieber)
Aquele sábado à noite estava tão propício... Como era bom estar sozinha depois de tanto tempo, amava muito as filhas, mas momentos como aquele eram muito necessários. Toda mãe merecia um fim de semana assim. levou o vinho aos lábios, sorvendo o líquido. Nem sabia quantas taças já havia virado naquele bar, mas sabia que estava alcoolizada. Tinha pensado em aceitar o convite dos amigos durante o jantar de ontem para passar o fim de semana com eles, mas desistiu, ela precisava mesmo era daquilo.
– Eu já disse que estou feliz hoje? – ela levantou a taça, com um sorriso débil.
– Várias vezes, por isso que acho que chega de álcool para você, estou ficando preocupado – Brenner, o garçom, negou com a cabeça, rindo, enquanto limpava o balcão.
– Só para fechar então, me traz um shot de whisky, juro, é o último – ah, como ela gostava da falsa felicidade que a bebida lhe trazia. Depois de quanto tempo que ela não tomava um porre daqueles sem se preocupar com ninguém a esperando em casa? Era libertador.
– Só se você me deixar chamar alguém para te levar em casa. Você não tem condições de ir sozinha, – cidade pequena era uma droga, ela conhecia o garçom, havia estudado com ele na escola. Era por isso que nessas horas era bom ir para Atlanta. Burra, deveria ter ido para lá.
– Ah, que seja – ela deu o celular na mão dele. – Agora me serve esse shot, por favor?
– Quem eu chamo? – ele a encarou, depois de lhe entregar o shot de whisky.
– A Bruna ou o Anthony, liga para eles, meus salvadores de porres desde 1900 e nada – ela gargalhou alto, o rapaz deu de ombros.
– Não atendem – ele coçou a cabeça, a encarando. Um outro homem chamou a atenção do garçom, ele o serviu com uma cerveja. Voltou a falar com a mulher: – Pior que eu só largo à 01. Fala outro nome, vai, alguém tem que te atender – ela fez um biquinho fofo.
– Eu não estou tão ruim assim, Brenner, eu vou sozinha, nem é tão longe – mentira, não era tão perto assim. Ela precisou se apoiar no balcão, o homem que estava ao seu lado a deu uma encarada estranha. – Aqui todo mundo se conhece.
– Fora de cogitação – Brenner percebeu o olhar do cara, agora mesmo que ele não a deixaria voltar sozinha.
– Aí, então liga para qualquer um, que saco, Brenner – ela levou os lábios ao copo, aborrecida.
O garçom encarou novamente o celular dela e viu um nome se destacar. Era para ele que ligaria mesmo.
entrou no bar cerca de 10 minutos após a ligação de Brenner, claramente surpreso pelo pedido que ele buscasse a mãe de sua filha no bar porque ela não estava em posse de suas faculdades mentais e aparentemente ele foi o único que tinha atendido ao telefone.
A visualizou assim que entrou no bar, ela girava no banquinho, claramente se divertindo, era a primeira vez que tinha um vislumbre da que havia conhecido, sorriu, negando com a cabeça e se aproximando de onde ela estava, mas antes parando em Brenner.
– Brenner – chamou, despertando a atenção do rapaz.
– E aí, , quanto tempo – sorriu, deixando o paninho no ombro, e apertando a mão que o ator tinha estendida para ele. – Cara, sou seu fã – riu, negando com a cabeça.
– Poxa, obrigado, cara.
– Juro que eu liguei para a Bruna e o Anthony primeiro, mas eles não atenderam, depois ela me disse que eu podia ligar para qualquer um, então seu nome apareceu, antes que parecesse que eu queria te tietar.
– Eu sei, cara, relaxa… – sorriu. – Eu vou lá, ela está bem altinha mesmo, foi bom você pedir para alguém buscá-la – o garçom assentiu.
– Ei – ele se aproximou dela, e ela pulou da banqueta, se assustando.
– Ah, não, não, não! Brenner, você podia ligar para qualquer pessoa, e aí você liga para a única que eu não queria! – ela fez um biquinho, chateada. – Se bem que tinha o Bruce também, bom, pelo menos o não me odeia, eu acho.
– Eu não te odeio, agora vamos, você já bebeu bastante – ele pegou no braço dela, ela negou com a cabeça. – Vamos, .
– Só mais um whiskyzinho – ele balançou a cabeça negativamente. – Não? – ele negou, mas não pode segurar a risada, ela estava fofa demais. – Poxa… – E ele não sabia lidar com essa versão dela. – Ok – se aproximou dela, a ajudando a se levantar e com certa dificuldade foi saindo do bar com ele em seu encalço.
– Tchau, Bre! – abriu um sorriso débil, fazendo o homem rir.
– Obrigado por avisar mais uma vez, Brenner – o garçom sorriu, acenando para os dois.
– Cadê o carro? Eu não moro tão perto daqui – ela o encarou com o cenho franzido.
– Eu sei, mas eu moro perto daqui, e a gente vai caminhando – ela parou automaticamente, o fazendo parar também.
– Sua casa? Não… eu quero a minha – cruzou os braços.
– Depois que você estiver mais sóbria você vai para sua casa, não tem condições de você ficar sozinha lá. Agora vou fazer um café bem forte e um banho gelado para você curar a bebedeira.
– Droga, não era para você me ver desse jeito, que ódio! Bruna e Anthony me pagam! – choramingou, envergonhada.
– Pronto, já chegamos, logo os sintomas passam e você está sóbria – ele a ajudou a entrar na residência. encarou o lugar, era tão a cara de , com toda certeza tinha deixado a organização nas mãos dela, agora estava explicado por que a adolescente gostava tanto de ir ali.
– Isso exala tanto a , , posso sentir a presença dela aqui – ela fez um biquinho e suspirou baixo. Ele sempre conseguia ser melhor que ela em tudo.
– Sim, ela participou de cada parte da decoração – ela assentiu, concordando. a sentou no sofá e se jogou no local de qualquer jeito.
– Você sempre se prova melhor do que eu, nada de novo – ela deu de ombros, jogando a cabeça para trás. – Morro de ciúme dela com você.
– Sério? – ela balançou a cabeça positivamente, seu corpo foi para frente, teve que segurá-la. – Nossa, , que besteira.
– Não é besteira, você chegou arrebatando o coração da minha pequena e eu nessa fico de escanteio, ela nem gosta mais de mim – sentiu os olhos ficando úmidos.
– Não, não, chora – Deus, como ele ia acompanhar aquelas oscilações grotescas de humor? – Ela te ama, eu só vim acrescentar na vida dela, não vou roubá-la.
– De verdade? – a mulher o encarou, ele limpou a lágrima que escorreu do olho dela.
– Sim, eu juro – ela fez um biquinho, assentindo.
– Está bem, eu acredito – ele soltou o ar, aliviado. – Viu? Ela é sua filha mesmo… – mudança drástica de assunto. enfiou o rosto nas almofadas azuis do sofá também azul, deitando-se. Ela se referia ao resultado do DNA que havia saído naquela semana.
– Nunca duvidei, você sabe – ela fez um positivo com uma das mãos, sorriu. – Fica sentadinha, ok? Para você não dormir, se você dormir nessas condições, amanhã vai ser pior – ele a sentou no sofá e ela o encarou. – Vou preparar aquele café, aguenta firme, eu já venho – ela assentiu, o encarando, meio zonza.
E não demorou mesmo, usou a cafeteira, foi só o tempo de colocar a cápsula de café mais forte que tinha e em alguns minutos ele já estava pronto. O ator pegou a caneca fumegante e entregou para ela, que segurou com ambas as mãos.
– Obrigada – ela levou a caneca à boca e fez uma careta – Isso está péssimo, eca – ela devolveu a caneca para ele, negando com a cabeça.
– Não faz assim. Bebe, vai? – ele a encarou, suspirou, com aquela carinha ele podia tudo, até fazê-la beber aquele café horroroso. – O que te motivou a beber tanto? Porque ninguém decide beber do nada desse jeito – ele a encarava, curioso.
– Você – ele piscou os olhos, aturdido.
– Eu? – ela assentiu.
– Eu estou confusa com o que eu sinto por você, , você me atrai de um jeito tão intenso que só de falar cada parte do meu corpo se arrepia – o ator engoliu em seco. – Em compensação eu morro de ódio da relação que você tem com as minhas filhas, porque já não bastava a , a Melanie é completamente encantada em você – ela passou a mão livre no rosto, a mulher fez uma careta encarando aquele café. – Não quero mais.
– Bebe… – ela suspirou, voltando a levar o líquido a boca. – Eu realmente fui pego de surpresa com essa resposta, não desgosto de saber que sente algo por mim, mas, eu sei que você vai se arrepender tanto de me falar essas coisas… – ele negou com a cabeça, sorrindo, ele tinha amado saber daquilo, sinal de que não estava atraído sozinho. – Quanto as meninas, só digo que é besteira você me odiar por isso, não vou roubá-las de você, é minha vida e Mel, ah, que criança encantadora.
– Elas são tão lindas, não é? – suspirou de forma adorável. O ator concordou com a cabeça.
– E o pai da Mel? Você o ama? – perguntou de repente. Ele que não ia desperdiçar aquela oportunidade, ela estava com a língua soltinha, arrancaria algumas boas informações.
