Risky Business

Ellie K.

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Sinopse: Ela nunca quis estar naquele lugar. Tudo o que mais queria era voltar para sua casa e para o seu trabalho, mas como poderia sendo a mulher mais procurada por Phil Adams, o homem mais corrupto de Chicago? Agora, encarando sua nova vida numa nova cidade, sob 24h de vigilância de um agente do FBI, ela tem que lidar com o terror de ser encontrada, as dificuldades de viver outra vida e o desejo de consertar as coisas sozinha.

Capítulo 1

O que determina o sucesso de um e o fracasso de outro? Poderiam ser riquezas e ouro, uma casa na praia, um carro novo na garagem e viagens internacionais quatro vezes no ano? É ser orgulhoso por estar numa alta posição em alguma empresa enquanto sabe que aquela outra pessoa, que trabalhou mais do que você, mas não teve a chance de competir, ainda está lutando para ser alguém no mundo? Não para .
Para a mulher de vinte e sete anos, ter sucesso significava finalmente conseguir o trabalho como promotora de justiça em Chicago, a cidade onde ela morou por toda a sua vida. Sempre tinha sido o sonho dela, desde que era uma garotinha assistindo séries de investigações criminais e vendo como eles lidavam com tudo, desde levar o caso para a justiça até convencer o jurado de que o réu era culpado. Qualquer coisa que não fosse isso parecia insignificante. E era por isso, enquanto ela crescia, que se encontrava em uma das melhores posições escolares, abrindo caminho para sua futura carreira como advogada. Não era fácil e ela tinha que se ajustar a muitas coisas, mas tudo valeu a pena quando ela finalmente se formou. O dia que ela conseguiu seu tão almejado emprego, sentiu que seu coração iria explodir; todas as noites acordadas estudando, todas as festas familiares que não pôde comparecer por conta de uma prova ou um projeto. Tudo isso parecia minúsculo naquele momento, algo tão trivial comparado ao que ela tinha conquistado.
Ainda havia um longo caminho para ser uma das mais prestigiadas promotoras, sabia disso, e havia muitas pessoas que pareciam invejar o fato de que uma mulher tão jovem tivesse conseguido trabalhar para a cidade tão cedo em sua carreira, mas isso apenas servia de incentivo para que ela se empenhasse ainda mais e mostrasse que ela estava ali por mérito próprio, que ela não conseguiu o emprego por sorte e que ela estava lá para fazer o trabalho do jeito certo. A taxa de 88% de vitórias que ela mantinha deixava isso bem a mostra para quem quisesse ver. Claro que tinham aqueles que acreditavam que um rostinho bonito poderia mover montanhas, mas era muito mais do que aquilo. Ela era inteligente, perspicaz, dura quando tinha de ser e gentil quando necessário. Ela tinha um jeito com palavras que fazia todos prestarem atenção no que ela estava dizendo; ela tinha o poder de fazer todos acreditarem que o que ela dizia era como tinha acontecido. Ela havia nascido para aquele emprego.
Talvez era por isso que tivesse sido escolhida para tomar frente naquele grande caso que mantinha todo mundo na beira de seus assentos enquanto esperavam pelo resultado. Tinha sido uma semana exaustiva, com evidências acumulando contra a defesa e ainda assim eles conseguindo fazer com que tudo fosse refutado. Pelo menos até aquela manhã.
O dia tinha começado cinzento e frio, nada incomum para dezembro. Enquanto fazia seu caminho até o tribunal, a calçada coberta em neve suja e gelo escorregadio, tudo o que ela tinha em mente era a peça final de evidência que tinha acabado de chegar até ela, algo que com certeza a faria ganhar o caso contra o infame Phil Adams, dono de um negócio capcioso envolvido em vários casos de corrupção e extorsão ao redor da cidade, e ainda atordoava como ele podia sempre se livrar das acusações. Mas não dessa vez, ela pensou sozinha enquanto fazia o caminho pelos corredores de mármore, o salto de seus sapatos batendo contra o chão e ecoando pelas paredes. Sua postura ereta e rosto sério significavam que ela não estava para brincadeiras e que não iria sair daquele tribunal sem mais uma vitória em seu currículo.
Com o salão começando a encher, ela olhou ao redor e reconheceu o rosto de seu chefe, seus olhos a encarando firmemente, e ela respirou fundo. Era tudo ou nada e não iria abaixo sem uma boa briga.
Phil Adams apareceu com seu advogado, a expressão sem nenhum tipo de preocupação, olhando ao redor de tudo como se aquilo fosse um desperdício de seu precioso tempo, que ele usava para cometer vários crimes, os olhos redondos parando diretamente em cima da jovem promotora com um sorriso perverso. Não tinha como aquela promotorazinha pegá-lo. Ele tinha aquele negócio desde antes de ela nascer, sua mente trabalhava de um jeito único, anos-luz a frente dela. Ela iria perder de forma catastrófica, tanto que seria impossível para ela conseguir algum outro emprego em qualquer um dos outros 50 estados do país. E ele mal podia esperar para que isso acontecesse.