– Amo, mas não estou apaixonada por ele. Bruce é uma pessoa muito importante para mim, me ajudou na minha fase de luto pela perda do meu pai, me deu um dos bens mais preciosos da minha vida, ele é um cara legal, entende? – ela falou meio enrolado, mas ele entendeu perfeitamente.
– Entendo – ela encarou os lábios do homem, e umedeceu os próprios. Se aproximou do ator. – Não, , não me olha assim… – ela mordeu os lábios e ele se afastou levemente dela.
– Você é lindo, sabia? Mas você é areia demais para mim, tenho consciência disso – ela voltou a se sentar da melhor forma que conseguiu, e tomou mais um gole do café horroroso. – Você combina com a Ashley mesmo, casal de capa de revista.
– , eu não tenho nada com ela. E eu não gosto que me coloque em um pedestal – ele foi sincero nas palavras. – Vem, você já tomou bastante do café, vamos para o banho.
– Ui, um banho contigo, é? Te garanto que melhorei demais na questão sexo, lembra quando eu fiz aquele oral e mordi se…
– , não fala disso, eu ainda tenho traumas – gargalhou. – Não, você vai para o banho – ele a levantou do sofá e a percebeu mais firme, o café começara a fazer efeito.
– Tudo bem, não é? Bem, bem não está, mas posso lidar com isso – ele sorriu, a empurrando levemente em direção ao banheiro.
– Você consegue se despir sozinha?
– Sim, mas confesso que já sinto um tesão danado se você fizesse isso por mim, topa? – ela piscou maliciosamente. virou a chave do chuveiro para frio, estava calor, não faria mal a ela, e ela recuperaria mais um pouco a sobriedade.
– Meu Deus, como você vai se arrepender disso amanhã – ele gargalhou. – Eu vou separar uma roupa limpa para você – ele saiu do banheiro rindo, e ela se despiu devagar, se segurando na parede para não desequilibrar e cair. Entrou no chuveiro e soltou um gritinho alto.
– , você definitivamente me odeia! – ela tinha saído do chuveiro rápido demais, estava apoiada na parede do boxer meio tonta e encarava a água fria.
– Anda, , para você ficar boa logo, eu sei que você é forte, entra no chuveiro.
– Está muito fria…
– Te dou um beijo se você entrar… – entrou no chuveiro rapidamente, fazendo gargalhar quando olhou a silhueta dela no box. Suspirou baixo, a silhueta perfeita, como aquela mulher mexia com cada poro dele, se ela soubesse… Ele voltou para o quarto, para sua própria sanidade mental.
A florista terminou o banho e assim que saiu do box encontrou uma escova de dente lacrada, uma toalha, e a roupa limpa. Estava bem mais sóbria, se secou e vestiu uma bermuda dele e uma regata. Escovou os dentes, se sentindo inebriada com o perfume dele.
– Cadê o meu beijo? – ela abriu um sorriso, fazendo-o gargalhar. Esse beijo que ela queria só viria quando ela assumisse esses sentimentos sóbria, ele pensou.
– Vem, preparei o quarto da para você dormir, é melhor você passar a noite aqui mesmo, amanhã você vai para sua casa, tudo bem? – ela assentiu, o seguindo em direção ao quarto da filha.
– É tão lindo… a carinha dela – a mãe encarou as fotos do BTS espalhadas pelo cômodo, a cama com edredom do V, a escrivaninha com algumas coisas em cima, entortou a cabeça, emocionada. De repente tinha batido uma forte saudade da sua adolescente birrenta.
– É sim – suspirou, a encarando. – Molhou seu cabelo… senta aqui – ele foi até o banheiro do corredor e pegou o secador da filha. O ligou e começou a secar o cabelo dela, o encarou, o cuidado com o que ele fazia a atividade a deixava ainda mais atraída. Ela engoliu seco. – Não me olha assim, , pelo amor de Deus.
– Não consigo controlar – ele a encarou rapidamente, desviando do olhar dela. Não fazia bem para a sanidade mental sustentar aquele olhar. Terminou de secar o cabelo, desligou o aparelho e a conduziu para que se deitasse na cama. – Você prometeu um beijo, cadê?
– Está aqui – ele se aproximou dela e beijou sua testa.
– Ah, , isso não vale – umedeceu os lábios.
– Eu não disse onde seria o beijo, hein? Boa noite, dorme bem – ele encostou a porta e a viu virar para o outro lado da cama. Quase que instantaneamente a mulher pegou no sono. Ele lembrou-se que no dia seguinte ela amanheceria com aquela ressaca, então deixou um copo de água tampado e um analgésico para que ela tomasse assim que acordasse.
sentiu a cabeça latejar ao se remexer na cama, fez uma careta, fazia quanto tempo que não tinha uma ressaca delas? Mas ela tinha pedido por isso, tomar vinho era sinônimo de dor de cabeça no dia seguinte. Quase caiu da cama.
– Jesus, isso é uma cama de solteiro – ela sussurrou, colocando as mãos na cabeça – Onde eu estou? – ela foi piscando várias vezes os olhos, para se situar e arregalou os olhos. BTS para todos os lados, a cabeça voltou a latejar.
Tinha que se situar, onde estava pelo amor de Deus? Olhou o móvel que estava ao lado da cama e viu um copo de água e um analgésico, beberia aquilo, não estava aguentando a cabeça. Colocou o analgésico na boca e o engoliu junto com água. Escondeu o rosto na cama novamente, com certeza era um lar confiável, afinal era um quarto de uma adolescente que parecia muito com os gostos de sua filha… arregalou os olhos, segurando a cabeça, ia se lembrando em flashs o que tinha acontecido.
– Caralho! Eu vou matar o Brenner! Eu não acredito, não acredito que eu tive coragem de fazer isso! Que vergonha, como eu vou encarar aquele homem de novo? Eu só faço merda atrás de merda, como eu sou burra! A bebida não mata, ela te humilha mesmo – choramingou, escondendo a cabeça novamente e batendo o pé.
Parou de bater o pé, tinha que respirar fundo e esperar a cabeça melhorar ao menos um pouquinho para ela sair daquele quarto, e torcer muito para ele estar dormindo ainda. E de fato, com o tempo a cabeça parou de pesar, apesar de ainda doer. Encontrou a roupa dela dobrada e a vestiu, pegou o celular que estava em cima da escrivaninha e visualizou que já se passava das 08 da manhã.
– Ele não está acordado, ele não está acordado... – ela sussurrava para si mesma quando abriu a porta e como o destino amava colocá-la em saia justa, ele já estava acordado e fazia o café da manhã. Se pudesse cavar um buraco, ela o faria, sem sombra de dúvidas.
– Ei, bom dia! – a encarou com seus olhos de águia e fez uma careta, suspirando baixo, sentindo as bochechas ficarem quentes. Sabia que ele tinha se aproveitado do álcool no sangue para ter verdades que ela nunca teria coragem de compartilhar com ninguém.
– Bom dia – ela olhou para baixo. O que faria? A melhor coisa era se fazer de desentendida. – Como eu vim parar aqui, ? – ela tentou fazer sua melhor cara de desentendida.
– Brenner me ligou, Anthony e Bruna estavam ocupados que não te atenderam, e cá estamos nós – ele sorriu para ela.
– Me desculpe qualquer coisa, e agradeço por ter cuidado de mim, eu bêbada consigo ser insuportável.
– Ao contrário, você bêbada é bem divertida – ele piscou, terminando de fazer os ovos. engoliu seco, sentindo as bochechas esquentarem. Que vergonha sentia.
– Eu já vou… – ela precisava sair dali o mais rápido possível.
– Calma, toma café e depois eu te levo, hum? Não tem cabimento você sair às pressas assim, e juro para você que não aconteceu nada, se é isso que está te deixando nervosa. Eu jamais faria algo com você bêbada – ela soltou o ar dos pulmões. Sabia que ele não era a capaz, mas por ela teria sim acontecido algo. – Por favor? – nem para ele ser mal-educado.
– Está bem – ela se serviu dos ovos que ele tinha preparado e colocou um pouco de suco. Começou a comer, mas a comida descia de forma dificultosa.
– Você está muito tensa, , quem nunca bebeu demais? Está tudo bem, de verdade – ela mordeu os lábios.
– Você pode me falar o que eu fiz ou falei? – queria que ele falasse logo e acabasse com o tormento. Era melhor enfrentá-lo logo e encarar a realidade.
– Só sentiu saudades da e disse que tinha ciúmes do nosso relacionamento, viu? Nadinha demais – levou um pedaço de ovo a boca, ele não ia falar o que realmente tinha acontecido, não tinha cabimento constrangê-la, ela já estava sem graça demais.
– Sim – ele não ia tocar no assunto, ela não sabia o que pensar daquilo. Continuou a comer, ora ou outra encarando o homem à sua frente, que parecia leve.
Terminaram de comer em silêncio e depois a deixou na casa dela, como tinha dito que faria.
– Obrigada por cuidar de mim – ela abriu um sorrisinho.
– Não foi nada – ela soltou o cinto, e se aproximou dele, o encarando e depositando um beijo rápido em sua bochecha. Simplesmente não conseguiu se deter, parecia tão certo a se fazer.
– Já me viu no meu pior momento, não preciso ser tão formal – ele sorriu, concordando com a cabeça.
– Se cuida, se precisar de algo – ela assentiu. – Melhoras. – desceu do veículo, ele segurou a bochecha em que ela tinha o beijado. Que droga, já estava de quatro de novo por ela.
Entrou na casa, ela viu quando foi embora pela janela, e deixou seu corpo deslizar na parede. O que faria agora que ele sabia de tudo o que ela sentia? E o principal, ele também sentia alguma coisa por ela?
I'd given up hope Eu tinha perdido a esperança Losing the faith that love Perdi a fé que o amor Could be mine to treasure Poderia ser meu para aproveitar And now nothing's the same E agora nada é igual I found myself reborn É como se eu tivesse renascido On the day I met you No dia que te conheci
(Lead The Way – Mariah Carey)
– Confesso que fiquei surpreso pelo convite tão em cima, mas não podia deixar de conhecer o ninho de amor de vocês! – Anthony e Bruna gargalharam baixo, vendo o ator se sentar no sofá assim que Anthony abriu a porta para ele. havia recebido a mensagem com o convite depois que havia deixado em casa. Tinha levado um vinho, e o entregou na mão de Anthony.
– Ficamos felizes que aceitou almoçar conosco, Bruna até vai cozinhar para gente, e, , isso é milagre, quem geralmente cozinha sou eu mesmo. – Bruna deu um tapa no braço do rapaz, fazendo gargalhar.
– Para de me difamar, quem vê pensa que eu não faço nada aqui nessa casa. – ela fez um biquinho fofo, Anthony suspirou, deixando um selinho ali.
– Faz, mas faz pouco, não é, vida? Sabemos a verdade – ela acabou rindo, lhe dando um empurrão. Anthony trabalhava mesmo com a verdade.
– Não vou te responder mais em respeito ao , seu ingrato. – sorriu. Anthony deu de ombros. – Mas fica à vontade, , se bem que você já se esparramou todo no sofá, então... – gargalhou, assentindo.
– Você não conhece nosso filho, não é? – Anthony foi até o quarto e trouxe um John com uma carinha de sono.
– Nossa, por um minuto eu buguei, achei que vocês tinham um filho humano – gargalhou baixo. – Mas o filho pet de vocês é lindo demais. Qual é o nome desse gordinho? – estendeu o braço, pegando o gato no colo, dando um afago no animal, que fechou os olhinhos, recebendo o carinho.
– John, e ele realmente gostou de você, . Vem ver, Bru – a mulher colocou somente a cabeça no cômodo, vendo o gato de olhinhos fechados.
– Aí, ele amou mesmo! – Bruna lançou uma piscadinha para Anthony, mexendo as mãos para que ele aproveitasse a oportunidade para iniciar a operação cúpido parte dois, o marido assentiu.
– E então, Ashley, hein? Quem diria... – soltou um riso nervoso.
– Ah, isso – passou a mão livre na cabeça, sem graça. – Ela me convidou para sair, e eu aceitei, fazia muito tempo, cara, muito tempo mesmo que eu não ficava com ninguém. Eu estava sem cabeça para isso, primeiro a morte do Will, depois a descoberta da , mas foi uma ficada, não vou levar isso adiante, não.
– E por que resolveu dar uma chance justamente para ela? Vamos lá, amigo, que a Bruna não me ouça, mas a Ashley é linda, porém é sinônimo de problema, você sabe que aquela mãe dela... – assentiu, alisando o bichinho que já dormia em seu colo.
– A Karin estava jogando a Ashley em cima de mim de um jeito tenebroso, eu sei, mas nos encontramos ao acaso enquanto eu me exercitava. E outra, a Ashley é uma mulher adulta agora, não deve ser mais manipulada pela mãe, certo?
– Errado, ela é completamente manipulada pela mãe, só espero que você não tenha problemas quanto a isso. – fez uma careta. – Se eu soubesse que você tinha se metido nessa furada, tinha te alertado, .
– Porra, Anthony, não me assusta desse jeito, qual é? – abriu um sorriso nervoso. – E por falar nela... – estendeu o celular, mostrando uma mensagem da mulher se oferecendo para ir à casa dele hoje. – Enfim, foi bom, mas não vai se repetir, eu estou com outras ideias na cabeça.
– Como assim, ? – Bruna mordeu os lábios, enquanto ouvia a conversa, que estava bem interessante para ela.
– Ah, não, não é nada – ele abriu um bonito sorriso. – Ainda não é nada, mas vamos ver se pode se tornar algo, estou indo com calma nisso, Anthony, então prefiro não comentar por hora.
– Poxa, somos ou não somos amigos? – Anthony pressionou. Bruna quis dar um beijo cinematográfico na boca do marido. – É a ?
– Ei, Bruna, o que teremos de menu? – ele desconversou completamente, chamando a atenção da amiga.
Nem ele sabia o que estava acontecendo entre e ele. A mulher tinha assumido estar atraída por ele, mas foi no calor do momento, não sabia como as coisas seriam agora. E Anthony era mais amigo dela, do que dele, o analista de TI tinha deixado isso claro para ele, então não compartilharia nada, o rapaz podia contar a , e de verdade, não queria que ela soubesse do que ele sentia por ela, não ainda. era orgulhosa demais, então ela teria que engolir esse orgulho e assumir o que sentia para o ator sóbria, ele não facilitaria.
– Ah, , você já me respondeu – Anthony gargalhou.
– Eu não respondi nada, eu realmente estou curioso para os dotes culinários da Bruninha. Vou dar uma olhada na cozinha – ele deu de ombros, saindo da sala.
Parte dois da missão cúpido cumprida com sucesso, não tinha nada com Ash e parecia mesmo estar interessado em . Mas o que não encaixava nessa equação era o que tinha acontecido para que o amigo tivesse com aquele sorriso tão radiante? E por que de repente ele tinha esperança de algo? Faltava peça naquele quebra-cabeça.
– Estava tudo muito gostoso, Bruninha. Obrigado mesmo pelo almoço – sorriu, segurando a mão da amiga. Bruna tinha mesmo caprichado, tinha feito costelas de porco assada na brasa cobertas por molho barbecue. De acompanhamento havia feito uma salada de folhas.
– De nada, – o celular do ator fez um toque indicando que havia chegado uma mensagem, ele deu uma rápida olhadela e suspirou bem fundo, bloqueando o aparelho, aborrecido.
– Quando ela quer, ela faz – Bruna revirou os olhos. Aquelas alfinetadas disfarçadas de brincadeira do marido desde cedo, ela estava tentando levar na esportiva, mas limites estavam sendo ultrapassados... ela ia conversar seriamente com Anthony. Detestava meias palavras e indiretas e ele sabia muito bem daquilo. – O que foi, cara?
– Minha mãe – suspirou fundo. – Ela disse que eu tenho duas semanas para resolver as coisas ou ela mesmo vem ver a .
– Que droga! Você já conversou com a sobre isso? – Ant comentou, curioso.
– Eu tentei, um pouco antes da Jamila vir, aproveitei e comentei com ela sobre os avós, mas ela está irredutível, o problema nem é meu pai, vocês sabem, ela nem consegue se referir a minha mãe como avó. Estou sem saída.
– Ela não vai aceitar essa aproximação, conheço bem minha afilhada – Bruna fez uma careta. – Você já falou sobre isso com a ?
– Não, eu não tive coragem e vocês viram como ela reagiu naquela conversa no bar.
– Ela reagiu bem mal, mas ela também disse que conversaria com a , não é? Você realmente precisa da ajuda da , essa face da você ainda não conhece, e te garanto, ela puxou a todinha. – Bruna fez uma cara engraçada.
– Meu Deus, você não está ajudando, Bruna – soltou um riso nervoso.
– Vai dar tudo certo, só, por favor, não deixa a sua mãe aparecer sem antes você preparar o terreno. – Bruna assentiu ao comentário de Anthony.
– Eu vou conversar com a – ele passou a mão no rosto, tenso.
🌸🎧🌸
estava desmaiada no sofá, a ressaca moral estava maior que a ressaca pelo álcool. Assistia qualquer coisa na Prime Video, bufando a cada cinco segundos, sem conseguir se concentrar de fato. Não conseguia tirar da cabeça. Escutou a porta abrir e direcionou o olhar para o local, vendo uma cabisbaixa adentrar o ambiente.
– Oi, filha, você está bem? – franziu o cenho.
– Oi, mãe! – ela forçou um sorriso para ela. percebeu que tinha alguma coisa errada, o que será que tinha acontecido na casa da Angela? – Está sim. Eu vou deitar, estou um pouco cansada – sentiu o coração ficar pequeninho, sumiu para o quarto.
A florista seguiu até o quarto da filha, bateu na porta, autorizou a entrada da mãe, mas continuou deitada de costas para a porta.
– , quer conversar? – se aproximou, passou a mão nas costas da filha, em um afago, se sentando na ponta da cama. continuou calada. – Não quer mesmo falar, meu amor? Apesar de ser sua mãe, também sou sua melhor amiga, sempre fui... Sei que estamos meio balançadas pela história do seu pai, mas eu... – a menina se virou na cama, abraçando a mãe bem apertado, a pegando de surpresa com o gesto. Sua mãe sempre sabia o que fazer. – Eu estou aqui inteiramente para você. – balançou a cabeça concordando e escondendo o rosto no pescoço da mãe.
se separou brevemente da filha, deu espaço para que a mãe se deitasse ao seu lado na cama, e assim o fez, passando os braços pela cintura da filha, que também a abraçou. A garota novamente escondeu o rosto no pescoço da mãe, precisava de ali com ela.