Entretanto, o que ninguém esperava aconteceu. Numa magnífica mudança de eventos, se levantou e soltou uma larga pilha de papel sobre sua mesa, todos os olhos se voltando para a ação, enquanto ela continuava falando sobre aquela nova evidência achada, ligando o réu a uma série de encontros corruptos. A defesa fez um estardalhaço, clamando que aquelas evidências nunca foram mostradas para eles e que só poderia ser uma farsa vindo da promotoria tentando incriminar Adams, mas assim que mostrou a eles o vídeo com o réu fazendo o seu tão “nobre” serviço e como aquelas evidências tinham sido descobertas no dia anterior, houve um tumulto no tribunal.
Phil encarou raivoso, seu rosto se contorcendo numa carranca enquanto assistia a mulher caminhar até o juiz, junto de seu advogado, pensando em tudo o que ele faria com ela uma vez que isso tivesse acabado. Ele não tinha ideia de como ela conseguira aquela evidência, mas quando descobrisse, quem tivesse cometido aquele erro pagaria muito caro. Era uma coisa ter todas aquelas evidências estúpidas que ela tinha antes, mas o vídeo que a promotora havia mostrado o incriminava por muito mais coisas, coisas que ela não tinha nem noção e poderiam colocá-lo no radar dos Federais, algo que Adams não queria.
Sabendo a promotoria disso ou não, eles tinham o suficiente para mandar Adams direto para a cadeia e assim que o juiz declarasse o réu culpado. assistia o homem olhar para ela de forma sombria, mas seu sorriso nunca vacilou. Ele era só mais outro criminoso que estava certo de que iria se safar de tudo que havia feito só porque ela era nova nesse trabalho, mas, mais uma vez, ela tinha mostrado o quanto estavam errados. Havia um duplo sentido de justiça no que ela estava fazendo, como provar para todos de que ela era capaz e mandar o cara mau para a prisão, só para variar.
E depois de mais uma vitória, ela se sentia mais leve; era como se o tempo frio não pudesse atingi-la, era como se todos poderiam dizer o que queriam sobre ela. se sentia como se pudessem jogar qualquer coisa em sua direção e ela ainda assim conseguiria desviar, invencível. Talvez tenha sido por isso que ela decidiu sair com os amigos, a primeira vez que se dava esse tempo para curtir em quase quatro meses.
O bar estava lotado, não havia como negar. Era uma noite de sexta-feira e mesmo com a neve do lado de fora, todos pareciam estar fora de suas casas e nas ruas, encontrando amigos ou passando o tempo na companhia de um balcão cercado por estranhos e o cheiro constante de cerveja.
Para , não era diferente. Ela estava sentada na mesa mais ao fundo, se divertindo com amigos, sua risada ecoando pela mesa enquanto jogava a cabeça para trás, os olhos fechados no mais puro deleite. Ela não se lembrava qual fora a última vez que se divertira tanto, o trabalho sempre consumindo todo seu tempo. Não costumava ser assim. Houve um tempo que ela costumava ter tempo para seus amigos mais próximos, bebendo, indo a festas, conversando sobre bobeiras até as altas horas da noite ou apenas saindo para jantar. Até que ela conseguiu aquele emprego. lutava para balancear sua vida social e profissional e, às vezes, ela deseja ter de volta aqueles velhos tempos. Sentia falta de ver sua melhor amiga para almoços casuais, conversar sobre todos que elas conheciam; ela sentia falta de passar tempo com seu irmão e o provocá-lo com perguntas sobre a namorada; sentia falta de ver seus pais quase todas as noites, da casa deles ser próxima da dela.
E foi sentada ali, vendo todos ao seu lado rindo com ela que decidiu que ela iria achar um jeito de ter mais tempo para as pessoas que amava. Ela não poderia ser uma pessoa que só se deixa levar pela carreira como ela tinha se tornado, ela não podia deixar que sua vida passasse enquanto ela estava focada em ganhar casos.
Aquela noite, entretanto, se foi como num borrão, mas o tempo voa quando se está se divertindo, pensou ao checar o relógio no pulso, revirando os olhos para si mesma ao perceber que eram quase duas da manhã. Ela ainda tinha três quarteirões até chegar em seu prédio e julgando pelo olhar de seus amigos, eles não estavam muito melhores do que ela para oferecer qualquer tipo de companhia.
Era por isso que se encontrou na calçada sozinha, um grosso casado preso ao redor de seu corpo enquanto caminhava pela rua livre de carros, as lâmpadas brilhando em meio à escuridão da noite mais fria daquele ano. O vento gelado batendo em seu rosto servia para acordá-la um pouco, tornando a promotora sóbria e colocando seus pensamentos no rumo certo.
Cuidadosa e rapidamente, com os saltos batendo contra o asfalto escuro, guiando-a pelo caminho para o prédio de tijolos à vista logo em frente, a luz da recepção convidante, recebendo-a no ar quente do lado de dentro.