– Quando você quiser falar, eu estou aqui e não vou sair daqui – assentiu, dando um beijo no pescoço da florista. No momento ela não queria falar, só ter a mãe ali com ela.
Não se soube quanto tempo passou ali com as duas abraçadas, mas conseguiu organizar as ideias e agora estava pronta para compartilhar o que a angustiava.
– Mãe... – ela murmurou.
– Fala, amor. – voltou a afagar as costas da filha.
– Ontem, na festa da Angela, o Luke tentou ficar comigo, eu não quis, e ele não parava de insistir, teve uma hora que ele segurou meu braço e tentou me beijar a força, ele estava meio bêbado... – continuou afagando as costas da filha, sentindo que a qualquer momento o coração explodiria com medo, a filha tinha sido assediada. – Então apareceu a Elle, ela é muito legal, e ela afastou o Luke com um empurrão, ele se levantou e veio de novo tentar ficar comigo... Então ela me deu um selinho, me abraçou pela cintura e disse que estava comigo naquela noite, sabe-se sei lá por que ele entendeu e me deixou em paz – suspirou, aliviada, estava com medo do desfecho da história ser pior do que a filha tinha relatado.
– Primeiro, eu vou ter uma conversa muito séria com os pais desse Luke – ia abrir a boca, mas a mão negou. – Não, filha, eu vou conversar sim, se não for colocado limites nesse garoto, mais para frente ele pode fazer coisa pior! Isso o que você passou é assédio, não é não!
– Mas, mãe...
– Mas nada, filha, eu não quero que isso aconteça de novo com você e com nenhuma outra garota! – mordeu os lábios, suspirando baixo.
– Mãe, promete que não conta para o meu pai? Por favor... – suplicou. – Eu tenho vergonha.
– Amor, ele precisa saber, ele é seu pai... – respirou fundo. – Vamos fazer um acordo, eu não vou contar hoje, ok? Vou deixar você assimilar tudo, conversar com a sua psicóloga e depois eu vou falar com ele, tudo bem? – assentiu, a proposta era melhor.
– Eu prefiro assim, mãe – a mulher assentiu, alisando a cabeça da filha. – pareceu se dar conta de algo.
– E nessa bagunça toda, você não é mais BV! – fez um biquinho. – Mas seu BV foi perdido de uma forma tão ruim. Como você está se sentindo com relação ao beijo com a Elle? – na idade da filha já tinha perdido há muito tempo o BV e um pouco depois já era mãe, não queria que tivesse o mesmo destino que ela teve, ser mãe tão nova não era uma boa. amava como era diferente de si e era bem devagar nesse quesito.
– Eu estou me sentindo tão estranha... Tipo foi tudo de uma vez, sabe? Esse assédio horrível e o beijo. Eu gostei do beijo, mas eu estou confusa sobre tudo porque nunca gostei de meninas antes, mas agora eu lembro do beijo e...
– Fica mais confusa – assentiu. – Amor, foi seu primeiro beijo, é normal se sentir assim. E não é porque ela te deu um selinho e você gostou que você goste de meninas – deu um beijo na cabeça da filha. – E se você gostar vai estar tudo bem também, mas não fica se pressionando a se rotular, você é tão novinha...
– Mas ela já sabe que gosta de meninas e meninos...
– Ela é ela, você é você. , você mesmo disse que nunca se sentiu atraída por meninas, mas talvez Elle tenha acordado algo adormecido dentro de ti, mas você tem todo tempo do mundo para entender do que você gosta, se é só de meninos, só de meninas, dos dois, ou de tudo e eu estarei aqui do seu lado sempre independente de qualquer coisa.
– Eu te amo tanto... ¬ – Beth fechou os olhos com força – Isso você não vai contar ao meu pai, não é?
– Eu também te amo – beijou a cabeça dela. – Isso não, meu amor, isso você deve contar para ele se quiser. Eu só vou contar do assédio, porque ele precisa saber, foi algo grave – assentiu, concordando.
– Você é 100% hetero, mãe? – gargalhou com a pergunta.
– Eu acho 100% tão forte – elas riram alto. – Mas sou hetero, filha... até agora – As duas gargalharam de novo. a abraçou de lado, queria anuviar aquilo que a filha estava sentindo. Desde a descoberta do pai, fazia acompanhamento psicológico, esperava que a filha se abrisse com a profissional sobre isso, sabia que aquilo poderia traumatizá-la, maldito Luke.
– Foi meio no susto, mas eu não sou mais BV, mãe! E foi muito bom, apesar de eu estar confusa. – sorriu, estava muito mais leve de receber aquele apoio da mãe.
– Você está crescendo tão rápido... Apesar de tudo, fico aliviada que a experiência foi boa, agora você precisa experimentar um beijo de língua, mas claro só depois, sem pressa, tudo bem? – riu alto, fez um biquinho fofo.
– Me desculpa por tudo, mãe. Eu fui péssima esses tempos, fiquei com tanta raiva de você e ignorei tudo o que temos.
– Está tudo bem, eu também errei e muito, filha. Independente de eu achar que o era um escroto sem saber que a mãe dele que tinha armado tudo, eu tinha que ter procurado seu pai. – se ajeitou melhor, mas permaneceu abraçada a mãe – Eu tive tanto medo de ser vista como oportunista, ou que ele te rejeitasse, porque eu imaginei que o realmente fosse um monstro, então o medo me cegou. Então me perdoe por ter errado, achando ser o certo.
– Eu te perdoo, mãe, hoje eu consigo entender que você só queria me proteger. – suspirou fundo, finalmente aliviada de ter sua filha de volta.
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– Oi, ! – abriu um sorriso tímido, encarando o homem a sua frente, que abriu espaço para que ela adentrasse sua casa. estava claramente desconfortável com aquele encontro, mas se fazia necessário, ele queria falar com ela, e ela também precisava falar com ele.
– Oi, – ele se aproximou da florista, depositando um beijo em sua bochecha. A mulher sentiu o coração disparar no peito pela proximidade. suspirou fundo, se afastando. – Desculpa mesmo a insistência, mas o que eu tinha que falar com você é bem sério, não podia ser por mensagem. Sente-se, por favor. – assentiu, se sentando.
– Tudo bem, essa semana foi muito corrida na loja, tínhamos uma festa de casamento, enfim, eu que te peço desculpas por não ter conseguido te atender – ele sorriu. – E eu também preciso falar com você.
– Então fala você primeiro – sorriu, nervoso, incentivando-a.
– Não, fala você, você parece muito mais angustiado – o ator suspirou fundo. – Vai, desabafa tudo.
– Vou falar de uma vez então – ele fez uma careta. – A minha mãe me deu apenas duas semanas, , isso quer dizer que ela quer conhecer a . Eu não tenho saída, ela não vai esperar mais do que isso para vir à Cape May – mudou drasticamente a expressão, ficando bem séria.
– Agora ela quer conhecer... que ironia – riu, amargurada. – Zero surpresa, , a gente já esperava por isso, não?
– Sim, eu tentei adiar o quanto pude, mas é minha mãe, e apesar de tudo, ela tem direito de conhecê-la. – suspirou, fechando os olhos, a encarou, como era linda... balançou a cabeça, espantando os pensamentos, não era hora para isso.
– , Jamila me contou que você está falando estritamente o necessário com sua mãe. Quero te pedir que não faça isso, ela errou, mas é idosa e ainda é sua mãe – ele a encarou, surpreso. sustentou o olhar.
Aquilo não era confortável para a mulher, longe disso, mas era mãe dele, e ela sabia mais do que ninguém a dor que Donna deveria estar sentindo, sentiu pena e empatia.
– Você está certa quanto ela estar idosa, mas me dói tanto ainda, é uma ferida que não foi cicatrizada, estou bem triste com o que ela fez, eu confiava muito na minha mãe. Tinha uma relação de cumplicidade, carinho, coisa que eu nunca tive com o meu pai, por exemplo.
– Ela achou que era o certo a você – engoliu o bolo que se formava em sua garganta, abaixando o olhar. Só ela sabia o quanto doía justificar as atitudes da víbora da mãe dele, mas não queria vê-los brigados.
– Não a justifique, , por favor, eu vejo o quanto isso ainda te machuca – ele umedeceu o lábio inferior e o mordeu. Ela soltou o ar que estava preso em seu peito, o clima tinha ficado pesado. coçou a garganta. – Olha... eu tentei conversar com a a respeito disso e...
– Eu já sei o que você quer de mim, , e ok, eu vou conversar com a , ao menos tentar convencê-la a vê-la – ele assentiu. – Mas como eu já te disse, eu não quero ver sua mãe, não quero sequer respirar o mesmo ar que ela, estamos entendidos? Você será o intermediador desse encontro, não conte comigo para isso! – foi taxativa, só de pensar em encarar Donna seu estômago embrulhava de repulsa.
– Obrigado, de verdade – ela assentiu. – Concordo totalmente, por mim minha mãe sequer anda na mesma calçada que você – assentiu, séria. – Mas me fala, o que você queria falar?
– Ah, sim! É sobre a – ele tinha os olhos presos nela, atento. – Não tem jeito de te contar isso, ela me pediu para que eu não te falasse, mas eu não posso fazer isso. – passou a mão no rosto. – Ela sofreu assédio de um garoto na festa da Angela.
– O quê?! Quem foi o imbecil? , isso é muito grave. Como aconteceu isso?
– Calma, ok? Eu sei quem são os pais desse garoto e vou conversar com eles, mas antes eu tinha que te contar. – suspirou e contou detalhadamente como a situação aconteceu, escondendo sobre o selinho que ela havia trocado com Elle, conforme acordou com a filha.
– Quando você vai falar? Eu quero estar com você, não é não, que absurdo isso. Tentar beijá-la a força – estava nervoso, andava de um lado para o outro na sala. – A minha garotinha passando por isso, minha vontade é de matar esse imbecil.
– ...
– Quem ele acha que é? Eu estou tão nervoso, ... Você não tem nem ideia – ele fechou a mão em punho, enquanto ainda perambulava pela sala sem parar.
– ! – se levantou, o segurando pela mão direita que ainda estava fechada em punho, o fazendo parar de andar, o ator estava de costas. – Tenta ficar calmo, ok? Assim não vamos resolver nada... – abriu a mão e a entrelaçou com a sua, tentando acalmá-lo. Ele respirava ofegante. O ator virou para trás, e engoliu seco, estavam próximos demais. Maldita atração, um momento tenso tinha se transformado naquela áurea atrativa. se aproximou dele lentamente, estudando a face do ator, fez o mesmo, encarando cada poro do rosto dela. se aproximou ainda mais, ela já estava sem forças para resistir a , então que tudo se explodisse logo, ela não recuaria mais. Ficou na ponta dos pés, colocou a mão no rosto dele e selou seus lábios aos do ator levemente, foi apenas um roçar de lábios, e antes que pudesse assimilar qualquer coisa, a porta de sua casa foi aberta por uma distraída. arregalou os olhos, se jogando no sofá de qualquer jeito, ainda estava em choque, então continuou parado no mesmo lugar.
– Oi! Nossa, que clima é esse aqui? – umedeceu os lábios, incapaz de encarar naquele momento. – O que faz aqui, mãe?
– Oi, filha! Eu vim conversar com seu pai a respeito da situação de domingo – ela murmurou.
– Mãe! – urrou. – Olha como o meu pai está, meu Deus! – mordeu os lábios, olhando para qualquer canto daquela sala, menos para o ator. piscou os olhos, voltando a si, ah ... ela tinha mesmo lhe dado um selinho? Ele estava surpreso, mas lidaria com aquilo depois, era mais importante naquele momento.
– Filha, por que queria me esconder? Hum? Eu sou seu pai e estou aqui para você também. – olhou para baixo. O homem se aproximou dela, a abraçando.
– Eu sei, é só que eu fiquei com vergonha, eu sei que é bobo pensar isso, mas... – o pai a apertou ainda mais em seus braços. sorriu, era adorável vê-los juntos.
– Está tudo bem, ok? Está tudo bem agora – balançou a cabeça em concordância, ficaram abraçados por um tempinho. – Eu estou aqui, e vou te proteger sempre, conte mesmo comigo.
– Obrigada, pai. Amo você – fechou os olhos, os apertando bem forte, emotiva. suspirou fundo. Eles se separam, emocionados.
– Eu preciso ir, tenho que pegar a Melanie na escola – se aproximou da filha, depositando um beijo na bochecha dela.
– Tudo bem. Me manda uma mensagem, , para combinarmos sobre a conversa com os pais desse maldito garoto. – assentiu, olhando para o chão, incapaz de encarar . Tinha decidido naquele momento que não ficaria mais sozinha com o homem.
– Pode deixar – segurou o braço dela levemente, e depositou um beijo em sua bochecha, arfou, soltou uma risadinha baixa, a soltando. nem piscava os olhos.
– Manda um beijo para a Mel – assentiu, saindo em disparada do local. sorriu – Vamos comer o que você quiser, minha vida.
– Comida coreana então – a menina estava empolgada. – Vou pedir no app, deixa comigo. – ela sorriu, procurando no celular o aplicativo – Kimbap, o que acha?
se sentou no sofá, distraído, levou uma das mãos aos lábios, acabou sorrindo. Ela estava finalmente cedendo e ele estava amando vê-la perder o controle.
– Pai? – chamou a atenção dele. Ele a encarou. – Pode ser kimbap?
– Claro, o que você quiser, filha – ela assentiu, voltando a atenção ao aparelho.
🌸🌸🌸
– Ei, – Anthony sorriu, cumprimentando-a e entrando na casa da moça assim que ela abriu a porta – Olha a Mel escondidinha aqui no sofá. Achei! – a garotinha estava deitada, ela saiu do lugar e abraçou o tio de forma apertada. – Oi, meu amorzinho!
– Oi, titio! – a garotinha estava quase pegando no sono quando Anthony chegou.
– Como é fofinha, meu Deus! Dá vontade de morder – Melanie sorriu a fala do tio, segurando a bochecha, fazendo os adultos rirem. Mel coçou os olhinhos, estava cansada do dia na escola. – E a ?
– A está na casa do , essa semana é dele.
– Celular, mamãe – Mel pediu, dengosa, interrompendo a conversa que se iniciaria. negou.
– Celular da mamãe está carregando, assiste o desenho na tevê, ok? – a menina fez um biquinho fofo. – Acho melhor falarmos na cozinha, ela logo dorme, Ant, e ficaremos à vontade.
– Como você preferir, – A mãe colocou uma almofada na cabeça da filha.
– Mamãe já vem, meu amorzinho, fica quietinha aqui, ok? – a menininha fez um biquinho fofo, assentindo, mas esticando as perninhas no sofá e voltando a prestar atenção na tevê. puxou uma cadeira, se sentando no vão entre a sala e cozinha para prestar atenção a sua criança. – Senta, Ant – ele puxou a cadeira, se sentando ao lado dela.
– Confesso que fiquei curioso quando você me mandou mensagem e disse que queria falar apenas comigo, tive que driblar a Bru, viu? – ela assentiu, sorrindo.
– Eu imagino, amigo, mas não queria que ela viesse porque quero falar contigo sobre a relação de vocês – Anthony a encarou, surpreso. – Vou ser direta contigo, quando eu perguntei lá no jantar se vocês estavam bem a Bru disse que sim, mas sua cara disse outra coisa, então queria entender por que para ela está tudo bem e para você não.
– Nossa, – ele passou a mão no rosto, sem graça. – Nada passa despercebido para você.
– Sou sua amiga, poxa, não me subestime. Fala logo, não enrola, quero te ouvir.
– Eu não me sinto completamente à vontade falando mal da Bru para você – ele riu, dando de ombros, só cruzou os braços e ele levantou as mãos em sinal de redenção. – Está bem, está bem. Você conhece sua amiga, ela é extremamente autoritária, as coisas sempre precisam ser feitas do jeito que ela quer, mas esses dias ela anda demais, me interrompe a todo momento quando eu vou falar algo, não me sinto ouvido. Fora que depois que ela assumiu esse grande projeto em Atlanta, ela não faz mais nada em casa, nem os sapatos que ela tira na sala, ela leva até o quarto, por exemplo. Ela por um milagre fez o almoço no domingo, porque estava interessada em algo que pudesse falar...
– Espera, o quê? O foi na casa de vocês domingo? – arregalou os olhos. Anthony abriu a boca para falar, mas ela o interrompeu. – Não, não fala nada, eu estou desfocando do assunto principal. Vamos focar, , vamos focar... – ela falava sozinha. Anthony quis rir do desespero aparente da amiga. – Anthony, eu conheço bem a Bruna, e conheço você também, vocês têm claras dificuldades de se comunicar, ela é bem autoritária mesmo, e você não quer brigar e vai acumulando esse tanto de coisa, a falta de comunicação faz isso. Ela precisa te ouvir e você precisa realmente falar – ele jogou a cabeça para trás.
– Só que cansa, entende? Cansa você tentar falar o tempo todo e ela não me ouvir de verdade. Então quando eu realmente me estresso, ela fala: não precisava de tudo isso, mas ela não observa que a todo momento eu estou tentando falar. Eu estou ficando exausto disso – balançou a cabeça, concordando, se aproximando do amigo, e segurando sua mão.
– Por que você deixa chegar a esse ponto? Por que você não impõe sua opinião de forma mais firme? Se ela te interromper, você não se cala, e fala o que você está falando. Chama a atenção da folgada, não é porque você trabalha em casa que ela não precisa fazer nada.
– Eu tento, , juro que tento, jogo até indiretinha, que ela odeia. Inclusive, discutimos por isso domingo, mas…
– Mas nada. Não é só tentar, Ant, é fazer, e indireta não é eficaz, é irritante! Se continuar, a relação de vocês vai desgastar, e você sabe o que acontece quando desgasta, sou a prova disso… eu não quero que aconteça com vocês – ela apertou a mão do amigo, confortando-o.