O que mais a assustou, quando se relembrou daquela noite, foi que nada parecia estar fora do lugar. Tudo estava arrumado e no exato local que ela tinha deixado quando saiu para o tribunal naquela manhã; as louças dentro da pia, a caixa de papelão de comida chinesa na mesa de centro, o carpete enrolado e encostado na parede - ela tinha que arrumar aquilo logo -, a cadeira que tinha deixado cair no chão quando pegou sua bolsa, mas falhou em colocar de volta no lugar quando viu que iria se atrasar, a luz de seu quarto ainda acesa. Tudo parecia na mais perfeita paz, seu apartamento tomado pela iluminação fraca vindo da lua brilhando sobre a janela da sala de estar, fazendo-a não ligar as luzes internas. E talvez aquele tenha sido seu primeiro erro, porque se tivesse feito, ela teria visto que não estava completamente sozinha como achara.
Escondido nas sombras, lá estava ele, todo vestido de preto, os pés pisando sem nenhum tipo de som sobre os pisos, a respiração baixa para que não pudesse ser ouvido. Ele tinha que ser silencioso e rápido, era seu único pensamento enquanto anexava o silenciador à arma, seguindo os passos de pela casa. E talvez aquele tenha sido seu primeiro erro, porque não era tão indefesa quanto ele presumiu.
A primeira vista, parecia que ela tinha imaginado coisas, um truque de sua mente enquanto caminhava mais para dentro de seu apartamento, algo que sempre acontecia quando ela era mais nova. E mesmo que ela tivesse se xingado o dia todo por ter deixado as luzes de seu quarto acesas, teria que se agradecer mais tarde, porque era bem possível que aquela iluminação chata fosse o que a tenha salvado.
O corredor tinha uma janela no final, com a vista para o pátio de trás do prédio, algo que ela nunca tinha se importado muito, mas não dessa vez. Porque era através dela que viu alguém atrás de si, uma grande silhueta se movendo no fundo, se aproximando dela com algo que parecia muito com uma arma nas mãos. sabia naquele momento que se ela conseguisse sair de lá viva, se ela vivesse para ver outro dia, ela iria realizar todas as resoluções que tinha feito através dos anos. Ela sairia de férias e compraria a primeira passagem que visse para a Grécia. Ela começaria a comer de forma mais saudável. Ela iria começar a caminhar com a namorada de seu irmão todas as manhãs. Ela iria reciclar. Ela iria tomar banhos mais curtos.
Mas tudo aconteceu de forma tão rápida que mal teve tempo de perceber tudo. Num minuto ela estava lentamente se virando para ver quem estava ali, cara a cara, e no outro ela já estava o chão, a cabeça atingindo o chão com um baque alto, a visão se embaralhando, os pensamentos sumindo por alguns segundos. Ela podia sentir alguém pairando sobre ela, o rosto escondido nas sombras, sua respiração atingindo-a com força. Só era possível ver seus olhos, frios e sem vida, como se já tivesse feito aquilo dezena de vezes e era só mais um trabalho que terminaria logo.
não podia permitir. Ela não chegara tão longe na vida para ser atacada dentro de sua própria casa e acabar morta.
Conjurando força de algum lugar que ela nunca tinha visto antes, lutou, suas mãos agarrando as do homem e as empurrando para longe dela, todo seu corpo tremendo e convulsionando para tentar se livrar dele, o peso do homem a pressionando contra o chão. Ela podia ouvi-lo grunhir sobre ela, as mãos tentando se livrar das dela enquanto lutava para continuar com o alvo sobre ela, a arma perigosamente escorregando de seus dedos enquanto a chutava e se contorcia, tentando tudo o que ela podia para se livrar de sua prisão.
E então ela finalmente conseguiu, mas não sabia exatamente como acontecera. puxou os joelhos para cima, acertando as costas do homem no processo com certa força, deixando-o um pouco atordoado, mas fora o suficiente para que ela pudesse arrancar a arma de suas mãos e o acertar na cabeça com ela, o corpo dele caindo ao seu lado enquanto a mulher tentava se levantar e corria para fora do apartamento, os passos erráticos, a cabeça martelando contra seu crânio.
Correndo por sua vida, tropeçando em seus próprios pés, correu para fora do prédio para a rua, seus pés a guiando para a delegacia mais próxima no meio da noite, seu corpo todo gritando em dor agora que a adrenalina havia deixado suas veias.


Continue...

Nota da autora: Okay! Aqui estou eu na minha primeira tentativa de ter uma longfic. Tremendo internamente por isso, mas vamos na fé. Tenho essa fic guardada comigo desde 2018 numa relação um tanto quanto conturbada: de tanto amor que tenho por ela, deixei em espera com medo de não atender às minhas próprias expectativas, mas 2023 é um ano diferente e estamos indo na coragem!
Espero que tenham gostado desse primeiro capítulo e, mesmo que o lindíssimo do nosso pp ainda não tenha aparecido, não se estressem. Ele estará aqui logo logo. ;)