– Eu também não quero que isso aconteça, de verdade – ele umedeceu os lábios. Passou a mão pelos cabelos lisos – Fora a história do casamento, qual é o problema de casar comigo? A gente vive há muitos juntos, poxa, é só formalizar, ela enrola e enrola. Eu quero poder dizer com todas as letras que ela é minha mulher, eu cedo, cedo, e ela nunca cede para mim. O tempo inteiro isso.
– Eu te entendo, você realmente cede a tudo, amigo – a mulher apertou a mão dele. – Mas a história do casamento é medo, Ant, medo de acabar a relação por vocês formalizarem mesmo. Medo muito bobo, mas a cabeça dela funciona diferente da nossa – mordeu os lábios. – Mas eu vou conversar com ela, eu vou me meter porque amo vocês demais.
– Pode conversar, mas não fala que eu reclamei dela para você, por favor, só toca de leve no assunto, porque isso pode reverberar em briga entre nós e como eu te disse, eu estou ficando cansado.
– Não vai, ok? Te prometo que diferente dela, eu vou ter tato – ele gargalhou, se aproximando da amiga e a abraçando. – E você conversa com ela também, hein?
– Obrigado, de verdade. Você sempre sabe quando nem eu mesmo sei que preciso de um conforto, você é incrível – ela assentiu, o abraçando também. Se separaram. – Ei, eu vi suas ligações domingo, Bruna e eu estávamos ocupados, sabe como é... – ele deu uma risadinha sem graça.
– Eca, não queria saber desses detalhes, mas pelo menos vocês estão transando, isso é bom, no fim das contas, só conversem mais, pelo amor de Deus! – ela fez uma cara de nojo, arrancando uma risada dele, que assentiu, ele conversaria sim com Bru. – E isso me lembra que eu estou odiando vocês, não me atenderam e eu fiz uma merda enorme. Eu preciso amadurecer, Ant, eu sou mãe!
– Qual foi a da vez? – ela mordeu os lábios, contando tudo para Anthony desde a bebida até o ator deixá-la na casa dela no dia seguinte. – Cara, me desculpa – o homem gargalhava alto, segurando a barriga de tanto rir.
– Qual é a porra da graça, seu idiota? Culpa sua – ela deu um soco nele.
– Desculpa, mas tem graça... – Anthony voltou a rir alto.
– Eu tenho um traste como melhor amigo mesmo! Inacreditável.
– Olha, o vai guardar a sete chaves esse vexame, ele é um gentleman. No domingo ele nem tocou no assunto. – abriu a boca, surpresa.
– Não falou nadinha? – Anthony assentiu. – Nossa, eu realmente estou chocada.
– Você realmente não conhece o , ele sempre foi discreto, agora que é famoso, deve ser ainda mais – fez uma caretinha engraçada. – A única coisa que ele soltou foi que não estava com a Ash, que não vai rolar nada entre eles, e que está com outras ideias na cabeça, mas não contaria nada ainda. Eu perguntei se as ideias era você e ele desconversou. Eu sei que ele não confia 100% em mim porque somos amigos – automaticamente abriu um sorriso fofo. – Cara, você está muito apaixonada.
– Para, Anthony, nada a ver. – deu um empurrão no amigo, sem graça. As bochechas dela estavam muito quentes. – Ant, tenho que te contar...
Ela escutou o celular vibrar na mesinha onde ele estava carregando, franziu o cenho, confusa. Quem a ligaria naquele horário?
– Pode atender, , à vontade. – ela se levantou, indo até o local.
– É o – ela sentiu o coração ir à boca, podia ser algo com a , ela rapidamente atendeu.
– Oi, , tudo bem? – percebeu a voz aflita do homem e ficou em alerta.
– Estou bem e você? Algum problema com a ? – ele suspirou baixo com a forma que ela foi direta. – O que houve com ela?
– É a mesmo, eu preciso da sua ajuda... – fez uma careta do outro lado da linha.
(I want you back for good) I want you back for good (Eu te quero volta pra valer) eu te quero volta pra valer And we'll be together, this time is Forever E nós ficaremos juntos, desta vez é pra sempre (Forever now) (Agora é pra sempre) We'll be fighting and forever we will be Nós estaremos batalhando e para sempre seremos So complete in our love Tão completos em nosso amor
(Back For Good - Take That)
Algumas horas antes...
tateou o celular no móvel ao lado da cama, era a quinta vez que ele tocava sem parar, mas era tão cedo, quem poderia ser? Pegou o aparelho e visualizou que se tratava de Adonis, franziu o cenho, o que o manager queria? Sentia dentro de si que aquela ligação não significava coisas boas. Resolveu atender e acabar com sua curiosidade.
– O que houve? – falou sem cerimônias.
– Aposto que você não olhou a internet ontem à noite, não é? Ah, , você não pode só ficar quietinho como sempre? – franziu o cenho, colocando no viva-voz e digitando o próprio nome no Google e fez uma careta.
– Merda! Quem vazou isso? Foi de semana passada, eu não vi nenhum paparazzi – ele encarava as fotos dele e Ashley dentro do carro se beijando. – Você sabe que quando eu saio, eu sempre tomo cuidado, claro que às vezes é inevitável vazamento de fotos, mas pelo menos eu não sou pego de surpresa.
– Essas fotos são amadoras demais para paparazzi, meu caro – ficou confuso. – Você confia bem nessa mulher que saiu? Porque me parece que ela pediu para alguém tirar.
– Eu não acredito que eu caí nessa! – gargalhou, incrédulo. – Pior que eu confiei, estudei com a Ashley quando morei aqui, nunca imaginei que ela fosse capaz – ele ainda encarava as fotos chocado. – Era casual, Adonis, não esperava que seria uma armadilha. – Bem que o Anthony disse, mas o avisou tarde demais.
– Você foi tolo demais confiando nela, sempre vendo o melhor nas pessoas, ela armou isso tudo, provavelmente. Vi que ela é uma modelo com poucos trabalhos, mas agora com um pseudo romance contigo, as portas foram abertas.
– Me sinto muito idiota – bufou. – Enterra essa história do jeito que você melhor sabe fazer, Adonis, e te garanto que não vou ser mais otário desse jeito. Me desculpa mesmo.
– Deixa comigo, . Se cuida e aproveita sua filha, as férias logo acabam – forçou um sorriso.
– Você também, se cuida. – desligou, passou as mãos pelo rosto. – Que decepção, Ashley. Que decepção, era por isso que Karin queria que eu saísse com ela a todo custo, agora faz ainda mais sentido. Como eu fui idiota – encarou o celular, só de Adonis tinham 53 ligações perdidas de ontem e hoje, teve uma noite especial com a filha que esqueceu do celular.
Bufou mais uma vez, chateado, empurrou o edredom que o cobria, decidindo se levantar logo, não ia conseguir dormir. Deu uma checada na filha que estava adormecida em seu quarto, decidiu que correria e depois faria o café dos dois.
Agora que o ator era oficialmente pai e já tinha o em seu sobrenome, a garota havia pedido para passar a semana inteira com ele, e não só o fim de semana. Uma semana com , outra com até a volta das férias dele, uma aproximação natural, que não havia impedido, apesar do ciúme que ele sabia que a mulher tinha dele com .
🎬 🎧🌸
– Oi, vida – tentou abraçar a filha, mas ela se esquivou rapidamente, entrando na casa do pai feito um furacão. Jogou a mochila no sofá, brava. – Ok, o que houve?
– Você ainda me pergunta? Minha vontade é de voltar para a casa, que ódio! Eu deveria ter ido para lá e que tudo se explodisse mesmo!
– ! Você precisa ser mais clara, eu realmente não estou entendendo nada – a encarava, claramente confuso.
– Você e aquela mulher... quando ia me contar? – suspirou baixo, se sentando e o encarou. – Tomou café hoje cedo comigo e não tocou no assunto e eu sou pega de surpresa na escola!
– Bem, filha, a Ashley e eu foi... – ele fez uma careta. – Bem...
– Eu não quero essa mulher como minha madrasta! Eu não aceito isso, ela é extremamente indelicada com a minha mãe, você pode escolher qualquer uma, mas ela não, eu não aceito!
– , pelo amor de Deus, eu e a Ashley... – como explicar para a filha que tinha feito sexo casual com ela e caído em uma armadilha? Merda, estava envergonhado. – Nós não...
– Quer saber? Eu definitivamente não estou pronta para ouvir você rebater que vai ficar com ela. Eu vou para o meu quarto, me deixa sozinha! – a menina pegou a mochila e foi para o quarto marchando, e bateu à porta do local com força.
passou a mão na cabeça, angustiado, não esperava aquela explosão e isso o pegou desprevenido. Por um momento esqueceu que tinha uma filha e que agora precisava ter cuidado. Que droga! Adonis não tinha resolvido aquela questão? Pegou o celular e pesquisou no Google, viu que já tinha saído a nota negando um relacionamento e que aquelas fotos tinham sido feitas há um tempo. não tinha visto isso? Jogou o celular em cima do sofá, cansado.
– , filha, vamos conversar. Já faz muito tempo que você está trancada no quarto, você não está com fome? Pedi comida coreana que eu sei que você gosta...
chamava a filha pela milionésima vez, e ela não o respondia, a adolescente saiu do quarto apenas uma vez para ir ao banheiro, depois voltou a se trancar lá. Totalizava quase seis horas que ela estava presa no quarto sem falar com ele.
– O que eu faço? – ele sussurrou, encarando a porta azul do quarto da filha. – Filha... – deu mais algumas batidinhas na porta e não teve resposta. Saiu do local, cabisbaixo.
O que poderia fazer para tirar a filha daquele quarto? O quê? Teve uma ideia, pegou o celular e umedeceu os lábios, não tinha a quem recorrer, então seria ela.
– Oi, , tudo bem? – percebeu a voz aflita do homem e ficou em alerta.
– Estou bem e você? Algum problema com a ? – ele suspirou baixo com a forma que ela foi direta. – O que houve com ela?
– É a mesmo, eu preciso da sua ajuda... – fez uma careta do outro lado da linha. – Ela está trancada há horas no quarto com raiva de mim, não come desde que chegou da escola, eu não sei o que fazer, , eu nunca lidei com ela desse jeito – a mulher riu baixo, tinha achado que era algo grave, mas era só sendo .
– Ela vai sair quando sentir fome, vai por mim. Fica calmo – ele assentiu. – Ela está atingindo o objetivo dela, porque você está todo preocupado e se sentindo culpado – se sentou no sofá, exausto. – Me desculpa se estou sendo invasiva, mas ela está com raiva de você por quê?
– Você realmente não viu a internet hoje? – ele passou a mão livre no rosto.
– Não, hoje eu tive um dia extremamente corrido, que não consegui parar para ver nada.
– Saiu na internet e vários meios de comunicação que estou tendo um affair com a Ashley. – escancarou a boca, franzindo os olhos em direção a Anthony, que a encarou, confuso. – Eu estou desesperado, porque a não quer me ouvir... eu não tenho nada com a Ashley, , nada mesmo, foi casual, e tenho certeza de que ela mesma vazou essas fotos! A única vez que eu saí com ela foi na noite do jantar no restaurante mexicano, depois eu nunca mais a vi – tentou não sorrir com a justificativa dele, mas foi inevitável. – Ela está achando que vou me casar com a Ashley, porque até ser madrasta dela ela citou.
– Ela está enxergando o que ela quer ver, , ignora e a deixe no quarto, ela vai sair para comer alguma hora, vai por mim e vocês conversam.
– Eu não sei... – ele suspirou.
– , eu realmente acho que você precisa esperar. Não tem outra alternativa.
– Se eu te pedir para vir aqui, você vem? Eu me sinto um lixo de pai tendo essa atitude? Eu me sinto, mas eu preciso mesmo da sua ajuda. Eu não sei o que fazer, ou como agir.
– Está bem, eu vou. Mas só dessa vez, , você precisa assumir as rédeas, ela vai se comportar assim ainda algumas vezes porque ela é birrenta e detesta ser contrariada, mas passa.
– Obrigado, obrigado mesmo – ela sorriu, desligando.
– O que houve, ? Você me olhou com uma cara...
– Ashley e foram vistos juntos no dia que saíram, ele disse que ela vazou essas fotos e isso explodiu na internet. A gente precisa ser mais antenado, hein, amigo? As coisas fervendo e a gente total por fora. – Anthony gargalhou alto, fazendo rir também.
– Pois é, eu não fazia ideia! Eu avisei para o que ela era furada, ele caiu de ingenuidade. – Anthony negou com a cabeça.
– Agora lá vou eu na casa dele para ajudá-lo. Como minha filha é birrenta, Deus me livre.
– Posso levar a Melanie para casa, se você quiser... – negou.
– Não! A Bruna vai ficar curiosa se souber que você estava aqui sem avisar para ela, vai atiçar o lado detetive dela e nosso plano vai por água abaixo! – Anthony suspirou baixo, concordando. – Mas obrigada.
– Que isso, sempre que precisar. – piscou, pegando Melanie no colo para sair de casa com Anthony.
– Você não tem ideia do quão brava eu estou com a , a Mel estava quase dormindo! Mas ela vai me ouvir! – soltou o ar com força da boca.
Não demorou para a campainha tocar e e Melanie passarem pela porta, Mel agarrando as pernas do ator logo assim que o viu.
– Tio Pantela – ela sorriu.
– Oi, Melzinha! – ele a pegou no colo, e garotinha depositou um beijo na bochecha dele. – Que beijo gostoso! – ele sorriu, Mel era encantadora. – Oi, , muito, muito obrigado por ter vindo – ela sorriu, cumprimentando o homem com um beijo na bochecha também. Eles se encararam brevemente, mas a intensidade estava presente no olhar deles. A última vez que se viram latejava em seus pensamentos.
– Oi, . A conseguiu mesmo te desestabilizar – ela riu, deu de ombros, rindo baixo também. – Espero que não se importe de eu ter trazido a Mel.
– Nada, ainda bem, eu amo essa menininha e estava morrendo de saudade dela – Mel gargalhou quando ele fez cosquinhas na barriga dela e deu um cheirinho no pescoço dela.
– Está bem então, eu vou falar com ela, esteja pronto para ser chamado a qualquer momento – ele concordou. – Mel, obedece ao tio, combinado? – a menininha fez um balanço de cabeça.
caminhou em direção ao quarto de , escutando as gargalhadas de Mel, droga, nem para ser chato, Melanie adorava estar com ele, que ódio, como sentia ciúmes do carisma dele. bateu na porta do quarto da adolescente.
– , sou eu, abre logo – a menina que mexia no celular tomou um susto, fez uma careta, se levantando da cama e abrindo a porta.
– Mãe?! O que faz aqui? – mordeu os lábios.
– O que você acha? – adentrou o quarto, se sentando na cama.
– Eu não acredito que meu pai te chamou – ela riu alto.
– Não tem graça, , seu pai está totalmente desesperado, e você fez um show desnecessário com ele – a encarou, negando com a cabeça.
– Você é ingrata! – a mãe arqueou a sobrancelha. – Poxa, eu fiquei brava porque eu tive que saber pela Angela que ele está transando com a bruaca da Ashley. Essa mulher que vive falando mal de você, desdenha da loja, a detesto. Eu não aceito!
– Sei das suas intenções, mas se ele está saindo com ela, ele não precisa te pedir autorização para algo, ele é adulto, vacinado e maior de idade.
– Ah, mãe, eu estou para ver você o defendendo, o mundo está acabando mesmo! Deus, pode me levar! – dramatizou, arrancando um revirar de olhos da mais velha.
– Não estou o defendendo. É a mesma situação de quando você me repreendeu por estar saindo com o Bruce e o . Eu te disse que não te devia explicações, hum? – bufou alto. – De qualquer forma seu pai quer falar e você nem deu a chance de ele falar qualquer coisa.
– Não quero – ela cruzou os braços, aborrecida.
– Eu estou falando com você mesmo ou com a Melanie? – a menina abriu a boca, surpresa com a fala da mãe tão afiada.
– Alguém ficou nervosa por sair de casa às 21 horas e está descontando a raiva em mim... – fez um biquinho. suspirou baixo.
– Fiquei mesmo brava, não vou negar, mas tudo o que eu estou falando são fatos, você está sendo infantil. Conversa com seu pai, não fica fazendo birra – bufou.
– Me desculpa, está bem? Eu não imaginava que ele fosse apelar para você, mãe – ela fez novamente um biquinho. – Estou muito contrariada em ter que ouvi-lo dizer que está ficando com essa mulher, muito me admira você apoiar esse relacionamento.
– , eu não tenho que achar nada, a vida é dele e ele se envolve com quem quiser – deu de ombros, a filha a examinou. – A minha única preocupação é você, somente isso. Deixa seu pai se explicar logo.
– Que saco, está bem. Chama ele – a garota se jogou na cama, ficando de costas para a porta.
– Ok, vou chamá-lo e eu já vou, ok? Não vou participar dessa conversa, é assunto de vocês – se virou, olhando a mãe.
– Já? Veio para me dar lição de moral e ir embora mesmo? Fica, por favor, por favor, mãe – ela fez sua melhor carinha pidona.
– Estou cansada, , sua irmã já era para estar na cama, vim só conversar com você, assunto resolvido. Promete que o deixará falar?
– Ok, mãe, prometo, vou tentar não brigar muito com ele – a encarou com o cenho franzido e elas riram – Te amo, te amo muito.
– Também te amo, amor. E para de se estressar por besteira, porque eu duvido que você não saiba que ele desmentiu o boato do namoro, vive 24 horas nesse celular.
– Mas eles estão ficando – ela fingiu chorar, escondendo a cabeça no travesseiro.
– Ah, filha... – suspirou baixo. – Fala com ele e para de ser chata – ela se aproximou dele. – Deixa eu te dar um beijo – tirou o travesseiro da cabeça e deixou a mãe a abraçá-la e beijá-la.
Ali ela percebeu como a filha era mimada e ela chamando a atenção do tempos atrás por ele mimá-la com os presentes. Mas o avô era o culpado daquilo, tinha a mimado demais, agora ela estava estragada. Voltou para a sala, ia chamá-lo, mas se deteve quando viu a cena, Melanie estava deitada na barriga de enquanto ele estava deitado no sofá e passava o filme do Pantera Negra na tevê.
Ele alisava as costas da criança e Mel estava embalada em um sono pesado. Ela mordeu os lábios, sentindo um friozinho na barriga, seus olhos marejarem. Seria assim com se eles tivessem tido a oportunidade? Era inevitável que o ódio pela mãe dele só aumentasse dentro de si, sabia que ter aquele sentimento era ruim, mas não conseguia controlar. Olhou para cima, tentando se segurar para não chorar, não era hora e nem lugar para isso. Limpou os olhos, respirando fundo.
– ? – ela se deixou aparecer e o homem despertou de seus pensamentos, a encarando. – Essa hora ela já está dormindo, mas não podia deixá-la sozinha em casa.
– Me desculpe mais uma vez por ter te chamado aqui assim às pressas – ele se sentou, ajeitando Mel em seu colo, a menina passou o braço pelo ombro dele, ressonando.
– Está tudo bem, eu já vou. A está te esperando no quarto – ela se aproximou dele para pegar Mel, ele negou.
– Você já jantou? – ela fez que sim com a cabeça. – Ia te chamar para pelo menos jantar aqui...
– Não é necessário, a gente janta cedo, umas 19 horas, no máximo – ela abriu um sorriso fechado. – Pode me passar essa garotinha linda aqui que vamos para casa.
– Posso pelo menos levá-las até a porta e colocar a Mel no carro? Ela já está pesadinha – ela concordou. ajeitou a criança no colo e se levantou do sofá, tendo cuidado para não a acordar.
– Fica tranquilo que a casa pode derrubar que a Melanie não acorda mais hoje – ele riu.
A mulher abriu a porta da casa de , deixando-o passar com a filha, depois a fechou. Passaram pelo portão, desativou o alarme do veículo, ela abriu a porta traseira e a colocou na cadeirinha, a ajeitando para que a cabecinha dela não ficasse caída. Ele fechou a porta com cuidado, e colocou as mãos no bolso, a encarando, enquanto voltava para perto de seu portão, junto com a mulher. O carro estava parado um pouco mais à frente da casa dele.
– Tendo esse momento com a Mel hoje me fez ter certa curiosidade para ver como era a nessa idade... – ele abriu um sorriso triste.
– Tenho várias fotos dela nessa idade, o dia que você quiser ver, é só ir à minha casa, posso te dar algumas também para você guardar, tenho gravações de aniversários, festas da escola... – ela enrugou o nariz. – Eu sei que não é a mesma coisa, sinto muito por isso, , mas pelo menos você conseguirá suprir sua curiosidade.
– Obrigado, eu vou querer ver tudo – ela assentiu, suspirando fundo, enquanto tinha os olhos presos aos dele, respirar a atraía. Inferno de homem, ela pensou. o olhava do mesmo jeito que ela tinha o olhado no dia que estava bêbada e no dia do selinho, o que só afirmava na cabeça de que aquilo que ela tinha vomitado era mesmo verdade.
– Eu já vou, . Nos vemos, vai dar tudo certo com a ... – sussurrou. Ele assentiu, sentindo o coração disparar com aquele maldito olhar dela em si.
– Droga, ! – ela o encarou em dúvida. – Não me olha desse jeito... Primeiro aquele selinho, agora isso – sentiu o coração disparar no peito.
A florista engoliu seco, e se virou de costas, porém não andou, sentiu o estômago revirar, a atração pulsava em cada partícula do seu corpo, estava ficando difícil de resistir. encarava seu corpo de forma despudorada, o que estava acontecendo com ele? Só podia ser a áurea de , que com certeza estava o contagiando. se virou novamente em direção a ele, voltou os passos, e na ponta dos pés, ela juntou seus lábios aos dele.
O coração dela e o dele estavam descompassados, só com aquele simples contato. levou a mão na lateral do rosto dele com carinho, afagando o local, se separou dele, ainda de olhos fechados. O que estava fazendo de novo? Tinha se prometido que não faria mais aquilo, e agora estava ela o beijando de novo. a encarava com os olhos nublados.
– Eu...
– Não fala nada – ele diminuiu a pequena distância e a tomou em seus braços novamente, dessa vez a vibe do beijo iniciado era diferente do anterior. O beijo era tão forte que o corpo de se chocou com a parede do portão de casa, fazendo a mulher arfar. a beijava como se cada parte de seu corpo dependesse dela. A mão dela direcionou-se para as costas dele, arranhando o local, e apertando bem forte suas mãos nas costas torneadas do ator.
sorriu entre o beijo, como esperou que ela finalmente tomasse a iniciativa, e era o melhor beijo que já tinha dado na vida. Suas línguas chocavam-se com intensidade, desejo e luxúria, a apertou em seus braços, e suas bocas se movimentavam em perfeita sincronia, mesmo passando os anos, eles tinham o próprio ritmo.
retomou o juízo, aquilo estava tornando proporções grandes demais, tinha Melanie, tinha , estavam no muro da casa dele, qualquer um poderia ver... ela se separou dele de forma brusca. Os dois se encararam com as respirações ofegantes.
– Eu não posso ficar sozinha com você, não posso... Droga! Isso não podia acontecer, não podia – se separou dele, colocando a mão nos próprios lábios, ainda tinha a respiração descompassada. A mulher olhou para o carro e sua bebê dormia intensamente, mas e que poderia ter visto? Ele estava demorando demais a entrar, ela podia ter saído para ver, a adolescente era curiosa. – Me desculpa, eu comecei primeiro.
– ... – ele engoliu seco, a encarando. – Não tem por que se desculpar, a gente queria isso – ele sentiu o coração disparando novamente só de encará-la com a boca vermelha pelo beijo que tinham trocado há pouco. Ela o encarou, deu um passo para frente, ela arfou, porque queria beijá-lo novamente, mas ali não era o lugar para isso.
– Eu preciso ir... – ela estava envergonhada, entrou no carro e rapidamente deu partida no veículo. respirou bem fundo, tentando voltar a si, estava louco de desejo, como há muito tempo não ficava e o pior era só um beijo.
– Que porra de atração é essa? – ele sorriu, rindo baixo. – Um beijo e eu já fico desse jeito, eu sou a porcaria de um adolescente de novo. Ah, ... – ele riu, esperando se controlar para poder falar com a filha.
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– Nossa, que demora, achei que não quisesse mais conversar – franziu o cenho ao encarar o pai que parecia até leve. – Depois do escarcéu todo da minha mãe aqui.
– Desculpa a demora, eu... fiquei conversando um pouco com a sua mãe – a adolescente deu de ombros.
– Conversa bem longa, hein? – a encarou, desconfiado. Será que ela tinha presenciado algo? Balançou a cabeça, se ela tivesse visto ela com certeza teria falado algo, era bem peculiar. – Enfim, pai, pode começar.
– Você vai me deixar falar dessa vez? – ela mordeu os lábios, assentindo. – Então não me interrompe, eu vou ser sincero em cada palavra que eu falar contigo, mesmo me sentindo completamente desconfortável – concordou. – Filha, eu saí sim com a Ashley, ela me convidou e eu percebi que eu queria... – fez uma careta –, me relacionar sexualmente com alguém – urrou em uma gargalhada alta. – Filha... o que eu acabei de falar?
– Desculpa, desculpa – ela segurou a boca, tentando não gargalhar. – É que o jeito que você falou foi bem formal “me relacionar sexualmente com alguém”, mas continua a contar – ela mordeu o lábio inferior, se controlando para não rir mais. Ele fechou os olhos, negando com a cabeça.
– Enfim, eu confiei nela, porque eu saio com algumas mulheres para esse fim e elas sempre foram muito discretas, mas Ashley queria fama, então ela pediu para que alguém de sua confiança tirasse e divulgasse essas fotos, tanto que elas não são tão atuais e são amadoras – ele passou a mão na cabeça, sem graça. – Eu não tenho nada e nem vou ter com ela, ela me deixou bem chateado, me senti usado, porque eu realmente achei que ela não era esse tipo de pessoa sem noção, que quer ter fama a todo custo. É muito difícil me aproximar de pessoas em meu meio, porque eu nunca sei se é sincero ou não, eu achei que fosse, pois tínhamos um laço no passado.
– Sinto muito, pai, de verdade – a adolescente se sentiu péssima por ele, afinal era difícil criar relações desse jeito. – Me desculpa por mais cedo, eu surtei, porque geralmente, vocês negam o affair e depois de um tempo assumem, por isso eu não acreditei, mesmo com a notinha da sua assessoria negando o romance, mas a dela tinha falado que as fotos eram verdadeiras, eu buguei, me senti traída.
– A assessoria que na verdade é a mãe dela – ele negou com a cabeça, aborrecido. – Filha, se eu começar a namorar sério, pode ter certeza de que você nunca vai saber primeiro pela imprensa e sim por mim, você é a pessoa mais importante na minha vida, se eu não falar nada, é porque não é sério, ok? Preciso que confie em mim. Dessa vez eu realmente fui pego desprevenido.
– Tudo bem, pai. Eu só te imploro, por favor, se for assumir um relacionamento com alguém, escolhe bem a pessoa, Adams é detestável, ela fala mesmo mal da minha mãe gratuitamente – ele assentiu em concordância.
– Pode deixar, vida – ela se aproximou dele, o abraçando de forma apertada, queria passar força ao pai, tinha se sentido mal com a história dele. – Vamos jantar agora? Eu comprei bastante Kimbap e de sobremesa Baesuk.
– Ah, como eu amo a consciência pesada, meu Deus! – ela bateu palminhas, animada.